quarta-feira, 20 de julho de 2022

Discernimento; dom e busca


“... a outro o dom de discernir espíritos;” I Cor 12;10

O discernimento espiritual é um dom; também, uma característica de quem se exercita espiritualmente; esse atinge certa maturidade; junto com ela, a percepção melhora.

O Espírito Santo pode dar isso de modo imediato para quem lhe aprouver; mas, a vida espiritual obediente traz consigo alguns “efeitos colaterais”; “O que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15 “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa...” I Tim 4;8 “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Exortando à necessária edificação, Paulo ensinou que a mesma protege dos enganadores: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

A melhor maneira de identificar uma cédula falsa é conhecer bem a verdadeira; assim, o discernimento requer de quem o busca, que conheça à Palavra de Deus. O falso não pode ser rejeitado como tal, senão à luz do verdadeiro.

Podemos descartar como erro, qualquer ensino, doutrina, que se oponha à verdade revelada, seja espúrio a ela com pretensões espirituais, acrescente ou suprima, porções da mesma.

Alguns fogem de tomar posição ante os ataques que a fé sofre, mediante ações de falsificadores infiltrados, a pretexto de “evitar polêmica”; os veros servos de Deus veem em cada tentativa de perversão do entendimento, um desafio, ao qual não se acovardarão; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Não se trata de um espírito possuindo um ministro ao seu serviço; antes, influenciando sua maneira de pensar, sutilmente parecido com os cristãos, mas diferente em questões vitais. O falso precisa alguma semelhança com o verdadeiro ao qual anseia usurpar.

Pelo Espírito Santo habitar-nos também deveria requerer de nós, discernimento; não deve ser sem motivo, que a Palavra nos exorta a não O entristecermos: “Não entristeçais O Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Ef 4;30

O fato de O podermos entristecer deriva do nosso direito de escolha preservado. Seremos por Ele capacitados quando, em direção à virtude; acusados na consciência, se optarmos pelo vício; nunca seremos marionetes; sempre teremos iniciativa das ações. Embora isso seja assustador, dada a nossa insignificância, é assim; dado O Amor Divino que preza a liberdade.

Cada vez que, mesmo habitados pelo Santo agimos como se não fôssemos, com disposição espiritual diversa, O entristecemos; apóstolos de Jesus foram exortados quanto a isso, pelo Senhor: “Voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que Espírito sois.” Luc 9;55

Não necessariamente um espírito; nossa própria inclinação natural (carne) tomando o lugar Dele também obra sem discernimento; “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” Gál 3;3

Isso reitera o que dissera Jeremias, com outras palavras: “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Então, quem anseia uma vida em paz, verdade, sem entristecer ao Espírito Santo, ande em espírito. Através da consciência sempre nos iluminará sobre nossas pretendidas atitudes. Silenciará quando aprovar; açoitará, quando não. Um pregador puritano chamado Samuel Bolton disse: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Isaías ampliou a ideia: “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Tendemos a duas coisas vãs; uma nociva, outra imprudente. A primeira nos dá olhos de águias para os erros dos outros e de toupeiras para com os nossos; a imprudência enche nossos alforjes de pedras para afastar os que pretendem “cuidar de nossas vidas”; enquanto nós também não cuidamos.

Nosso esconderijo fugaz sempre pressupõe um “amanhã” quando pensaremos nos problemas atuais e um agora, para agir sem pensar, medir as consequências. - Paro de fazer isso quando eu quiser - mas “quando” nunca chega.

É preciso intrepidez, amor a Deus e amor próprio, para resistir que nossas almas apodreçam, porque o mundo ao nosso redor se decompõe veloz.

Os relapsos no preparo, estudo, costumam dizer que “Deus Usa uma mula quando Quer.” A mula foi o “Plano B”; antes Fez saber Sua Vontade ao profeta. O Poder inefável do Eterno não justifica nossa preguiça.

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