sábado, 30 de setembro de 2023

A autoridade


“Maravilharam-se da sua doutrina, porque ensinava como tendo autoridade, não, como os escribas.” Mc 1;22

O modo pelo qual ensinavam os escribas, sendo de forma diferente de Cristo, que ensinava com autoridade, devia ser, sem demonstrar aspectos da mesma.

O ensino requer, necessariamente, conhecimento; ninguém pode ensinar o que não sabe. Embora, a estupidez tenha perdido a modéstia atualmente. A presunção loquaz de um beócio não pode ser aquilatada como ensino.

Em se tratando de lições espirituais, a autoridade também é uma necessidade; como convencer opositores sem ela? E há tantos.
Eventualmente, escutamos pretensas doutrinas; ao provarem, nossos ouvidos, às palavras, presto encontramos um “sabor” de clara de ovo sem sal.

Ontem ouvi de um mestre espírita: “Você acha que Deus se importará em saber com quem você se relacionou sexualmente, invés de atentar se você é uma boa pessoa, de bom caráter? (a ideia era “cristianizar” o homossexualismo)

A primeira coisa que tira o vigor de um ensino é a sua “democratização”. Ao passar sobre o que está escrito na Palavra, e trazer a argumentação para o nível do “você acha”, a opinião ímpia foi colocada acima das Palavras do Todo-Poderoso. Pronto. Autoridade, zero.

Jesus Cristo invocou ao Pai como fiador do que Ele ensinava; “Porque não tenho falado de Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Me deu mandamento sobre o que hei de dizer, o que hei de falar.” Jo 12;49 Se Ele se submeteu à Vontade do Pai, onde aparecerá nossa “autonomia?” O ímpio não é um “achador”, antes, é um perdido que precisa ser achado.

Todo mensageiro que se ocupa em ser agradável, mais que, ser verdadeiro, invés de buscar pelo outro, busca a si mesmo; a verdade, por dura que soasse, desafiaria o ouvinte ao arrependimento para salvação; a lisonja, coopta sua presa; faz dela um degrau na escada da aceitação do pregador egoísta, sem nenhum efeito regenerador; além de, drogar psicologicamente ao errado de espírito, para que não acorde em tempo.

Quando O Salvador ensinou que, pelo fruto se conhece a árvore, usou uma metáfora significando que, pelas atitudes se pode conhecer ao caráter. Quem atua de modo contrário ao que foi prescrito na Palavra do Eterno, invés de um caráter probo, evidencia perversão, insubmissão, desobediência.

Não importa o que “você acha”; você não será juiz; antes, será O Criador. Os termos do julgamento, A Palavra Santa, não, o achômetro ímpio. “... A Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. Jo 12;48

Pois, contrário a todas as informações psicológicas, biológicas, criaram sexualidades alternativas ao sabor das comichões de cada um; em defesa disso, “Deus me fez assim”, “Deus é amor”, etc.

Ora, todo o homem desde a queda, deixou de ser como Deus o fizera; por isso, “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3 Como você nasceu, com qual inclinação, isso não importa; se renasceu em Cristo, deve andar segundo A Palavra da Vida, para continuar vivo.

Pergunte a qualquer pai sadio, que ama seu filho, se ele o quer envolvido com drogas, assassinatos, roubos? Quem disse que amor é sinônimo de licença para pecar? Que O Criador ama a todos é fato. Porém, mandou ensinar que, malgrado, muitos sejam chamados, poucos serão escolhidos.

O critério, fidelidade para com A Palavra, retidão; “Meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Além de não ter autoridade nenhuma, a doutrina espírita também erra por falta conhecimento.

Ignoram à doutrina do pecado, e pior, a Remissão de Cristo, transferindo a purificação para o pagamento de supostos “Karmas” em muitas encarnações. A Palavra não ensina isso; “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo.” Heb 9;27

A volta dos supostos entes queridos que fariam psicografar cartas e falariam através de médiuns, também é vetado pela Palavra: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” Is 8;19

Cristo também mencionou um morto que, tendo visto como as coisas são no além desejaria voltar e avisar aos seus; O Senhor narrou: “... se algum dentre os mortos fosse ter com eles, se arrependeriam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” Lucas 16:30,31

O caso do espiritismo, não crê em Cristo. Ou, caro amigo espírita, “você acha” que Jesus Cristo pagaria tão alto preço, se, cada um purgasse os próprios pecados em várias vidas? Por quê?

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Se o trigo não morrer


“Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;3

Os caçadores de “erros bíblicos” teriam material de trabalho aqui; como poderia alguém estar morto, e ter sua vida escondida?

Dá o que pensar; para quem se atreve, antes de sair, temerariamente, mostrando sua inépcia para a interpretação das Escrituras. Esses que falam em editar à Palavra, removendo coisas que, a mesma, já apresenta como superadas, mostram o que ignoram. Nas questões morais, nada foi, nem será superado; Deus não muda. Apenas, caíram algumas nuances rituais, punitivas, que cumpriram seu papel, oportunamente.

Agostinho analisou esse viés, com certa ironia; “Lendo a Bíblia, encontrei muitos erros; – disse – todos, em mim.”

A primeira credencial que deve ter um intérprete, é ser convertido; obediente à Palavra, de modo tal, que possa ser tido por homem espiritual; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a Mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a Mente de Cristo.” I Cor 1;14 a 16 Essa compreensão, só é facultada aos que nascem de novo.

O que devemos entender, inicialmente, sobre a morte, é a perspectiva Divina; se, a do corpo, significa separação desse, da alma, a morte espiritual refere-se à separação entre homem e Deus; “... vossos pecados fazem separação entre vós e vosso Deus...” Is 59;2

Quando O Salvador falou em perder a vida para achá-la, estava cotejando a existência natural, com a vida espiritual. “Porque qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder sua vida por amor de Mim e do Evangelho, esse a salvará.” Mc 8;35

Na conversão somos desafiados a nos identificar com Cristo em Sua obediência irrestrita; Ele o foi até à morte. Nós devemos ser até à mortificação das vontades naturais, sabidamente contrárias ao Divino querer; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Paulo mencionou a proeza de estar “crucificado”, vivendo. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou por mim.” Gál 2;20
Noutras palavras, a mesma ideia do verso inicial: “Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo, em Deus.” Col 3;3

Durante Seus ensinos, O Senhor deixou expresso que falava com “mortos”, desafiando-os a viver pela fé; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Se, por estarem todos mortos, no prisma natural, isso fazia necessária a submissão a Cristo e Sua Palavra, para receber a vida espiritual, na posse dessa, devemos estar “mortos” para a antiga maneira de viver, avessa ao Divino propósito.

A morte de quem se aliena, optando pelo pecado, é judicial; “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23 Porém, a do que “mortifica-se” em obediência, ou, toma sua cruz, é uma escolha corajosa e voluntária; que faculta que nossas vidas estejam escondidas em Deus.

Os que, desde seus mirantes puramente naturais, se atrevem a opinar nas coisas atinentes ao espírito, ao ministério do Salvador e suas implicações, erram na vivência do “conhecimento” primeiro, de Jó; “Eu Te conhecia, só de ouvir falar, mas agora Te veem os meus olhos.” Jó 42;5 Disse o assustado patriarca.

