terça-feira, 29 de junho de 2021

O Amor


“Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência, tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria.” I Cor 13;2

Não que o conhecimento ou a fé nada valham; mas, que acabam em nada, se viçarem sem amor.
Segundo O Salvador, amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a si mesmo é o resumo de tudo.

Normalmente, quando se fala em poder, as ideias mais comuns são de “pisar serpentes e escorpiões”, ou, operar algum milagre; são nuances do poder que Deus dá. Entretanto, a primeira menção de poder no relato de João é diferente: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12 Poder de amar.

Demanda coisas que são estritas aos filhos do Novo nascimento; “... Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus; porque faz que o sol se levante sobre maus e bons; chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Ser filhos de Deus requer que tenhamos traços do Caráter Santo do Pai. O que, necessariamente nos fará usarmos o poder recebido contra nós mesmos; digo, contra as más inclinações que na carne palpitam; “... os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito, vida e paz.” Rom 8;5 e 6

Portanto, essa balela do, “Deus é Pai não É Padrasto”, ou “Também sou filho de Deus” não é tão simples assim;

Esse tema foi debatido entre O Senhor e os religiosos da época, que acoroçoando ódio no íntimo ora, se diziam filhos de Abraão, outra de Deus. O Salvador que conhece todas as coisas denunciou: “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44

A dura previsão para esses dias é do esfriamento do amor, como efeito colateral do aumento da iniquidade. Resulta necessária a conclusão que o amor é uma atitude de equidade, ou, igualdade. O que, aliás, noutra parte o Mestre confirma; “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Embora esse preceito de amar ao próximo seja apresentado em forma de lei, do amor se espera mais que o mero cumprimento de uma ordem, algo que pode ser frio, impessoal. “Quando fizerdes tudo que vos foi mandado, dizei: Somos inúteis” ensinou Jesus.

Quem ama deveras vai além de mera religiosidade ritual; “anda a segunda milha”. Como Mateus que ouviu um convite: “segue-me”; tivesse feito isso apenas e teria obedecido; contudo, logo adiante vemos O Senhor num jantar com muitos outros publicanos; conclusão óbvia que Mateus fez mais que seguir; convidou O Senhor à sua mesa e levou seus colegas de profissão. Ver Mat 9;9 e 10

O amor nos constrange, sem precisar de Lei, de modo que, vivê-lo plenamente torna desnecessária a Lei; “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Gál 5;14

Portanto, quem dizima, oferta, ou faz outro bem qualquer à Obra de Deus, esperando por algo material, ainda ama a si mesmo, mais que ao Senhor. 

Sendo o fundamento que determina o valor de uma casa, caso seja sobre areia ou rocha, o sentimento, ou a motivação correta aquilatam o valor do que fazemos para Deus; “Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Não que as coisas necessárias à vida aqui não tenham importância; apenas elas não devem ser nossa prioridade. A alegria dos salvos é em Deus, não em coisas, como lindamente cantou Davi. “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4;7

Ou, como disse Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia me alegrarei no Senhor...” Hc 3;17 e 18

domingo, 27 de junho de 2021

Posses; ter ou não?


“Não te fatigues para enriqueceres; não apliques nisso tua sabedoria.” Prov 23;4

Na introdução dos provérbios diz que os mesmos nos foram dados “Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência.” Cap 1; v 2

Sempre pareceu prudente o que, podendo enriquece, guarda grandes porções para viver. No entanto, acima vemos o conselho para não aplicarmos nisso nosso saber; por quê?
No verso seguinte temos uma avaliação da “riqueza” e do que ela pode obrar; “Porventura fixarás teus olhos naquilo que não é nada? porque certamente criará asas ...” 23;5

A riqueza criar asas é mera figura de linguagem para dizer que se fará inútil em dado momento, como o rico da parábola do Salvador, que amontoou bens na Terra, e nada nos Céus; no auge de sua “prosperidade” se lhe disse: “Louco! Essa noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Assim, aquela fartura era nada.

Há duas possibilidades de aquilatarmos as coisas; aos nossos próprios olhos, “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”; ou, segundo os pensamentos de Deus. “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

À essas duas possibilidades, A Palavra traz a escolha que nos convém; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Cap 3;5 a 7

Assim, o homem prudente pode ser tido como “esbanjador” a uma análise meramente natural. Um “mão aberta” para as coisa Divinas; mas, O Senhor cuidará em manter e prosperar inda mais; “Ao que distribui mais se lhe acrescenta, o que retém mais do que é justo, é para a sua perda.” Prov 11;24

Não é que as posses sejam ruins; ruim é a falta delas em nossas necessidades; a vida se faz fácil ou difícil de acordo com a presença ou a ausência delas. Tê-las é bom. O problema da insanidade espiritual é quando atribuímos a elas sentimentos que não convêm e patrocinam ações mesquinhas.

“Acautelai-vos, guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15 Paulo disse mais: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;10

Uma doença espraiada pela Terra é “lábios ardentes e coração maligno”. Digo; cheias estão as redes sociais das filosofias de botecos, que “caixão não tem gavetas”, “da vida nada se leva”, “aqui (no cemitério) findam tua arrogância, tua riqueza...” “vão-se os anéis ficam os dedos” etc. tudo isso encenando aparente desapego material, de uma geração mesquinha, que quase nada faz sem um interesse paralelo.

Se alguém, encontrando um bem valioso, que outrem perdeu, devolve, vira notícia; surpreende. Pois, ao fazer o que seria o dever de todo homem decente, posa de trouxa aos olhos da maioria do “filósofos” citados.

Os hipócritas usam tintas de desapego em suas fachadas, para ver se isso cola e outros desapegam em seu favor; pois, amiúde são ferrenhos amantes da matéria.

Sempre oportuno lembrar o poeta Drummond de Andrade: “Engana-se quem pensa que o cofre do banco possui riquezas; lá tem apenas dinheiro.”

Por outro lado, a sabedoria diz: “Riquezas e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e justiça. Melhor é o meu fruto que o ouro, que o ouro refinado; meus ganhos mais que a prata escolhida.” Prov 8;18 e 19

Não se trata de ter ou não, posses; coisas que acontecem com qualquer um, sobretudo, quem trabalha; mas de como se portar, tendo, e não. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Quando o sábio aconselha a não nos fatigarmos para enriquecer, o faz sabendo que a vera riqueza não demanda fadiga; é dom de Deus; “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos ...” Prov 2;3 a 7

sábado, 26 de junho de 2021

O Bom Combate


“... combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus;” Rom 15;30

Combate, grosso modo, vislumbra batalhas, tiros, explosões, mortandades; se possível, a vitória.

