sexta-feira, 8 de julho de 2022

Exercício espiritual

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, chegando a homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11
Basta vermos o contexto imediato para entendermos que, as “coisas de menino” eram derivadas da satisfação pela posse de dons, privados do concurso do amor. “Ainda que eu tivesse todos os dons, se me faltasse o amor, nada seria”.
Um dom espiritual na perspectiva correta não passa de uma ferramenta; não é um fim em si; mas, o que se pode e deve produzir com ele é o alvo do Eterno. Dons não são legados para diversão, exaltação carnal, disputas; “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12;7
Geralmente, meninos, distraem-se com seus novos “brinquedos” (dons); acabam negligentes na ocupação de ouvir; como se, eventual dom recebido os guindasse a um patamar de onde nada mais precisassem; sobejos a dar, segundo a dom recebido. Ora, a intimidade com O Senhor não tolhe nossos ouvidos, antes, treina-os; “... as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4
O individualismo desafina do corpo, no qual estamos inseridos; “... nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;20 e 21 Se, O Espírito Santo, Legítimo intérprete das Escrituras dá dons conforme lhe parece útil, óbvio que, Ele Decide a quem, quando e para quê.
A Palavra adverte sobre maus ouvintes com várias figuras; a casa na areia; “aquele que ouve estas minhas palavras e não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia;” Mat 7;26 semente sobre pedras; “... parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante; logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol, queimou-se, secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13;5 e 6 o que se contempla e não muda; “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla, vai-se e logo se esquece de como era.” Tg 1;23 e 24 etc.
A Epístola aos Hebreus adverte alguns assim: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13
Nada de errado com o leite; mas, é um alimento de recém nascidos; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2
Quem se faz diligente no ouvir e praticar é aperfeiçoado; supera meras predileções, emulações de crianças, alcança o discernimento; “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto o mal.” Heb 5;14
Escrevendo a Timóteo, Paulo chamou a diligência nas coisas espirituais de exercício em piedade; comparou com o outro, físico, realçando a vantagem: “Rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8
Então, se na pureza, ausência de maldade, devemos ser “crianças”; vivendo num mundo mau, enganador, cheio de armadilhas, nosso entendimento precisa, urgentemente, amadurecer; “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20
Fazer escolhas e ser consequente é uma atitude adulta. Perseverar na fé em momentos adversos, idem. Aliás a edificação buscada mediante o ensino visava justamente isso; devemos crescer até a estatura de homens perfeitos, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo;” Ef 4;14 e 15

Geralmente, sutilezas malignas testam nossa fé chamando-nos para partes “limpas” do caminho largo; no entanto, os que foram aperfeiçoados no Espírito sabem por onde andar; “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição, muitos são os que entram por ela;” Mat 7;13 

Às vezes pessoas tão boas nos cercam, desprovidas de agressividade, maldades, nada fazem de mal, exceto, desobedecer à Palavra de Deus. O homem espiritual pode discernir o diabo vestido de anjo; mas os meninos brincam com ele.

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