domingo, 31 de julho de 2022

Os morcegos


Dizem que, “Passarinho que voa com morcego acorda de cabeça para baixo.”

Tendemos a absorver os hábitos daqueles com quem andamos. Quirópteros pernoitam pendurados nos tetos das cavernas, ou coisas similares.

As companhias não moldam, necessariamente, o ser de quem tem identidade formada e preocupa-se mais com consciência, que com reputação.

Na consciência presto contas a mim mesmo e a Deus; nas aparências, no teatro me torno refém de opiniões e gostos alheios. Nossa sociedade que, na imensa maioria é hipócrita, promíscua, corrupta, avessa a Deus e Sua Palavra, durante o período do Natal, por exemplo, cobre fachadas, praças, decora tudo com luzes, visando parecer, o que bem sabe que não é; portadora de luz, adoradora do Santo. A Luz veraz é interior; ali higieniza sem se ocupar com artifícios externos.

Nesse caso morcegos tentam voar com os pombos; mas seu arrulho artificial não convence ninguém.

A excelência da maturidade de uma boa índole seria, poder, como o sol, passear sobre pântanos, levar luz e calor sem se sujar. Um ser de bom caráter andar, se necessário, entre os maus, sem se tornar um deles pelo contágio.

Essa “adesão” emulada, tipo: “Todo mundo faz isso; por que não, eu?” Não deriva de uma personalidade formada; antes, da falta dessa, que torna o desprovido, sequaz do berrante, mais um na manada. O Eterno trata com indivíduos, não com a massa; “Cada um dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

A anulação do indivíduo submergindo-o na massa, nunca foi o projeto Divino para a humanidade. A massa tem um quê de conveniente aos covardes; na necessidade de tomar decisões podem dividir responsabilidades, e em caso de erro nas escolhas, diluir as culpas.

Essa “facilidade” dos sistemas coletivistas invariavelmente atrai pessoas de má índole; fugitivos. Não significa que muitos não possam pensar de modo semelhante sobre valores, formando uma coletividade saudável.

Invés de cada um ousar lutar contra seus monstros interiores, os fugazes optam por palavras de ordem, rótulos colados aos berros, sem necessidade, disposição, nem condições para discutir o conteúdo do tal rótulo; evitando um honesto exame de consciência, que seria um corajoso passo rumo à liberdade.

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.” Mahatma Ghandi

Exteriormente parece mais ousado quem sobe numa montanha, que outrem que se refugia num bunker; todavia, por ser um patrimônio interior, da alma, chega-se à vera liberdade descendo os degraus da humildade, esses desníveis necessários na escada da honestidade moral e intelectual. Essa ousadia não pisca em neon, nem salta os olhos descuidados; enseja uma paz que melhora o sono e corta as garras do egoísmo, uma ave de rapina tão voraz.

Cristo ensinou a isonomia; tratarmos como gostaríamos de ser tratados; permanecendo nisso, conheceríamos a verdade essa nos libertaria. Mas, quantos se atrevem? Conheceríamos a Ele, diga-se; pois afirmou: “Eu Sou... a verdade” Jo 14;6

Por ser a arte de pensar um trabalho mui pesado, como disse Henry Ford, surfar na onda dos alheios pensares, “colando banners” nas redes sociais basta, para mantermos nossa reputação de seres pensantes; mesmo que, o único produto nessa seara seja pensar que pensamos. Caso alguém ouse discordar, basta cancelar, excluir...

Plutarco se mostrou avesso à ideia de acumularmos prateleiras cheias de alimentos dos quais desconhecemos o sabor; “A mente não é um vaso para ser cheio; - disse – antes, um fogo a ser aceso.” Esse fogo não assoma do atrito de elementos; antes, do cotejo dos fatos com as ideias.

Natural que o hábito forme o caráter; a Bíblia defende isso; “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” Jr 13;23

Então, embora eu tenha dito no princípio que um de boa índole pode, eventualmente, se misturar, “sem se misturar com essa gentalha”; digo, andar entre os maus sem sofrer influência deles, no ambiente em que nos sentimos confortáveis, esse geralmente mensura quem somos.

Aves de bandos até cantarolam muito mais; mas, as solitárias, como as águias possuem olhos mais agudos. 

Mário Quintana disse num poema que preferia a solércia dos guaipecas sem nenhum pedigree, à sobriedade de um dobermann; ser descompromissado como um gaiato - interpreto – a ser sisudo como um Faraó.

Porém, quem pode ver a vida despida de suas alegorias festeiras, necessariamente terá seus momentos circunspectos. “Quem aumenta em ciência aumenta em trabalho.” Disse Salomão.

O mundo relativista está repleto de morcegos que não sabem se são aves ou mamíferos.

Está na moda cada um ser como “se percebe”; mas, a ignorância não tem espelho.

Mundo líquido


“Temos mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a Estrela da Alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

“Mui firme...”
Vivemos num mundo “líquido”; tudo é relativo, moldável, se encaixa nos recipientes mais esdrúxulos, sem problema. A “moral” vigente é a que cantou Raul Seixas: “Se hoje sou estrela amanhã já se apagou; se hoje te odeio amanhã te tenho amor, te tenho horror...” Conservadorismo, princípios morais são “jurássicos, fundamentalistas, radicais;” a onda é ser “progressista”, nome palatável dado às irreverências e perversões.

Nesse mosaico escorregadio, valores inversos, palavras anêmicas de significados, conceitos camaleônicos que mudam ao gosto do freguês, termos algo mui firme deveria merecer nosso apreço; como um náufrago num mar de lama, que encontrasse uma ilha.

Tudo soa biodegradável, descartável, efêmero, superável; no entanto, A Palavra segue sóbria, estável; “... Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

“... a palavra dos profetas...”
Dos profetas idôneos, que falaram da parte de Deus. Embora o texto conceda essa honra aos que foram instrumentos, toda honra e glória Ao que É A Fonte; Deus. Simplifiquemos: “Tende como mui firme A Palavra de Deus.”

“À qual bem fazeis em estar atentos...”
desgraçadamente, a maioria dormiu na semeadura do joio; hoje muito do que se ouve por aí, rotulado de Palavra Divina provém de fontes espúrias; o entretenimento usurpou ao ensino; o “viver melhor” tem subido na mesa onde deveria ser servida a receita de morrer melhor. Perder a vida (natural) para receber a eterna.

“Aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma...? Mat 16;25 e 26

A busca pelo prazer onde deveríamos buscar vida; motivacionais insossos, onde deveríamos ser exortados ao arrependimento, tem desviado nossa atenção do que é vital; por desatentos, muitos vão morrendo super motivados e sujos, alheios ao Sangue que purifica. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos e nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

“... como uma luz que alumia em lugar escuro...”
Nada mais encontrável que uma luz, em ambiente escuro. Todavia, mais que nos fazer ver, a luz espiritual nos faz visíveis, nos expõe; normalmente as pessoas escolhem seus melhores ângulos, falsificam imagens, editando-as, para saírem “bem nas fotos”; recusam ser vistas como são. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Os desejos desses não é por salvação; antes, aprovação. Hoje, os obreiros já não são poucos, temos profetas para todos os gostos. Na mesma levado do mundo líquido, esses fazem parecer que A Rocha Eterna seria líquida também; que Deus mudaria ao sabor “progressista”. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

“... até que o dia amanheça...”
Figura de linguagem para discernimento espiritual, de quem amadurece na prática da justiça. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18 

“Justos” porque justificados pelos Méritos de Jesus Cristo. A falta das nossas justiças, a misericórdia Divina supriu com O Feito do Senhor Justiça Nossa.

“... A Estrela da Alva apareça em vossos corações.” Por fim, temos o “endereço” onde a escuridão grassa: Nossos corações. Como a estrela da alva é precursora do dia, assim Cristo, difunde Sua Luz, sobre aqueles que se lhe submetem. Ele Se autodefiniu assim: “... Eu Sou a raiz e a geração de Davi, a Resplandecente Estrela da manhã.” Apoc 22;16

Raiz porque É antes; É Eterno. Geração porque veio depois dele, na árvore genealógica de Davi, ao se fazer carne para nos remir.

Quem quiser, ainda pode beber da Água da Vida; nem todos os profetas são falsos; O Senhor reservou Seus “sete mil varões”. Entretanto, para cada “Elias” há uns quatrocentos de Baal.

Todo o falso profeta, por envernizado e modernético que pareça, é só fruto de uma reengenharia do capiroto, dizendo de novo, o mesmo; vós mesmos sabereis o bem e o mal.

Deus, O Único Bem Eterno, afirma: “... o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

sábado, 30 de julho de 2022

De costas pra vida


“Quando um homem for limpo, não estiver em viajem e deixar de celebrar a páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; porquanto não ofereceu a oferta do Senhor ao seu tempo determinado; esse homem levará seu pecado.” Núm 9;13

Duas situações permitiam não celebrar a páscoa; estar impuro, ou estar em viagem durante o período da mesma. Excetuando essas variáveis, deveria participar. A pena pela omissão seria a morte. Pois, invés de celebrar o memorial alusivo à libertação, preferiria virar as costas ao Eterno, em sinal de desprezo.

Tanto era grave participar estando fora do padrão, quanto, deixar de fazê-lo, sem motivo justo.

Isso dos que foram remidos da mão de Faraó; o que esse memorial lhes significava, libertação, Cristo significa para nós; Paulo exorta: “Alimpai-vos do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” I Cor 5;7

A celebração da Vitória de Cristo, como Ele mesmo ordenou, é a Santa Ceia; “... fazei isto em memória de Mim.” I Cor 11;24

A Palavra ensina que o serviço, rituais, ordenanças do antigo pacto eram tipos proféticos; “Sombras dos bens futuros”; a páscoa era uma “sombra” da Ceia. Não se trata de mudar as coisas, abandoná-las.

A revelação Divina é progressiva, conforme evolui a possibilidade do entendimento humano. Diverso do apregoado pela Teoria da Evolução, a criação é obra perfeita. Mas, a queda legou o domínio ao príncipe das trevas, aquele que cega entendimentos. O dano foi global.

O Criador enviou Seu Espírito atuando para reparar isso; “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em Seu Conhecimento o Espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18

Se, os entendimentos que foram gerados perfeitos careciam dessa “lente de aumento” é porque foram tornados obtusos pelo traíra. O que são os muitos deuses alternativos, os ídolos, senão, derivados de cegueira?

Àquelas “sombras” a Palavra chama de rudimentares; “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias, vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, não segundo Cristo;” Col 2;8

O Novo Testamento não traz uma “Evolução de Deus”; antes, evolução da revelação. Um tempo privilegiado, onde o que era promessa, profecia, se fez fato, é história. Cristo falou disso aos Seus ouvintes; “Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não viram; ouvir o que ouvis e não o ouviram.” Luc 10;24

Alguns equacionam erroneamente a era da graça, como um “upgrade” de Deus. “Aquele do Antigo Testamento era violento; Jesus É Amor” dizem. Tanto é assim, que o mero descumprimento do mandado de celebrar a páscoa redundaria em morte.

Cristo citou inúmeras vezes o Antigo Testamento e não fez reparo nenhum; exceto, interpretar o espírito dos mandamentos, o que tornou a coisa mais rigorosa ainda; “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos Digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo...” Mat 5;21 e 22 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos Digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mat 5;27 e 28 etc.

A Graça fez o que a Lei não podia; abrir a porta à Salvação pelo Sangue de Cristo. Os que cumpriam àquela e ofereciam sangue de animais quando pecavam, assinavam um “cheque sem fundos”; ficavam em “stand by” até que Cristo resolveu na Cruz. “Não aniquilo a Graça de Deus; porque, se a justiça provém da Lei, segue-se que Cristo morreu debalde.” Gál 2;21

Quem se atém a guardar o sábado, não comer determinados alimentos inda não entendeu O Sacerdócio de Cristo; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da Lei... desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” Heb 7;12 e 19

Como o espírito dos mandamentos visto a fundo aumenta o rigor, também o descaso com as coisas santas.

Só um imbecil com tendências suicidas acharia que, dado ser a era da graça temos licença para agir de modo profano. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Desprezar a Deus não requer punição com morte; quem assim age já está morto.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

No pé do ouvido


“Guarda teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.” Ecl 5;1

“Guardar o pé”, aqui, trata-se de uma metáfora; na verdade o alvo desse conselho deveria ser, guardar a língua, entrando na Casa de Deus; afinal, “chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos...”

Então, “Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu, sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos; a voz do tolo da multidão das palavras.” Vs 2 e 3

Quem fala demais dá bom dia a cavalo”, se diz. Tiago reiterou a ideia em sua epístola: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a Justiça de Deus.” Tg 1;19 e 20

Se, o mero falar é já desaconselhado a bem da prudência, o que dizer de se tomar O Santo Nome em vão? Basta sofrer uns minutos num grupo de “profetas” de WhatsApp para constatar duas coisas: “Deus” está loquaz como nunca, tagarela até; e fala apenas de coisas novas ao interesse do ímpio paladar, como se já tivesse cansado de Sua Santa e Eterna Palavra.