Entretanto, Paulo, no texto supra está convocando irmãos a combater com ele em oração.

Quando, na iminência do seu martírio, despedindo-se de Timóteo diz: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

Se, vencer o bom combate foi guardar determinado tesouro, lícito seja concluir que, foi mais um defensor de algo, que um conquistador; ainda que tenha sido célebre ganhador de almas. Em sua figura vemos alguém entrincheirado na casamata da perseverança, onde entrega-se à defesa da fé, mesmo em face à morte.

Invés de ver as oposições como barreiras intransponíveis via oportunidades; “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu; e há muitos adversários.” I Cor 16;9 É preciso estar cheio da Divina Graça para ver portas nas adversidades.

Quando figurou a armadura dos cristãos mencionou valores como verdade, justiça, salvação, fé, preparação do Evangelho. Ver Ef 6;10 ss

Se o bom combate se trava em oração e a primeira arma é a verdade, como somos pecadores, falhos, devemos voltar nossa artilharia contra nós mesmos. Digo; assumirmos nossos pecados, deles tratarmos à sombra da Justiça de Cristo, antes de nos incomodarmos com erros alheios. Como O Salvador venceu ao tentador no deserto em Si mesmo, antes de expulsá-lo de terceiros.

E começar por si mesmo, ensinou Paulo, também; “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6 Corrigir aos errados apenas, depois de andar certo.

O contexto também é de combate espiritual, tendo como arma a verdade, para destruir com ela, os conselhos da mentira; vejamos: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” vs 4 e 5

Esse “cativeiro da obediência” para o entendimento é nosso aprisco; nele contamos com os cuidados seguros do Sumo Pastor. Pois, os “dardos inflamados do inimigo” tentam-nos para que duvidemos do Seu amor zeloso, em momentos difíceis; o “escudo da fé” nos arma para podermos evitar tais ataques.

Se, nos convém que “A paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine vossos corações ...” Col 3;15 Essa paz nos coloca em combate constante contra aquele que nos deseja separar do “caminho estreito”. Paz é patrimônio dos justificados; “... o efeito da justiça será paz ...” Is 32;17 “Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22

Diferente da “paz” ecumênica onde todos concordam em não discordar, a Paz de Cristo nos reconcilia com Deus, a despeito das reações adversas do mundo e oposição do inimigo. O Mestre ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos Dou; não a Dou como o mundo dá ...” Jo 14;27

Sendo nosso ponto-de-partida o apreço pelo verdade, depois, somos instados a pôr o “colete-à-prova-de-balas" espiritual; a “couraça da justiça”.

Isso não nos faz guerreiros espirituais a “tomar territórios do inimigo” como devaneiam alguns incautos pregoeiros da dita “Batalha Espiritual”;

Para efeito do que conta aos Olhos da Divina Justiça, o necessário está feito desde o “Está Consumado” do Salvador. Agora, cada um em particular precisa empreender esforços ajudado pelo Espírito Santo, para defender em Cristo, o tesouro da Graça recebido.

Assim, mais que tomar bens alhures, carecemos submeter nossas inclinações más ao Senhorio de Cristo, para que Nele, tomando Seu Jugo, a obediência irrestrita À Palavra do Eterno, possamos vencer a insistente e obstinada voz aquela que, segue apregoando suposta autonomia humana; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”.

Se O Salvador requer: “Negue a si mesmo!” O usurpador propõe: Afirme a si mesmo, “liberte-se”! Contudo, essa “liberdade”, como as demais coisas que vertem com as digitais do “Pai da mentira” é apenas a maquiagem fajuta da eterna perdição. Cheias estão as clínicas de recuperação dos “libertos” do inimigo que, finamente, começam a conhecer a Liberdade de Cristo.

O “Cativeiro da obediência” ao Sumo Pastor é nossa segurança eterna, no aprisco de pastos verdejantes e águas tranquilas.

Não que nossa batalha e nossas orações devam ser egoístas; apenas por nós; mas, antes de levarmos outros ao Médico precisamos gozar de saúde para isso, como ensinou o mesmo Paulo; “Subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;27

Como na tomada de Jericó, a vereda da salvação, posto que graciosa, requer combate; “... quem estiver armado, passe adiante da Arca do Senhor.” Js 6;7

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Pastagens estragadas


“... os pastos do deserto se secam; porque sua carreira é má; sua força não é reta.” Jr 23;10

Quem são esses cujas forças, por não serem retas fazem secar as pastagens? O contexto identifica; “Quanto aos profetas, o meu coração está quebrantado dentro de mim...” v 9

A diatribe dada mediante Jeremias volta-se contra falsos profetas. A coisa era ainda pior; “Tanto o profeta, quanto o sacerdote, estão contaminados; até na Minha Casa achei sua maldade, diz o Senhor...” v 11

Se, “... não havendo profecia o povo perece ...”, prov 29;18; a atuação de falsos profetas e sacerdotes ímprobos faz secarem-se os pastos.

A escolha que parece óbvia, sobre qual deveria ser nossa prioridade entre obedecer a Deus ou, aos homens, na realidade não se mostra tão óbvia assim.

A tentação é laborar pela aceitação; a falta de zelo pelo Eterno e Suas coisas acaba fomentando “profetas” rasos, bem como, um sacerdócio espúrio.

Então, a escrita era rara; o sacerdote deveria ser um livro vivo; um depósito das coisas Divinas, onde se pudesse alimentar aquele que sentisse carência de Deus; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7

Quando o sacerdócio ou mesmo o ministério profético enveredava por essas águas salobras de agradar aos homens, O Senhor criava um fato novo; contra as expectativas aparecia um Elias, um Jeremias, um Amós para dar os devidos nomes aos bois.

