quinta-feira, 28 de setembro de 2023

A consciência


“Conservando fé, e boa consciência; a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Boa consciência; existiria uma, má? As entrelinhas do verso acima deixam implícito que sim; por que faria alusão, alguém, à boa, senão, para fazer distinção entre essa e outra que é diferente?

O que é consciência? Os dicionários trazem lá suas explicações detalhadas, sobre conhecimento íntimo, percepção moral, sistema de valores que habita o âmago de cada um.
Embora, grosso modo evoquemos o testemunho da consciência como aferidor moral, ela, em si, é uma coisa amoral. Nem sempre seguir após seus reclames significa agir com sabedoria, probidade.

Aquilo que sabemos, não moldará, necessariamente, nosso agir; a desonestidade intelectual atua nessa “brecha”, quando alguém, por priorizar um interesse raso, prefere bancar o desentendido; alguns fazem assim no que se refere a Deus, como denunciou Paulo: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;21 Rejeitando às informações da luz, perderam-na; voltaram voluntariamente ao escuro.

Em nosso idioma a palavra aglutina duas, para formar uma; com, e ciência; ampliando a ideia, significa com conhecimento, com um testemunho interior patrocinando nossas escolhas, ou, reprovando-as. Pois, a vontade bem pode agir sem lhe dar atenção.

A amoralidade da consciência acontece pelo grau diferenciado de ciência que cada um tem. A bíblia concorda com isso; “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes seu entendimento e consciência estão contaminados.” Tt 1;15

Então, chegamos à necessidade de se adjetivar a consciência; podendo ela ser pura, boa; ou, contaminada, má. Imaginemos alguém que cultua e venera determinado ídolo, em torno do qual, seu viver religioso foi forjado. Qualquer demérito atribuído ao mesmo, ferirá à consciência do presumido adorador, malgrado, seu objeto de culto, não valha nada. Sua ciência é falha e esse lapso o leva a defender veemente ao que é fútil, vão.
“Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo...” I cor 8;4

Ampliemos nosso leque: pensemos ainda que, na Índia, onde a vaca é considerada um animal sagrado, se, um de outra cultura, como a nossa, peregrinando por lá, pensar em fazer um assado como fazemos por aqui. Tal, será tido por sacrílego, profano, pecador; fazer lá, o que seria normal em nosso país, soaria como uma grave ofensa, não pelo feito, em si; antes, pelo fato daquelas consciências laboram em erro.

Desse modo, parece legítimo concluir que, uma boa consciência é aquela que habita numa alma que desfruta razoável porção de luz, acerca dos valores eternos, e age conforme; enquanto a má, está contaminada pela ignorância, e labuta em erro.

Paulo chegou a considerar a possibilidade de, não tendo alguém aprendido acerca da Lei de Deus, poder esse, viver segundo ela, apenas pelo testemunho da consciência. Pois, tendo essa sido “programada” pelo Criador, se não sofrer sob nenhum “vírus” de uma cultura pagã, poderá tatear as coisas espirituais, antes de as ter aprendido; “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2;14 e 15

Os sacrifícios rituais do Antigo Testamento facultavam uma “purificação” exterior, meramente ritual, e serviam como tipo profético do Sacrifício de Cristo, que em tempo, viria.

Comparando uns e Outro, o escritor aos hebreus pontuou a superioridade do Feito de Cristo, por poder lavar onde os sacrifícios antigos não podiam; “Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14

Se, as consciências precisam ser purificadas para que possamos servir a Deus, é bastante lógico e legítimo defender que, essas se tornam boas pela regeneração em Cristo, enquanto, as outras permanecem contaminadas, impuras.

Por causa da sua limitação funcional, ela só informa, não escolhe; mesmo tendo uma boa consciência, inda podemos albergar atitudes más. Porém, assim fazendo, seremos punidos por ela, como ensinava certo puritano: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Então, se a boa consciência não for conservada, o barco da salvação irá a pique.
Em suma; a consciência é um “veículo excelente; mas, só funcionará eficazmente, se, o combustível for a verdade.

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