sábado, 5 de junho de 2021

O "Silêncio de Deus"


“Buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Inicialmente, o estabelecimento de prioridades na vida cristã; entretanto, uma faceta pode nos passar desapercebida. Se, devemos, priorizar O Reino, os valores a pautar nossa busca não são nossas noções de justiça que, geralmente são parciais, doentias. Devemos buscar O Reino e “Sua Justiça”.

Em nossa autoindulgência tendemos a ser lenientes para com nossas injustiças; não raro, interpretarmos o silêncio de Deus como aprovação. “Estas coisas tens feito, Eu me calei; (pecados) pensavas que era como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Na verdade o “silêncio de Deus” quanto às nossas iniquidades deriva de nossa omissão; o veto já está na Palavra que, em parte fingimos não ver, ou entender; O Eterno permite, em Sua Longanimidade, mas uma hora intervém e julga. Não sem antes usar meios amorosos e reiterados de advertir buscando arrependimento; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1 Quando o Amor Divino cansa de bater educadamente à porta, então Sua justiça vem e bate com o pé.

A Lei do Reino nos ensina a amarmos ao próximo como a nós mesmos; no prisma da justiça a “medirmos” ele com a mesma medida que a nós. Ou seja: dar-lhe os mesmos direitos que pleiteamos.

Muitas disputas por espaços e bens derivam da iniquidade nessa área. Uso ‘iniquidade’ aqui, não no sentido espiritual de pecado, mas, no estrito sentido literal original, de falta de equidade; igualdade, enfim, de parcialidade.

Nossas vontades, antes de serem patrocinadoras de escolhas pessoais deveriam ser aferidoras das nossas escolhas no tocante a terceiros. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Se, o primeiro dos mandamentos é o amor, que, “Não folga com a injustiça ...” os pleitos entre cristãos mostram que, no mínimo, uma das partes não está cumprindo-o, quando não, as duas partes. Paulo censurou aos coríntios por isso; “Para vos envergonhar digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas, o irmão vai a juízo com o irmão, isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” I Cor 6;5 a 7

Aqui refere-se ao litígio quando ambas as partes professam ter a cidadania celeste; nesta terra temos demandas lícitas e justas contra pessoas injustas com certa frequência, infelizmente.

No caso do Reino de Deus, a justiça deriva da Sua Palavra, nas das imperfeitas e ambíguas leis humanas.

Por isso, aos que ingressam é posto o “Negue a si mesmo” como indispensável, isso demanda negar também a antiga maneira de pensar, para, doravante adotar a “Mente de Cristo;” os pensamentos de Deus.

“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos do que a Terra, são Meus Caminhos mais altos que os vossos e os Meus Pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Por isso somos ensinados a orar; “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores ...” o triunfo do perdão antes que do juízo é a parte mais visível da “Justiça” do Reino.

Os salvos são justificados, tidos como justos, pela Justiça de Cristo a eles imputada; quando ouço profanos sem noção falando em “exigir direitos de filhos de Deus” sofro inevitável vergonha alheia.

Nossa busca pelo Reino e Sua Justiça refere-se mais aos deveres que aos direitos; pois, recebemos infinitamente mais que merecíamos; quiçá, deveríamos beber um gole de noção na bilha de Mefibosete. Como ele, somos indignos exaltados, qual pleito nos resta ainda? “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Não devemos fantasiar nossas predileções de Vontade de Deus. Nada não nos faz diferentes de nosso semelhante, nem favoritos do Eterno.

Quem peleja na arena espiritual, por alvos egoístas, leu o rótulo apenas; desconhece o produto; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

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