Normalmente se dá boas-vindas à Palavra que ilumina, nem sempre se faz o mesmo para com a que confronta.
Amós foi tirado dos seus afazeres agropecuários para atender a um lapso assim, onde sacerdócio e profecia estavam corrompidos. Como sua mensagem era de confronto, invés da aceitação deparou com a rejeição; “Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, ali come o pão e ali profetiza; mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real.” Am 7;12 e 13

Vemos que a rejeição não era apenas à sua mensagem; Amazias o sacerdote queria tolher mesmo sua liberdade de expressão; seu direito de profetizar lá. Aqui não mais, - dissera - foge para Judá.

Porém, Amós tinha mais a dizer: “... Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho e me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel. Agora, pois, ouve a Palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque. Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, teus filhos e tuas filhas cairão à espada, a tua terra será repartida a cordel e tu morrerás na terra imunda; Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra.” Cap 7;14 a 17

A oposição geralmente se dá por um que, não cumprindo o labor que seria seu, ao ver outrem fazê-lo apressa-se a impedir. Seria o papel de Amazias, então, denunciar a apostasia do reino, não se amoldar às conveniências políticas e honrar ímpios mais que ao Senhor.

Quando alguém devidamente comissionado não faz o que deve, O Eterno põe outro no lugar, para que esse faça o que Ele deseja. Então, Amós.

Normalmente pensamos em profetas como os que anteveem coisas e eventualmente exortam da parte de Deus. Mas, o texto em apreço parece ir além.
Se a omissão deles faz “secar os pastos” a atuação proba dos mesmo os faria, de certo modo, pastores do rebanho do Senhor.

O mero ensino das coisas santas com retidão é um ministério profético, como dissera o mesmo Amós; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Cap 3;8

O Salmista disse: “O Senhor é o meu Pastor...” Isso vale para todas as ovelhas Dele; acontece que há muitos pastores serviçais do Sumo Pastor, aos quais compete a honrosa lida de apascentar e abeberar às ovelhas do Eterno nas Suas “Águas tranquilas”.

Aquele que macula a sã doutrina com acréscimos, omissões, concurso de interesses rasos, se faz como os da denúncia de Jeremias; agente da sequidão das pastagens.
Urge deixarmos que as escolhas óbvias se façam óbvias outra vez; “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós que a Deus;” Atos 4;19

Os que agradam à carne estão por aí entregando chaves, posses, documentos, resgates e facilidades afins; aleatórios tipo arremesso de buquê; quem pegar pegou; é dele.

Os poucos que agradam a Deus ainda cuidam de pastos verdes, entre um rebanho de paladar estragado pela falsidade.
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sábado, 19 de junho de 2021

Os ossos da fé


“Disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará; vos fará subir desta terra à terra que jurou a Abraão, Isaque e Jacó. José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar meus ossos daqui.” Gn 50;24 e 25

Se uma promessa não se cumprir no nosso tempo não significa que O Senhor seja infiel; José sabia do que fora dito a Abraão e seus filhos; mesmo não vendo nada, às portas da morte, reiterou sua fé no que fora prometido; de certo modo, desejou fazer parte daquilo; “... fareis transportar meus ossos daqui.”

A fé bíblica, na contramão de certa “fé inteligente” da praça, onde gente que sequer se preocupa em restabelecer relacionamento sadio com O Eterno, “Decreta, determina, ordena” o que quer; como se, de repente, assim num lapso de cegueira voluntária as funções de Senhor e servo invertessem. As ordens partissem de baixo; a obediência respondesse do alto. Gente sem noção, geração profana!

Dos Heróis da fé a Palavra ensina: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, (como José) crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” Heb 11;13

A fé não é um poder para mudar nossas circunstâncias; antes, um dom que capacita-nos a manter o alvo, mesmo entre as mais adversas; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A crença não toca na soberania do Eterno; antes, descansa confiada sabendo que anexa a ela estão propósito, Sabedoria e Bondade, também. 

Quando as coisas não acontecem como creio, não há nada de errado com Ele; mas, comigo, por ter me metido a fantasiar que, por me amar, Ele faria segundo minha visão míope e precipitada, não segundo Sua Luz Inefável. Alguém disse com muita propriedade, Agostinho, se não me engano; “Lendo a Palavra de Deus encontrei muitos erros; todos em mim.”

A fé não dá ordens para trazer à luz o que não se vê; com seus olhos privilegiados firma-se no que só ela vê; “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Ainda que ela opere mudanças visíveis, extraordinárias, nos seus hospedeiros, tem seu consórcio com o entendimento, ao qual, abrindo, ilumina para o que é, mais que para o que possa vir a ser; “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Heb 11.3

Certamente uma “fé bastarda” deu azo a que um terço dos anjos seguissem Satanás; “Na multiplicação do teu comércio encheram teu interior de violência, e pecaste...” Ez 28;16 Com o quê teria comerciado ele, senão, com promessas de que, se adorado seria melhor que O Criador? Mesmo sendo crassa mentira alcançou fé dos que o seguiram.

Assim, uma fé doentia, desarrazoada foi o começo de tudo. O Eterno criou um ser frágil, inferior aos anjos e o desafiou a viver mediante Sua Palavra; “De toda a árvore do jardim comerás livremente. Menos daquela” Uma restrição só; para ser voluntária, eventual obediência.

Sendo Ele Onisciente, não sabia que o homem cairia? Sim. Por quê se diz que O Cordeiro “Foi morto antes da fundação do mundo?” Porque sabendo do resgate necessário, ao se dispor a pagá-lo, O Salvador “foi morto”, aos Olhos do que “Chama às coisas que ainda não são como se já fossem.”

Temos facilidade de adesão, quase sôfrega, às promessas de bênçãos; mas, vistas grossas, sapiência obtusa ante às advertências de juízo.

Uma “fé” assim seletiva, não é fé; apenas velhacaria disfarçada com um verniz religioso.

Claro que Deus sendo Amor tem o melhor propósito para os que Ama; mas, não coloca remendo novo em pano velho; faz tudo novo, regenera.

Então demanda que nos apartemos de um monte de coisas e hábitos, para depois, fruirmos o que Ele preparou para nós. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Se não entendermos que o melhor aguarda além, tanto faz nossos ossos no Egito ou em Canaã. José avançou após a morte no tocante aos restos mortais porque seus olhos viram o invisível. Os olhos da fé são meio parecidos com orelhas. “Quem tem ouvidos ouça ...”

sábado, 12 de junho de 2021

Altos e Baixos


“Os altos, porém, não foram tirados de Israel;” II Cr 15;17

Dadas as condições de um relacionamento com O Santo; “... O Senhor está convosco, enquanto vós estais com Ele; se O buscardes, O achareis; porém, se O deixardes, vos deixará.” Cap 15;2

Asa despertou ante essas palavras e se dispôs a uma grande reforma banindo a idolatria de toda a nação que se alienara do Senhor por suas escolhas fúteis.

