domingo, 27 de agosto de 2023

A verdade assusta


“... Que é a verdade? ... Não acho Nele crime algum.” Jo 18;38
“... Eis aqui vos trago fora, para que saibais que não acho Nele crime algum.” Jo 19;4 “Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho Nele.” v 6

A pergunta “O que é a verdade?” não era propriamente uma pergunta. Antes, um desdém; como se dissesse: Não percamos tempo com isso, pois, a verdade é mui profunda, que não nos está ao alcance. Tanto é assim que, depois de falar aquilo, Pilatos seguiu sua saga sem esperar resposta.

Entretanto, nas suas afirmações, três vezes falou a verdade sobre O Salvador. “Não acho Nele crime algum!”

O “problema” da verdade não é que ela teste nossa percepção e exija grande perspicácia; antes, ela testa nossa disposição para agirmos conforme vemos, pois, quase nunca estamos dispostos a isso. Pilatos entregou o inocente à morte mesmo convencido disso; “Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho Nele”. A conveniência política de não se indispor com as lideranças judaicas pesava mais que a verdade, na relapsa decisão dele.

Sobre o conhecimento de Deus, A Palavra ensina: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

Estavam de posse da verdade, sobre Deus; no entanto, “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, aves, quadrúpedes, e répteis.” v 21 a 23 Não gostaram do que viram e “criaram” algo parecido com seus paladares. Ainda é assim. Editam À Palavra da Vida, para deixá-la segundo seus gostos, doentios e suicidas.

Uma vez mais, o conhecimento da verdade ao alcance, porém a ousadia de agir conforme ela, ausente. O Salvador denunciara essa covardia fugaz antes de estar perante Pilatos; dissera: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Houve uma escolha arbitrária; “... amaram mais as trevas que a luz...” A verdade requer mais que mero conhecimento; praticar. “... quem pratica a verdade vem para a luz...”

Por isso, O Salvador colocou o conhecimento da verdade um degrau além do mero exercício intelectual; permanecer na Sua Palavra. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Se, Deus ocultasse nossos corpos e mostrasse as almas, poucos sairiam às ruas, de vergonha. A verdade é um espelho que deixa patente a íntima sujeira ante quem ouve. O tal, fica num dilema; lavar-se ou quebrar o espelho; na verdade, a maioria o ignora.

“Se alguém é ouvinte da Palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” Tg 1;23 a 25

A encenação do dever perante a “torcida”, como fez Pilatos, pode apaziguar ao barulho social. Porém, apenas seguindo a verdade no íntimo, podemos “ouvir” o silêncio de uma consciência inocente.

Cada vez menos a verdade tem trânsito nesse mar de mentiras, que se tornou o mundo moderno. Todas as doenças são reputadas medicinais, dado que, O Único remédio que cura é amargo ao ímpio Paladar: Jesus Cristo. “... Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Mesmo entre os “fiéis” há muita verdade nos lábios, pouca consistência nas obras. O amor ao dinheiro é o motor; O Santo Nome profanado, a “cera” que usam para dar brilho ao veículo de suas cobiças terrenas.

Nosso compromisso com O Senhor não fica patente pelas palavras, mas, pelas atitudes; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

sábado, 26 de agosto de 2023

Vidas com fundamento


“Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11;3

Fundamento é a base que sustenta a uma construção; normalmente chamamos fundação, alicerce. No sentido figurado, evoca certa coerência argumentativa, discursiva, dissertativa; quando o falar de alguém apresenta coerência, nexo com a realidade; tanto que, o oposto disso é falar coisas sem fundamento.

No prisma espiritual, a pessoa de Cristo é a “Pedra Angular” do edifício da salvação.

“Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3;11 “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, edificadores, a qual, foi posta por cabeça de esquina.” Atos 4;11

Os que vêm a Ele com coração arrependido são perdoados, redimidos, reputados “justos”; apesar dos seus muitos pecados; porque pertencendo-lhe, herdam Sua justiça. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Cristo figurou Suas Palavras como fundamento; diferenciou o mero ouvir, do praticar; “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... aquele que ouve Minhas Palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia.” Mat 7;24 e 26 Expostas aos testes, naturalmente, a diferença das edificações ficaria visível.

Dito isso, fica fácil entender que, o fundamento em apreço é o espiritual, cuja destruição poderia deixar órfãos, aos “justos”.

Vimos, no exemplo acima, que é a própria atitude relapsa de quem ouve a Palavra e não cumpre, que despreza ao fundamento na rocha; porém, a liberdade de ouvir genuinamente o que Deus Falou vem sendo paulatinamente tolhida. Mesmo os de boa vontade para arrependimento, em parte são privados da verdade, pelo sistemático ataque a que a mesma está exposta nesses dias tenebrosos.

Até entre os “Cristãos” há vasta súcia de patifes enganadores, que, quais vampiros que vivem do sangue alheio, distribuem cavalares doses de mentiras, sempre prefaciadas pelo profano, “O Senhor me diz”, ou similar, para disfarçar sua aversão pelo que O Senhor Diz em Sua Palavra escrita, com a qual, nenhuma intimidade, têm, esses traficantes de drogas psíquicas.

“Não mandei esses profetas, contudo, eles foram correndo; não lhes falei, porém, eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Isaías denunciou primeiro a inversão de valores; “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Cap 5;20 

Depois, mostrou a verdade ridicularizada errante no ostracismo moral, de um mundo sem valores; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” Cap 59;14 e 15

A destruição dos ensinos de Cristo, o fundamento da salvação não é uma consequência natural da “mudança dos tempos,” como diz o vulgo. Antes, da grotesca apostasia que grassa, junto a um projeto de governo ímpio e global; primeiro pretendem reescrever À Palavra de Deus banindo porções “inconvenientes” ao gosto da impiedade disseminada; depois, a proibirão de um todo.

Tendo rompido o antemuro da imutabilidade, em seguida abaterão também a muralha da necessidade. Destruirão de modo cabal, os fundamentos. “Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Não significa que essa guinada rumo às trevas derrotará ao Eterno: “Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.” Sal 2;4

Entretanto, o homem que abraçou à justiça como modo de vida, baseado no que aprendeu da Lei do Senhor, quando essa for banida, ridicularizada, não estará sem fundamento; “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”

Por isso, urge, enquanto ainda é possível, que armazenemos em nós a porção necessária para bem andarmos; pois, em breve, esse andar será reputado como um mal social; em parte já o é. “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11

As almas humanas tendem a certa volatilidade; a amoldar-se às circunstâncias mercê das facilidades, mais que, confrontá-las em defesa de valores. Todavia, as treinadas por Cristo, afeitas a Ele, não oscilam como coisas sem fundamento. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Deus; como se pode achar?


“Ah, se eu soubesse onde o poderia achar...” Jó 23;3

Então, não se tinha o manancial de revelações acerca de Deus que temos agora. No auge da aflição, o patriarca desejou saber onde poderia encontrá-lo.

Mediante Jeremias O Senhor disse: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz O Senhor. Porventura não encho os céus e a terra? diz O Senhor.” Jr 23;24

Davi escreveu algo semelhante: “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno minha cama, Tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará, Tua Destra me susterá.” Sal 139;7 a 10

Como sabia que O Eterno estava nesses lugares todos, não tendo estado lá para comprovar “in loco”? Porque O Espírito de Deus estava nele; assim, aonde fosse, O Santo iria; pensar em fugir seria uma coisa inglória, impossível.