Há uma qualidade na arte de calar a boca que muitos precisam urgentemente conhecer; como advertiu Jó, aos que vociferavam sem nexo: “Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos médicos que não valem nada. Quem dera vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5 A plena liberdade de expressão estava garantida; mas, mentirosos encontravam seu real valor: “... médicos que não valem nada.”

Nossas falas compõem um memorial; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor Atentou e Ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor; para os que se lembraram do Seu Nome.” Mal 3;16

O Salvador advertiu da seriedade do falar; “Eu vos digo que, de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Tratando-se da Casa de Deus, um inconveniente mais; normalmente Ele Está falando lá, através de alguém escolhido. Se nas relações interpessoais é deseducado falarmos quando deveríamos ouvir, como seria na relação com O Eterno?

Na horizontal se diz: “Quando um burro fala o outro murcha as orelhas”. Pois, no caso do Divino Falar, o espanto foi que quem ouviu não morreu; “Ou se algum povo ouviu a Voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste e ficou vivo?” Deut 4;33

O Eterno falar, mesmo de modo indireto, através de alguém que O Represente, deve produzir edificação, crescimento. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Aos cristãos hebreus que não aproveitaram para aprender quando Deus lhes falou, coube dura reprimenda: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13

A Palavra de Deus não é para falar, simplesmente; é alimento; como tal deve ser comida; (meditada, praticada) “... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da Boca de Deus.” Mat 4;4

Normalmente, o falar corrobora valores abrigados no coração; esses moldam caminhos. Assim, o sentido do, “guarda teu pé” é: Pondera teus caminhos e não se apresse com as palavras.

Aqueles que aprendem a andar segundo o Divino pensar e o ensinam, “Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8 tais, tem seus caminhos avaliados de modo elogioso; “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus Reina!” Is 52;7

Enfim, tudo tem seu tempo devido; inclusive, calar. Sobretudo, quando Deus fala. “Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo; nenhuma delas é sem significação.” I Cor 14;10

Quando Deus Fala significa, no mínimo, duas coisas: Ele É O Deus Vivo; e deseja comunicar algo. “Quem tem ouvidos ouça!”

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Os incrédulos


“Rodearam-no, pois, os judeus e disseram-lhe: Até quando terás nossa alma suspensa? Se tu És O Cristo, dize-nos abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vos tenho dito e não credes. As obras que Faço, em Nome do Meu Pai, essas testificam de Mim.” Jo 10;24 e 25

O Senhor estaria fazendo suspense acerca de si mesmo? “se tu És O Cristo...” O “se” é inevitável em caso de dúvidas; mas, nos domínios da fé é a negação dela. Esse “prefácio” traz o carimbo com o selo da descrença. “Já vos tenho dito e não credes.”

Quando O Salvador andou sobre as águas, a reação dos discípulos fora de medo. Sabedor disso O Senhor tranquilizou-os: “Não temais, Sou Eu”. Então, o intrépido Pedro mostrou sua “fé”; “Respondeu-lhe Pedro: Senhor, se És Tu, manda-me ir ter Contigo por cima das águas.” Mat 14;28

O Senhor disse: “Vem”; ele deu alguns passos. Todavia, começou afundar e rogou auxílio; depois ouviu: “... Homem de pouca fé, por que duvidaste?" Embora o texto mencione que ele se assustou com ventos fortes, ele não duvidou depois de estar andando sobre as águas; o fez antes, ao usar o “se” quando O Senhor se identificara; “se És Tu...”

Jesus não apenas dissera claramente em Seus Ensinos, quem Era, como, a todo momento apresentava “testemunhas” que confirmavam: “As Obras que Faço em Nome de Meu Pai, essas testificam de Mim.”

Quem desejar se lavar com água suja sempre terá um recipiente cuidadosamente preparado pelo inimigo; esse ilusionista perito na arte de fazer parecer coisas, ao seu bel prazer, ante os olhos que ofusca, enquanto desvia a atenção. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é A Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Não devemos gastar muito latim com gente ruim de ouvidos e rápida de lábios; “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca; estando já, em si mesmo, condenado.” Tt 3;10 e 11

Pela incredulidade daqueles, a “culpa” era do Salvador que não estava sendo suficientemente claro; quando, O Criador falou desde os Céus, à ressurreição de Lázaro, disseram os incrédulos que fora um trovão; quando Jesus curara um cego de nascença acusaram de agir pelo poder maligno; a incredulidade sempre tem um “argumento” para desfazer dos fatos que apontam para a vereda da fé.

Nos caminhos da filosofia, onde a verdade deve ser descoberta paulatinamente, fruto de uma investigação séria, o processo comporta toda sorte de dúvidas honestas, questionamentos; no caso da verdade revelada, a dúvida deixa de ser uma faceta plausível e joga na oposição.

Como essa “oponente”, a verdade, é imbatível “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8 resta aos incrédulos lançarem mão da desonestidade intelectual; transferência de culpa, perversão dos fatos, atribuição gratuita de motivos no fajuto exercício dos sofismas.

Isso só confirma que, a barreira à salvação é na área da vontade, não do entendimento. Quando homens maus entendem que Deus os ama, mas chama-os a uma mudança de vida, arrependimento para que andem Consigo, incapazes de ousar esse passo, dado que reféns da maldade, produzem toda sorte de monstrengos “lógicos” segundo artifícios que vimos; recusam a produzir a única coisa que os levaria rumo à salvação; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8

A Palavra não desculpa quem se recusa a aceder ao que foi revelado. Deixa patente quem Jesus É: “O Qual, sendo o Resplendor da Sua Glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa..." (de Deus); pontua também como reagiram à revelação os incrédulos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou... Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;19 e 21

Eles não tinham razões lógicas para descrer, como pretendiam encenar; optaram pelas trevas, no lado oposto aos apontes do próprio bom senso; “seu coração insensato se obscureceu.”

Pois, diferente da luz física, a espiritual demanda andar conforme; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

A incredulidade como ponto de partida tende a afundar seus passageiros na via das trevas; os que creem são justificados em Cristo, reputados justos; tendo enxergado o básico para iniciar a peregrinação, são enriquecidos cada dia; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Doces vigaristas


“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem ao nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” Rom 16;17 e 18

Pessoas infiltradas com pretextos espirituais para enganar aos descuidados em busca do interesse próprio. Seu meio de convencer: Lisonjas. Nada mais facilmente manipulável que um consumidor de bajulações.