Maaca, a mãe do rei, foi destituída da coroa como punição; a todos os que deixassem a Deus por alternativas idólatras haveria pena de morte. “... todo aquele que não buscasse ao Senhor Deus de Israel, morresse ...” V 13

O Eterno se agradou daquele zelo e lhe deu dias de paz; quase tudo fora bem feito. Restara um porém; “Os altos porém, não foram tirados ...” 

Ora, os “altos” eram também centros de idolatria, onde réplicas do bezerro de ouro feitas por Jeroboão eram cultuadas.

Se abomino determinado ídolo, sabendo que Deus detesta todos, mas acarinho outro, me faço ambíguo, réprobo pela parcialidade; “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo transgressor.” Gl 2;18

Então, naquela onda de arrependimento baniram tudo o que desagradava a Deus; só que não. Quase tudo; restaram os altos.

Como disse numa performance, o ator/humorista Paulo Souza do canal “Hipócritas”, muitos têm “suas merdas de estimação às quais tentam desmerdalizar”; seus pecados favoritos, dos quais relutam em separar-se.

O fato de eu gostar mais de determinado tipo de pecado que de outros, não faz o tal, menos errado que os demais.

Se eu me dispuser a obedecer seletivamente, como sugerira a mulher de Jó, manter a sinceridade até certo ponto; se passar disso amaldiçoar a Deus e morrer, a correção aplicada a ela valerá para mim também. Seu marido disse: “... Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não o mal?” Jó 2;10

Infelizmente, todos temos nossos “poréns”, dos quais, temos mais dificuldade de nos separar.

Há pecados tão grosseiros que, mesmo antes de convertidos rejeitávamos e desprezávamos sua prática; outros, que sendo ensinados que são coisas abjetas ante O Pai, paulatinamente, ajudados pelo Espírito Santo, vencemos também.

Contudo, sempre sobram alguns “altos” mais difíceis de remover; alvos do labor do Espírito Santo em nós que não descansará enquanto os mesmos persistirem. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp1;6

Em muitos casos os lugares “altos” são mesmo assim; altos. Digo, desejo por renome, distinção, cargos, desvios de caráter dos que fazem da piedade causa de ganho material, aplausos frívolos na terra com se, a aprovação humana fosse equivalente à Divina, etc.

Certo texto do Eclesiastes salta aos olhos; “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Como a “matéria-prima” que Deus escolhe é de gente ruim, esses que se acham não são achados pelo Eterno, que prefere tomar outros; “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;27 a 29

Além de Nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo é nosso parâmetro, o padrão que devemos imitar; “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;4 e 5

Se, a condição primeira para salvação é o negue a si mesmo, quanto mais baixo esse “si mesmo” se encontrar, mais facilmente aceitará a vereda do Salvador; como se deu nos dias Dele, aliás; “... Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes, mas os publicanos e as meretrizes creram;” Mat 21;31 e 32

Talvez, alguns pecados não comprometam à salvação, mas certamente, todos comprometem o relacionamento com Deus.

Nossos “altos” ilícitos são baixarias maquiadas pela inversão de valores, pois, as alturas verazes estão francas, nos são aconselhadas.

“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra; porque já estais mortos e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;1 a 3

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Identificando-se com Cristo


“Eu Sou a porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará, sairá e achará pastagens.” Jo 10;9

O Salvador assegura a constância do Seu Amor e fidelidade, quando diz: “O que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora;” e, nossa plena liberdade de crer e perseverar, ou não.

Nele não se fica a contragosto. “Entrará e sairá”; o sair refere-se a uma possibilidade, não um desejo Dele que saiamos, tampouco convém à ovelha resgatada, deixar o lugar onde encontra fartas pastagens pelas incertezas marginais, distantes do Pastor.

Entrar por Ele não é tão simples como pode parecer a uma análise superficial. Precisamos identidade de obediência; “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração ...” Mat 11;29

Identidade na constância; “Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Identidade de sentimentos; “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;5 “Amais uns aos outros como Eu vos amei.” Ensinou.

Identidade em renúncia; “Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Em testemunho; “Aquele que diz que está Nele deve andar como Ele andou.” I Jo 2;6

Entrar por Ele é uma espécie de sair de nós; “Negue si mesmo” que, se atingido, cambiará antigas concepções egoístas pelos verdes pastos do Sumo Pastor; a mudança operada será tal, que ficaremos “irreconhecíveis” aos que viram nosso pretérito. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Ele É o Eu Sou; nós, pecadores desafiados a vir a ser como Ele. Não nos Seus atributos incomunicáveis; mas, no que podemos na condição humana devemos imitá-lo.

Para Ele foi necessário esvaziar-se para ficar parecido conosco; teve que aprender coisas pertinentes às criaturas, como obedecer. “Ainda que Era Filho, aprendeu obediência, por aquilo que padeceu.” Heb 5;8

Não aprendeu obedecer porque fosse desobediente; antes, sendo UM com O Pai e O Espírito Santo, a comunhão é tal, que não há necessidade; mas, feito semelhante a nós, precisou trilhar o caminho que nos convém, para ser nosso Precursor na vereda da salvação.

“Porque convinha que Aquele, para Quem são todas as coisas, mediante Quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o Príncipe da salvação deles. Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos.” Heb 2;10 e 11

Se, porfiarmos em nossa progressão por aprender Dele, o discipulado; e obedecer, a santificação, estaremos no caminho da edificação, cujo padrão proposto é tão alto, inatingível, para que nunca nos acomodemos. Ele preparou mestres, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Infelizmente, a possibilidade de sair tem sido usada por muitos; os motivos alegados podem ser vários; mas, a rigor, é nosso sentimento que patrocina as escolhas; onde estiver nosso coração estará nosso “tesouro”; a uns, escuridão espiritual parece mais aprazível que luz. “... a Luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a Luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

As trevas espirituais soam como vistosos neons, aos olhos naturais.