Paulo discursando aos filósofos em Atenas, não colocou o “problema de Deus” como algo a ser alcançado por reflexões; antes, disse que O Criador, de uma “matriz” humana fez todos, e deu um limite de tempo e espaço para que o homem O buscasse. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

A própria vida e suas características eram já sinais da presença Divina; “Porque Nele vivemos, nos movemos, existimos...” v 28 Não significa que, basta alguém estar vivo para estar “em Deus”; em comunhão com Ele. Antes, que a vida é impossível sem Ele.

Também Suas obras testificam do Seu saber, bondade e poder; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Entretanto, o que o entendimento capta, e o que a vontade patrocina, nem sempre são as mesmas coisas. Tendo entendido A Majestade do Criador, o que fizeram os homens? “... não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a Glória do Deus Incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis.” Rom 1;21 a 23

Quando o coração se escurece, os olhos da fé perdem seu alcance; resta, quiçá, o tato; “... se porventura, tateando, o pudessem achar...”

A mesma correção endereçada aos romanos contra a inutilidade da idolatria, foi posta diante dos pensadores atenienses: “Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, prata, ou pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;29 e 30

Mesmo os filósofos, homens que se ocupavam na tentativa de entender as coisas metafísicas estavam no mesmo barco dos homens comuns, no tocante às coisas espirituais; na ignorância.

Quando Jó desejou saber “onde” encontrar O Santo para expor perante Ele sua causa, já estava diante do Eterno; embora, não o soubesse, nem entendesse os motivos pelos quais sua sorte era tão avessa.

Nossa carência não é de locomoção, para chegarmos em tempo, onde Deus está; mas, de bom uso do tempo e do entendimento, pois, esse nos é limitado, como vimos; “Buscai ao Senhor ‘enquanto’ se pode achar, invocai-o ‘enquanto’ está perto.” Is 55;6

Nossa busca, pois, não é atinente a locais, mas, à postura correta; “Porque Minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz O Senhor; mas para esse olharei, para o pobre, abatido de espírito, que treme da Minha Palavra.” Is 66;2

Através da difusão da Sua Palavra, é O Senhor que busca a quem lhe der ouvidos; “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras.” Prov 1;20 e 21

Não é que os homens não possam encontrar a Deus; antes que eles se recusam a ser encontrados, na única forma possível; nos termos Dele. Tanto a aceitação, quanto a aversão, terão consequências.

“Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Inimigos da luz


“Pois, meus olhos viram Tua salvação, qual Tu preparaste perante a face de todos os povos; luz para iluminar as nações...” Luc 2;30 e 31

Simeão, quando da apresentação de Jesus no templo; entre outras qualidades, ele citou a “... luz para iluminar às nações.”

Frequentemente deparo com postagens de cristãos, que dão certa preguiça; algumas ignoro, mas, quando a coisa é repetitiva, insistente, careço dar alguns pitacos.
A mais recente diz: “Teologia forma teólogos; o que faz um pastor é o chamado de Deus.” Como será que eles descobriram isso?

O chamado Divino pode despertar o desejo na alma daquele que Deus chama; tal anseio o levará a buscar o complemento dos predicados necessários, como prescreve A Palavra; “... se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, ‘apto para ensinar’...” I Tim 3;1 e 2 Me pergunto como se tornaria apto para ensinar, aquele que se preocupa mais em mostrar sua aversão ao conhecimento, que a buscá-lo?

O problema não é uma obviedade dessas sendo apresentada como se fosse a descoberta da pólvora; mas, uma ideia implícita nessa distorção que coloca as coisas como se fossem excludentes; como se, aquele que estuda não pudesse ser chamado, e o que é chamado, como se isso bastasse, carecendo, ele, apenas “viver em santidade”, nome que dão para o excessivo zelo em usos e costumes.

Esses zelosos que, não se furtam de atacar aos que pensam diferente, deveriam, por exemplo, assistir ao filme “Policarpo” (está no youtube) para ver quão grande testemunho tinha esse valente de Cristo, que deu sua vida pela fé, mesmo estando totalmente fora do que esses novos fariseus chamam de “santidade” apenas por preferir determinadas vestes.

Santificação requer andar em espírito, é muito mais que ser zeloso com as aparências o que qualquer hipócrita consegue. O conhecimento é desejável na vida do ministro, desde os dias do Antigo testamento; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7 “... O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de Mim;” Os 4;6 a ideia que basta se “santificar” sem buscar o conhecimento é bem antiga, como vemos.

Se, O Salvador foi antevisto, desde infante, como sendo “Luz para iluminar às nações...” nos dias do Seu ministério já teve problemas com os avessos à luz. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

“Que teologia tinha Pedro?” perguntam os defensores da escuridão teológica. Bem, era mero pescador, mas fez um “Curso teológico” de três anos e meio com O Mestre dos Mestres; não era nenhum tapado acerca das Escrituras; interpretando atos 2. citou o profeta Joel; mencionou Moisés: “Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” I Ped 1;16 ainda, Isaías: “Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa...” I ped 2;6 etc.

Ele mesmo alistou uma série de virtudes necessárias, entre as quais, “ciência” dizendo que a presença das mesmas nas vidas dos cristãos os livraria da esterilidade e do ócio (desocupação) no conhecimento do Mestre. “Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” II Ped 1;8

Tinha suas limitações, não era um letrado como Paulo. Mas, admitia-as, invés de desfazer do conhecimento alheio. “... nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.” II Ped 3;15 e 16

Enfim, vivam os pastores santos com chamado! Vivam os estudiosos que aclaram a verdade aos outros! Quanto aos que têm preguiça de aprender, o conselho de Salomão: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

Se, usarem a força que usam desfazendo do trabalho alheio, na coisa certa, breve, invés de cheios de razão, terão um pouco mais de luz. Assim seja!

domingo, 20 de agosto de 2023

A bênção do trabalho



“Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.” Ecl 3;10

Nem todos frequentam a essa “academia”, onde O Criador nos exercita. Muitos preferem colher os frutos do trabalho alheio, ainda que, para isso careçam usar rótulos “filosóficos” como “igualdade, justiça social...” para camuflagem da inveja e preguiça.

Assim sendo, onde os tais governam, sempre os países acabam em miséria da maioria, e riqueza do ditador e seus amigos; por quê? Porque os de índole laboriosa são desencorajados ao ver o fruto de seu trabalho ceifado por outros; os ociosos por convicção seguem sendo o que são; paparicados por migalhas populistas, enquanto a economia permite, depois, partilham a miséria comum.

Isso fez a pobreza de dezenas de nações; mas, tem “intelectuais” que defendem, e “idiotas úteis” que dariam as vidas a demandar por “igualdade”.

O trabalho é uma bênção, embora, nem sempre seja assalariado como deveria. O mundo é injusto não por causa de um sistema de governo; mas, por causa de uma filosofia adoecida, da qual a imensa maioria padece, onde o circo é regiamente pago, enquanto, o trabalho, não.

Muitos jogadores de futebol, cuja contribuição para o progresso da vida é pífia, ganham num ano, fortunas que seriam incapazes de gastar durante a vida toda.