Isso foi cantado em prosa e verso numa antiga canção: “... mente pra mim, mas diz coisas bonitas...” (Agnaldo Timóteo) Danem-se os valores! Viva as sensações, mesmo enganosas! Ocorre-me uma quadra de Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado e vais contente de o ter; que importa o falsificado, se é verdadeiro o prazer?”

Desde sempre, A Palavra de Deus denuncia a aversão a ela pelos ímpios; “Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” Is 30;10 e 11 

Hoje basta compartilhar, “receber” digitar “amém”, para a coisa acontecer; o engano, claro!

Demandas do Santo exigem temor, reverência; enquanto as falas doces dos bajuladores fazem os maus se sentirem bons, merecedores.

Por isso, frontal rejeição ao Salvador; pela forma transparente que as almas ficavam ante Ele; não queriam que fosse assim. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

As redes sociais trazem miríades de patifes com pretensões de profetas, mestres na arte de fazer parecer que O Todo Poderoso, O Santíssimo, está ao alcance dos desejos mais rasos e sucumbe aos ridículos truques desses vigaristas espirituais.

Traficantes de mentiras alimentando uma geração majoritariamente viciada em engano, incauta, traidora de si mesma.

Sobriedade reverente, invés da “doçura” irresponsável foi sinalizada desde dias antigos. “Nenhuma oferta de alimentos que oferecerdes ao Senhor se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao Senhor... Todas tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da Aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2;11 e 13

O mandado ao homem após a queda foi: “Do suor do teu rosto comerás teu pão;” no entanto, esses salafrários avessos ao trabalho ressignificam como fosse: “Das falácias e artimanhas, produzirás teu alimento.”

O Espírito Santo entre nós veio pra mostrar um monte de coisas duras, mas verdadeiras; “Quando Ele Vier, Convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque Vou para Meu Pai e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

A mensagem que visa convencer do pecado não apela ao sabor; mas, à verdade. Quem não aprender a lidar com ela, nem gaste seu tempo com as demais facetas da Obra de Deus; “Porque do Céu se manifesta a Ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” Rom 1;18 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

Por mais ornamentada que seja, em seu desfile; agradável ao “skanner” do paladar, a lisonja não passa duma mentira envernizada; um frasco de veneno com vistoso rótulo de mel.

Dizem que a mentira circunda o planeta, antes que a verdade consiga vestir as calças. Uma hipérbole bem humorada que realça esse paladar estragado da humanidade, apressado, 
sequioso por enganos e refratário à verdade.

A mentira é grave em qualquer circunstância; mas, quando desfila em paragens religiosas é mais; torna-se profana. Ao bajulador assim, não basta sujar as mãos no carvão das próprias misérias; também precisa sujar O Nome Santo.

“Mas ao ímpio Diz Deus: Que fazes tu em recitar os Meus Estatutos, e em tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção e lanças Minhas Palavras para detrás de ti?” Sal 50;16 e 17

Nada errado com as boas sensações, os elogios verazes. Mas, ao homem prudente deve contar mais a chegada que a travessia; digo, onde determinado caminho leva, mais que eventual facilidade que se assanhe propondo atenuar a caminhada; pois, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

domingo, 24 de julho de 2022

A tosca verdade


“Começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava dizendo: Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida.” Jn 3;4

Normalmente uma pregação começava com um sonoro, “arrependei-vos!” um convite à mudança de vida.

Contudo, a pregação de Jonas não era uma escolha sua sobre o modo de pregar; mas, estrita obediência ao que ouvira do Próprio Senhor, “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e prega contra ela a mensagem que Eu te Digo.” v 2 Invés de um convite ao arrependimento acenava com um severo e cabal juízo: “... quarenta dias e Nínive será subvertida.”

Subverter significa; “virar de baixo para cima, agitar, revolucionar, revirar, desestabilizar, devastar...” nada parecido com um convite à conversão. Assim, a mensagem significava: Mais quarenta dias para vocês e fim de papo.

No jargão dos crentes suscetíveis da atualidade, que fundem sentimentalismo com amor, se diria que Jonas pregara sem amor.

Deveria ter decorado um agradável ambiente à meia-luz, colocado uma suave trilha sonora ao gosto da sonolência espiritual, e assegurado que aquele povo, malgrado suas barbáries e impurezas, era o favorito do Senhor, como fazem os “coachs” da atualidade.

Todavia, apesar do modo tosco e da dura mensagem do desajeitado pregador, “Os homens de Nínive creram em Deus; proclamaram um jejum e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.” v 5

Ele não fora chamado para ser amoroso; seu sentimento em relação aos bárbaros assírios era bem diverso; mas, fora fiel, veraz; era isso que Deus desejava que ele fosse. A Bíblia ensina que O Espírito Santo capacita mediante dons, cada um, para o que for útil. Naquele caso, a utilidade prescindia de ornamentos.

Quem pensa que um profeta tem que ser agradável ao falar, e, necessariamente, operador de sinais, precisa ler com mais atenção o que se disse daquele que, segundo O Salvador, foi o maior de todos, João Batista: “Muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste era verdade.” Jo 10;41 Tudo quanto disse de Jesus e da “raça de víboras”, também.

De um profeta não se requer que seja milagreiro, nem um retórico hábil; antes, que seja verdadeiro; que represente a Quem o comissionou com lealdade.

No fundo temos um entendimento apurado sobre as maldades que fazemos; “um pingo é letra para quem sabe ler,” como se diz. Não foi preciso que o profeta do Altíssimo dissesse qual o motivo de tão severa ameaça. O povo sabia que agia de modo perverso; seus pecados, enfim, geraram um “boleto” que deveria ser pago em quarenta dias.

Numa esperança não prometida na mensagem, de que, se houvesse arrependimento poderiam alcançar perdão, arrependeram-se mesmo assim. Talvez, numa escolha lógica; pois, nada tinham a perder fundando suas esperanças na misericórdia; quiçá, teriam a ganhar; como, deveras, ganharam. Ninguém que se lança arrependido sobre a Misericórdia Divina cai no vazio.

Contudo, quando alguém banca o desentendido, ofendido, melindrado pela mensagem de arrependimento que ouve, o problema geralmente não está na mensagem, nem no portador; mas, no ouvinte que desejaria ser agradado invés de confrontado. Nos dias de Cristo foi assim: “Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram de mau grado, fecharam seus olhos; Para que não vejam, ouvidos para que não ouçam, compreendam com o coração, se convertam e Eu os cure.” Mat 13;15

Usamos toda sorte de linguagem; metáforas, alegorias, símiles, parábolas, ironia e facilmente entendemos a piada, a crítica, o conceito filosófico, a “moral da história”, como se diz. Entretanto, em se tratando de ensinos que nos desafiam a uma mudança, um ajuste de posturas segundo Deus, aí dizemos que a Bíblia é um livro difícil de entender, que cada um interpreta como quer, há tantos credos dissonantes, etc.

