sexta-feira, 1 de julho de 2022

Boas obras; limpas e sujas


“Todos nós somos como o imundo; todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha; nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Pessimista essa terra arrasada contra todos, nivelando nossas pretensas “boas obras” à imundícia, reduzindo nossa brevidade à duração d’uma folha e nossa sina à de reféns da iniquidade.

Se, a Palavra de Deus viesse para nos agradar traria aqui um imenso lapso. Todavia, seu alvo é iluminar e salvar quem desejar andar na luz; embora, preserve nosso direito de escolha. “se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

A humanidade costuma estratificar a sociedade em classes; indigentes, pobres, medianos, ricos, elite; cada “classe” deriva sempre das posses ou, ausência. A sociedade atenta para o que cada um possui; em relação a isso, categoriza suas “espécies.”

Para efeito de filosofia de botecos se usa frases feitas que parecem esposar a superioridade do ser, ao ter; (vão-se os anéis ficam os dedos; mais vale qualidade que quantidade; quem não vive para servir não serve para viver; etc.) apesar disso, perseguimos o ter com todo empenho; quase sempre ignoramos o ser.

Um amor doentio “patrocina” a insana corrida após a sombra, cujo saldo sempre é inglório. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará...” Ecl 5;10 “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;10

Posses nunca foi problema pra Deus; “... Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12 Os valores buscados são outros; “Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Quanto mais dinheiro, fama, cultura, alguém tiver, mais responsabilidades em prestar contas terá. “... a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá; ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.” Luc 12;48

Como as posses não contam, fica fácil compreender porque estamos todos no mesmo barco; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Desse prisma, não do das posses, O Santo olhou para a Terra e viu tudo no mesmo nível. “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;3

Quem construiu seu túmulo em lugares altos, no cemitério dos mortos-vivos da Terra, está acostumado às lisonjas, conforto, poder, no âmbito de influência do seu dinheiro. Todavia, na propensão ao pecado em nada difere de um indigente qualquer; quiçá, esse, por falta de meios peque menos que o nababo, até.

A justiça que salva é a de Cristo; boas obras de um morto são apenas obras mortas. Por isso, a primeira “obra” requerida foi a fé; “... Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais Naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Com dinheiro ou sem; o primeiro desafio é a migração da morte para a vida; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Por não contarem posses, a mensagem de salvação veio nivelando, terraplanando tudo, para que todos fiquem iguais em oportunidade; “Todo vale será exaltado, todo monte e todo outeiro será abatido...” Is 40;4

Eventuais boas obras com pretensões salvíficas não passam de derivados do orgulho que se recusa a admitir a condição de morto espiritual. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Sim, a tendência da nossa natureza perversa é tomar para si, o que pertence a Deus; no caso, a glória. Ele adverte: “Eu sou O Senhor; este É O Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não Darei...” Is 42;8

Boas obras são requeridas dos salvos; não como meio de salvação, mas como testemunho dessa; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

A diferença não é pequena entre aquelas obras de antanho, imundas e essas, em Cristo. Aquelas exaltavam um morto; essas honram ao Deu Vivo. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

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