Uma atriz pirralha, que mal chegou à vida adulta, falou de 18 milhões de reais, coisa que 90% dos trabalhadores do país não ganharão em suas vidas inteiras, ela tratou isso, como ninharia; algo a se abrir mão para não ser “incomodada.” Dizem os que conhecem os meandros, que, deveras, é ninharia; pois, a fortuna dela chegaria perto dos 200 milhões. Algum “socialista” acha isso um disparate? Levantaria sua voz contra?

Qual a contribuição que os atores e atrizes, joguetes do sistema amoral, que atuam para difusão da destruição dos bons costumes e valores, trazem à vida? Todavia, essas inutilidades são endeusadas e fazem parecer o salário de um mega empreendedor, dinheiro de pinga. Esse, é odiado pelos “socialistas”; perde seu sono para bem gerir seus negócios que criam empregos, riquezas; e quando governados pelos canhotos são extorquidos por cargas tributárias onerosas, pois, os zangões carecem sempre mais e mais.

Os sinistros silenciam quanto às mega fortunas dos circenses, enquanto deploram empreendedores. Sendo preguiçosos por índole, escolhem o caminho mais fácil. Lhe é ameno atacar abstrações como “elites, grandes fortunas, capitalismo, exploração...” Denunciar as celebridades nababescas, dando nomes aos bois, os indisporia com a mídia, e os adoradores das mesmas.

O problema desses não é com as riquezas mal distribuídas; antes, é por ver seu pretendido pão do outro lado do balcão do trabalho; esse “preconceito” os incomoda.

Trabalho é uma bênção, que o digam os desempregados. Livra do tédio, da miséria; exercita nossas almas e corpos.

Quando, após a queda O Criador disse a Adão: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão”, não estava criando o trabalho como parte do juízo pelo pecado. Ele já existia antes da queda. O que O Eterno fez, foi transferir para o homem a “pasta” da gestão do próprio pão. Antes, era responsabilidade Dele. Como o homem aceitara a sugestão do inimigo, de autonomia em relação ao Criador, esse peso veio anexo. “Agora é contigo, Adão; peito n’água!”

Nossas almas carecem de um “exercício” paralelo, nas coisas de Deus, se, queremos que, o efeito da queda seja desfeito pela regeneração em Cristo, para que, nossas vidas se prolonguem além daqui. Paulo ensina: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Outrora, houve alguns “esquerdistas” na igreja que Paulo tratou de situar: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3;10

Atravessou o tempo um dito: “Trabalhe fazendo o que gostas, e não terás que trabalhar.” A coisa parece bonitinha, mas, não resiste a análise de quem não padece preguiça mental. Ter uma atitude positiva ante a vida, otimista, é sempre saudável. Porém, do trabalho, a motivação que nos atira em seus domínios é seu fruto, não, prazer em fazê-lo, salvas raríssimas exceções; alguns do circo, talvez.

Salomão também falou dos “comunistas”: “Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados; assim sobrevirá tua pobreza como o meliante, e tua necessidade como um homem armado.” Prov 6;10 e 11

Enfim, o trabalho é salutar, parte da bênção do Eterno; “comerás do trabalho das tuas mãos... assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.” Sal 128;2 e 4

sábado, 19 de agosto de 2023

Obras abandonadas


“... Este homem começou edificar e não pôde acabar.” Luc 14;30

A hipotética obra inconclusa derivara da falta de previdência do construtor, que, empreendera-a sem um correto cálculo de custos, antes.

Figura usada pelo Salvador, falando aos que pretendessem rumar à salvação, sem calcular o preço da travessia, antes de iniciarem a marcha. “... qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” v 33

Pensamos em “poder” como uma força, capacidade de conquista, autoridade, domínio; entretanto, o requerido pelo Mestre foi a ousadia de renunciar. Quem não renuncia tudo, não pode.


O lapso de essência no “cristianismo” atual, nem é tanto porque as pessoas se recusam a deixar coisas por Cristo. Os próprios pregadores, em sua imensa maioria, ciosos mais por conseguir aplausos que conversões, omitem essa necessidade, “alargando” à porta estreita, ao arrepio dos ensinos bíblicos.

Invés do, “negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me,” os mestres da moda se dispõem a tudo, até editar à Palavra, para que os mortos espirituais não tenham arranhado seu conforto, em seus ímpios leitos, embalados pelos cantos de ninar dos, igualmente ímpios, pregadores.

Essa simbiose maligna foi antevista: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Evocando argumentos em favor da sua autenticidade, Pedro disse: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos Sua Majestade.” II Ped 1;16

Fidelidade à Palavra está em oposição às fábulas, o que, qualquer mente razoavelmente criativa pode engendrar.

Uma forma de não acabar o que foi começado é desviar-se em busca de “facilidades”, oferecidas pelos mestres da adulação. Vivemos uma geração melindrosa até, às críticas, o que dizer das perseguições? Pedro ensinou como lidar com as falas alheias: “Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo.” I Ped 3;16

Uma obra física empreendida durante certo tempo, uma vez abandonada, queda estanque, na mesma estatura e forma. Se foram colocados os tijolos e telhado, faltou acabamento, assim seguirá em seus dias de abandono. Se, alguém a retomar, partirá daí; do que estava edificado. A obra espiritual não tem as mesmas características.

Por ser a vida, algo que flui, move-se nessa ou naquela direção, quando a fidelidade ao Senhor parece difícil, e alguém a começa negligenciar, esse, não para onde estava; recua. Por isso, O Eterno adverte: “Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;38 e 39

Se, crer está em oposição ao recuo, óbvio que esse é um sinônimo de que se começa a duvidar. O problema maior da incredulidade não é que, um pouco dela pode abalar a fé de alguém; antes, que a existência desse pouco, se torna uma “cabeça-de-ponte" por onde o inimigo conseguirá descer seu arsenal de mentiras, tornando aquele pouco, num muito de escuridão.

O Evangelho que parecia difícil com suas demandas por santidade, de repente, não mais é; desaparece; a consciência cauteriza a as demandas silenciam. “Se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Um pouco de desconfiança, uma infidelidade aqui outra acolá; uma adesão eventual a um pregador mais “inclusivo”, e breve, nossa cegueira fará tatearmos na pele da morte presumindo tocar na vida.

Não importa a gritaria global, as pechas mentirosas que tentam colar nos mensageiros fiéis; tampouco, se reescreverão a Bíblia às suas maneiras; Deus segue no mesmo lugar, bem como, Suas sentenças: “Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram A Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;8 e 9

Enfim, quem começa e abandona, apressa-se à sujeira após o banho. “... melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O processo



“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Parece relativamente simples; fazermos a vontade de Deus, um pouco de paciência, e, alcançamos a promessa; vida eterna.

Porém, se a síntese teórica pode ser contida numa sentença, o desenvolvimento prático não é tão mero assim. Fazermos a Vontade de Deus requer de nós o mais difícil de todos os enfrentamentos. Enfrentar a si mesmo; ou “negar a si mesmo”, como desafiou o Salvador.

E, não significa que, por ser a “peleja” contra um adversário apenas, seja mais fácil que outra, hipotética, contra muitos. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 Vemos que a vitória contra um apenas, o ego, é mais onerosa que outra, sobre muitos.