O mundo ensina buscar fama, sucesso, prazeres, comodidades. Por esses alvos se combate contra tudo e contra todos. O teatro da vida não é lugar de conviver, mas de competir. 

Em Cristo, somos instados a lutar até à morte, se necessário, contra o pecado. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Assim, óbvio que Seu Caminho é indesejável à carne; o homem natural é imediatista, quer recompensas já, por suas escolhas. Os que recebem os “olhos da fé” podem ver e apostar as fichas no que será, com convicção tal, que são capazes de suportar o que é, mesmo que seja mortal.

O sentido dos caminhos é aonde conduzem, não o relevo e as curvas que ostentam. Os de Cristo sabem que, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Portanto, prudente é a ovelha que, encontrando a Porta do Sumo Pastor, entra e fica; cresce saudável fruindo das Suas Pastagens e da Água da Vida.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O Ouro da Espera


“Porém ele (Deus) sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10

Seria Jó presunçoso ao afirmar isso? Estaria confiando em si mesmo como fiador de pretensa santidade? Não.

Praticou investigando suas culpas; “Se no ouro pus minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és minha confiança; se me alegrei por ser muita minha riqueza, que minha mão tinha alcançado muito; se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa, e meu coração se deixou enganar em oculto, e minha boca beijou minha mão” Cap 31;24 a 27

Se mostrava avesso a confiar em riquezas; à idolatria de cultuar sol e lua, como outros povos; bem como, à arrogância de confiar no próprio braço.

Por quê fazia assim? “... isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria Deus que está lá em cima.” V 28

Então, a confiança de que sua alma, se testada, seria aprovada, derivava de outra fonte, que não, mera presunção. “Nas Suas pisadas meus pés se afirmaram; guardei Seu caminho, e não me desviei Dele. Do preceito de Seus Lábios nunca me apartei; as Palavras da Sua Boca guardei mais que minha porção.” Cap 23;11 e 12

Não sabemos quanto da Palavra de Deus escrita, havia; mas, não obstante alguns teólogos defenderem que esse livro, seria o mais antigo da Bíblia, o simples mencionar os preceitos de Deus, até o erro de Adão, (“Se, como Adão, encobri minhas transgressões, ocultando o meu delito no meu seio; Cap 31;33”) dá a entender que o Pentateuco, os cinco livros atribuídos a Moisés eram já escritos e conhecidos.

O que o levaria a temer, praticar a justiça e ainda oferecer sacrifícios e orações por possíveis pecados dos filhos, como fazia, senão, certo conhecimento de Deus e Suas Leis?

Quando O Salvador ensinou sobre os dois fundamentos, um na areia, outro na Rocha, não diferiu entre o que conhece ou ignora à Palavra; ambos conheciam, um praticava, outro não. Vindo a tempestade se vê a diferença.

Quem, exceto O Salvador, pode ter passado por uma “tempestade” mais dura que o infeliz Jó? Sua confiança estava neste mesmo fundamento ensinado ulteriormente pelo Senhor; saber e praticar a Vontade do Senhor.

“... provando-me Ele sairei como ouro ...” não era uma hipótese; estava no auge da prova.

Quando O Senhor falou disse que ele encobria o conselho com palavras sem entendimento. Porém, quem entenderia sina semelhante? Depois das correções necessárias, O Eterno ordenou que seus amigos sacrificassem e ele intercedesse, pois, só a oração dele seria aceita, (Cap 42;8) prova cabal de sua aprovação aos Divinos Olhos.

O fato de sermos fiéis À Palavra não é uma vacina contra o sofrimento. Quanto melhor andarmos, mais dano faremos ao inimigo, sendo mais frequentemente alvos do ódio e inveja dele.

Tampouco, a fidelidade nos dízimos é fonte de lucros; O Senhor que sonda os corações sabe quem cumpre os preceitos pelo motivo certo; “Honra ao Senhor com os teus bens, com a primeira parte de todos teus ganhos;” Prov 3;9 e de longe identifica os que fazem a coisa certa pelo motivo errado, “... homens corruptos de entendimento, privados da verdade, cuidando que piedade seja causa de ganho;” I Tim 6;5

Embora não cheguemos nem perto da grande tormenta que assolou a Jó, somos testados todos os dias. Se triunfarmos nas coisas pequenas estaremos aptos a fazer o mesmo em face às grandes.

Assim como há certo mineral muito parecido com ouro, a pirita, que quase nada vale, o dito ouro de tolo, do mesmo modo a fé que parece porfiar pelo céu, vivendo apegada aos bens da Terra; as provas visam arrancar raízes errôneas, para que as asas do crer ganhem as alturas.

A fé genuína não é figurada como o ouro, mas excede-o; “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;7

Muitos invertem o significado de triunfar na fé como se, isso fosse, “fazer acontecer” o que se crê; a fé verdadeira nos mantém inabaláveis mesmo quando nada acontece.

É mais fácil vencer nas provas que exigem força, coragem, que nas que demandam paciência.

Jó, apesar da incompreensão dos amigos, afoiteza da esposa, confiou sem entender e encontrou seu ouro na espera.

Tiago lembra: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. O lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva... Ouvistes da paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tg 5;7 e 11

terça-feira, 8 de junho de 2021

Os répteis alados

“... neste chifre havia olhos, como de homem e uma boca que falava grandes coisas.” Dn 7;8

Os especialistas em escatologia defendem que esse chifre pequeno será o Anticristo; último governo terreno antes de assumir O Rei dos Reis.

Que chifre simboliza poder, autoridade, é pacífico entre os estudiosos de profecias.

Esse tinha “olhos como os de homem”, malgrado falasse de grandes coisas, de esfera Divina, possivelmente.

A queda se deu justo por ter o primeiro casal sucumbido a isso; ao desejo de divinização. De ver todas as coisas com “olhos de homem”; ou, como disse certo “filósofo”, ser “O homem a medida de todas as coisas”.

São nossas mentes limitadas, passionais, ineptas, ignorantes, facciosas ... A existência do Absoluto, Deus, corta nossas asas, e desafia a ser submissos. Sua Palavra traz: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

A aceitação da Obra de Cristo em nosso favor para salvação e regeneração começa com, “Negue a si mesmo”; Ou cambie teus pensares pelos Divinos segundo Isaías.