Aos que presumem encontrar algo de Cristo, nos ensinos desses falastrões obtusos, bem cabe a pergunta de um anjo, feita às mulheres junto ao sepulcro de Jesus: “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

A mortificação dos hábitos pecaminosos pretéritos, onde vivemos, muitas vezes, requer que sejamos seletivos com certos ambientes, companhias; arrolando algumas coisas que não convêm aos salvos, Paulo aconselhou da parte de Deus: “Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e vos receberei; serei para vós Pai, e sereis para Mim filhos e filhas, diz O Senhor, Todo-Poderoso.” II Cor 6; 17 e 18

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

A consciência


“Conservando fé, e boa consciência; a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Boa consciência; existiria uma, má? As entrelinhas do verso acima deixam implícito que sim; por que faria alusão, alguém, à boa, senão, para fazer distinção entre essa e outra que é diferente?

O que é consciência? Os dicionários trazem lá suas explicações detalhadas, sobre conhecimento íntimo, percepção moral, sistema de valores que habita o âmago de cada um.
Embora, grosso modo evoquemos o testemunho da consciência como aferidor moral, ela, em si, é uma coisa amoral. Nem sempre seguir após seus reclames significa agir com sabedoria, probidade.

Aquilo que sabemos, não moldará, necessariamente, nosso agir; a desonestidade intelectual atua nessa “brecha”, quando alguém, por priorizar um interesse raso, prefere bancar o desentendido; alguns fazem assim no que se refere a Deus, como denunciou Paulo: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;21 Rejeitando às informações da luz, perderam-na; voltaram voluntariamente ao escuro.

Em nosso idioma a palavra aglutina duas, para formar uma; com, e ciência; ampliando a ideia, significa com conhecimento, com um testemunho interior patrocinando nossas escolhas, ou, reprovando-as. Pois, a vontade bem pode agir sem lhe dar atenção.

A amoralidade da consciência acontece pelo grau diferenciado de ciência que cada um tem. A bíblia concorda com isso; “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes seu entendimento e consciência estão contaminados.” Tt 1;15

Então, chegamos à necessidade de se adjetivar a consciência; podendo ela ser pura, boa; ou, contaminada, má. Imaginemos alguém que cultua e venera determinado ídolo, em torno do qual, seu viver religioso foi forjado. Qualquer demérito atribuído ao mesmo, ferirá à consciência do presumido adorador, malgrado, seu objeto de culto, não valha nada. Sua ciência é falha e esse lapso o leva a defender veemente ao que é fútil, vão.
“Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo...” I cor 8;4

Ampliemos nosso leque: pensemos ainda que, na Índia, onde a vaca é considerada um animal sagrado, se, um de outra cultura, como a nossa, peregrinando por lá, pensar em fazer um assado como fazemos por aqui. Tal, será tido por sacrílego, profano, pecador; fazer lá, o que seria normal em nosso país, soaria como uma grave ofensa, não pelo feito, em si; antes, pelo fato daquelas consciências laboram em erro.

Desse modo, parece legítimo concluir que, uma boa consciência é aquela que habita numa alma que desfruta razoável porção de luz, acerca dos valores eternos, e age conforme; enquanto a má, está contaminada pela ignorância, e labuta em erro.

Paulo chegou a considerar a possibilidade de, não tendo alguém aprendido acerca da Lei de Deus, poder esse, viver segundo ela, apenas pelo testemunho da consciência. Pois, tendo essa sido “programada” pelo Criador, se não sofrer sob nenhum “vírus” de uma cultura pagã, poderá tatear as coisas espirituais, antes de as ter aprendido; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2;14 e 15

Os sacrifícios rituais do Antigo Testamento facultavam uma “purificação” exterior, meramente ritual, e serviam como tipo profético do Sacrifício de Cristo, que em tempo, viria.

Comparando uns e Outro, o escritor aos hebreus pontuou a superioridade do Feito de Cristo, por poder lavar onde os sacrifícios antigos não podiam; “Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14

Se, as consciências precisam ser purificadas para que possamos servir a Deus, é bastante lógico e legítimo defender que, essas se tornam boas pela regeneração em Cristo, enquanto, as outras permanecem contaminadas, impuras.

Por causa da sua limitação funcional, ela só informa, não escolhe; mesmo tendo uma boa consciência, inda podemos albergar atitudes más. Porém, assim fazendo, seremos punidos por ela, como ensinava certo puritano: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Então, se a boa consciência não for conservada, o barco da salvação irá a pique.
Em suma; a consciência é um “veículo excelente; mas, só funcionará eficazmente, se, o combustível for a verdade.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

As tentações


“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis...” I Cor 10;13
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas, cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência.” Tg 1;13 e 14

Primeiro, nos deixamos atrair; enganar, por fim, desejamos. Nossa vontade é a última barreira.

Que o inimigo é o tentador, é pacífico. Todavia, o “trabalho” dele seria infrutífero, se, não encontrasse em nós, ressonância para as perversões que ele possa sugerir. Se, quando ele nos assediar, deixarmos patente nosso não! nossa aversão ao pecado, ele terá que plantar seu joio noutra seara. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Transferir a culpa, como fizeram os do primeiro casal, não tem eficácia nenhuma. O preço do arbítrio é sermos responsáveis pelas escolhas que fazemos.

Se, ao inimigo basta que o resistamos no temor a Deus, aos desejos insalubres, não podemos resistir; por isso, o conselho: “Foge das paixões da mocidade; segue a justiça, fé, amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.” II Tim 2;22 Se, ao inimigo poderemos enfrentar, dos desejos maus, temos que fugir.

Embora, ao homem mais melindroso ofenda, a ideia de que ele tem pecados, basicamente, todo mundo se acha “gente boa”, os fatos não têm relação nenhuma com as predileções; o são, em si mesmos, a despeito da nossa apreciação.

A rigor, o homem alienado de Deus não tem pecado, mesmo; é escravo. O pecado é que o tem em seus domínios. Paulo narrou o infortúnio desses: “Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;16 a 20

O conflito entre uma vontade impotente, e a tirania do feitor que, a subjuga.

Os mais vividos conheceram os antigos relógios à corda; bastava “carregar” certo curso que o mesmo seguia funcionando até o final da “corda”; de tempo em tempo, ela precisaria ser refeita. Pois, o prazer em pecar faz o homem “funcionar” no automático; o poder do pecado inoculado nele, é a “peça” que põe toda engrenagem em movimento, dispensando a “corda” do tentador.

Dada essa inclinação para o mal, as tentações viçam sem necessidade de mais estímulos que a própria propensão carnal; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7 O tentador pode tirar férias que o homem se arranja para pecar sem a “ajuda” dele.

Não significa que ele tenha abandonado o que mais gosta de fazer; mas, gasta seu “latim, de preferência, com os que temem a Deus, ou, estejam propensos a fazê-lo; seu alvo é matar, não brincar com os mortos.

Alguém disse com propriedade: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.” Assim ocorre com o pecado. Enxergamos longe, aos alheios; não, os nossos.

