quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O Processo


“Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;3

Óbvio que, “melhor” refere-se ao resultado; “faz melhor o coração”; embora, sentir mágoas, tristeza, seja pior, do que sentir alegria.

Os efeitos colaterais das tristezas, não são necessários; não basta que alguém as sofra, para que, por isso, torne-se uma pessoa melhor. O concurso da índole, das escolhas em face às dores, é muito importante também.

Eventualmente, deparo com uma frase que me faz pensar: “Antes de falar de mim, calce minhas botas, passe pelo que passei, sofra o que sofri.” Não sei o que a dita pessoa passou; mas, subentende-se que sofreu bastante.

Se não me engano foi Cícero que disse: “Os homens são como o vinho; uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.”

Óbvio que o tempo não labora sozinho; nas suas teias, os males da vida, incompreensões, privações, dores físicas, emocionais concorrem para um dos dois resultados previstos.

O “vinho que o tempo apura” requer a boa índole; quem aprende com as dores, tendo vivido “in loco” o mal que elas fazem, evita de ser causador delas, contra outrem.

Os que viram vinagre são pessoas amargas, ácidas, que invés de terem aprendido, melhorado durando o concurso das privações, são ressentidas, arrogantes, pretenciosas; quando falam deixam patente a impressão que continuam vítimas; que a vida lhes deve algo. Inclusive a frase em apreço é vertida do ácido acético de almas carentes de cura. Assim, a amostra, deixa evidente que, elas não aproveitaram os aprendizados possíveis, ao terem passado por estreitamentos na vida.

Além de que, uma frase feita, de alheia autoria, tende a refletir as experiências do autor; não, necessariamente, de quem se identificou em parte com dito e resolveu partilhar o todo. O que as pessoas mais se identificam é com qualquer malcriação feita, que mande os outros para bem longe, exceto, os que as bajulam.

Ora, quando alguém fala mal de nós, (ninguém se importa se falar bem) duas coisas são possíveis: Uma; ele está certo. Em algum momento agimos mal, e ele viu e nos denuncia por aquilo que viu; nesse caso, a culpa é nossa. Outra; ele está errado. Seu apreço não bate com a realidade, antes, verte de inveja, calúnia, despeito da dita pessoa; nesse caso, quem está doente é ele. Acaso devo sofrer as doenças alheias?

Claro que sermos alvo da maldade dos outros incomoda; mas não ao ponto de perdermos nossa paz; de descermos ao nível deles; caso, já galgamos um patamar mais alto no aperfeiçoamento de nossas almas. Se um cão te morder, não vais revidar mordendo-o também. Assim, não é sábio darmos às coisas subterrâneas, o mesmo espaço que damos às plantas do jardim.

Se alguém que sofreu bastante presume que, por isso se fez um intocável, está acima das críticas, que a vida lhe deve alturas especiais, perdeu a chance de haurir as porções medicinais das tristezas, que purgariam sua alma de muitos males; escolheu as sobras do ressentimento, que costumam se fazer fertilizantes para os ditos males. Optou pelo vinagre tendo meios para se tornar vinho.

As melhores pessoas, as que deveras aprenderam com as dores sofridas, em geral estão ocupadas com um íntimo anseio por aperfeiçoamento, buscando melhorar ainda mais. Têm alvos mais nobres que, afastar a pedradas, eventuais críticos.

As que, como o porco-espinho, não dão um passo sem a ostensiva exibição de suas “defesas” precisam urgente, descalçarem as botas do amor-próprio desmedido, e considerar a hipótese de existir outras formas de vida, após seus umbigos.

Muito do que os sem noção colocam na prateleira das dores da vida, ficaria melhor se guardado na gaveta das consequências. Fizeram escolhas errôneas, se perderam nos largos caminhos dos vícios; nada tendo aprendido, agora, melindrosos nos desafiam a “colocarmos suas botas.”

Qual o sentido de fugirmos da polícia, o carrearmos drogas para induzirmos as pessoas incautas aos vícios? Nosso aprendizado pode prescindir de “lições” assim.

Certo que as más ações precisam colher aflições, não, gozo; não combinaria com a Sabedoria e Prudência do Criador, que nos criou para a virtude, que encontrássemos nossa realização nas poluídas águas dos vícios. Assim, diz: “Eis que te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Ele perdoa todos, os que se arrependem e decidem mudar de vida; mas, demanda santificação, câmbio de rumos, aprendizado.

