domingo, 24 de setembro de 2023

O carro; os bois


“Não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus. Vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, teus pecados te são perdoados.” Luc 5;19 e 20

Um paralítico levado de maca à presença de Jesus, para que fossem perdoados os pecados dele? O mal, visto pela perspectiva Divina é diferente do que vemos.

Nosso imediatismo, o desejo de ver as coisas acontecerem patrocina uma inversão, onde, a saúde do corpo, que é perecível, parece mais importante que a da alma, que é eterna.

Claro que O Salvador sabia o motivo pelo qual levaram o paralítico até Ele! Sem se negar a curar, começou pelo que era mais importante; a remoção dos pecados.

Alguém curado de um câncer, pode morrer de infarto, cirrose hepática, falência dos órgãos, acidente, etc. A cura de uma enfermidade, ainda que milagrosa, é um bem, pontual; enquanto, a salvação de uma alma, mediante remissão de pecados é um bem de valor eterno.

Apesar de ter feito o que é impossível ao homem, perdoar pecados, O Senhor não conseguira vencer o ceticismo dos religiosos que o rodeavam; invés de compreenderem diante que quem estavam, preferiram julgar a partir de suas medíocres possibilidades, supondo ser blasfema, fraudulenta, a pretensão do Salvador.

Ciente que a capacidade deles não ia além do pífio alcance dos olhos, O Salvador foi além: “Para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti, digo: Levanta-te, toma tua cama, e vai para tua casa. E, levantando-se logo diante deles, tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.” Vs 24 e 25

Não obstante a eloquência desse exemplo, e o clamor de tantos ensinos a respeito, sobre o que é mais importante, (Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.) a prioridade do latente, sobre o transcendente, da cura invés do da salvação, permanece. Não aprendemos nada.

Você duvida? Façamos um teste: Em determinada igreja estará um conceituado pregador para falar sobre a salvação; noutra, na mesma cidade, estará um famoso ministro com dons de curar toda sorte de enfermidade. Ambos os eventos devidamente anunciados, carros de som, apelos, “venha buscar sua bênção!” Onde a imensa maioria do povo irá?

Não creio que seja preciso responder. Correrão todos por um “anel” ignorando a perda dos dedos que se avizinha. Colocarão o peso no que é efêmero e desprezarão o que tem valor eterno.

O “abençoado” por um curandeiro desses pode sair por aí a plenos pulmões testificando o que “Jesus” fez. Um salvo, que, tendo nascido de novo adotou nova forma de viver, será uma testemunha viva do que Jesus Cristo fez e faz todos os dias em sua vida. Sua transformação terá a eloquência de uma mensagem; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Quer dizer que O Senhor não cura? Não! Significa apenas, que não é essa a prioridade Dele. Como nos ama, em atenção à fé dos que creem e lhe obedecem, O Senhor socorre, muitas vezes, sem necessidade de um “especialista”, que, em muitos casos, são fraudes.

A fé não deriva dos milagres; é o contrário. A pessoa crê e se submete, para a salvação; depois, do “perdoados estão os teus pecados”, pode receber outros milagres menores, do Senhor. “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado. Estes sinais seguirão aos que crerem...” Mc 16;16 e 17

Curas, por grandiosas que sejam, são menores que salvação. Por qual delas O Senhor precisou morrer para poder efetuar? Não fez inúmeras sinais, ressuscitou mortos, até, estando Ele, vivo? Pois, para nos dar salvação, precisou morrer. Isso deveria bastar como explicação acerca do que é mais importante.

Ademais a cura nem sempre amolece ao coração endurecido pelo pecado. O Senhor curou a dez leprosos e apenas um voltou para adorá-lo agradecido.

Para receber uma basta estar doente; se, O Senhor quiser curará mesmo ao que não crê; porém, para receber salvação é preciso contrição, arrependimento, mudança de vida; embora ela esteja proposta a todos, não é para qualquer um. É para os que ousam tomar suas cruzes.

Nas filosofias de botecos se diz que não devemos colocar o carro adiante dos bois; contudo, nas coisas essenciais, a maioria faz assim.

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