Um pouquinho de incredulidade que ofereçamos ao tentador, e ele entrará na brecha com seu trabalho sujo. Se ouvir alguém dizer: “Eu nasci assim e devo seguir assim.” Apoiado! Dirá o traíra. Não importa, quão pecaminosa seja a conduta, subjacente ao “assim”, em questão. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Então, estando o homem impotente para romper com o pecado, O Salvador deu uma “turbinada” nas almas dos que creem, para que, doravante, possam agir como filhos de Deus, não como escravos do pecado. “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

A permissão ao tentador para que faça seu engodo, não inclui, forçar-nos a fazer o que não queremos. Podemos cair nas tentações, ou, sofrê-las em pé; essa opção cabe-nos. “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida...” Tg 1;12

A angústia


“Se te mostrares fraco no dia da angústia, tua força será pequena.” Prov 24;10

Embora nunca desejemos o dia da angústia, ele é inevitável, dada a dualidade da vida; de luz e trevas, bênção e maldição, verdade e mentira, vida e morte, júbilo e angústia...

Podemos sofrer ataques externos, pelo que nossa vida representa no teatro social; onde, seremos detestados pelos que, se incomodam com eventual luz irradiando através de nós; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Nesse caso, o preço a pagar por termos nos comprometido com Cristo. Tanto, quanto, mais intenso for nosso compromisso, mais acirrada será a manifestação da oposição. “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Também é comum alguém de índole justa se afligir, angustiar, ao ver a impiedade adjacente, estando impotente para mudar aquilo, como foi com Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias, sua alma justa, por isso via e ouvia sobre suas obras injustas;” II Ped 2;8

Podemos nos angustiar ainda, pelo instante anseio de que determinadas coisas aconteçam, as quais, supomos ser o melhor; em muitos casos, Deus as tolhe, e oportunamente, entendemos o motivo, no usufruto de bênçãos superiores.

Davi lutou com esses moveres íntimos, que, no seu dito, traziam abatimento de alma; disse: “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois, ainda O louvarei pela salvação da Sua Face. Ó meu Deus, dentro de mim, minha alma está abatida; por isso lembro-me de Ti desde a terra do Jordão...” Sal 42;5 e 6

A Fidelidade Divina nos garante Sua Santa Presença, tanto, passando nós pela água, quanto, pelo fogo; Is 43;2 Entretanto, nem sempre nos apercebemos que “água e fogo” são metáforas, figuras de linguagem que tipificam os sofrimentos que nos trazem angústias.

Então, podemos fazer uma releitura, como fez Davi: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1

Também acontece de nos angustiarmos sem um motivo definido que identifique o porquê; Saint-Exupery definiu à nostalgia como sendo “uma saudade, não sei de quê.”

Quem de nós jamais passou por situações assim, onde se afligiu, angustiou, sem saber direito o motivo? No caso de Davi, bem sabia a razão; “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a Face de Deus?” Sal 42;2

Porém, só pode sentir “saudade de Deus” aquele que, um dia O conheceu.

Há muitas almas infelizes, desejando o descanso que só Jesus Cristo pode dar, presas, numa mentalidade obtusa, numa religiosidade inútil, ou, num corpo viciado em pecados.

Se, naquele caso era saudade, nesse, é absoluta necessidade de Deus. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo é leve.” Mat 11;29 e 30

Diferente do que acreditam e ensinam alguns super crentes da praça, a fé em Cristo não nos dedetiza de modo a pairarmos acima dos problemas. Angústias fazem parte do pacote; “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” Jo 16;33

O Eterno não tem prazer em nos afligir; “... não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3;33

Todavia, não é o prazer, o motor de seu trato conosco, inicialmente; antes, o ensino; “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Além do ensino pelas consequências das más escolhas, que Ele permite que soframos, aprendemos também a nos aproximar Dele, em busca de livramento; “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás.” Sal 50;15

O inimigo costuma em seu sadismo assassino, içar suas velas conforme os ventos. Se, identificar alguém angustiado, tentará entrar nessa brecha sugerindo coisas abjetas; em muitos casos, até o suicídio, a sua “solução” mais radical.

Como disse John Kennedy, devemos reparar o telhado em dias de sol, não quando chove.

Assim a fé; sua valia maior é quando as coisas não vão bem; devemos buscar edificação nela, nas horas serenas, para que, nas provas, sejamos aprovados. 

Então, eventuais angústias que poderiam nos por a perder, nos aproximarão mais, Daquele que nos fará vencer. “... na angústia me deste largueza...” Sal 4;1

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O que não pode mudar


“Porque nenhuma outra coisa vos escrevemos, senão as que já sabeis ou, também, reconheceis...” II Cor 1;13

Enquanto o mundo vive de novidades, escritos especulam o sentido disso, daquilo, inventos pipocam a cada dia superando aos antigos, novas “moralidades” se atrevem, tentando “desconstruir” a que foi sedimentada pela mão do tempo, a Palavra de Deus vive a “monotonia” do que é perene, eterno, inalterável. “Porque nenhuma outra coisa vos escrevemos, senão as que já sabeis...”

Pedro, igualmente: “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1;12

No prisma da eficácia da Palavra, novidades devem brotar onde ela é semeada, “... como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4 Ainda: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e eis que, tudo se fez novo!” II Cor 5;17 etc.

No do conteúdo, nenhuma novidade deve se imiscuir, sob pena de incorrermos em juízo; Quando encerrou o Canon, O Senhor ressuscitado foi categórico: “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida, da Cidade Santa e das coisas que estão escritas neste livro.” Apoc 22;18 e 19

O resumo da ópera foi feito pelo Salvador: “... Por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

As que eram segundo os “... rudimentos do mundo, não segundo Cristo;” Col 2;8, a Própria Palavra se encarrega de ensinar como e quando foram superadas; os ritos da Antiga Aliança tiveram sua vigência, “Consistindo somente em comidas, bebidas, várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção. Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Heb 9;10 a 12

Então, os melindrosos que, em seus escrúpulos seletivos se escandalizam com a pena de morte para certas coisas, no Antigo Testamento, enquanto defendem o aborto na atualidade, fingem não saber, que a Própria Palavra e os ensinos de Cristo mudaram o que Deus achou necessário; prorrogando o tempo, para que, os errados de espírito, encontrem lugar de arrependimento.

A Palavra do Eterno não carece de edição; muito menos, pelas mãos dos ímpios.

Se, pecados mais graves como prostituição, adultério, feitiçaria, blasfêmias... eram punidos com pena de morte, nada disso mudou; todo tipo de pecado, se, não remido pelos méritos de Cristo, conduz ao mesmo destino. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Então, mudando o que deveria ser mudado, nada mudou. O esperável de um Ser Perfeito, como O Criador, é a perfeição, não a confecção de rascunhos, que devam ser finalizados por gente ímpia. “Jesus Cristo É O Mesmo; ontem, hoje e eternamente” Heb 13;8 “O céu e a Terra passarão, mas, minhas palavras não hão de passar.” Mat 24;35

Os defensores do “aperfeiçoamento”, da “atualização” da Palavra, apenas douram a pílula das perversões, como se, as coisas que já foram valoradas pela eternidade, pudessem ser revistas pela efemeridade. Farão isso; a Palavra valora suas atitudes também; “Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;8

O que eles tentam pintar de aperfeiçoamento, A Palavra de Deus lê como, rejeição.
A eventuais sinceros que estejam confusos, a mesma Palavra aconselha: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

Nos dias de Jeremias, as veredas antigas eram os ensinos conhecidos, então; Lei e profetas; hoje, os de Cristo superaram aqueles, facultando o eterno bem; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Embora irônico, todas as “novidades” nesse prisma, são velhas; são desdobramentos da mentira do canhoto, de que, o homem seria deus e decidiria as coisas por si mesmo. Pode soar agradável, mas, é letal. A mesmice da Palavra soa monótona, mas traz vida, e a renova, todos os dias.

domingo, 24 de setembro de 2023

O carro; os bois


“Não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus. Vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, teus pecados te são perdoados.” Luc 5;19 e 20

Um paralítico levado de maca à presença de Jesus, para que fossem perdoados os pecados dele? O mal, visto pela perspectiva Divina é diferente do que vemos.