Quem, dizendo-se do Senhor, inda usa armas da carne para combater contra os que, pelo espírito visam ensinar, deixa patente que as dores ainda têm trabalho a fazer em sua alma. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9:18

A Lei de Cristo


“... Está escrito...” Luc 4:4

O contexto permite ver que, alude À Palavra de Deus; o que nela está escrito foi evocado pelo Senhor, em seu embate contra Satanás.

Embora, as Sagradas Escrituras sejam legítimo tribunal de apelação para dirimir dúvidas de cunho espiritual, não devemos levar às últimas consequência tudo o que está escrito, sem a devida compreensão do contexto e do propósito para o qual, determinada porção foi escrita.

Muitas coisas foram postas como sendo uma luz profética apontando para fatos que se cumpririam em Cristo. Mesmo A Lei de Deus, que segundo Paulo, nos serviu de aio para nos conduzir A Cristo, O Salvador.

Embora seus princípios permaneçam válidos, houve alterações; o Sábado foi abolido. A Lei dizia: “Não farás nele obra nenhuma.” Ex 20;10 O Salvador disse: “É lícito fazer o bem no sábado.” Mat 12;12

Honrar pai e mão sempre será necessário aos Divinos Olhos; o “não matarás” foi aperfeiçoado; ver Mat 5;22 assim como, o “não adulterarás” Mat 5;28. Ter outros deuses segue vetado; fabricar e adorar imagens, cobiçar, matar, roubar, dar falso testemunho idem. O sacrifício de animais, para perdão dos pecados, depois de Cristo, foi ultrapassado.

Por que essas mudanças? A Palavra explica: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12 Saímos do sacerdócio temporal de Levi, para o Eterno, de Cristo.

Se a “purificação” lograda segundo a Lei era meramente aparente, ritual, em Cristo é mais profunda. A Palavra explica: “Se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9:13 e 14

Antes era algo externo, agora devem ser purificadas as consciências; assim, quem imagina que a Lei era rigorosa em suas demandas, e a Graça é permissiva, leniente, não entendeu nada ainda.

Nos basta ver a pena pela transgressão de uma ou outra, para entender qual a mais séria; “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28 e 29

Aquelas coisas rudimentares apontavam para outras melhores em seu futuro. A Lei não aperfeiçoava; era uma “sombra” de algo que estava por vir, que aperfeiçoaria; “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferece cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Heb 10:1

A mesma Palavra pontua onde e quando mudou; “Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção.” Heb 9:11 e 12

Ele veio cumprir a Lei. Cumpriu integralmente e deixou novos mandamentos. “... fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado;” Mat 28:19 e 20

Paulo chamou de “... lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus...” Rom 8:2

Como o objeto da purificação, agora, é nossa consciência, já não há apenas um rígido código escrito ao qual devamos recorrer em caso de dúvidas; além do que está escrito, vige o que está sendo escrito pelo Espírito em nossos entendimentos. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele...” Is 30:21 

Até o que escrevemos com nossos lábios, nas sentenças que proferimos contra outros, será usado em juízo contra nós; “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37

Os que precisam arranjar explicações, atenuantes “cristãs”, para o que costumam fazer demonstram, que, estão ferindo as leis das ordens internas. Aquele que se defende antes de ser atacado externamente, o faz porque está sendo denunciado pela voz da própria consciência.

Perante a sociedade tudo pode se impor no grito, na marra, no bandeiraço, passeata, lacração. Ante Aquele que sonda os corações perscruta o íntimo do ser humano, a nudez das escolhas perversas estará patente; onde e quando, a voz do espírito foi ignorada. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” Rom 14:22

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Luz no painel


“Ele é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

“... Sábio de coração...”
Coração não é o órgão, estritamente. Deus É Espírito; seria impensável que tivesse um coração, como nós. Mesmo se tratando de nós, “coração” é uma figura de linguagem, que abarca o centro de nossa personalidade; mente emoção e vontade, coisas que “patrocinam” nossas atitudes, como disse o sábio Salomão. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Nosso coração, pois, é um manancial de onde jorram as iniciativas do nosso viver.

Quando algo é feito superficialmente, sem compromisso com essas fontes, o que pensamos, sentimos e decidimos, se diz que foi da boca pra fora, sem coração. De muitos dos Seus dias, Cristo falou: “Este povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.”