A conclusão que esses traidores de si mesmos, cegados pela própria hipocrisia pretendem pavimentar é que, não têm culpa pelos seus erros; pois, Deus não teria sido claro o bastante.

Os ninivitas viveram uns três mil anos antes de nós e não tiveram esse problema; ante uma mensagem sisuda, severa, presto entenderam e mudaram. Isso tocou o Coração de Deus, que suspendeu o juízo prometido, dada a mudança coletiva daquele povo.

Jesus usou o exemplo deles contra os “desentendidos” dos Seus dias: “Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E está aqui Quem É mais que Jonas.” Mat 12;41

Que a Bíblia é difícil não há dúvidas: “Lendo a Palavra de Deus encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho

Mas, o sacrifício Inocente em prol de perversos, para legar-lhes, a “fonte da eterna juventude” trazendo-os da morte para vida deveria ser fácil?

sábado, 23 de julho de 2022

Desobediência é para os fracos


“Guardai todos os mandamentos que Eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, entreis e ocupeis a terra que passais a possuir;” Deut 11;8

A ideia vulgar de obediência é que, a devemos porque, quem manda a deseja; “manda quem pode, obedece quem precisa;” em se tratando das relações interpessoais é assim. Porém, a obediência a Deus é requerida em benefício do próprio obediente; “... para que sejais fortes...”

Agrada a ideia de ser protegido, ter um confiável amparo; não importa se, ancorado na própria força do braço, em amizades influentes, no poder econômico; ou, no caso dos servos, em Deus.

Quem renuncia ao Santo por confiar em si mesmo é maldito; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Fraco é o que preenche a lacuna espiritual da alma adorando futilidades, invés de adorar ao Deus Vivo; “... deste louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está tua vida, de Quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dn 5;23

Belsazar, alvo dessas palavras, não apenas foi enfraquecido por sua idolatria e profanação; foi morto na mesma noite em que Daniel lhe falou.

Nada errado com a força em si; mas, quando deriva de egoísmo, engano, injustiça, acaba sendo apenas um simulacro da fraqueza; se as origens não forem puras, os motivos honestos, por forte que seja determinada empresa, fatalmente ruirá; “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Retidão e obediência estão para a força espiritual, como respiração e músculos para a força física. Quando Paulo preceituou a Timóteo que ele tornasse um “sarado” o encaminhou à “Academia do Espírito.” “... exercita-te em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Escrevendo aos efésios ampliou: “... fortalecei-vos no Senhor, na força do Seu Poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” Ef 6;10 e 11

Astúcia é uma arma do inimigo; discernimento é o Escudo do Espírito a nos defender.

Cristo resistiu ao tentador em três ataques quando jejuou no deserto; depois, em Seu Ministério o expulsou, quando oportuno, das vidas de terceiros. O mesmo deveria se dar conosco; depois de resistirmos ao inimigo em nós mesmos mediante suas tentações, receberemos autoridade para exorcizá-lo de outros. Uma faceta mais, da força pela obediência.

Uma coisa que até um cego curado por Jesus sabia, muitos parecem ignorar; “Nós sabemos que Deus não ouve a pecadores (desobedientes); mas, se alguém é temente a Deus, faz Sua Vontade, a esse ouve.” Jo 9;31

Circulam nas redes as tais de “orações poderosas” que, a rigor, não podem nada. Se uma oração tivesse poder em si mesma tornar-se-ia um ídolo; um substituto para Deus. Quem tem poder É Ele. O que faz a eficácia de uma oração é que Ele aceite a vida que está orando, não um grupelho de “palavra mágicas”. “... meu servo Jó orará por vós; porque a ele Aceitarei...” Jó 42;8 Pois, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

O mesmo Tiago ensinara que orações egoístas são rejeitadas; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Cap 4;3

Mediante Jeremias O Senhor ensina: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender e Me conhecer, que Eu Sou O Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jr 9;23 e 24

Um modo de vida em dependência e submissão alegra ao Senhor, e aos que estão em comunhão com Ele também; “... este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a Alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8;10

Aos olhos dos ímpios, obediência parece um sinal de fraqueza. Se pudessem ver tudo o que está em jogo refariam seus pensamentos; pois obedecendo ao mais fraco, como fazem, se revelam também frágeis; “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...? Rom 6;16

A força do inimigo é a do espantalho; reside na ignorância das aves. “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Racionais sem Razão


“Quanto ao trato dos homens, pela Palavra dos Teus Lábios me guardei das veredas do destruidor” Sal 17;4

O contexto imediato esclarece que a Palavra citada é a de Deus. Uma barreira protetora; mas, o fato mais alarmante nesse verso é que nosso trato com os homens é uma ameaça que nos pode levar às veredas da destruição.

Assim como a difusão do Evangelho ocorre mediante homens que temem a Deus, os caminhos do destruidor vêm até nós através de outros que se identificam com o maligno em sua desobediência.

“Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis... ?” Rom 6;16

O fato de o homem ser inteligente, capaz de fazer uso da razão, não significa que agirá necessariamente desse modo. Isaías apresentou a uns, inferiorizados ante os animais; “O boi conhece seu possuidor; o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, Meu povo não entende.” Is 1;3

Na escravidão voluntária ao pecado, o homem se dobra à vontade; e entre o que sabe e o que quer, acaba capitulando a esse, embora sabendo que labora em erro.

O conhecimento de Deus, essa dádiva tão nobre e vital foi desprezada por homens de vontade enferma, em consórcio suicida com a oposição. “Porque do Céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;18 a 21

Embora os ímpios opositores da fé tentem taxá-la de obscurantista, são eles os reféns de corações obscuros; pois, a Luz de Cristo para os tais é luminosa demais; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

Como um abismo chama outro, os que se recusaram a crer e mudar de vida, embora entendendo claramente as implicações, ganharam um “upgrade” na escuridão, por obra do inimigo que, deles finge ser amigo. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

A luz espiritual não é uma placa em neon, em lugar fixo, a anunciar determinado comércio, instituição, produto... é um desafio a caminharmos doravante, segundo Deus. Só assim fruiremos a eficácia do que Cristo Fez por nós; “Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz Está, temos comunhão uns com os outros e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

Assim, no trato com homens, amigos até, se nossas decisões não forem alinhadas aos valores Divinos expressos na Sua Palavra, cairemos na insensatez que sermos cordatos, agradáveis, mais que verdadeiros, e deixaremos a vereda da vida, pelos descaminhos do destruidor.