Nosso imediatismo, o desejo de ver as coisas acontecerem patrocina uma inversão, onde, a saúde do corpo, que é perecível, parece mais importante que a da alma, que é eterna.

Claro que O Salvador sabia o motivo pelo qual levaram o paralítico até Ele! Sem se negar a curar, começou pelo que era mais importante; a remoção dos pecados.

Alguém curado de um câncer, pode morrer de infarto, cirrose hepática, falência dos órgãos, acidente, etc. A cura de uma enfermidade, ainda que milagrosa, é um bem, pontual; enquanto, a salvação de uma alma, mediante remissão de pecados é um bem de valor eterno.

Apesar de ter feito o que é impossível ao homem, perdoar pecados, O Senhor não conseguira vencer o ceticismo dos religiosos que o rodeavam; invés de compreenderem diante que quem estavam, preferiram julgar a partir de suas medíocres possibilidades, supondo ser blasfema, fraudulenta, a pretensão do Salvador.

Ciente que a capacidade deles não ia além do pífio alcance dos olhos, O Salvador foi além: “Para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti, digo: Levanta-te, toma tua cama, e vai para tua casa. E, levantando-se logo diante deles, tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.” Vs 24 e 25

Não obstante a eloquência desse exemplo, e o clamor de tantos ensinos a respeito, sobre o que é mais importante, (Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.) a prioridade do latente, sobre o transcendente, da cura invés do da salvação, permanece. Não aprendemos nada.

Você duvida? Façamos um teste: Em determinada igreja estará um conceituado pregador para falar sobre a salvação; noutra, na mesma cidade, estará um famoso ministro com dons de curar toda sorte de enfermidade. Ambos os eventos devidamente anunciados, carros de som, apelos, “venha buscar sua bênção!” Onde a imensa maioria do povo irá?

Não creio que seja preciso responder. Correrão todos por um “anel” ignorando a perda dos dedos que se avizinha. Colocarão o peso no que é efêmero e desprezarão o que tem valor eterno.

O “abençoado” por um curandeiro desses pode sair por aí a plenos pulmões testificando o que “Jesus” fez. Um salvo, que, tendo nascido de novo adotou nova forma de viver, será uma testemunha viva do que Jesus Cristo fez e faz todos os dias em sua vida. Sua transformação terá a eloquência de uma mensagem; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Quer dizer que O Senhor não cura? Não! Significa apenas, que não é essa a prioridade Dele. Como nos ama, em atenção à fé dos que creem e lhe obedecem, O Senhor socorre, muitas vezes, sem necessidade de um “especialista”, que, em muitos casos, são fraudes.

A fé não deriva dos milagres; é o contrário. A pessoa crê e se submete, para a salvação; depois, do “perdoados estão os teus pecados”, pode receber outros milagres menores, do Senhor. “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado. Estes sinais seguirão aos que crerem...” Mc 16;16 e 17

Curas, por grandiosas que sejam, são menores que salvação. Por qual delas O Senhor precisou morrer para poder efetuar? Não fez inúmeras sinais, ressuscitou mortos, até, estando Ele, vivo? Pois, para nos dar salvação, precisou morrer. Isso deveria bastar como explicação acerca do que é mais importante.

Ademais a cura nem sempre amolece ao coração endurecido pelo pecado. O Senhor curou a dez leprosos e apenas um voltou para adorá-lo agradecido.

Para receber uma basta estar doente; se, O Senhor quiser curará mesmo ao que não crê; porém, para receber salvação é preciso contrição, arrependimento, mudança de vida; embora ela esteja proposta a todos, não é para qualquer um. É para os que ousam tomar suas cruzes.

Nas filosofias de botecos se diz que não devemos colocar o carro adiante dos bois; contudo, nas coisas essenciais, a maioria faz assim.

sábado, 23 de setembro de 2023

Mistura inflamável


“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para outro evangelho;” Gál 1;6

Por que somos tão rápidos em mudar rumo ao erro, e resilientes, tardios, quando a mudança proposta é atinente à virtude? Talvez, porque “morro abaixo, todo santo ajuda”, como se diz vulgarmente.

Rumo à perversão a carne encontra seu caminho livre, porque essa é sua natureza; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus...” Rom 8;7

Mudanças “para cima” demandam renúncias, submissão, cruz. O comodismo suicida patrocina rumo ao mais fácil; enquanto, a sobriedade, desafia a suportarmos o custo das coisas, em vista do que está em jogo. Por mirar nessa brecha, as mensagens dos falsos profetas soam mais palatáveis que a dos mensageiros idôneos.

A perplexidade de Paulo fora pela rapidez da mudança; “... tão depressa...” observou ele.

Não houvera uma troca de Evangelhos, estritamente; antes, uma ressignificação, que, desfigurara a mensagem original; “O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo.” V 7

Os judaizantes tentavam fundir Lei e Graça, amalgamar numa só, coisas distintas, e com funções diferentes. A Lei viera para manifestar os pecados; Cristo com Sua Graça, para removê-los.

A distinção ritual entre judeus e gentios já não fazia sentido; “Porque Ele (Cristo) é a nossa paz, o qual, de ambos os povos fez um; derrubando a parede de separação que estava no meio.” Ef 2;14

Não era necessário, tampouco, hoje é, judaizar aos que se convertem; judeus e gentios devem se santificar; se separar do mundo, em submissão ao Senhor.

O judaísmo fora rejeitado, não por surgir uma nova ideia no Divino pensar; antes, pelos frutos que produzira; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercessem juízo, eis aqui opressão! justiça, eis aqui clamor!” Is 5;7

Para contraponto a essa vinha degenerada que O Salvador disse, de si mesmo: “Eu Sou a Videira Verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

Se, injustiça e opressão foram motivos para rejeição do judaísmo, por parte do Senhor, igualmente o serão em relação a nós, se, nessas viermos a errar. O propósito do Eterno permanece o mesmo, no que tange aos Seus; “Não escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Isso é a base de um relacionamento; não, os termos de um acordo comercial, tipo: Deem os frutos que Eu desejo, e em troca darei o que pedirdes.

A relação implica que, se dermos os frutos desejados pelo Eterno, o será porque entendemos Seu propósito; assim, não pediremos mais coisas com um viés egoísta, antes, segundo O Espírito que nos impulsiona na Obra Dele. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Quem ainda confunde a nova vida com as “coisas velhas” de certo modo perde-se como os gálatas; aqueles, numa mistura insana de Lei com Graça; esse, numa dubiedade de interesses, entre servir, e servir-se.