Se, essas falsificações são possíveis ao pecador, no caso do Eterno, falar algo sem coração, prometer e não fazer, significaria a própria negação. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tm 2:13

Devemos negar a nós mesmos em submissão a Cristo, pelo estrago que a queda fez; “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos; segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Nele, por causa da Sua Integridade e Perfeição, a perenidade se faz necessária; “Toda boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1:17

“... Forte em poder...”
Quando pensamos em poder, presto assoma a ideia da capacidade para fazer grandes coisas, comandar, ordenar. São nuances de poder; entretanto, no mundo como está, sobretudo nos ambientes religiosos que tomam sobre si O Nome do Santo, é mais admirável O Poder Divino de suportar as ofensas sem puni-las imediatamente, que, poder para fazer algo.

A ira humana costuma eclodir num arroubo imediato. Dado o motivo, “chutamos o balde”, damos “nomes aos bois”, “colocamos fogo no circo”, etc. Não significa que estejamos certos. A Palavra ensina: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4:26 e 27 Não é mandamento; é permissão.

A Ira Divina, pelo Poder do Eterno em sofrer afrontas, é como uma “poupança” que os ímpios fazem; cada dia lançam novos depósitos, aumentando a conta, que, será “sacada” de uma vez; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

“... quem se endureceu contra Ele...”
“se endureceu” traz a ideia de que a pessoa precisa agir contra si mesma, antes de o fazer, contra Deus. Há uma centelha Divina até nos ímpios, chamada consciência que, se ouvida faculta quem a ouve, agir segundo Deus; “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2:15

Logo, para alguém endurecer contra Deus, carece antes fazer isso consigo mesmo; resistir aos Divinos apontes que tentam separar a virtude do vício; esses obram valorando anseios inda antes de serem praticados; a resistência reiterada em obedecer, apaga a centelha; então se diz que nos tais, a consciência cauterizou.

Como, na conversão, quem nega a si mesmo pela obediência a Cristo renasce, tem seu espírito e consciência vivificados, quem endurece para com Deus, fecha-se ao dom da vida, encomenda a própria alma, à morte.

“... quem se endureceu para com Ele e teve paz?” A paz não é uma “cor primária;”, deriva de causas alheias a ela, como ensinou Isaías: “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32:17

Quando eu rejeito a ouvir Deus, coloco em lugar Dele a sugestão de autonomia do Capeta; acaso é justo que eu, que nada tive com minha existência, seja o mentor da minha vida, invés do Senhor que a Criou?

E quando tento “funcionar” diverso do propósito original, alguma anomalia surgirá no “sistema.” A falta de paz é a luz no painel, avisando que algo não está operando correto.

A inquietação denuncia a ímpia postura; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo; não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” 57:20 e 21

A vera paz é um patrimônio íntimo, do espírito; calmaria derivada das circunstâncias até o ímpio frui, eventualmente.

Obsessão sexual


“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? não estão aqui conosco suas irmãs? Escandalizavam-se Nele.” Mc 6:3

Por Jesus operar os milagres que operava, sendo conhecido com sua família, escandalizava; O Mestre viu naquilo, desonra; “... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes, e na sua casa.” V 4

Quatro irmãos dele são citados nominalmente, e “irmãs”; o que supõe, no mínimo, duas. Fez parte de uma família normal. O respeito de José pela missão excepcional dada a Maria pelo Eterno requeria que ele não a tocasse maritalmente até o nascimento do filho. Depois a vida seguiu seu curso. “José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara; recebeu sua mulher; e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito...” Mat 1:24 e 25

Para o catolicismo, Maria seguiu virgem para sempre. Talvez, pela ideia errônea que o pecado original seja o sexo; como ela era santa, criaram um dogma que padece na orfandade, por falta de filiação bíblica. Não é necessário que alguém seja casto para que seja santo. Basta que sua vida sexual se dê, dentro dos parâmetros Divinos.

Dizem os defensores do referido dogma, que os “irmãos” de Jesus seriam meros parentes. Assim eram chamados, num sentido amplo, os que vinham da mesma linhagem sanguínea.

De fato, havia menção de um líder, uma tribo, e os demais eram alistados como irmãos. “Seus irmãos, os levitas, foram postos para todo ministério do tabernáculo da casa de Deus.” I Cr 6:48

Isso quando se tratava de citação genérica. Há distinção entre “parentes” e irmãos, como vemos nos versos acima.