À medida que o mundo “evolui” tende a se afastar cada vez mais do Criador. Então, os que seguirem leais a Ele, segundo as “veredas antigas” estarão expostos a escárnios, perseguições, motejos vários.

O Salvador preveniu aos Seus: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos Escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que seu Senhor. Se a mim perseguiram, também perseguirão a vós; se guardaram Minha Palavra, também guardarão a vossa.” Jo 15;19 e 20

Para os “racionais” reféns dos instintos, a meta é seguir o som do berrante, junto à manada; a razão submissa ao Espírito nos leva a romper com o “modus vivendi” mundano, em busca da Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

quinta-feira, 21 de julho de 2022

De todo coração



“Ouve tu, filho meu e sê sábio; dirige no caminho o teu coração.” Prov 23;19

A ideia vulgar é nossos corações nos dirigirem; primeiro nos levam a desejar algo; depois, empreender esforços vários em busca de tal desejo.

No entanto, vemos o ensino de que podemos ser “motoristas” dos nossos corações. “... dirige no caminho o teu coração.” Se ele é, como defende a maioria dos pensadores, o centro de nossa personalidade, depósito de conhecimento, experiências, habitat de pensamentos, emoções e vontades, não seria natural que fosse ele o dirigente das nossas ações?

Jeremias o descreve assim: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, não deriva da prudência que entreguemos o leme das nossas vidas a um piloto enganoso e perverso.

Paulo apresentou uma duplicidade em conflito dentro da mesma pessoa: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;14 a 17

Se esse indesejável habitante o força a fazer o que não quer, então, o escraviza.

Adiante ele pede socorro, livramento, por identificar a morte pulsando no próprio corpo: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” v 24 A resposta que ele mesmo alcançou preceitua a mortificação dessa influência nefasta. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo...” Rom 12;1
A renúncia de si mesmo em obediência, que O Salvador chamou de “jugo”.

O brado de vitória não veio derivado do coração, mas de Deus; “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” v 25

Depois, a conclusão da “inocência” dos seguidores do Bom Pastor: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito. Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Os que foram regenerados Nele, não seguem mais ao próprio coração; antes, são desafiados à novidade de vida; não esqueçamos que a exortação inicial prescrevia dirigirmos “no caminho” nossos corações; Jesus Ensina: “... Eu Sou O Caminho...” Jo 14;6

Nesse caso, “dirigir” é se deixar conduzir, andar após O Caminho; “Quando tira para fora Suas ovelhas, Vai adiante delas; as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4

Então, nosso desafio é pautarmos o viver segundo o Coração de Deus; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

O precursor do Salvador, João Batista, deveria “preparar o caminho do Senhor...” Is 40;3 Diferente dos caminhos pedregosos e empoeirados onde andou, referia-se ao coração humano que deveria deixar de confiar em si mesmo, para ser fortalecido no Senhor. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Dizem que as aparências enganam; contudo, é o coração que se engana. As aparências não passam de iscas forjadas em prol do engano. Logo o primeiro passo na vereda do discernimento é reconhecer as próprias inclinações más a pulsar dentro de nós; essas nos apressam em busca do favorável, apetitoso, confortável, prazeroso, lucrativo, antes do justo, do verdadeiro.

Quem aprende andar segundo Deus, não coloca vantagens adiante de valores; antes, suporta reveses firmado no que o espera; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;10

Quando ouço certo “missionário” exortando pessoas a fazer apenas o que “sentirem no coração” me pergunto: De onde ele tirou isso? A Palavra até faz uma concessão aos jovens de modo irônico, depois os situa: “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te Trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

A purificação desejável, a santificação, bebe de outra fonte mais profunda que nossos corações superficiais; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Demócrito defendia que “bondade se aprende”; pois, nossos corações maus, acostumados aos próprios descaminhos precisam aprender de Cristo. Um coração regenerado deixará de ser enganoso e perverso; alegrar-se-á na justiça; “A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Sal 97;11
Gosto
Comentar
Partilhar

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Discernimento; dom e busca


“... a outro o dom de discernir espíritos;” I Cor 12;10

O discernimento espiritual é um dom; também, uma característica de quem se exercita espiritualmente; esse atinge certa maturidade; junto com ela, a percepção melhora.

O Espírito Santo pode dar isso de modo imediato para quem lhe aprouver; mas, a vida espiritual obediente traz consigo alguns “efeitos colaterais”; “O que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15 “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa...” I Tim 4;8 “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Exortando à necessária edificação, Paulo ensinou que a mesma protege dos enganadores: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

A melhor maneira de identificar uma cédula falsa é conhecer bem a verdadeira; assim, o discernimento requer de quem o busca, que conheça à Palavra de Deus. O falso não pode ser rejeitado como tal, senão à luz do verdadeiro.

Podemos descartar como erro, qualquer ensino, doutrina, que se oponha à verdade revelada, seja espúrio a ela com pretensões espirituais, acrescente ou suprima, porções da mesma.

Alguns fogem de tomar posição ante os ataques que a fé sofre, mediante ações de falsificadores infiltrados, a pretexto de “evitar polêmica”; os veros servos de Deus veem em cada tentativa de perversão do entendimento, um desafio, ao qual não se acovardarão; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Não se trata de um espírito possuindo um ministro ao seu serviço; antes, influenciando sua maneira de pensar, sutilmente parecido com os cristãos, mas diferente em questões vitais. O falso precisa alguma semelhança com o verdadeiro ao qual anseia usurpar.

Pelo Espírito Santo habitar-nos também deveria requerer de nós, discernimento; não deve ser sem motivo, que a Palavra nos exorta a não O entristecermos: “Não entristeçais O Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Ef 4;30

O fato de O podermos entristecer deriva do nosso direito de escolha preservado. Seremos por Ele capacitados quando, em direção à virtude; acusados na consciência, se optarmos pelo vício; nunca seremos marionetes; sempre teremos iniciativa das ações. Embora isso seja assustador, dada a nossa insignificância, é assim; dado O Amor Divino que preza a liberdade.