O amor próprio no modo doentio, nos faz preferir as trevas, cúmplices da maldade, feitoras da perdição, à Luz que nos desnuda, mas salva. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

O descrédito de Deus se faz necessário para implantação do império da mentira; isso explica esse mar de lama que grassa, onde fatos perdem preferência para narrativas. Alguém definiu a presente era com da pós-verdade. Pós para eles; cumpre-nos ainda conhecer “às veredas antigas.”

Nossa resiliência é testada cada vez que uma mentira é apregoada; quem ama à verdade fará proezas em Deus, defendendo-a; os outros facilmente receberão como benfeitor ao chifre aquele, que reduz tudo, as coisas espirituais e eternas, ao pífio nível dos olhos do homem.

“Esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;9 a 11

Eis a maravilha da Justiça Divina! Tenta em todo o mundo fazer conhecidos Seus Pensamentos através dos que O servem. Se O rejeitam preferindo suas próprias formas de pensar, então, será isso que terão. “... Eis que Trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos porque não estão atentos às Minhas Palavras; rejeitam Minha Lei.” Jr 6;19

Não se trata de privação de luz. Antes, de escolha da humana visão, em cima da rejeição à Divina. “Não estão atentos às Minhas Palavras” disse o Senhor, então; o que se repete agora.

Não atentam para obedecer, porém. Para perverter há muitos vigilantes que, no afã de “santificar” perversões alteraram à pureza da Palavra. A tal “Bíblia Inclusiva” que troca algumas placas fazendo trazer “Céu”, na trilha do inferno.

Será que o veto para não se alterar nada vale só para o Apocalipse; no demais está liberado? Os olhos do homem superaram, ou, no mínimo se igualaram aos de Deus? Dele se diz: “... trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139;12 O contexto atina à Onisciência Divina; portanto, a “mesma coisa” no sentido de não ocultarem nada dEle, não a mesma coisa em termos de valor.

A nós a luz é dada de forma progressiva, à medida que desejarmos mais dela iremos recebendo. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Esse desejo não é algo pueril tipo jogar uma moeda na “Fontana di Trevi”, fechar os olhos e fazer um pedido. Antes, é um compromisso com O Salvador e Sua Palavra, na qual, permanecendo (obedecendo) seremos iluminados. “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O “chifre pequeno” terá poder sobre o mundo inteiro, não por alguma dignidade que possua, mas por das asas à toda sorte de visão humana. O relativismo total; todo credo e comportamento serão intocáveis. Exceto, crer em Deus.

O espírito usurpador trabalha célere pela imbecilização e massificação; quanto mais curta nossa visão, mais fácil esse mago fazer seus truques.

Assim rasteja a humanidade. Filosofa que aparências enganam e pauta escolhas por elas. Pois, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos ...” II Cor 4;4

segunda-feira, 7 de junho de 2021

O Prato de lentilhas


“Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste um bezerro cevado.” Luc 15;30

O irmão do pródigo indignado, porque aquele fora recebido com festa, enquanto ele seguia sua rotina de trabalho.

Pensando no “alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” grosso modo acharemos mais fácil partilhar alegrias.

Não é assim. A dor alheia comove; mesmo com um que nem tenhamos laços, podemos nos solidarizar à perda de um ente querido, por exemplo.

A alegria alheia nem sempre nos tem, pelo nefasto concurso da inveja. Quando outrem se alegra por receber um bem, honraria, destaque que preferiríamos que fosse nosso.

A inveja é amoral; tanto se pode invejar um que anda bem, quanto, outro que está nos prazeres da perdição. Depende do grau de identificação.

Quiçá, o irmão do pródigo não pensava: Eu aqui dando duro sob esse sol e aquele inconsequente se divertindo com meretrizes; eu deveria ter a “coragem” dele. No entanto, em sua “covardia” perseverava.

Quando soube que o esbanjador estava mendicante deve ter se sentido “vingado” pelo desconforto de sofrer as agruras, enquanto o outro se divertia.

Invés de saber dele “comendo do ruim”, vê-lo sendo recebido com festa foi demais para ele.

Decidiu não se misturar àquela “injustiça”.
Do prisma exclusivo da justiça até que fazia sentido. No entanto, os olhos amorosos do Pai viam valores maiores, a regeneração, a vida. “Teu irmão estava morto e reviveu.”

Ele acusou o pai de parcialidade; “Nunca me deste um cabrito para me alegrar com meus amigos.”

Quantos agem assim; mesmo ouvindo do Pai: “Tudo o que tenho é teu” vivem mediocridades desnecessárias, antes que, se alegrarem pelo que receberam sofrem vigilantes para com os dons de terceiros que, devaneiam, deveriam ser seus.

Esses não se alegram, não pela privação de meios; porém, por olharem para o que não lhes pertence, invés de fruírem do que lhes foi dado.

O jardim do Senhor é amplo; com árvores frutíferas, ornamentais, pássaros, flores, vermes, insetos... qualquer um teria motivos para ser infeliz, se deixasse de ser o que é para tentar “ser” outro ao qual inveja.

Quando vemos alguém, aparentemente mais alto que nós, em dons, posição, uma coisa devemos ter claro; esse já esteve muito mais baixo, em calúnias, perseguições, incompreensões, privações, sofrimentos ...

No tempo do vale das sombras da morte, a inveja nem sequer os via, não passavam de errantes dignos de pena. Mas, chegado o tempo do Senhor para restaurar suas sortes,
Sempre surgirão os “irmãos do pródigo” acusando “parcialidades” do Pai.

Como aquele, privam-se de alegrias por inveja; rejeitam à festa.

Quando alguém prega, canta, ensina, escreve melhor que eu, não me faz mal. Serve de estímulo para melhorar; os frutos do seu ministério me fazem bem. O que incomoda são os que falam coisas desalinhadas da Palavra, e seus viveres produzem testemunhos rasos, pífios.

Quantos falsos obreiros, imitadores de mensagens que ouviram alhures tomam púlpitos e falam de grandezas que seu modo de ser e viver insiste em desmentir.

Nada contra a assistir bons pregadores na NET, assisto também, aprendo com eles; mas, todo o ministro idôneo, quando for ao púlpito deveria poder falar como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei”. I Cor 11;23

Deve orar e buscar do Senhor a mensagem a entregar, pois, A Vontade Dele é o que conta, não nossa “performance” como se, invés de servos no labor, fôssemos artistas no palco.