Quando são citados pelos nomes, um a um, isso elimina a ideia de uma menção genérica, por tratar-se de uma abordagem estrita. Além do que, quando quis se referir à prima de Maria, Isabel, o Anjo a chamou assim, invés de chamar de irmã, uma vez que era da parentela. “Eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice...” Luc 1:36

Houve um momento em que os irmãos dele, escandalizados com as coisas que Ele dizia e fazia, concluíram que Ele estava fora da casinha, precisava ser detido; “Quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Mc 3:21

Só teriam esses “escrúpulos” os da família; “se Ele seguir assim, o que pensarão de nós?” Caso fosse apenas da parentela, a “culpa” sendo diluída entre muitos, causaria menos pejo.

Quando a “comissão para zelo da honra da família” chegou onde Jesus estava, sabendo Ele, da intenção pela qual o buscavam, ignorou-os solenemente. “Chegaram, então, seus irmãos sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que Tua mãe e Teus irmãos Te procuram, estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele, disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.” Mc 3:31 a 35

Dada a errônea e indevida intenção da “comissão familiar” o Senhor abstraiu os laços sanguíneos, e guindou o parentesco para o âmbito espiritual. “qualquer que fizer a vontade de Deus, é Meu irmão...” Naquele momento, seus irmãos de sangue se opunham à Vontade Divina.

A obsessão pelo sexo, como vimos, fez com que, adotassem a errada ideia que o pecado original fosse o tal. Na verdade, foi apenas a desobediência. A mulher pecou sozinha; depois, convenceu seu marido a fazer o mesmo, o que elimina o ato conjugal, por óbvias razões.

O que é a imposição do celibato, senão, um desdobramento mais, dessa obsessão? Se alguém quiser “se fazer eunuco” por amor ao Reino de Deus, que o faça, voluntariamente, não, obrigado. Paulo era celibatário. “Porque quereria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem de Deus seu próprio dom... se não podem conter-se, casem-se.” I Cor7:7 e 9

Quando uma igreja decide que pode alterar, suprimir ou suplementar A Palavra de Deus, onde, quando, irá parar? No lado oposto da antiga obsessão, o “Papa” pretende abençoar uniões homoafetivas. Muitos que, concordaram com outras alterações da Palavra, achando que a Igreja podia, agora reclamam dos “avanços” do Papa.

Como sempre tivemos os limites da Palavra como muralha intransponível, seguimos no mesmo lugar. Não damos a Maria, funções que A Palavra não dá; é nosso modo de respeitar a ambas; nem às perversões sexuais, um nome diferente ao que a Bíblia já deu. O erro seguirá sendo erro, mesmo que todos o endossem.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Acessórios da Luz


“Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará e a inteligência te conservará;” Prov 2:10 e 11

“Quando a sabedoria entrar no teu coração...”
Postar verdades profundas que copiamos de acolá e colamos aqui, não requer que nos aprofundemos. Para uma abordagem superficial assim, não carecemos que verdades entrem no nosso cérebro, nem no coração.

Basta que as coisas nos pareçam interessantes, para que as “entreguemos” a outrem, como quem passa o bastão numa corrida de revezamento.

Mera repetição descompromissada de sentenças, filosóficas, espirituais, era o “Control V” da época. Cristo acusou os religiosos dos Seus dias, de falazes superficiais, sem compromisso com a verdade; “Este povo se aproxima de Mim com sua boca; Me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de mim.” Mat 15:8

A porta de acesso à sabedoria, requer como primeiro passo, algo que despreza a superficialidade artificial, tendo em mente que sua fonte é O Eterno; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1:7

O temor do Senhor nos leva a prezarmos as coisas que Ele ensina mediante Sua Palavra; por isso, seu nexo com a sabedoria. “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119:11

“... o conhecimento for agradável à tua alma...”
tendemos a nos agradar daquilo que nos traz aprovação, elogios; no entanto, o conhecimento de, como somos, à luz de Deus, não costuma ser agradável, em face do que nos mostra. Muitas coisas “inocentes” das quais gostamos, são definidas como réprobas aos Olhos Divinos. Ver-se alguém, no espelho pode ser agradável, estando esse, “bem na foto”; todavia, estando em maus lençóis, nossa feiura aparecerá. Ante O Santo, todos estamos mal; “não há um justo sequer.” Rom 3;10

Vistas as próprias falhas, duas alternativas se apresentarão. Quem ama a verdade se entristecerá, por estar mui aquém do que deveria; arrependido, pensará em mudar; o amante de si mesmo se ressentirá contra o ensino, até mesmo, contra quem ensina, como aconteceu nos dias do Mestre.

