sexta-feira, 29 de julho de 2022

No pé do ouvido


“Guarda teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.” Ecl 5;1

“Guardar o pé”, aqui, trata-se de uma metáfora; na verdade o alvo desse conselho deveria ser, guardar a língua, entrando na Casa de Deus; afinal, “chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos...”

Então, “Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu, sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos; a voz do tolo da multidão das palavras.” Vs 2 e 3

Quem fala demais dá bom dia a cavalo”, se diz. Tiago reiterou a ideia em sua epístola: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a Justiça de Deus.” Tg 1;19 e 20

Se, o mero falar é já desaconselhado a bem da prudência, o que dizer de se tomar O Santo Nome em vão? Basta sofrer uns minutos num grupo de “profetas” de WhatsApp para constatar duas coisas: “Deus” está loquaz como nunca, tagarela até; e fala apenas de coisas novas ao interesse do ímpio paladar, como se já tivesse cansado de Sua Santa e Eterna Palavra.

Há uma qualidade na arte de calar a boca que muitos precisam urgentemente conhecer; como advertiu Jó, aos que vociferavam sem nexo: “Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos médicos que não valem nada. Quem dera vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5 A plena liberdade de expressão estava garantida; mas, mentirosos encontravam seu real valor: “... médicos que não valem nada.”

Nossas falas compõem um memorial; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor Atentou e Ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor; para os que se lembraram do Seu Nome.” Mal 3;16

O Salvador advertiu da seriedade do falar; “Eu vos digo que, de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Tratando-se da Casa de Deus, um inconveniente mais; normalmente Ele Está falando lá, através de alguém escolhido. Se nas relações interpessoais é deseducado falarmos quando deveríamos ouvir, como seria na relação com O Eterno?

Na horizontal se diz: “Quando um burro fala o outro murcha as orelhas”. Pois, no caso do Divino Falar, o espanto foi que quem ouviu não morreu; “Ou se algum povo ouviu a Voz de Deus falando do meio do fogo, como tu ouviste e ficou vivo?” Deut 4;33

O Eterno falar, mesmo de modo indireto, através de alguém que O Represente, deve produzir edificação, crescimento. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Aos cristãos hebreus que não aproveitaram para aprender quando Deus lhes falou, coube dura reprimenda: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13

A Palavra de Deus não é para falar, simplesmente; é alimento; como tal deve ser comida; (meditada, praticada) “... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da Boca de Deus.” Mat 4;4

Normalmente, o falar corrobora valores abrigados no coração; esses moldam caminhos. Assim, o sentido do, “guarda teu pé” é: Pondera teus caminhos e não se apresse com as palavras.

Aqueles que aprendem a andar segundo o Divino pensar e o ensinam, “Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8 tais, tem seus caminhos avaliados de modo elogioso; “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus Reina!” Is 52;7

Enfim, tudo tem seu tempo devido; inclusive, calar. Sobretudo, quando Deus fala. “Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo; nenhuma delas é sem significação.” I Cor 14;10

Quando Deus Fala significa, no mínimo, duas coisas: Ele É O Deus Vivo; e deseja comunicar algo. “Quem tem ouvidos ouça!”

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