Não pretende, O Senhor, que demos uma guinada veloz em direção à virtude, à salvação. Deseja que entendamos o que está em jogo; nosso câmbio pode ser lento, mas deve ser decidido, contínuo; “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Conversão é ruptura, não absorção. Ante a “Pérola de Grande valor”, as coisas pretéritas devem ser deixadas, não, anexadas. Nos dias de atos os convertidos tinham ideias bem estabelecidas sobre os caminhos pretéritos, nos quais tinham errado; “Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos; feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” Atos 19;19

Se, igualmente, não “queimarmos” nossa ímpia maneira de viver em prol de Cristo, como resistiremos durante as provas? “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3;13

Se alguém escolher coisas combustíveis para edificação, não espere pela promessa: “quando passares pelo fogo a chama não arderá em ti.”

Quem opta pela Água da Vida não precisa recear o fogo; quem prefere “outro Evangelho” com razão, deve temer.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Os amorreus


“... os filhos de Israel perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus...” Jz 1;1 “Naqueles dias... cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” Jz 17;6

Duas situações distintas. Na primeira, logo após a morte de Josué, ainda havia resquícios da direção do Senhor. Antes de uma empresa militar, oraram ao Eterno pedindo Sua direção. Quem subirá?

Na segunda, quando a apostasia estava disseminada, a ideia de se consultar a Deus perdera força; cada um fazia o que lhe dava na telha. Viveram a sugestão do maligno, “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal.” Acabaram escravos dos amorreus, amalequitas, midianitas... Eis a consequência “libertária” da desobediência! Escravidão.

Quantos ditadores corruptos, ao longo da história, a pretexto de libertar um povo, construíram impérios, ditaduras opressoras, com pesos muito mais graves que os que prometeram aliviar?

Na igreja muitos “libertadores", também viçam. Pedro denunciou aos que agiam, “Prometendo liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção...” II Ped 2;19

A liberdade em Cristo livra cada um, da tirania do ego, esse régulo falido que, eventualmente, pode fazer bravuras enfrentando à força; mas, capitula servil, à sedução dos prazeres.

Liberdade é mais ir e vir, expressar-se como aprouver; requer a força de agir como convém, mesmo quando “ameaçado” pelo prazer. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

As consequências de anexar povos ímpios e suas crendices invés de os eliminar, como fora ordenado, se faziam sentir. “... Nunca invalidarei Minha Aliança convosco... não fareis acordo com os moradores desta terra, antes, derrubareis seus altares; mas, não obedecestes Minha Voz. Por que fizestes isso? Assim também Eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes, estarão como espinhos nas vossas ilhargas; seus deuses vos serão por laço.” Jz 2;1 a 3

Aquilo que O Santo rejeita, e recusamos a banir com a ajuda Dele, se nos torna, juízo; Deus usa essas coisas para nos disciplinar.

O período dos juízes, quando cada um agia como bem entendia, foi, certamente, um dos mais nebulosos de Israel. O desejo do povo de amalgamar-se com a cultura e impiedade circunstantes, o afastava da comunhão com Deus, e, não raro, acabava em escravidão.

Livramentos pontuais vieram mediante Eúde, Jefté, Otoniel, Débora, Gideão; invés da punição trazer anexa uma lição que, aprendida, afastaria seus dormentes praticantes da apostasia, a coisa tornara-se cíclica; de tempo em tempo o povo voltava ao mesmo lugar; escravidão.

O Eterno reiterava seus avisos; “... Eu sou o Senhor vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; mas não destes ouvidos à Minha voz.” Jz 6;10

Nos dias de Moisés e Josué, em linhas gerais certo grau de obediência existia; ante eventuais desvios, através do líder espiritual e civil, Deus recolocava as coisas no lugar. Todavia, depois, quando cada um fazia o que bem entendia, inevitavelmente entendiam mal, o caminho que deveriam tomar para agradar ao Eterno.

A turma do, “só dê palpites em minha vida se pagares minhas contas,” “se conselhos fossem bons se venderia, invés de dar”, etc. são os que abominam à ideia de que Deus através de um filho Seu lhes possa falar. Preferem a deriva irresponsável das próprias escolhas errôneas, a um conselho que ilumine segundo Deus. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Os que, tendo conhecido Deus pelas Sua Obras, preferiram adorar às criaturas, negando seu potencial intelectual e espiritual, foram “feridos” justo nisso; onde a luz foi rejeitada, a noção envileceu, a loucura acampou. “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

As consequências comportamentais, ensejaram, também, a perversão sexual; “Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Rom 1;26 e 27

Infelizmente, majoritariamente falando, voltamos aos dias ruins, onde cada um faz o que quer, rejeitando aos mensageiros de Deus.

Ora, os vícios que labutam em nossa carne são os “amorreus” que devemos banir de um todo, se queremos fruir, deveras, da “terra prometida” da Salvação, facultada por Jesus Cristo.
Não carecemos líderes da envergadura de Moisés, ou Josué; cada um pode consultar à Vontade de Deus, expressa em Sua Palavra.

Quem preferir endeusar suas preferências que o faça, sabendo disso: “O erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, quem Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

A luz que temos


“Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se sua obra é pura e reta.” Prov 20;11

Muito se discutiu, se, nossas almas têm sua “forja” estritamente empírica, a partir das experiências, dos aprendizados da vida, ou, se trazemos valores inatos, “saberes” não aprendidos que nos inclinam nessa, ou naquela direção.

Para os empiristas, a experiência precede e fomenta o agir; para os racionalistas, podemos ter noções de valores sem os termos aprendido, estritamente; mediante reflexão podemos atingir o ser, das coisas; aquilatar certo e errado, derivando isso de impressões “gravadas” previamente, em nossas almas.

Na Palavra de Deus encontramos pistas de ambas as correntes, de modo que, Sophia deve ter relações com as duas; digo, tanto as experiências, o aprendizado, são importantes para nossa formação, quanto, trazemos noções de valores, inatas.

Do ensino, temos: “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6 às crianças espirituais: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Por Jeremias, Deus ensinou que, a prática reiterada de algo, entranha na alma do seu praticante, como se fosse parte de seu ser; diz: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há inúmeros textos que reiteram a importância do ensino; é desnecessário investigar o óbvio. (porém, o ensino de per si é amoral, quando não, imoral; não basta só; pois, como vimos acima, os ensinados a fazer o mal, será isso que aprenderão)

Paulo escrevendo aos romanos mencionou uns que, não tendo aprendido sobre A Lei de Deus, “naturalmente” a cumpriam; como se, tivessem em seus DNAs, informações não ensinadas, sobre valores que O Eterno preza.

Disse: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;” Rom 2;14 

Ser lei para si mesmo, é uma forma de responsabilizar alguém a agir segundo seus valores; não, abonar mediante atos, o que reprova moralmente; “... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22 O que não transgrede à “própria” lei.

Isso está longe do dito do canhoto, “sereis como Deus”; é encontrar íntimos limites, aos quais não convém exceder. Como disse Samuel Bolton, “Se tua consciência não for um freio, será um chicote.”

Acaso precisa, o ser humano, de um mandamento escrito pelo “Dedo de Deus” para saber que coisas como, roubar, matar, mentir, adulterar... são erradas? Não temos em nossas consciências, posto que, embotadas pelo pecado, algo pendular que se move da rejeição para a aprovação?