“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:19 e 20

Felizes os que conseguem ver as dádivas Divinas como elas são; com amor pela verdade, acima do amor próprio! “A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19:7 a 9

“... o bom siso te guardará...”
um sinônimo para bom senso, agir com sensatez, equilíbrio, antevisão das consequências. Aos cristãos de Éfeso foi recomendado: “Por isso não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor.” Ef 5:17

Tendo entendido pela Luz da Doutrina de Cristo, que não somos do mundo, embora estejamos nele, que devemos negar a nós mesmos em favor da submissão ao Senhor, não seria sensato seguirmos andando conforme o mundo, com suas devassidões, incredulidades, valores invertidos.

O preceito traz: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

Como uma antiga couraça, apenas vestindo-a o guerreiro estava protegido contra dardos e outras armas, assim A Palavra de Deus; apenas praticando-a estaremos por ela guardados da perdição.

“... a inteligência te conservará.” A inteligência em si é uma faculdade neutra; serve ao ateu, ao incrédulo, ao cristão. Porém a serviço do espírito, meditando nas coisas eternas, guinda-nos a um upgrade impensável, por trazer profundezas insondáveis para a mente comum, ao domínio daquele que medita no Senhor; “Tenho mais entendimento que todos os meus mestres, porque os Teus testemunhos são minha meditação.” Sal 119:99

Se a inteligência apenas, não logra alcançar às profundezas de Deus, carece de revelação, submissa ao Espírito Santo, será capacitada a fazer as melhores aplicações, das dádivas que receber.

A revelação ensina que ficarão de fora do Reino, os mentirosos; a sabedoria convence-nos a não mentir; a inteligência possibilita vermos a diferença entre uma e outra.

Oportunamente, faculta as melhores escolhas; “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.” Bertrand Russell.

Alucinados


“Também vi que todo trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo...” Ecl 4:4

Dizem: Ninguém joga pedras em árvore que não tenha frutos. Ou seja: Ninguém invejaria ao obtuso, bisonho, sem nenhuma habilidade. Todavia, a qualidade, a destreza em determinadas obras, costuma atrair aquela admiração maquiada, a inveja.

Um dos pecados mais antigos, superado talvez, em precocidade, apenas pela mentira e a desobediência.

Quando Abel e Caim decidiram prestar culto ao Senhor, cada um à sua maneira, pelo fato de O Eterno ter aceito a Abel e suas oferendas, e rejeitado a Caim, a inveja desse assomou de tal forma, que lhe desfigurou o rosto.

“Aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; atentou o Senhor para Abel e para sua oferta. Mas, para Caim e sua oferta não atentou. Irou-se Caim fortemente, descaiu-lhe o semblante. O Senhor disse a Caim: Por que te iraste? Por que descaiu teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? Se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4:3 a 7

Alguns teólogos especulam que a aceitação de um e rejeição de outro foi pelo tipo da oferta de cada um; Abel trouxe uma ovelha, e Caim frutos da terra. A necessidade de sangue para a reconciliação do homem com Deus, deveria ser tipificada desde então.

Com devido respeito, me permito discordar. Ofertas de cereais eram aceitas pelo Senhor, basta ler o Levítico. O motivo da distinção entre um e outro, não tem a ver com suas ofertas; antes com suas motivações. Basta observarmos o texto; O Senhor olhou antes para a pessoa, depois, para sua oferta. “Atentou O Senhor para Abel e, sua oferta; mas para Caim e sua oferta, não atentou...”

Que a situação espiritual do ofertante vem antes da oferta, O Salvador ensinou: “Portanto, se trouxeres tua oferta ao altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar tua oferta; vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; depois, vem e apresenta tua oferta.” Mat 5:23 e 24 Não pretendas estar em paz com Deus, estando em guerra com o semelhante.

João acrescentou; “Se alguém diz: Eu amo Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” Jo 4:20

Ao meu ver, pois, Abel manifestara gratidão a Deus, adoração, esse fora seu motivo; ao passo que, Caim, fora a emulação o ciúme do irmão que o levara a cultuar também; seu motivo era mesquinho, rivalidade, competição; Deus não aceitou para Si, aquilo que, a rigor não era para Ele.

“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” Perguntou O Criador ao indignado Caim. Em geral, o invejoso deseja a aprovação que seu invejado recebe, sem fazer as mesmas coisas. Anseia ser igual ou superior nos louvores, sem apresentar dignos motivos para isso.