Normalmente, para enfrentarmos a nós mesmos, carecemos descartar um monte de coisas que estiveram atreladas ao nosso modo pretérito de viver; o entendimento vivificado e renovado em Cristo, nos colocará, fatalmente, em rota de colisão com muitas ações antigas, hábitos, pessoas e suas predileções errôneas, das quais, em Cristo devemos nos afastar. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

A conversão é um desafio tão radical, que todos os dias teremos que mortificar anseios da velha natureza, os quais, pelejarão contra as diretrizes do Espírito, agora pulsantes em nossas consciências regeneradas.

Paulo chamou de “sacrifício vivo”, primeiro passo na necessária separação do mundo para, finalmente, conhecermos e experimentarmos à Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

As pessoas com suas lógicas rasas e inclinações carnais, não têm condições de entender as mudanças que ocorrem nos que, tendo outrora vivido como elas, em Cristo, são guindadas a um patamar muito mais alto. “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

Essa ruptura de quando, passamos a “ver” as coisas espiritualmente, é adjetivada de modo oposto ao que acontece. Somos capacitados mediante a fé a ficarmos firmes como vendo o invisível; os que nos observam “leem” do seu jeito: “A fé é cega”; dizem.

Cogitarmos da necessidade de paciência depois de termos feito à Vontade de Deus, parece estranho; como se, O Divino Agricultor tardasse em segar uma messe madura; contudo, não é assim.

Depois de termos feito o querer do Eterno, o mínimo necessário para recebermos a Graça salvadora, ainda há o propósito horizontal, de usar nossas vidas em proveito dos semelhantes; um verdadeiro salvo não deseja morrer, antes, ser instrumento para levar outros à salvação. “Nisto é glorificado Meu Pai, que deis muito fruto; assim sereis Meus discípulos.” Jo 15;8

Sabermos esperar pelo tempo Divino, enquanto isso, laborarmos na Sua Vinha com fito de darmos frutos, é o que Ele requer de nós. O “depois” em apreço, não significa após a conversão, mas, após consumada a obra que devemos fazer com O Senhor.

Costuma-se dizer vulgarmente, quando alguém morre: “Descansou”. Será? Cristo tinha outra ideia sobre descanso. “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

Esse repouso da alma não significa que não haverá mais fadiga; mas, que as agruras derivadas da alienação de Deus e consequente servidão ao inimigo não pesarão mais sobre nós. O fim da vida só significa descanso para quem parte no Senhor; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; as suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Notemos, por fim, que a paciência requerida não tem nada a ver com inércia; ela produz as obras desejadas pelo Eterno. A “Lei do retorno” recorrente nas filosofias de botecos não tem a ver, necessariamente, com as vicissitudes dessa vida; as recompensas devidas teremos na eternidade.

Por aqui, as coisas nem sempre estão no devido lugar “... há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e ímpios, a quem sucede segundo as obras dos justos...” Ecl 8;14 Para lidar com isso, pois, paciência.

domingo, 13 de agosto de 2023

Não perca o juízo



“... não julgais da parte do homem, senão da parte do Senhor, Ele está convosco quando julgardes.” II Cron 19;6

Josafá, rei de Judá, após uma infeliz empresa onde associara-se ao ímpio Acabe, fora repreendido por um profeta do Senhor; “... Devias tu ajudar ao ímpio, amar aqueles que odeiam ao Senhor? Por isso virá sobre ti grande ira da parte do Senhor.” v 2

Sendo rei poderia endurecer, ordenar a prisão do “enxerido” profeta; mas não, ele temeu. “O sábio teme, e desvia-se do mal, o tolo encoleriza-se, e dá-se por seguro.” Prov 14;16 Ele cometera um erro, sim; mas, não era tolo. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Então, estabeleceu juízes na terra, conscientizando-os da Divina presença; que aquilo não era uma brincadeira a ser feita pelo arbítrio humano; era algo sério a ser empreendido no temor do Senhor. “Ele estará convosco quando julgardes.”

Ah, se nossos juízes, que julgam a partir de afinidades ideológicas, com pesos e medidas diferentes de acordo com o réu, julgassem segundo a reta justiça!!

Quando O Eterno falou com Salomão, facultando-lhe os tesouros celestes, “Pede o que queres que Eu te dê” I Rs 3;5 , o rei pediu sabedoria para julgar. “A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar Teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este Teu tão grande povo?” V 9

Muitos fizeram um conveniente biombo atrás do qual pretendem esconder suas predileções pecaminosas, usando de forma astuta e indevida, uma fala do Salvador; “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Mat 7;1

Pronto. Basta que eu faça vistas grossas aos erros alheios, não julgue a ninguém, e também não serei julgado; cada um na sua e Deus por todos. Será? O verso seguinte ensina qual a consequência do juízo temerário. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido, hão de medir-vos.” Mat 7;2

Portanto, se eu julgo a atuação de alguém segundo meus motivos, inclinações, simpatias ou antipatias, dou ao meu próximo o direito de fazer o mesmo contra mim. Esse é o sentido do “Não julgueis.”

Os que o fazem no temor de Deus, são os que já tiraram as traves dos próprios olhos e podem ver um cisco no olho alheio. O mesmo juízo Divino, com o qual exortam ao semelhante, aplicaram já contra si próprios. Pois, desse julgamento, gostando ou, ninguém escapará. “... a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. Porque Eu não tenho falado de Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Ele Me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.” Jo 12;48 e 49 e “... todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo...” II Cor 5;10

Um ministro da palavra, ou quem vive na congregação dos santos, o mínimo que se deve esperar dele é que conheça os ensinos celestes e segundo eles possa aquilatar as coisas.

Paulo censurou aos coríntios, que, por querelas insignificantes expunham suas diferenças ante ímpios, invés deles mesmos julgarem, ou, sofrerem o dano, até, invés de escandalizarem à Igreja do Senhor. “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os anjos? Quanto mais, coisas pertencentes a esta vida?” I Cor 6;1 a 3

Os que nasceram de novo em Cristo e tiveram suas consciências vivificadas no Espírito, qualquer coisa que julguem, sobretudo, as próprias, não serão eles só; “O Senhor estará convosco quando julgardes.”

É função da consciência; dar ciência ao seu hospedeiro acerca da Vontade de quem o criou; Deus. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita, nem para esquerda.” Is 30;21

Quando pensamos no ensino, que a fé sem as obras é morta, normalmente cogitamos sobre o que devemos fazer; porém, somos informados também, sobre o que não fazer, para andarmos segundo Deus; carecemos de fé e obediência, para sermos aprovados nisso.

O código pelo qual seremos julgados está ao alcance comum; A Palavra de Deus. Quem obedece-a, não entrará em juízo; Cristo sofreu sua pena. Juízos pontuais, da pregação, atuam para que evitemos o juízo final. “Quando julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” I Cor 11;32

sábado, 12 de agosto de 2023

Corações sujos


“Porque adulteraram, sangue se acha nas suas mãos; com os seus ídolos adulteraram; até os seus filhos, que de mim geraram, fizeram passar pelo fogo, para os consumir.” Ez 23;37

A denúncia do Senhor contra Israel e Judá. Ambas as casas foram figuradas como mulheres infiéis.

O adultério se dá pela infidelidade afetiva, onde dois, tendo pactuado viver um para o outro, por um desejo doentio acatado, algo estranho à relação é inserido de forma ilícita, na mesma.