Isso é um testemunho residual, da origem Divina do “programa”; pois, não fomos criados para o pecado. Por isso, a centelha original que restou no homem tenta vetar o que não lhe convém, fazendo com a alma o que os anticorpos fazem com o organismo.

Por ter uma função apenas cognitiva, não volitiva, a consciência é impotente para guiar na direção correta; apenas informa o homem como uma placa de trânsito faz; dirigir conforme, é escolha de cada um.

Na verdade, a mera valoração das possíveis escolhas só logra desconfortar ao escravo da carne, que, inevitavelmente escolherá segundo essa; e “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Paulo explicou o dilema de ter luz sem forças; “Porque o que faço não o aprovo; pois, o que quero não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17 Por isso a necessidade da cruz.

O novo nascimento em Cristo Jesus, vivifica nossas consciências; o que antes era tênue, torna-se límpido, categórico.

O Espírito Santo dado aos renascidos, possibilita agir conforme a luz que recebemos; “Veio para o que era Seu, os seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Os vencedores


“Quem vencer, herdará todas as coisas; Eu serei seu Deus e ele será Meu filho.” Apoc 21;7

Propaga-se um conceito muito superficial do que seria vitória. Do jeito que é ensinado, ouvindo os testemunhos de gente que fez esse ou aquele ritual, e obteve “vitória”, somos forçados a acreditar que esses, ainda seguem sendo perdedores. Se, pretendem ter nascido de novo, por que, sua velha maneira de viver parece ainda resiliente? A conversão costuma mudar isso. “Assim se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Perdem, esses “vencedores”, a excelsa possibilidade de estabelecer um relacionamento com O Senhor, mediante Cristo, para fazer mero “negócio”; seu triunfo testemunhado, não raro, é a obtenção de algo decidido egoisticamente, que O Eterno deve conceder. O objetivo da cruz é maior que essas avidezes materiais, no varejo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados e pôs em nós A Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Estávamos em inimizade com Deus; pela Cruz de Cristo, a separação é desfeita em favor daqueles que se arrependem e andam em obediência ao Salvador. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

As verdadeiras vitórias têm a ver com o que “perdemos”, mais do que, com o que ganhamos nos domínios espirituais. Quanto mais deixamos o modo mundano de viver, no qual estávamos acostumados, mediante a mentalidade e as atitudes transformadas e nos aproximamos para conhecer à Vontade Divina, que nem sempre nos será aprazível, embora, Deus faça com que, tudo contribua para nosso bem; mesmo as coisas que nos decepcionam.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2 

Para experimentarmos a essa carecemos deixar a nossa antiga maneira de ser e agir.

Um aspecto que devemos assimilar, os que são de Cristo, pois, é que, vencer deixou de ser, ganhar um troféu para expor no teatro das aparências, na sala de troféus da carne; agora, carecemos manter uma postura inabalável, mesmo ante fatos desencorajadores, pois, não é mais o que vemos que patrocina nossas escolhas; “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7 “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Notemos que os vencedores não têm, necessariamente, medalhas, troféus, nada; apenas permanecem na fé.

Diferente da abordagem vulgar, a fé sadia não é um poder para fazer acontecer o que desejamos; antes, uma confiança inabalável em Deus, de modo tal, que, mesmo que tudo ocorra diverso do que queremos, seguiremos crendo, por causa da Integridade de Quem prometeu; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

O “tudo é possível ao que crê” não significa que esse poderá mudar o que quiser; antes, que tudo o que vier, lhe será possível suportar, sabendo que Deus está com ele. “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Cada tentação resistida é uma vitória pontual em nossa caminhada; todavia, só quem chegar do outro lado, fiel ao Senhor, a despeito do que tiver enfrentado, será considerado um vencedor. Foi em face ao martírio, a perda da vida terrena sem negar ao Senhor, que Paulo falou como vencedor; “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

Acaso um homem natural consideraria vitória, ser morto agarrado numa crença? Vencer no âmbito espiritual, tem suas peculiaridades.

“O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, nem pode entende-las; porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Portanto, quando algum pregador da moda ensinar essa ou aquela mandinga, com fito de “obter vitória”, possivelmente estamos diante de alguém que ainda não sabe, o que pretende ensinar.

A Vitória de Cristo, sobre Satanás, a carne, o mundo e a morte, está ao alcance dos que desejarem salvação. Porém, quem anelar facilidades numa guerra milenar como a que estamos envolvidos, confundiu joias valiosíssimas com bijuterias.

Carece urgentemente lograr triunfos sobre as trevas, para parar de andar no escuro. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Dízimo


“É você olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota que é humano, ridículo, limitado e só usa dez por cento de sua cabeça animal.” Trecho da música “Ouro de tolo” cantada por Raul Seixas nos anos setenta.

Que usamos só o “dízimo” do nosso potencial intelectual é uma imposição arbitrária do autor; não há como saber isso desde nosso mirante “ridículo, limitado.”

Todavia, que podemos bem mais, usamos uma pequena parte do potencial dado ao ser humano, isso qualquer um, com um mísero facho de luz, poderá ver.

Eu que milito nas coisas do espírito, e derivo a imensa maioria dos meus escritos da Palavra de Deus, tenho o dever de saber, e sei, que a salvação não tem nada a ver com a capacidade intelectual; antes, com a submissão a Cristo; vem por uma escolha moral, que mesmo um analfabeto pode fazer, não carece de muita inteligência. Está ancorada na cruz, não, na filosofia.

Por isso, esse ensaio não tem a ver com esse prisma, mas, com a acomodação de quem pode mais, e se recusa a desenvolver seu potencial.

Pascal disse: “Um pouco de ciência afasta o homem de Deus; um muito, o aproxima.” Assim, até nos domínios da ciência a fé tem algo a dizer. Aliás, a “palavra da ciência” é um dom espiritual.

Então, o festival de platitudes que estimulam nossa preguiça, ao desfilar por aí, é um testemunho da preguiça alheia, que se amolda ao lugar comum, invés de encontrar um nicho mais ousado para desenvolver as próprias ideias.

O que é uma platitude? A característica de uniformidade, banalidade, inexpressão, superficialidade, dito corriqueiro, sem importância, monótono. “Mais do mesmo” diria o vulgo.

Pegar uma frase dessas e partilhar, além de não transportar nada de criativo que edifique, faça pensar, é um testemunho da preguiça mental, a anexar um cérebro anestesiado, aos outros tantos, na vala comum da negligência com a própria alma.

Sócrates, o filósofo, depreciava à ação dos retóricos vãos, os sofistas, pois, a arte deles produzia crença sem ciência; adesão sem entendimento.

Deus nunca desejou isso aos Seus; se “baixou a régua” ao rés do chão, intelectualmente falando, para que todos pudessem entrar; isso deriva do Seu Amor que não quer que ninguém se perca. Todavia, espera que nos esforcemos para entender Sua revelação. “Então, conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” Os 6;3

A Sabedoria Divina está expressa por todo lado. “Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra; não há linguagem nem fala; mas, onde não se ouve sua voz?” Sal 19;2 e 3

A pós-verdade na qual vivemos, trouxe consigo e advento das narrativas (nome palatável das mentiras) como superiores aos fatos. Os melhores “narradores” levam vantagem, nesse insano castelo de cartas, cujo equilíbrio é forjado pela comunhão de interesses escusos. De um lado os que “recriam” as coisas ao seu querer; de outro, a imprensa prostituta que abdicou há muito seu poder de polir vidraças enquanto se aperfeiçoou em fazer cortinas de fumaça.

