segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Vinho falso


“... Todo o homem põe primeiro o vinho bom; quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” Jo 2:10

Jesus contrariando à “lógica” que, precipitada em busca de aceitação, maquia ao ordinário, para que ele pareça superior.

Há um dito que versa: “A primeira impressão é a que fica.” Será? Assim, acertaria quem colocasse o vinho melhor primeiro, e adormecido o paladar dos que bebem, servisse o ordinário. Acontece que, O Senhor não tem dois tipos de “vinho”.

Quem esforça-se para parecer o que não é, ante as pessoas, além de falso no trato, tem autocrítica; sabe o que é; mas visa disfarçar. A luz intelectual mostra-o como é, e o que deveria ser; ao desafio de mudar para ser, ou aparentar, prefere isso. “... os homens amaram mais as trevas que a luz...”

A impressão, servida nas vitrines comportamentais reflete como a pessoa deseja ser vista; não será essa impressão que ficará, necessariamente. Uma hora a máscara do “bom vinho” cairá.

O que são as decepções que as pessoas em nós geram, senão, uma “segunda opinião” dos fatos, quando o teatro das aparências “esquece” de funcionar? Daí surgiu outro ditado: “Para conhecermos devidamente alguém, devemos primeiro comer um quilo de sal, juntos.” Isto é: Assentar-se à mesma mesa, por longo tempo.

As pessoas espiritualmente maduras têm valores, aos quais são fiéis. Mais que desejam fazer boa figura em ambientes frívolos, desejam ser verdadeiras. Não raro, são tidas como antipáticas, pouco sociáveis, sisudas até; por não fazerem nenhum esforço, sequer subirem no palco das bajulações ordinárias, onde se exibem os que amam aplausos e aceitação incondicional.

Porém, surja uma adversidade no horizonte de um de seu convívio, ou, de um estranho até. Tendem esses, a ser mais solidários, atuantes que os bobos da corte do reino da falsidade. Os religiosos profissionais, e o “Bom Samaritano” ilustram.

O homem pautado por valores, é mais difícil ser agradado; tem opiniões próprias, a despeito do “senso comum”; costuma ser verdadeiro mais que agradável; apenas valores semelhantes lograrão sua admiração, simpatia. Aos demais, terá que fazer esforço para suportar.

Deus nos serve “bebidas amargas”, inicialmente, por causa do nosso estado espiritual. Fomos errantes desde sempre, dando asas a toda sorte de vícios; de repente ouvimos o chamado do Bom Pastor. Quantas coisas precisaremos deixar! hábitos, ambientes, companhias, vícios... nossa regeneração parecerá muito intensa, invasiva, dolorosa. Nada disso O Senhor faria, se não fosse necessário.

Ao primeiro contato com O Salvador, grande fardo de pecados é tirado de sobre o que se arrepende, numa mistura de alívio com dor; descanso para a alma pelo perdão recebido, e dor pelas renúncias necessárias, durante o processo de santificação. “Quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros.” Ml 3:2 Os que acenam com salvação sem renúncias, nem dor, falsificam o vinho segundo os ímpios paladares.

Os primeiros goles do “vinho novo” que O Senhor traz, chegam amargos ao “paladar” estragado pelas comidas do maligno. A carne não suporta nem a ideia de obediência, tal o estrago nela feito; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rm 8:7

Sabedor disso, O Eterno preparou o devido receptáculo onde colocar Seu sumo: “Ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, os odres estragam-se; vinho novo deve ser deitado em odres novos.” Mc 2:22

Como o velho homem não pode “beber à Sua mesa”, O Senhor o faz novo: “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:5

O novo nascimento facultado por Jesus Cristo, traz junto o paladar espiritual, capacitando aos renascidos, a agirem dali em diante, como filhos de Deus; “... a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

O que podemos, entretanto, nem sempre é o que queremos. O crescimento espiritual deriva de querermos nos exercitar nos domínios do espírito. A uns que assim não fizeram foi dito: “... devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os rudimentos das palavras de Deus...” 5:12

O paladar para a Palavra de Deus se adquire “bebendo”; pouco a pouco, passa a ser prazerosa a obediência e ainda nos lega discernimento, além do logro das aparências; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” 5:14

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