Mas, se a inveja é tão grave assim, por que não aparece nos Dez Mandamentos? Não temos um que vete: Não invejarás.

Ora, tanto o falso testemunho pode derivar da inveja, quanto, a cobiça; e temos dois mandamentos vetando essas coisas; portanto, a Lei de Deus se encarregava de remover à inveja pelas raízes.

Acaso não foi a inveja pela aceitação popular que Jesus recebia que acendia aos brios dos religiosos de Sua época. Até Pilatos que observava de fora sabia que não era a justiça o motivo do clamor deles, contra O Salvador. “Porque ele bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” Mac 15:10

O que motiva ao traíra, a impor na marra, um império global, uma religião apenas; a suplementação de sua falta de onisciência mediante a tecnologia, senão, sua inveja de Deus?

Isaías retratou os desejos do coração poluído dele; “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono, no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14:12 a 14

A admiração nos convida a nos identificarmos, a sermos parecidos com aquele a quem admiramos; a inveja forja competição, desejo de ter o que não nos pertence. 

Quem se nega a ver as coisas como são, se faz refém de alucinações doentias, num escapismo da realidade, preferindo a futilidade das ilusões.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Os ventos; a palha


“... assopraram ventos, combateram aquela casa e caiu; foi grande sua queda.” Mat 7:27

Em geral, quando pensamos em nossas “casas”, testadas pelos ventos, cogitamos provações de cunho particular; maledicências, privações, incompreensões, carências, enfermidades, etc. Essas coisas todas acontecem; mas, os ventos que colocam a prova a nossa fé vão muito além das incidências pessoais.

Preceituando a necessidade de aprendizado para a edificação, Paulo apontou o alvo e o motivo: Devemos crescer, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que, não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:13 e 14

A negligência nisso foi constatada entre os hebreus, e eles levaram um puxão de orelhas bem rígido; “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.” Heb 5:11 a 13

Ventos de doutrinas sopram continuamente; fazem enormes estragos nas nossas caminhadas espirituais, caso não estejamos devidamente edificados em Cristo.

O obreiro preparado se faz uma barreira contra as poluídas águas das heresias; porém, o que foi relapso, facilmente pode ser cooptado por doutrinas espúrias; presto se fará um divulgador dos enganos aos quais capitulou.

Veja diuturnamente, gente que nada aprendeu quando deveria, agora, refém de um simulacro sem vida, ensinado o que pensa saber, estando na estúpida posse do “brinquedo novo”, mais distante de Cristo do que antes, quando era apenas omisso.

Sinto vergonha alheia, quando ouço que um “evangélico” finalmente descobriu a “verdade” no catolicismo; outro, enfim, “entendeu” que deveria guardar o sábado; um terceiro “aprende” que os dízimos eram coisas do Antigo Testamento; após ele, aquele que, finalmente descobriu o “Nome Verdadeiro” do Eterno, passando a atacar, desfazer dos que não esposam o que “só ele sabe”; isso sem mencionar as falácias amorosas das tais “Igrejas inclusivas”.

À sombra de alguma dessas perversões doutrinárias, certamente buscará abrigo, aquele que, por relapso, deixou de buscar a edificação em Cristo, no devido tempo. Ventos testando a casa que, deveria estar na Rocha, mas, os fatos mostram que estava na areia.

Paulo foi categórico: “Não vos movais facilmente do vosso entendimento...” II Tess 2;2 O contexto era o da volta do Senhor; mas, certamente se aplica, o conselho, sobre a permanência na doutrina aprendida, como disse noutra parte: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1:8

Não há novidades teológicas a serem descobertas. Tudo o que era necessário foi dado em tempo; ensinado, estabelecido pela Doutrina dos apóstolos. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3:11

Antigo é esse conselho: “Teme ao Senhor, filho meu, e ao rei; não te ponhas com os que buscam mudanças, porque de repente se levantará a sua destruição; a ruína de ambos, quem o sabe?” Prov 24:21 e 22

Desde os dias iniciais da Igreja, os ataques a ela começaram mediante infiltrados; foi preceituado o devido combate, em defesa da sanidade da fé. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

A novidade desejável, necessária, tem a ver com os frutos da transformação operada em nós por Cristo; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós em novidade de vida.” Rom 6:4

É muito mais fácil mudar nuances da fé, denominação, doutrina, que mudar o caráter pelas renúncias necessárias em submissão a Cristo. Esse tipo de mudanças, geralmente conta com incentivos externos; de gente de caminhos errôneos, e ousadas pretensões; cegos pretendendo guiar outros cegos.