O adultério espiritual é semelhante. Tendo alguém feito aliança com Deus, para a qual, a primeira qualidade esperável é fidelidade, qualquer outro alvo que seja, eventualmente, depositário de nossa fé, objetivo de culto, adoração, será espúrio à relação; envolvendo-nos com ele, estaremos cometendo adultério.

Os adúlteros de então, ofereciam os próprios filhos em sacrifício. “... até seus filhos que de Mim geraram, fizeram passar pelo fogo...”

Um parêntese aqui: Quando se comemora Dia das Mães, dos Pais, muitos atribuem a esses a ventura de dar a vida. Que devam ser honrados, de acordo, A Palavra de Deus o prescreve; porém, não são fontes de vida; antes, meios pelos quais O Eterno dá novas vidas ao mundo; sua prole, são “filhos que de Mim geraram” diz O Senhor. Sem Sua bênção somos estéreis.

Gibran escreveu: “Vossos filhos não são vossos filhos; são filhos da ânsia da vida por si mesma...” Pois, discordando um pouco, são filhos da graça do Criador, que galardoa com o dom de gerar vida.

Quando apresentaram ao Salvador a objeção sobre a sequência da relação carnal na eternidade Ele ensinou: “Os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, a ressurreição dentre os mortos, não hão de casar nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer; pois, são iguais aos anjos, são filhos de Deus, e da ressurreição.” Luc 20;35 e 36 Porque aqui morremos todos os Dias, O Doador da vida faz com nasçam mais; na eternidade não será necessário.

Se, os filhos fossem mesmo propriedade estrita dos pais, poderiam deles dispor como quisessem. No entanto, sacrificá-los aos ídolos equivalia a assassinato; “... sangue se acha em suas mãos...” estavam cometendo crimes contra O Doador da vida, privando-as da viver, por motivos abomináveis; cultuar ao produto de suas doentias imaginações, em desobediência para com O Senhor.

Uma característica do adúltero é a ambiguidade. Não fosse assim, deixaria alguém, seu cônjuge, partindo para nova relação. Mas não; ele mantém uma relação espúria enquanto finge fidelidade.

Os adúlteros espirituais faziam da mesma forma. Depois de seus cultos abomináveis, aos ídolos de sua própria fabricação, “voltavam para casa” como se nada tivessem feito; “Porquanto, havendo sacrificado seus filhos aos seus ídolos, vinham ao Meu santuário no mesmo dia para o profanarem; assim fizeram no meio da Minha casa.” v 39

A duplicidade que fazia, uma hora clamar ao Senhor, outra, dirigir rogos a um ídolo, foi denunciada pelo profeta Elias: “Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” I Rs 18;21

Coração duplo; denúncia reiterada na Epístola de Tiago, sempre foi um mal presente na maioria dos humanos. Se, isso derivasse de uma oscilação lícita, entre duas alternativas, igualmente válidas, seria menor mal. Porém, cotejar ao Todo-Poderoso, colocando-O em pé de igualdade com um fantoche de terra, aí a coisa é nefasta mesmo.

Por isso, um coração duplo, antes de mais nada está sujo, impuro. “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Deus É O Único, e faz questão de situar aos deuses alternativos; “... Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo deste céu.” Jr 10;11 “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

A ambiguidade mais comum atualmente é entre Deus e o dinheiro, mal, denunciado pelo Salvador. “Ninguém pode servir dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e Mamom.” Mat 6;24

Quem conhece a Deus, não tem espaço para mais nada, no prisma espiritual. Embora inda viva nesse mundo, não é mais dele em seus valores, conceitos, modos de vida; O Espírito Santo que nos habita É Fiel, e conduz-nos na mesma senda; “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que, amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Saber calar


“Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos, médicos que não valem nada. Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5

Os amigos de Jó, dado o grande infortúnio que se abatera sobre ele, tiveram dois momentos distintos; primeiro, uma longa empatia silenciosa; “Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Cap 2;13

Admirável postura!! Dado o respeito que sentiam pela dor do amigo, ofereceram apenas suas presenças e solidariedade, sem nenhuma fala que, talvez pudesse piorar o que já estava ruim.

Sejam sentimentos de alegria, sejam de dor, apenas o coração de quem sente pode avaliar direito. “O coração conhece sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo, da sua alegria.” prov 14;10 As palavras certas no momento certo podem trazer algum alívio; não, mensurar a dor.

Tendo Jó extravasado seus lamentos, também seus amigos pensaram que deveriam falar; fazendo assim, deixaram seus achômetros teológicos suporem que, se Jó estava debaixo de tão dura sorte, só poderia ser por causa de muitos pecados cometidos; Deus o estaria julgando por isso; desse modo o exortaram ao arrependimento e mudança de rumos, sem nenhuma base sólida onde ancorar seus temerários argumentos.

Se, a presença deles ensejara alguma nuance de esperança em Jó, quando começaram a falar, essa esperança se desfez, dando assento à decepção; “Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos, médicos que não valem nada. Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5

Identificara neles a pretensão de “medicarem” sua alma; mas, quando fizeram seu “diagnóstico” ele perdeu a esperança.

Se, houvera um momento em que o infeliz desejara que eles falassem algo, quiçá, que servisse de consolo, então, desejava que eles calassem a boca. Invés de um filosofar “lógico” Jó esperara que eles tivessem compaixão; “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Cap 6;14 Não era o momento de investigar buscando razões, mas de oferecer amparo.

Às vezes me ocorre um provérbio hindu: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.” Pois, naquele caso, as falas se revelaram muito piores.

Jeremias escreveu: “Bom é ter esperança, aguardar em silêncio a salvação do Senhor; bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.” Lam 3;26 a 28

Se pesa sobre nós um jugo colocado pelo Senhor, não será nosso barulho, nem, eventuais bravatas que o removerão. Na verdade, somos exortados a tomarmos o Jugo de Cristo, e nos colocarmos como aprendizes. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

Quando pensarmos em falar apenas por falar, pela “necessidade” de dizermos alguma coisa, talvez seja o caso de repensarmos; pois, a excelência reside no encontro das palavras certas com a ocasião apropriada; “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25;11

Tiago também ensina: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg 1;19

Se estamos inclinados a oferecer ajuda a alguém, mas, somos incapazes de avaliar direito o que, esse alguém precisa, as chances de que venhamos a colocar os pés pelas patas é grande.

Somos uma geração que vê; quase tudo se torna vídeo. Pouco ouve e quando o faz, normalmente, apenas tolera a fala alheia pensando no que vai responder; não ouvir deveras, buscando compreender e ser empático com o anseio alheio.

Muitas vezes as falas são máscaras, quando não, disfarces da vontade de não ouvir, como fizeram os algozes de Estêvão; “eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7;57

Enfim, quando não somos capazes de entender as causas da dor alheia, podemos oferecer nosso apoio apenas, sem necessidade de falarmos de modo inadvertido.

No momento oportuno, O Próprio Deus falou e recolocou os pingos nos is. “... A Minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Jó 42;7

“Não te precipites com a tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras.” Ecl 5;2 e 3

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Os ateus


“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” Sal 14;1

O ateísmo, antes de ser uma negação externa, já fez seu estrago dentro de quem o professa; “disse o néscio em seu coração...” Apenas Aquele que “sonda os corações” pode ouvir.