A cumplicidade do preguiçoso mental traz sua bovina aceitação do que é servido, (com todo respeito aos bovinos que ruminam o que engolem) sem colocar-se a refletir um pouco, para não ser enganado. A estupidez dessa geração anestesiada mental faz a opulência de políticos safados e dos falsos profetas; os tais, pisoteiam à verdade no afã pelos interesses, e na maioria dos casos, ainda posam de benfeitores.

Uma dessas platitudes que se propaga no meio evangélico diz: “Deus não escolhe aos capacitados; capacita os escolhidos”; reverberam os preguiçosos mentais, que ignoram como Deus capacita aos tais. 

O que dizem é verdade, mas, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar”, ensinava Spurgeon. Assim, dizer isso, para fugir do chamado ao estudo, à preparação para bem servir, é tentar colocar o pneu no lugar do volante.

A Palavra ensina que O Eterno forjou diversos tipos de mestres, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério; para edificação do Corpo de Cristo.” Ef 4;12

Os que descansam no fato de que O Criador usou a uma mula para falar com Balaão, esquecem duas coisas: antes disso, falara três vezes com o profeta, sendo ignorado; e, se quiser usar uma assim outra vez, usará a de quatro patas, não uma que nasceu com potencial humano e resignou-se à sina muar, pela preguiça de aprender.

Outrora, o gládio intelectual era em alto nível; arminianismo versus calvinismo; agnosticismo e revelação; salvação pelas obras ou, pela fé; etc. hoje, se perde tempo a discutir bizarrices de subsolo moral, coisas que, causariam perplexidade aos santos de antanho.

Temo que, os presumidos dez por cento de cérebro vigente, seja um exagero.

A oposição

 

“... lhes desagradou extremamente que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.” Ne 2;10

Neemias voltara, com permissão do Rei para reedificar a cidade e os muros. Ante isso, certos figurões que, por certo, lucravam com a desgraça alheia, torceram o nariz. Sambalate e Tobias.

Quando, da destruição da cidade, houve “vizinhos” que ajudaram aos babilônios. Indo os judeus cativos, seguiram seu viver, tranquilos em face ao “novo normal”.

Por Zacarias, O Eterno expressou Seu apreço àquela postura; “Com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque Eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal.” Zac 1;15 Era juízo Divino, a permissão da vitória dos caldeus; mas, a intromissão da inveja e emulação, humanas, era apenas isso; Deus não pactuava com aquilo.

Para por a perder estavam presentes, depois, “descansados”. “...Nós já percorremos a terra; toda terra está tranquila e quieta.” Zac 1;11 A resposta ao Senhor, dos Seus emissários, após verificar a situação.

Setenta anos após aquela derrota, se descontentaram em saber que Neemias viera restaurar às ruínas. Sua oposição não foi apenas filosófica, discordando no campo das ideias. Usaram de todos os meios: Falsos profetas a desencorajar o povo; denúncias igualmente falsas ao rei persa, e como último “argumento” a força.

“Sucedeu que, ouvindo Sambalate e Tobias, os árabes, amonitas e asdoditas, que, tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo; ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém e os desviarem do seu intento.” Ne 4;7 e 8

Nuances da inveja. Se o desafeto está “comendo do ruim”, vida que segue, sem problemas; porém, se começa se reerguer, reerguem-se as forças daquela, tentando coibir.

Neemias e seus homens sabiam onde buscar socorro. “Porém, nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda, de dia e de noite, por causa deles.” V 9

O fato de “entregarmos” nossas lutas ao Senhor, não significa que podemos cruzar os braços; antes, enquanto esperamos Dele o livramento, e eventuais comandos, devemos fazer nossa parte. “Sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus servos trabalhava na obra, metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; os líderes estavam por detrás de toda a casa de Judá. Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra, na outra, tinha as armas.” Ne 4;16 e 17

Aquele evento histórico levado a efeito por Neemias e possibilitado pelo Senhor, serve como figura de nossas vidas.

Também éramos cativos do pecado, com sua executora mor, a carne, e seu mentor, o capeta. O “Neemias” que se compadeceu de nossa miséria e doou-se para nossa regeneração chama-se Jesus Cristo.

Quem jamais ouviu escárnios de “Tobias e Sambalate”, ao saber que alguém se dispusera a buscar nosso bem? Ao primeiro sinal de conversão, muitos, familiares até, sentem o desconforto de ter perto de si alguém que ousa rumo à salvação, pagando o necessário preço, a renúncia da carne.

O escárnio, então, foi o primeiro ataque; “... ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, se indignou muito; escarneceu dos judeus. Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente, seu muro de pedra.” Cap 4;1 e 3

Os mesmos que, quando estávamos mortos em delitos e pecados não davam a mínima, ao nos verem caminhando rumo à restauração da vida, tentam atrapalhar por todos os meios. Muitos deles, malgrado, permaneçam espiritualmente mortos, migram para nosso meio de olho nalguma vantagem que possam fruir.

Tobias, o opositor mor daqueles dias, também fez assim. Usou todos os meios para impedir e não pode; a empresa era Divina. Depois de restauradas as coisas, intrometeu-se, arrumou um cantinho para si no templo.

Neemias, ao saber, colocou os pingos no is; “... compreendi o mal que Eliasibe fizera; para Tobias fizera uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da sua casa, fora da câmara.” Ne 13;7 e 8

Aparentara-se com um sacerdote imprudente, e fora se aconchegando; Neemias ao chegar deu-lhe um merecido pé-na-bunda.

Paulo viu coisas assim, entre os Coríntios, e aconselhou um semelhante “despejo”; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” II Cor 6;14 e 17

Naquele contexto, foi banido para fora ao intruso; agora devemos sair do meio da impureza; nos santificarmos.

domingo, 17 de setembro de 2023

Os girassóis


“Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” Luís Fernando Veríssimo

É vero, Veríssimo. A chamada opinião pública é a efervescência das manipulações coletivas inoculadas, às quais, contrariar seria uma heresia, uma temeridade. Só um livre ousaria.

A ditadura para dominação de uma geração cunhou a expressão, “politicamente correto”, como se fossem antolhos, que restringem até onde os bichos podem ver. Além disso ninguém pode ir sem que, a patrulha do pensamento lhe dê uma dura enquadrada.

Um homem livre pode ver o que quiser; interpretar o que vê como bem lhe parecer, mesmo que, aos olhos do “sistema”, soe ridículo, como disse o escritor. Dependendo de onde vem, a pedrada é o mais eloquente dos elogios.

A ressignificação dos valores a serviço da desconstrução das virtudes, aprovadas pelo uso durante milênios, forjou pódios multicores para o vício, em torno dos quais, faz veemente defesa. Como se, cores fossem qualidades, barulho, argumentos.

A água é tributária à fonte, não a quem bebe; assim, a verdade independe do apreço de quem a ouve, e a liberdade, da anuência de quem a aquilata. Livre não é quem se submete a uma imposição social, antes, quem se coaduna à própria consciência.