Quem pretende acessar venturas na eternidade pelos degraus das facilidades, trai a si mesmo, sem fazer distinção entre o valioso e o vulgar. “... aquele que tem a Minha Palavra, fale Minha Palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.” Jr 23:28

Homens de fé


“Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem meus passos. Pois, eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.” Sal 73:2 e 3

“... meus pés quase se desviaram...”
o motivo que “atraía” ao desvio, foi lido nas entrelinhas dessa confissão, como sendo uma queda, não, uma aquisição. “pouco faltou para que escorregassem meus passos.”

Certamente foi após o entendimento exato das coisas que a narrativa foi escrita. No momento em que o comportamento ímpio “leva vantagem”, assoma uma dúvida sobre a escolha de quem opta pela probidade. Faz parecer que, a virtude é um “desperdício”, uma vez que demanda renúncias, e “não compensa.”

Essa foi a “conclusão” o que chegara o escritor. “Na verdade, que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo o dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” Sal 73:13 e 14

Que valeu escolher a justiça, inocência, se estou sofrendo, enquanto, os que vivem de qualquer maneira, vivem prósperos, folgados?

A ideia de amarmos à justiça por fatores paralelos, como louvores, recompensas, no fundo, deriva da mesma “moral” da “Teologia da Prosperidade.” Pode ser mera mercância disfarçada de virtude.

Mesmo filósofos, que não eram homens espirituais, apenas, racionais, deploravam isso. Sócrates disse, mais ou menos o seguinte: “Quando um homem for considerado justo, lhe caberão por isso, aplausos, elogios, louvores; ficaremos sem saber se ele é justo por apreço à retidão, ou, aos louvores que recebe. Convém, pois, expor o tal, a uma situação onde seja privado de todas essas coisas; se ainda assim, permanecer justo, certamente, o é, por amor à justiça.”

Além de agradar a Deus pela honra que tributa à Sua Palavra, a fé também é uma necessidade funcional, dado o que está em jogo; se, as recompensas fossem imediatas, quer boas, quer ruins, isso a eliminaria, trazendo a coisa para um escambo presente.

Se, fosse mera troca imediata, faça isso e receba aquilo, um exercício, uma recompensa, qualquer animal adestrado poderia manifestar “fé”. Deus pensa do homem, ser esse um pouco mais alto que os animais, uma vez que o criou à Sua própria Imagem e Semelhança.

Dado que a Semelhança com O Criador implica termos um espírito, que os animais não têm, O Eterno espera que façamos uso dessa capacidade atemporal, de tocar o passado, via arrependimento, o futuro através da fé; bem como, entender as vicissitudes presentes, mediante reflexão segundo Sua Palavra. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera, a prova das coisas que se não vê.” Heb 11:1

Não são as circunstâncias que patrocinam as escolhas da fé; ela excede-as; de Moisés A Palavra diz: “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11:27

Quando tudo escurece ao nosso redor, ainda assim, a fé descansa na Integridade e no propósito do Senhor; são essas coisas que ela “vê” quando sadia; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50:10

Os que “fabricam saídas” quando Deus os quer em confiantes esperas, são comparados aos que acendem fogo estranho; “Eis que todos vós, que acendeis fogo e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da Minha Mão, em tormentos jazereis.” V 11

Que a confissão de Agur, de invejar eventualmente os ímpios foi escrita após uma visão melhor, o mesmo texto deixa ver. As coisas que desejou num momento primeiro, considerou ofensivas aos heróis da fé do passado, meramente falar; “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos. Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então, entendi o fim deles.” 73:15 a 17

Doloroso entender; pareceu injusto, inicialmente. Porém, o valor de um caminho se deve mensurar pelo destino ao qual conduz, não pela facilidade da caminhada. “Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 18 e 19

Tendem os que são da fé e ver cada vez maiores as “vantagens” dos ímpios, e os prejuízos dos fiéis, num mundo como esse, que “jaz no maligno”.

É esperável que cada ação receba a devida recompensa; as nossas estão depositadas no porvir. Nosso tesouro está no céu; aqui temos aflições. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

sábado, 27 de janeiro de 2024

"Os filhos de Deus."


“Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; tomaram para si mulheres de todas que escolheram.” Gn 6:2

Além da violência, a poligamia grassava, antes do dilúvio.