Numa conversação interpessoal, natural que estipulemos regras, ou apreciemos a atuação de cada um. Certa equalização é necessária, dado o comum ponto de partida; a semelhança entre os homens. “O tolo discute pessoas, o sábio discute ideias.” Segundo axiomas assim, identificamos cada um.

Em se tratando do Eterno, Ele não discute; revela. Sua “matéria-prima” não é o produto de uma investigação filosófica; antes, a posse de toda sabedoria. Então, adjetivar à pessoa, “néscio” antes da sua ideia, “não há Deus”, da Divina perspectiva, é colocar o carro e os bois nos devidos lugares. Pois, é esse combate contra o óbvio, que qualifica ao combatente. “Senhor, Tua Mão está exaltada, nem por isso a veem...” Is 26;11

O Santo não tem nenhuma crise de identidade, tampouco, necessidade de aceitação; algo que o fizesse falar de modo mendicante, tipo: “Por favor, creiam que Eu existo!” Apenas revela graciosamente as coisas como são, e identifica pelas qualidades, ao que duvida; uma menção eventual, e segue Seu discurso.

A maioria das objeções dos ateus tem a ver com as limitações da capacidade humana em geral, independente da inclinação para crer ou duvidar, de cada um. Tentar acondicionar ao Senhor do Universo, Seu Ser e Seus Feitos, em nossa caixinha craniana, requer um milagre infinitamente maior que o de crer, o que fazemos, a despeito de muitas coisas escaparem ao entendimento.

Paulo deu pé na bunda da lógica quando desafiou a crer mesmo contra o alcance da compreensão; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21 “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias...” v 27

Claro que isso contém um quê de ironia, pois, fez distinção entre a “sabedoria” do mundo e a celeste; “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 Depois explicou a “loucura”: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens...” v 25

Chesterton diferenciou de modo didático o louco, ele chamou de poeta, dos racionais: “O fato geral é simples: A poesia é sensata porque flutua livremente em um mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim, o faz finito. O resultado é a exaustão mental... aceitar tudo é um exercício, entender tudo é um esforço. O poeta só deseja exaltação e expansão, um mundo no qual se possa estender. O poeta só pede para colocar a cabeça no céu. É o lógico que procura colocar o céu na cabeça. E é a cabeça dele que se espatifa.” G. K. Chesterton “Ortodoxia” pg 19

Ateus, chamam à fé de cega, porque eles não conseguem ver em sua dimensão. Exigem explicações onde a demanda é por confiança, entrega. O entendimento só é dado após a reconciliação; eles exigem entender antes, para pensar se aceitam as Divinas condições.

Aquele que “colocou a cabeça no céu”, não tem necessidade de provar nada, mediante ditames lógicos; pois, foi guindado acima disso; “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I cor 2;12

Pior que o ateu, contudo, é o idólatra que faz deuses de suas conveniências, mesmo que, os de agora sejam a negação dos de ontem. Em seu Olimpo confuso há espaço para tudo; exceto, O Eterno.

O ecumenismo, essa obscenidade é um exemplo assim; “fora da Igreja católica não há salvação” diziam; agora, todos os espantalhos que os homens usaram, ao longo das eras, para proteger as sementes das suas conveniências são igualmente válidos; salvação deixou de ser uma necessidade urgente das almas, para ser uma demanda do planeta. “Crimes ecológicos” são graves; pecar contra O Santo, tudo bem; Deus É Amor!

Pior que a negação de Deus, a loucura de alguns, é a profanação do Santo, a ruptura com Seus ensinos e a usurpação de Seu lugar. “Rompamos as Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;3

O seu medo da luz, a que revelaria suas almas como elas são, tolhe também que vejam em que tempo estão. O “Titanic” está fazendo água, e eles se divertindo. Há botes para todos, mas preferem naufragar a se render.

Fé e suas digitais


“A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das coisas que se não vê.” Heb 11;1

A fé que não molda ao nosso agir é apenas uma teoria, que, se defendida com maior ênfase progredirá para hipocrisia. Sendo um “firme fundamento”, a menos que alguém pretenda fazer castelos nas nuvens, ela apoia-nos em bases sólidas precedendo e patrocinando nossas ações. Tiago desafia aos “teóricos”; “... mostra-me tua fé sem as obras, e te mostrarei a minha pelas minhas obras.” Tg 2;18

Nunca serão, as obras, substitutos da fé, para salvação; “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9 

Porém, atitudes dão testemunho através do novo andar dos convertidos, do que Cristo fez por eles, e neles; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Sempre será o primeiro passo, crer; depois, se dispor a obedecer; por isso, quando alguns se voluntariaram ao “fazer”, O Salvador chamou-os ao degrau inicial; “... Que ‘faremos’ para executar as obras de Deus? Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: Que ‘creiais’ naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Além de um testemunho externo, a obediência fiel à Palavra de Deus também produz convicção íntima; enraíza cada vez mais, àquele que crê, pelo conhecimento de Deus. “... Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 16 e 17

Essas transformações são eloquentes; e se tornam um testemunho palpável, das coisas, ainda, invisíveis. “Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Tanto, a existência da fé, quanto, a ausência, são evidenciadas pelas coisas observáveis nas atitudes de seus pretensos hospedeiros. “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” 1 João 4:20

Também Ele só é “visível” pelos feitos; embora, Seu Espírito testifique no âmago dos que creem; “... o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus...” Rom 1;19 a 21

Os que dizem que a fé é cega estão falando de si mesmos; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Os “olhos” da fé, invés de visão, estritamente, facultam entendimento espiritual; essa é sua característica mais notória.

Entretanto, a fé que defendemos não é algo difuso, opcional, sem uma substância nem um objeto preciso, como esposam os proponentes do ecumenismo. Cada um pode crer no que quiser, andar como lhe aprouver, desde que tenha fé.

A fé bíblica não dá margem a dúvidas, nem a concorrência de deuses espúrios. “... credes em Deus, crede também em Mim.” Jo 14;1 “A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo...” Jo 17;3

De Cristo está dito: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu, nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4;12

Os refratários a credos e doutrinas alternativas são tachados de “fundamentalistas”; deveríamos nos envergonhar? A Bíblia é categórica: “Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3;11

Estarmos fundados Nele, é um pouco mais que professar Seu Santo Nome, ou, decorar porções selecionadas dos Seus ensinos. Devemos permanecer nas Suas Palavras, Jo 8;31 edificarmos nossa fé, mediante obediência, de modo a não sucumbir aos reiterados ataques que esse mundo ímpio desfere; “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha; desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mat 7;24 e 25

Se, por um lado a fé remove montanhas, por outro, firma-nos como montes inabaláveis; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala...” Sal 125;1

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

O último ai


“... O Filho do homem vai... mas ai daquele por quem é traído!” Luc 22;22

Um “ai” predizia consequências dolorosas; “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice...” Is 5;11 “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade...” Is 5;18. Etc. 
Sempre “prefaciando” uma sentença de juízo.

O ai dirigido ao traidor do Senhor era “patrimônio” de Judas. Sabendo O Senhor que ele estava possuído pelo maligno e seu intento, exorto-o a que fizesse de uma vez, aquilo a que se propusera. “... O que fazes, faze-o depressa.” Jo 13;27

Não significa que O Senhor estivesse de acordo; antes, queria revelar coisas aos Seus, e na ausência do traidor seria melhor. Já que parecia mais atento às trinta moedas que ao seu ai, de advertência; que fizesse, então, o que estava decidido.