Cada vez que, mesmo habitados pelo Santo agimos como se não fôssemos, com disposição espiritual diversa, O entristecemos; apóstolos de Jesus foram exortados quanto a isso, pelo Senhor: “Voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que Espírito sois.” Luc 9;55

Não necessariamente um espírito; nossa própria inclinação natural (carne) tomando o lugar Dele também obra sem discernimento; “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” Gál 3;3

Isso reitera o que dissera Jeremias, com outras palavras: “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Então, quem anseia uma vida em paz, verdade, sem entristecer ao Espírito Santo, ande em espírito. Através da consciência sempre nos iluminará sobre nossas pretendidas atitudes. Silenciará quando aprovar; açoitará, quando não. Um pregador puritano chamado Samuel Bolton disse: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Isaías ampliou a ideia: “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Tendemos a duas coisas vãs; uma nociva, outra imprudente. A primeira nos dá olhos de águias para os erros dos outros e de toupeiras para com os nossos; a imprudência enche nossos alforjes de pedras para afastar os que pretendem “cuidar de nossas vidas”; enquanto nós também não cuidamos.

Nosso esconderijo fugaz sempre pressupõe um “amanhã” quando pensaremos nos problemas atuais e um agora, para agir sem pensar, medir as consequências. - Paro de fazer isso quando eu quiser - mas “quando” nunca chega.

É preciso intrepidez, amor a Deus e amor próprio, para resistir que nossas almas apodreçam, porque o mundo ao nosso redor se decompõe veloz.

Os relapsos no preparo, estudo, costumam dizer que “Deus Usa uma mula quando Quer.” A mula foi o “Plano B”; antes Fez saber Sua Vontade ao profeta. O Poder inefável do Eterno não justifica nossa preguiça.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Veneno da mentira

“Viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu e deu também a seu marido; ele comeu com ela.” Gn 3;6

Esse “novo olhar” olhar da mulher sobre a árvore proibida só aconteceu depois de ouvir ela, uma “segunda opinião;” Deus dissera: “... De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Cap 2;16 e 17

No entanto a serpente trouxe “outra visão”; “Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão vossos olhos e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;4 e 5

Assim, não apenas O Santo teria mentido, mas distorcido os motivos do veto, por não querer que o homem soubesse sobre o bem e o mal.

Como eram as demais árvores ao redor? “O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida...” Cap 2;9

Portanto, as qualidades de ser boa para comer e agradável à vista, não faziam a referida árvore mais apetecível que as demais. Qual era o fato novo então, o pulo do gato que seduziu à mulher? Depois da intromissão maligna a planta foi vista como “... desejável para dar entendimento...” Desejou o “upgrade” oferecido pela serpente porque acreditou nisso. Natural concluir que acreditou também na promessa de não morrer; assim, a primeira mulher, depois seu marido, acreditaram em Satã, mais que em Deus; na criatura invés do Criador.

Salomão ensinou que a retidão original se perdeu por ter o homem buscado invenções, astúcias; “... Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29

Desgraçadamente, o prazer pela novidade tem sido mais forte que a prudência, e feito muitos deixarem veredas sadias, confirmadas, em troca de doutrinas que derivam do pai da mentira, não do Pai das Luzes.

Nunca a possibilidade se perder foi tão vasta como agora. Paulo anteviu a apostasia atual; “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3

A comichão nos ouvidos deriva de algum “toque” que a desperte, como aconteceu com Eva; tinha a Palavra de Deus, categórica, cabal; mas, não resistiu a uma nova “profecia” que negava o juízo e acenava com proezas mais altas.

Em muitos lugares e tempos, não foi possível escolher qual versão do Evangelho abraçar; eram raros os pregadores e reduzido o alcance; de modo que, poder escolher mestres de acordo com as inclinações de cada um, só é possível nos dias atuais; onde, com o avanço tecnológico, saltitam mestres para todos os gostos. Poucos ao Gosto de Deus, infelizmente.

Não importa o que o canhoto diz; via serpente, disfarçado de anjo de luz, envergando A Bíblia com pose de pregador, pretextando falar em Nome do Altíssimo. Se o teor de seus ensinos propõe novidades, por melhores que essas soem, são mentiras. “O céu e a terra passarão, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Mt 24;35 “Jesus Cristo é o Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8 “Porque Eu, O Senhor, não mudo...” Ml 3;6

Então, mesmo que eventual nova doutrina pareça “desejável para dar entendimento”, é apenas a velha mentira de roupas novas. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16

Embora se diga que, quem não aprende com a história tende a repeti-la, a maioria reitera erros repisados ao longo dos anos. O agradável toma o lugar do veraz; adultos portando-se como crianças traem a si mesmos para própria perdição.

Não sendo criador de nada, exceto, da mentira, o usurpador nada pode oferecer de verídico, que permaneça além da vida. Nesse mundo que lhe obedece até logra posses materiais, postos de comando, para alguns que com ele pactuam; de que servirão essas coisas na hora da verdade, do juízo?

Os chamados pelo Senhor são desafiados a não temer nem à morte, muito menos, capitular ao engano das riquezas, poder; "... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12;4 e 5



“Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.” Mahatma Gandhi

domingo, 17 de julho de 2022

Corações sábios


“Tenho posto com ele, Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã; Tenho dado sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo que te Tenho ordenado.” Ex 31;6

A planta do Tabernáculo com seus utensílios fora detalhada a Moisés; então, O Senhor apontara pelo nome a dois artífices capacitados e escolhidos por Ele. Bezalel e Aoliabe.

“Tenho dado sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis...” havia habilidade natural nos artesãos escolhidos; mas, um dom natural a serviço de um coração mau acaba descambando em inutilidade, em pecado. Por isso, além da destreza das mãos, O Eterno requer um coração alinhado ao Dele.

Além dos meios, a habilidade, contam os fins, o propósito. Que valeria a mais esmerada destreza nas mãos de um de coração idólatra, rebelde, que usaria tal talento para forjar uma imagem espúria, que desviaria ao povo do Deus Vivo? Certamente quem moldara ao Bezerro de ouro era hábil; qual o fruto? Milhares de mortes derivadas da desobediência que sua arte ajudou a ornamentar.

Quando falamos “coração”, nesse caso, não nos referimos ao órgão estritamente. Trata-se do centro da personalidade humana; a soma dos pensamentos, emoções e vontades perfazem o que chamamos coração. Normalmente os primeiros dão origem aos demais; os pensamentos forjam emoções e oferecem “matéria prima” sobre a qual nossa vontade arbitra.

Por isso, para que nosso coração se torne, “segundo o Coração de Deus”, como disse de Davi, o primeiro passo é que nossos pensamentos sejam deixados, em prol dos Dele.