Há coisas ao longo da estrada que são para pausas; restaurantes para viajores; borracharias para reparar um pneu; postos de repor combustíveis; refúgios ao longo de auto estradas para breves paradas ... Todas essas coisas são importantes, mas não são o alvo, nem o caminho.

Servem de figura de nossa jornada espiritual; são importantes os cultos, nossos “restaurantes”, louvores, orações, visitas, profecias, (sérias) etc ... Mas O Caminho É Jesus. Os que centralizam as vidas espirituais na igreja, no ativismo espiritual, e fora vivem de qualquer maneira, trocam o caminho pelas pausas.

A Palavra não foi dada para pausas, mas para marchar; “Se andarmos na luz...” “Anda na Minha presença e sê perfeito ...” “Vinde após mim...” Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” etc.

Deus anseia relacionamento que prime pelo amor e pela vida, como o pai do pródigo; mas, nos perdemos por mesquinharias, invertemos valores; como Esaú, trocamos Deus por um prato do lentilhas; teria Ele prazer em nós?

Urge entendermos o papel da igreja; é lugar para ensinar cambiar nossos pensamentos doentios pelos Divinos, não de servir; serviço é em nosso dia a dia; “... o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 6 de junho de 2021

Questão de honra


“Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.” Et 6;12

Depois de quê? De Mardoqueu ter desfilado em vestes reais, sobre o cavalo do rei; o fez escoltado pelo príncipe Hamã, apregoando como se faz com quem o rei deseja honrar.

Ele nunca desejara honra; apenas denunciara uma conspirata contra o rei. Lembrado oportunamente por Deus, o distraído monarca resolvera “pagar a dívida”.

Hamã era um dos maiores príncipes do reino, dado às bajulações comuns dos que rodeiam ao poder por interesses; tanto que, para “mostrar serviço” tencionava matar todos os judeus, ignorando que a rainha também era judia, para sua perdição.

Após o ato, o honrado não deu a mínima; “... voltou para a porta do rei ...” enquanto, o humilhado Hamã “se tapou de nojo” como dizemos cá no sul, ou, “... se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.”

Talvez esse incidente tenha dado azo ao surgimento de certo dito do Talmude: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.”

Ou, “O coração do homem se exalta antes de ser abatido; diante da honra vai a humildade.” Prov 18;12

Não que a honra seja ruim; não é. Todos gostamos dela. Entretanto, aqueles que aprenderam que na festa do Senhor, o “último vinho é melhor”, que “há tempo de semear e tempo de colher o que se plantou”, não confundem estações, nem pretendem ceifar em dias de semeadura.

O salvo, ciente das próprias indignidades, sabe que o foi por graça; e capacitado pelo mesmo “mérito” recebeu dons para servir; não se considera digno de honras pelo que faz, mesmo que faça coisas desejáveis aos Olhos do Senhor. Se, honrado, como Mardoqueu, volta sentar-se em lugar humilde com o qual se identifica.

Embora a coroa fique bem sobre os legítimos vencedores, diante de Cristo, as nossas podem ser jogadas aos Seus pés, como fizeram certos anciãos; “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam suas coroas diante do trono ...” Apoc 4;10

O domínio que deveríamos buscar é o domínio-próprio; o lapso aí dá ocasião a certo ativismo compensatório, e tendemos a buscar domínio sobre o semelhante. A Caim após certa exortação foi dito: “... se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;7

Estava sob domínio do pecado da inveja que turbara seu rosto; fora desafiado a inverter os papéis; triunfar sobre o pecado. Não fez.

Não é tarefa fácil; o homem ímpio tende antes, à desgraça de dominar sobre outrem. “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Quem tem olhos muito ávidos por encontrar nichos de poder, acaba com ouvidos surdos aos clamores por servir. O desafio do Salvador aos Seus é que sejam “grandes” servindo.

Paulo explicou: “Nada façais por contenda ou vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus ...” Fp 2;3 a 5

É preferível que sejamos, como Mardoqueu, surpreendidos por inesperada honra, que, buscarmos sôfregos o que não devemos para nossa perdição, como fez Hamã.

Nós somos desafiados a ajuntar “Tesouros no Céu”, buscar as honras terrenas são dispêndios desnecessários. Por quê gastaríamos aqui o que devemos entesourar lá? Os que assim fazem “recebem cá seus galardões”.

Se, como dizem, “caixão não tem gavetas” significando que posses materiais não acompanham aos que dormem, nossos feitos em Cristo vão conosco; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Nosso Rei, sendo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, quando veio o fez em vestes de humildade, de serviço; por agora, desfilar por aí trajando Suas Vestes é a honra que nos cabe. “... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

Agindo assim, em tempo oportuno, O Rei nos deseja honrar; “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

sábado, 5 de junho de 2021

O "Silêncio de Deus"


“Buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Inicialmente, o estabelecimento de prioridades na vida cristã; entretanto, uma faceta pode nos passar desapercebida. Se, devemos, priorizar O Reino, os valores a pautar nossa busca não são nossas noções de justiça que, geralmente são parciais, doentias. Devemos buscar O Reino e “Sua Justiça”.

Em nossa autoindulgência tendemos a ser lenientes para com nossas injustiças; não raro, interpretarmos o silêncio de Deus como aprovação. “Estas coisas tens feito, Eu me calei; (pecados) pensavas que era como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Na verdade o “silêncio de Deus” quanto às nossas iniquidades deriva de nossa omissão; o veto já está na Palavra que, em parte fingimos não ver, ou entender; O Eterno permite, em Sua Longanimidade, mas uma hora intervém e julga. Não sem antes usar meios amorosos e reiterados de advertir buscando arrependimento; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1 Quando o Amor Divino cansa de bater educadamente à porta, então Sua justiça vem e bate com o pé.

A Lei do Reino nos ensina a amarmos ao próximo como a nós mesmos; no prisma da justiça a “medirmos” ele com a mesma medida que a nós. Ou seja: dar-lhe os mesmos direitos que pleiteamos.

Muitas disputas por espaços e bens derivam da iniquidade nessa área. Uso ‘iniquidade’ aqui, não no sentido espiritual de pecado, mas, no estrito sentido literal original, de falta de equidade; igualdade, enfim, de parcialidade.