Coisas efêmeras, mudadas as circunstâncias, costumam mudar também. As entrelinhas daquele incidente fazem pensar que Judas tinha expectativas além das moedas. Talvez, em seus devaneios libertários, pensasse que, uma vez entregue, Jesus usaria Seu Poder, e escaparia dos algozes; quiçá, faria algo extraordinário, quebraria o jugo romano.

No entanto, Ele “como cordeiro mudo foi ao matadouro.” Vendo isso, o remorso castigou-o. “Então Judas, que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.” Mat 27;3 e 4

Duas coisas importantes moveram seu coração e ações; arrependimento e confissão. Porém, como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”. Assim, a confissão devida a Deus, feita aos ouvidos ímpios. Esses, os mesmos que o instigaram a trair e pagaram, descartaram ao infeliz como um objeto sem préstimo algum. “Que nos importa? Isso é contigo.”

Assim agem todos os que nos atraem aos caminhos do pecado. À expectativa dos prazeres, alardeiam, para aliciar ao incauto que lhes der ouvidos; vindo as consequências, presto “lavam as mãos” como se, nada tivessem com aquilo.

Inútil contar com o homem, onde a necessidade é de Deus. Isso foi antevisto e denunciado pelo profeta Jeremias. “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Que poderia o braço de Judas, ante tamanho peso de culpa, presumindo-se, alienado do Senhor para sempre? Se, tivesse apresentado seu arrependimento e confissão, à Pessoa certa... “... torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

Sempre chamara ao Salvador de “Mestre”, não de Senhor, deixando implícita sua aversão à ideia de servi-lo; todos os que se recusam à submissão ao Senhor, só podem contar consigo mesmos, nas suas necessidades mais angustiantes. Então, o infeliz fez o que achou que podia; “Atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” Mat 27;5

Teria se cumprido, assim, o “ai” contra ele? Penso que, apenas parcialmente. A seriedade maior não é a perda da vida terrena; antes, da eterna; o que se verificará apenas no além. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas, Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Resta um “ai” que respeita ao planeta todo; esse, não necessariamente de juízo, mas permissão Divina, para que o inimigo mostre suas últimas jogadas antes do xeque-mate. “... Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, com grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.” Apoc 12;12

Essa sensação aflitiva de que o mundo apodreceu cem anos em dez, pela destruição das artes, valores, governos, da vergonha; que o sentido da vida é ser um leso-influencer, ou, ganhar uma bolada em apostas virtuais; grassa o desprezo ao meio convencional do trabalho e seus honrados frutos; vige o culto à feiura invés da beleza; Na política o lixo é coroado, a honestidade é perseguida; isso tudo são nuances do “ai” final, que está colocando à prova o que cada um tem em si.

“... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

A Salvador disse: “Tomai o Meu jugo...” a presente geração defende: “... sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;3 Ai dela!!

domingo, 6 de agosto de 2023

Deuses móveis


“... meus deuses que fiz, me tomastes, juntamente com o sacerdote, e partistes; que mais me resta agora?” Jz 18;24

Mica disputando com a tribo de Dã, sobre a posse de uns “Deuses” que os danitas tomaram-lhe. Na verdade, um reles amontoado de esculturas ordinárias, que ambas as partes desejavam. Os de Dã eram seiscentos homens armados; Mica contava com poucos serviçais; ante esses “argumentos” tanto os ídolos, quanto, o sacerdote que cultuava a eles, foram embora para novo endereço.

O que deveria ser visto apenas como contrassenso, pelo qual a sapiência se envergonharia de pleitear, aos apelos do fanatismo, das paixões, as pessoas põem suas vidas em jogo, demandando por ele.

Ora, um deus que pode ser levado para lá e para cá, por mãos humanas, pode ser tomado à força, que tipo de divindade seria? Não fica óbvio, ante essas nuances, que se trata de um “móvel” manufaturado pelos homens, e nada mais do que isso?

Mesmo Baal, que era um espantalho dessa estirpe, quando Gideão, derrubou seus altares, os defensores do “Deus” se indignaram e pensavam em vingança; então, foi dito: “... contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis? Qualquer que por ele contender ainda esta manhã será morto; se é deus, por si mesmo contenda; pois derrubaram seu altar.” Jz 6;31 Nada mais perigoso que estar sob a ira de um deus. Ou não? Se esse Deus, realmente o for, sim; “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo.” Heb 10;31

Entretanto, um “Deus” que carece da humana proteção, invés de proteger aos que o servem, deixa patente, de onde vem sua “força”. Assim como um espantalho precisa da ignorância das aves para fazer seu “trabalho”, também um “Deus” fabricável e carregável demanda a cegueira de quem o cultua, para ter alguma influência.

O “Jesus” de Encantado RS, o “Cristo Protetor”, já faz seus “milagres”, mercê da “blindagem” dos que se curvam a um arranjo de concreto, mas se recusam a conhecer ao Todo-Poderoso.

Cada homem traz em sua “formatação” original, um espaço especial para O Criador; o natural lapso nesse quesito, desde a queda, deixa uma sensação de vazio, que, deveria nos induzir à busca pelo Eterno; mas, pelas artimanhas do atravessador mor, acaba sendo “preenchida” por esses simulacros, que, como a água do mar, apesar da fartura, não mata a sede.

Toda imagem de humana feitura, não importa quão esmerada a arte, tampouco, qual o nome ou a função atribuída, no fundo, é uma fraude de inspiração maligna; em si mesma é nada; “... sabemos que o ídolo nada é no mundo; que não há outro Deus, senão, um só.” I Cor 8;4

Entretanto, por receberem o culto onde deveria ser espaço exclusivo do Eterno, esses bibelôs acabam prestando serviço à oposição. Assim, quem os cultua adora ao canhoto; “... as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.” I Cor 10;20

Há alguém por detrás da confecção dos espantalhos, que cega aos artífices, e aos seguidores; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Gente que se opõe a nós, os cristãos, os mais incisivos agridem com palavras, profanam O Nome Santo, mijam, queimam, rasgam Bíblias, e nada fazemos contra eles, por quê? Experimentem fazer algo parecido com Alá, ou Maomé. Eles são loucos, mas não tanto. Seu suicídio não é tão imediatista. Preferem morrer lentamente.

Por que não defendemos Deus? Porque Ele, deveras, É O Deus Vivo! Não carece humano socorro; costuma dar tempo aos errados de espírito, pois, prefere salvar a vingar-se. “... não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva...”

O silêncio Dele, ante o erro, não é concordância, mas longanimidade; porém, uma hora coloca as cartas na mesa. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

O furor imediatista, estilo sangue quente, que acossa as humanas paixões não combina com a serenidade solene de um Deus, que, por Ser Eterno, Sábio, não se move nas limitações das criaturas.

Quem precisa defender com unhas e dentes ao seu deus, deixa claro que ele é isso mesmo; “seu” deus. Quanto ao Eterno, nós somos Dele; ovelhas do Seu Pasto. Quando dizemos, “Meu Pastor, Nosso Deus”, não pretendemos com isso patentear uma propriedade; antes, identificar uma devoção, o alvo do nosso servir.