“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Na Nova Aliança, cada um é chamado a ser artífice da própria edificação para “tabernáculo” de Deus; “Chegando-vos para Ele, Pedra Viva, reprovada na verdade, pelos homens, mas para com Deus Eleita e Preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;4 e 5

Não apenas para oferecermos “sacrifício vivo”, mas, para sermos habitação do Senhor; “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai o amará; Viremos para ele, e Faremos nele morada.” Jo 14;23

Nossas habilidades naturais respeitam à capacidade de raciocinar, entender, fazer escolhas; precisamos, como os artífices aqueles, sermos feitos sábios de coração para devida edificação.

Não é um dom a ser recebido de vez; antes, um crescente processo, que demanda nossa participação; depois de recebermos a Cristo e Nele a vida, devemos nos esforçar no aprendizado, para que nossos corações sejam aperfeiçoados. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores; querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

Não mais uma tenda; Deus Opera para edificar pessoas.

Ainda, as habilidades naturais, de raciocínio, aprendizado, inteligência se revelarão inúteis, se o coração que as anima estiver alienado de Deus. Quantas mentes mui hábeis e mortas, erram nas trevas; negam a existência do Criador, embora evidente pelas Suas Obras?

O lapso não costuma ser intelectual, mas volitivo. O que a mente entende a vontade se recusa a abraçar, por rebeldia. “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus...” Rom 1;19 a 21

Em se tratando de obreiros, ainda deveria ser a escolha, estritamente do Senhor, como foi nos dias de Moisés. Todavia, no aspecto da salvação, o convite é abrangente; “Vinde a Mim todos...” Mat 11;28

Uma vontade submissa é a “habilidade” indispensável para quem deseja servir e ser habitado por Deus. “Já estou crucificado com Cristo; vivo, não mais eu, mas Cristo Vive em mim; a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e entregou a si mesmo por mim.” Gál 2;20

Deus dá os “materiais de construção”; edificar sobre a areia, ou sobre a Rocha é uma escolha que nos cabe. Os vendavais virão a despeito de nossas vontades. Quem edificou Nele, nada precisa temer; “Deus é nosso refúgio e fortaleza...” Sal 46

sábado, 16 de julho de 2022

As muletas do mal


“Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a Lei;” Atos 6;13

Já estavam decididos a se livrar de Estêvão e tinham poder para isso; por que precisavam dessa encenação? Que a execução derivaria do zelo por Deus, contra um homem mau?

Se, a verdade pode se expor nua e crua, a inveja é como o Fantasma da Ópera; só mascarada consegue sair à luz.

Ampliemos: Enquanto o bem pode desfilar sozinho, sem nenhum aparato da oposição a justificá-lo, o mal, em seu estado puro não se atreve a sair às ruas. 

Os grandes patifes e as bisonhas injustiças que tanto acontecem sempre desfilam apoiados em alguma muleta de pretensa justiça, para não se estatelarem no chão.

Os Titãs da corrupção nunca dizem que querem voltar a governar para seguir agigantando-se no que são peritos; roubar. Antes, pleiteiam governar porque o povo está abandonado, com pouca comina na mesa, o gás está caro, gasolina idem, nosso país precisa se desenvolver...

Patifarias oriundas daqueles que deveriam fazer justiça, sempre assomam em “defesa da democracia” das “instituições”; temos uma proteção jamais pensada, contra notícias falsas. Sempre estivemos expostos à falsidade; o antídoto a isso costumava ser discernimento, prudência, maturidade. Agora já podemos seguir psiquicamente infantis; o STF cuidará de tudo para nós. Ai que quem intentar nos mentir exceto, eles e seus protegidos.

O mal por ser a usurpação de um espaço alheio precisa das referências de quem usurpa. Quando seu criador vendeu o peixe ao primeiro casal, não disse: Desobedeçam, comam do fruto proibido e sereis como eu; antes, “Sereis como Deus”. Sabendo-se desprezível, fez suas vítimas olharem para algo que parecia desejável. Embora, no que era possível ser como Deus, o casal Edênico já o era; Imagem e Semelhança. A arte de criar problemas para vender “soluções” é bem antiga.

Homens e anjos foram “programados” para a prática do bem; nenhum aceitaria o mal sem algo do bem misturado às propostas, mesmo que seja mentira, como sempre é.

Qualquer estudante de direito saberia dar sentenças de acordo com nossa Constituição. No entanto, a maioria dos “doutos de notável saber” discursam duas horas para proferir seus “votos”; rebuscam-se de precedentes forjados, cotejando leis de outros países até, para, no final se seu contorcionismo jurídico/retórico, esposarem um monstrengo inconstitucional.

Sobre liberdade de expressão, isonomia, harmonia independente entre poderes, etc. Além das vestes alinhadas próprias de homens ricamente assalariados, usam um roupão solene sobre as mesmas, a toga; numa encenação de reverência e imparcialidade; entretanto, apesar dessas vestes conseguem aparecer obscenos; pois, as almas justas vestem-se de dignidade, coerência, respeito, não com amontoados de pano.

Na acusação contra Estêvão, se lhe permitiu a defesa. Seu discurso foi uma pérola de conhecimento das Escrituras, então existentes, O Velho Testamento; dos feitos de Cristo e contra Ele. Por acaso algum dos acusadores apresentou uma prova só, de algo inverídico que ele dissera? Não. Então, por que foi condenado?

Porque no império da mentira a verdade é uma ameaça; a Luz é uma penetra indesejável, uma desmancha-prazeres a incomodar. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 De novo o mal precisando de algo do bem; agora, aprovação social.

“Ouvindo eles isto, (a defesa de Estêvão) enfureciam-se em seus corações, rangiam os dentes contra ele.” v 54 

Como a verdade desconforta quem vive na mentira! Furiosos, rangendo dentes partiram para a “justiça”.

Quando gente decente precisa fazer justiça, geralmente o faz compungida, meio lamentando por um ser humano carecer sofrer execução; onde vige pena de morte se dá direito às últimas falas do condenado; quiçá, uma chance ao arrependimento para salvação.

Quem faz “justiça” como aqueles, babando ódio, não conhece a justiça. Apenas vinga-se barbaramente de alguém que ousou expor seu insano modo de vida; tá pensando o quê?

Os servos de Deus entendem que serão perseguidos, O Senhor os preveniu; e não será porque agirão de modo injusto; antes, o oposto disso; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça...” Mat 5;10

O pai da mentira tomará o planeta por uns dias; Deus permitirá. Nuances da sua “justiça” já fazem um mosaico sobre a terra; “Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece...” Is 59;14 e 15

Breve nada valerão nossas defesas; nossos méritos serão nossas culpas. Quem amar aplausos, aceitação, mais que à verdade e a Deus, perecerá. Mas, “Em Deus faremos proezas, pois ele calcará aos pés os nossos inimigos.” Sal 108;13