Alhures deparei com uma afirmação que me fez pensar: “Não pretendo convencer ninguém; isso equivaleria à colonização do outro.” Ao dizer algo assim, já estão dadas velas ao barco das manipulações; pois, quem achar bem pensado o dito, embarcará na nau da falsa malandragem, e já estará fincando estacas na nova colônia do ‘deixe eu ser Deus e cuidar das coisas que eu quero’. O “não pretendo convencer a ninguém”, é um oblíquo grito de defesa, um pedido de socorro: “Não tente me convencer de nada”.

Ora, quem difunde coisas, via ideias, frases, fotos, anúncios, está fazendo o quê? Tentando convencer de algo.

O pensador; da validade de suas ideias; o anunciante; das vantagens de seu produto; o que expõe nuances de seu viver; de que está vivendo bem, ou, que deseja meios para estar; quem partilha fotos, também quer deixar patente que tem certos predicados... 

Se, alguém se supõe não afetado ao ponto de que, nada de alheio importa a si, que se retire para uma caverna e viva alienado de tudo. Agora, defender essa “moral” de eremita semeando vasto campo nas redes sociais, é arfar em bandos como hienas, desejando o status de hibernante solitário, como urso polar. Quer vender seu peixe a todos, enquanto finge que nem gosta de pescar.

A interatividade que as redes sociais propiciam é cultivada no aspecto da autodivinização, de mostrar o próprio músculo; deplorada, rechaçada, no que ela tem de melhor; a possibilidade de crescimento mútuo, mediante troca de aprendizados, experiências, ensinos. Quem dera, pudesse “colonizar” alguém sobre isso!

A desonestidade intelectual é pior do que a ignorância; pois, a falta de luz, pode ser, mera contingência; a de caráter é uma escolha. A luz a serviço do vício, O Salvador deplorou como sendo as piores trevas; “Se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Disse.

Enfim, não é medo do ridículo que pessoas assim têm; antes, medo de que o “lobo mau” de uma argumentação sólida sopre contra as cabanas de palha de suas pretensões vãs, e os exponha à luz, como realmente são; medíocres.

Quando um “filósofo” dessa estirpe ensina: “Que cada um cuide da sua vida, esse é o caminho”; sem perceber, porque não está acostumado a isso, o tal, está dando um conselho a “cada um” contradizendo sua “filosofia” que prescreve o oposto. A não “colonização” via conselhos.

Estamos condenados à interação. Qualquer coisa que eu diga, tipo, “não estou nem aí!” será dito a alguém; ainda que eu gritasse na suposta caverna do eremita, ela me devolveria o eco.

O que não podemos é impor nada a ninguém; mas, se nossos argumentos puderem, de alguma forma, ajudar na reflexão sobre as escolhas virtuosas da vida, isso será uma iluminação, invés de uma invasão colonizadora.

Nossos cérebros nasceram virgens de conhecimento. Cada “invasão” plantou algo neles; somos, em nossas percepções, o resultado disso. O que é uma boa leitura, senão, o nos colocarmos à mercê da luz alheia, em busca da ampliação da nossa?

Benditos “colonizadores” que araram os campos de nossa ignorância e plantaram alguns girassóis, essas plantinhas que, pela cor e o movimento, parecem sempre, querer mais luz!

Se em meu apreço adjetivei a aversão a isso de desonestidade intelectual, a busca pela luz, Salomão atribuiu aos justos; “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito.” Prov 4;23

O salvo raiz

“Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13;6

Pessoas meramente emocionais, aceitam velozes as novidades que ouvem, acoroçoadas por um estado de ânimo pontual; mudado esse, mudam também. Os que haviam “crido” no Evangelho, quando eufóricos, descreem, em face às adversidades.

Seu câmbio de ânimo, patrocinador das escolhas adversas, foi figurado como sendo uma semente que caiu sobre pedregais; nasceu rápido, e logo morreu.

A raiz forma-se concomitante ao crescimento das plantas; à medida que, folhas, galhos, caule se fazem maiores, igualmente as raízes, para o necessário sustento das mesmas.

Se, o crescimento da raiz é automático, necessário, num processo natural, (exceto na que nasce sobre pedras) no caso do aspecto intentado na figura, a alma humana e seus desdobramentos ante a mensagem de salvação, o crescimento é opcional.

Os “sais minerais” que vigoram a planta, a partir das raízes, têm a ver com as escolhas. O Salmo primeiro alista algumas “pedras” a se evitar; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Depois, aponta ao “regador” da vida espiritual; “Antes tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita dia e noite.” V 2

A seguir traz as consequências da venturosa escolha; “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” V 3

Agora não estamos mais nas raízes, embora, elas sejam a base, o sustentáculo de tudo; chegamos ao fim do plantio; os frutos. Uma árvore que frutifica não o faz para si mesma; antes para benefício alheio; de outros seres que se hão de alimentar dos seus frutos.

Esse altruísmo só o novo nascimento em Cristo possibilita, (o homem natural é refém do ego) ele que faz necessário o “segundo momento”, onde, após o deleite emotivo de um ambiente favorável, os homens precisam lidar com o deserto; isso, para “descontruir” os maus hábitos, que os impossibilitava de ver além dos próprios interesses. Aqui, os superficiais abandonam a caminhada; sua ideia de salvação contempla o comodismo de um processo indolor, como se pudéssemos tratar câncer com panos quentes.

Sua errônea leitura do que está em jogo acaba sendo uma traição a si mesmos; pós alguns passos na vereda da vida, voltam apressados à amplidão enganosa da morte.

Se, a terra em apreço é o coração, como interpretou O Autor da Parábola, Jesus Cristo, o tal, precisa ser mudado para produzir, enfim, o que O Santo Agricultor deseja. Por isso, o primeiro passo rumo à salvação, necessariamente será, rumo à cruz, para mortificação do ego; “Negue a si mesmo; tome sua cruz e siga-me.”

É necessária certa gravidade nos lábios dos que anunciam o Evangelho, para não serem geradores da falsa impressão que um alistamento militar é sinônimo de um convite para festa. Não estou forçando a barra nessa figura; Paulo a usou: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4

Bobos alegres que saem aludindo “vitórias” pontuais, numa carreira que, só quem chegar ao fim, vencerá, não passam de papagaios; aprenderam articular certos fonemas gerando a ilusão de falar. Pior; falar da parte de Deus.

“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Falsos ministros são peritos em fazer isso; “desafiam” seus incautos ouvintes a entregarem seus problemas a Cristo. Assim, o homem ímpio seguiria no trono egoísta, e decidiria por si mesmo, o que quereria que se mudasse, e o que deveria seguir como está.

A abordagem bíblica e mais séria; “Entrega teu caminho ao Senhor; confia Nele...” Sal 37;5 “Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua Justiça...” Mat 6;33 “Eu sei ó Senhor, que não do homem o seu caminho; nem do que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23

O Evangelho não foi dado para trazer conforto, tampouco, felicidade a quem devaneia, em plena guerra; antes, veio para trazer vida a quem estava morto; reconciliação a quem se fizera inimigo de Deus; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

“Coração” é uma figura para personalidade, mentalidade, uma mudança aí, é necessária para que nossos corações se tornem “boa terra”; “... transformai-vos pela renovação da vossa mente...” Rom 12;2
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