Sentimento de posse deriva do orgulho; o de pertencer, requer humildade.

sábado, 5 de agosto de 2023

Duas almas; menos que uma



“... vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

“Animus" é a palavra latina para alma. Daí, estar alguém desanimado, é como estar sem alma para fazer qualquer coisa; da mesma fonte, a palavra animal; esses têm apenas alma, não, espírito como nós. Do ser humano, uma vez que, além de alma possui espírito, se diz que é um animal racional; dotado de razão.

O “duplo ânimo” é oscilar como se tivesse duas almas. Virtudes como perseverança e integridade, esperáveis dos cristãos, não combinam com essa alteridade fugaz, que se amolda ao interesse imediato, não aos valores eternos.

Mesmo se, assumido determinado compromisso, esse se revelar danoso, deve, o servo de Deus permanecer no que acordou. “Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? Quem morará no Teu Santo Monte... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” sal 15;1 e 4

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5;37

Embora o duplo ânimo tenha incidência em nossas relações interpessoais, é um mal íntimo, que, cada um deve enfrentar, caso deseje viver de modo agradável ao Eterno.

Quem tem uma consciência regenerada mediante novo nascimento, sempre que tencionar andar em desobediência ao espírito, antes do primeiro passo terá informação de seu erro. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Quem é bom ouvinte, ouve e vai após a diretriz recebida, desse se diz que, embora vivendo num corpo carnal, anda em espírito; Paulo sentencia: “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito.” Rom 8;1

Então, são desonestas ou desinformadas, as pechas que, os cristãos, por terem uma “opinião formada”, são cabeças-duras, fanáticos, avessos às mudanças que o progresso traz.

Primeiro; não se trata de opinião, mas de submissão À diretriz Daquele que sabe onde todos os caminhos levam; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Por cabeça-dura entende-se alguém avesso a mudanças, mesmo quando necessário. Ora, um convertido é alguém que fez a mudança mais corajosa possível; negou a si mesmo, convencido da realidade e do amor de Cristo. Ele vive num processo chamado “santificação”, onde, a cada novo aprendizado muda pontualmente, segundo o que aprendeu, para aperfeiçoamento de sua regeneração. “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

O “progresso” da forma que nos é apresentado traz em sua esteira coisas que não deveriam estar; não fazem parte dos seus melhoramentos inerentes. Do aperfeiçoamento dos meios, qual o problema? Uso computadores, INTERNET e coisas afins, como todo mundo. Agora, alteração dos valores, perversão dos fins, não são coisas derivadas do progresso tecnológico. São efeitos colaterais contínuos, do afastamento do homem em relação ao Criador.

Nas questões morais, nos valores espirituais, não houve mudanças, no prisma Daquele que as estabeleceu. Alterações rituais e a supressão dos sacrifícios antigos, pelo Feito Magistral de Cristo, não derivou de uma “evolução” de Deus. Antes, do cumprimento de Seu Plano Perfeito, anunciado desde dias antigos. “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” Gál 4;4 e 5

Os valores em jogo não mudaram. “... Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16 Caso houvesse “progresso” aí, implicaria na negação da Perfeição Divina.

Se é inevitável o melhoramento dos meios, ao aumento da ciência, o fim, segue o mesmo; sóbrio, solene, intocável. “... Por isso, todo o escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

O resumo é que todos recebemos certo espaço e tempo, com um objetivo comum; como o pródigo, retornar à casa paterna; “... De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda face da terra, determinando tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;26 e 27

Naquele, o coração duplo fez as trapalhadas com as quais nos atrapalhamos também; ansiando prazeres desprezou valores; na dureza das consequências fez a necessária releitura, que possibilitou arrependimento, ainda em tempo.

Quantos destroem-se antes de ter tempo para repensar. “Vós de duplo ânimo, purificai os corações!”

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Com ciência



“Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam a iniquidade.” Jó 34;22

Não significa que só os iníquos não podem se esconder; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” heb 4;13

Os que agem de modo probo, não têm motivos para se esconder; “Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;21

Não são presumidas boas obras, que nos dão confiança ante O Eterno; antes, viver num princípio que Ele ama, a verdade, o que nos aproxima e permite comunhão. “Deus é Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

Carecer esconder algo é confessar nossa ciência de termos agido mal. Como disse alguém: “Queres saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Z. Rossa. Se pode mentir com atitudes, não, necessariamente, com palavras.

A aproximação do Criador nunca fora problema para Adão, até que ele deu ouvidos a um “profeta”, com sugestões “libertárias”, e a “garantia” que as consequências funestas da desobediência eram “fakes”. Tendo aceitado o embuste, o incauto Adão passou a ter algo para esconder; à visita do Eterno, o “homo caídus” foi à moita: “... Ouvi Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gn 3;10

Davi versou sobre a ideia inglória de se esconder. “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno minha cama, eis que Tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua mão me guiará e Tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.” Vs 7 a 11

Quando Moisés pensou matar um egípcio, a consciência o avisou em tempo, que ele estava prestes a agir mal; “Olhou a um e outro lado e, vendo que não havia ninguém ali, matou ao egípcio, e escondeu-o na areia.” Ex 2;12

A consciência é uma luz no “painel” da alma, a advertir sobre a qualidade da ação intentada, diante de Deus; ela não pode mais do que isso. Valora, informa, e deixa ao arbítrio a decisão, sobre agir segundo Deus, ou não.

A reiterada recusa em atentar para seus reclames faz cada vez mais tênue sua voz, até que deixa de ser ouvida. Quando suas funções não se fazem sentir mais, temos tudo para terminar em nada; digo, na perdição. Escrevendo a Timóteo, Paulo aconselhou: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Ti 1;19

Sempre que discorro sobre consciência, lembro de uma frase de Samuel Bolton, pregador puritano; “Se a consciência não for um freio, - disse - ela será um chicote.” De outra forma: Se ela não nos detiver antes de praticarmos coisas más, nos pesará depois.

De qualquer modo, ainda é melhor assim; digo, uma consciência culpada, ainda pode levar seu detentor ao arrependimento e mudança; outra, cauterizada, será como um vigia sonolento, que deixa de advertir quando o perigo se aproxima.

Quando o pecador erra, seu erro o incomoda; o dissoluto de consciência inativa nem liga; “fiz mesmo, e daí?” Esse desceu tanto, que já não se envergonha de não ter vergonha. A sociedade chama de psicopata. A Palavra de Deus não é tão leniente que adjetive como doença, o fruto de uma sucessão de escolhas morais; ou, imorais. “O caminho da mulher adúltera (do homem adúltero) é assim: ela/e come, depois limpa sua boca e diz: Não fiz nada de mal!” Prov 30;20

O mesmo capítulo traz: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” v 12

Segundo a proposta inicial do “profeta” aquele, a desobediência facultaria aos humanos decidirem por eles mesmos, sobre bem e mal; dissolutos, acham seus prazeres doentios, um bem; aversão ao erro, pelos defensores da justiça, um mal. Tipo nossa Suprema Corte que persegue aos honestos e dá asas aos ladrões.

O juízo virá; por mais rebuscados que sejam nossos esconderijos, Deus dirá: “Eu sei o que você fez no verão passado;” então, muitas mesas cheias de pratarias trabalhadas e cristais excelentes, se verão cobertas de sapos, quando as cascas forem partidas a aparecer o âmago da noz; de nós.