Nossas vontades, antes de serem patrocinadoras de escolhas pessoais deveriam ser aferidoras das nossas escolhas no tocante a terceiros. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Se, o primeiro dos mandamentos é o amor, que, “Não folga com a injustiça ...” os pleitos entre cristãos mostram que, no mínimo, uma das partes não está cumprindo-o, quando não, as duas partes. Paulo censurou aos coríntios por isso; “Para vos envergonhar digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas, o irmão vai a juízo com o irmão, isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” I Cor 6;5 a 7

Aqui refere-se ao litígio quando ambas as partes professam ter a cidadania celeste; nesta terra temos demandas lícitas e justas contra pessoas injustas com certa frequência, infelizmente.

No caso do Reino de Deus, a justiça deriva da Sua Palavra, nas das imperfeitas e ambíguas leis humanas.

Por isso, aos que ingressam é posto o “Negue a si mesmo” como indispensável, isso demanda negar também a antiga maneira de pensar, para, doravante adotar a “Mente de Cristo;” os pensamentos de Deus.

“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos do que a Terra, são Meus Caminhos mais altos que os vossos e os Meus Pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Por isso somos ensinados a orar; “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores ...” o triunfo do perdão antes que do juízo é a parte mais visível da “Justiça” do Reino.

Os salvos são justificados, tidos como justos, pela Justiça de Cristo a eles imputada; quando ouço profanos sem noção falando em “exigir direitos de filhos de Deus” sofro inevitável vergonha alheia.

Nossa busca pelo Reino e Sua Justiça refere-se mais aos deveres que aos direitos; pois, recebemos infinitamente mais que merecíamos; quiçá, deveríamos beber um gole de noção na bilha de Mefibosete. Como ele, somos indignos exaltados, qual pleito nos resta ainda? “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Não devemos fantasiar nossas predileções de Vontade de Deus. Nada não nos faz diferentes de nosso semelhante, nem favoritos do Eterno.

Quem peleja na arena espiritual, por alvos egoístas, leu o rótulo apenas; desconhece o produto; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Na escola de Deus


“Tenho posto com ele a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã; Dei sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo que te tenho ordenado.” Ex 31;6

O Senhor designando artífices para o Tabernáculo assegurando que lhes tinha dado habilidades necessárias para a edificação, bem como, dos móveis.

O Eterno não requer de ninguém, um feito para o qual não esteja capacitado.

Na parábola dos talentos ensinou a diferença dos dons, onde um recebera cinco, outro, apenas um. Não combinaria com a justiça, demandar que cantasse, ao que desconhece a arte do canto; que ensinasse, o inepto para o ensino; ou, que esculpisse artifícios esmerados, um que desconhecesse o ofício.

Como disse certo general em “O Pequeno Príncipe”, “Tenho direito de exigir obediência, porque minhas ordens são razoáveis”. As do Senhor, mais que razoáveis são sábias.

Antes de permitir que Davi “medisse forças” com Golias, exercitara-o contra forças maiores que as dele; um leão e um urso, como treino para que aprendesse a não depender estritamente do seu braço mas, do Senhor.

Quando pensou num que enfrentasse o “establishment” religioso denunciado sua hipocrisia, e fosse capaz até de apontar pecados do rei, O Eterno forjou nas cavernas a um antissocial, eremita e asceta, alimentado de gafanhotos e mel, João Batista. Não legaria tão rude missão a um Nicodemos, cujo medo de perder posição social o forçou a buscar por Jesus de noite.

Outrora, quando desejou julgar à casa de Acabe quebrou o protocolo; a sucessão no trono viria de um príncipe da casa real; todavia, mediante Eliseu, mandou um profeta ao front para ungir ao capitão Jeú.

Esse, pra guerra era tal, que bastava sua silhueta se mover ainda distante, fora da possibilidade da leitura fisionômica para que fosse identificado. “... o andar parece como o andar de Jeú, filho de Ninsi, porque anda furiosamente.” II Rs 9;20

O Senhor usou um poeta como Davi, no trono; um filósofo como Salomão; um estrategista como Uzias; mas, era a vez de um militar valente, Jeú.

Então, quando O Eterno nos ordena algo é porque de alguma forma nos treinou para aquilo, ou a tentativa de executarmos o que ainda não estamos aptos é treinamento para uma missão futura, onde o aprendizado será necessário. Obedecer sempre é o melhor caminho.

O Salvador dissera a Pedro que o faria pescador de almas; e quando veio aos apóstolos após Sua ressurreição encontrou ao bravo Simão buscando peixes outra vez; depois de uma noite de pesca fracassada, Jesus ordenou uma redada mais, em local específico, para o lado direito. Feito isso pegaram tantos peixes que tiveram dificuldades em tirar a rede.

O Senhor os aguardava na margem tendo pão e peixe preparados. Além da provisão material o ensino; o lado direito, da obediência, onde estarão as ovelhas em oposição aos bodes no esquerdo.

Então, tivemos a célebre passagem onde O Mestre perguntou três vezes se Pedro O amava, como num contraponto às vezes que O negara.

Como o apóstolo insistia em afirmar seu amor, O Senhor reiterava à ordem: “Apascenta minha ovelhas.” Demonstre teu amor pela obediência!

Por um lado temos atrevidos que se lançam a empresas para as quais não estão preparados; por outro, os que foram treinados, ensinados pelo Mestre, e se recusam a fazer o ordenado, preferindo gerir ainda suas vidas que deveriam ter submetido ao Senhor.

Tanto querer fazer o que não sabe, quanto, recusar a assumir o que deve, são derivados da vontade enferma.

No ministério do Espírito (Santo) no Novo testamento, já não se requer habilidades específicas, como dos artesãos do tabernáculo; antes, comunhão com O Espírito, para que Ele nos capacite, conforme lhe parecer bem.

Se escolhe as “coisas loucas, as que não são”, é porque não contam aptidões meramente humanas nos domínios do Espírito. Ouvidos atentos são as “aptidões” necessárias; “Os teus ouvidos ouvirão a Palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Tendemos a não querer o que O Senhor quer, e a querer o que Ele não quer. Por isso a necessidade de um ruptura com os meios mundanos, antes de alinharmos nossas vidas à do Eterno. “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Não mais pedras, esculturas, engastes... antes, a moldura em “pedras vivas”, mediante obediência à Palavra, para o templo de Deus. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5
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