Duas correntes disputam sobre quem seriam os “filhos de Deus” que tomaram para si, tantas mulheres, quantas, desejaram.

Uns defendem que seriam anjos, que, seduzidos pela beleza das mulheres, deixaram seus estados originais, para copularem com elas; teriam alcançado filhos de gigantesca estatura. Certo que existiram gigantes naqueles dias, mas, esse fato no corrobora nada.

Outros acreditam que, a distinção entre os filhos de Deus e dos homens era uma leitura da condição espiritual de uns e outros; assim como hoje temos os convertidos e os que estão em inimizade com Deus;

ao longo do Antigo Testamento tivemos o “povo eleito” e os gentios; então, a descendência de Sete, por seu viés piedoso era tida como, filhos de Deus; ao passo que, a de Caim, pela razão oposta, eram os filhos dos homens.

Assim seria, meramente, a descendência dos piedosos misturar-se pela união carnal, com a dos ímpios.

Não é fácil tomar posição quanto a isso, dispondo de poucos dados, para nossos argumentos.

Alguém poderia obstar contra a leitura da condição espiritual, que, se apenas Noé e sua família foram salvos no Dilúvio, oito pessoas, não havia muitos “filhos de Deus” naqueles dias. Seria um argumento a considerar.

Contudo, os fatos narrados pelo homem tendem a sê-lo, a partir da perspectiva humana. Suponhamos que nosso país fosse destruído por algo semelhante ao dilúvio; uma dezena de pessoas sobrevivesse. Depois, resolvesse escrever como eram as coisas antes do evento. Talvez, no prisma religioso anotasse que mais de 70% da população era de “Cristãos”, tomando mera profissão externa como base, não a realidade espiritual, que é pífia, infelizmente.

Imediatamente após ao ato promíscuo, O Criador deu um sonoro basta! à humanidade. “Então disse o Senhor: Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém seus dias serão cento e vinte anos.” V 3 Se, foram anjos caídos os culpados, por que o juízo incidiu sobre os homens?

Quando Pedro diz que alguns anjos “não guardaram seu estado original”, refere-se ao fato que, originalmente viviam em comunhão com O Criador, obedecendo-lhe; seduzidos pelo Canhoto, caíram da ventura original para a sina de demônios.

Aceita a ideia que eram anjos, se faz necessária uma questão mais: Poderiam eles se materializar ao ponto de possuírem semente humana, capaz de gerar filhos? Que muitas vezes apareceram na forma humana isso é narrativa recorrente nas Escrituras. Daí a gerarem filhos com mulheres, dá o que pensar.

Entre a vida plenamente espiritual e a carne, há um lapso que é difícil crer que foi superado apenas por desejos “carnais” de seres espirituais. Dos anjos, diz: “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Heb 1:14

Tanto que, quando Deus desejou um Sacrifício Perfeito, precisou “preparar um corpo para Cristo”, pois; “... convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Heb 2:17
“Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;” Heb 10:5 “Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram... Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade. Tira o primeiro,
(sacrifício) para estabelecer o segundo.” Heb 10:8 e 9

Caso seres espirituais possam interagir no âmbito da carne sem um corpo como o nosso, teria sido necessário Jesus nascer de uma mulher?

Portanto, com o devido respeito aos que divergem, penso que se tratava de homens apenas; os “filhos de Deus”, porque se reputavam piedosos pela descendência; e os dos homens, por terem uma situação inversa.

O livro de Enoque? Se alguma fonte de doutrina necessária, estivesse escondida nele, acredito que O Criador, que preservou a pureza da Sua Palavra o teria validado também.

Pedro ensina que Cristo, “... vivificado pelo Espírito... pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé...” I Ped 3:18 a 20

Provavelmente se refere aos “filhos de Deus” que caíram; apenas, pode se rebelar aquele que estava em comunhão. Só é chamado desobediente, quem deveria obedecer. Quem sempre esteve espiritualmente alheio, não se rebelaria.

“... por isto foi pregado o Evangelho também aos mortos...” I Ped 4:6 Anjos não morrem; viram demônios. É tipo da coisa sobre a qual a gente opina, argumenta, sem pretensão de ser categórico, de estar certo.

As tristezas


“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7:10

Duas origens possíveis para a tristeza. Tanto ela pode ser segundo Deus, quanto, segundo o mundo.

O que entristece ao Eterno é o pecado, a apostasia, as más escolhas que levam Seus filhos à perdição. 

No mundo, qualquer alvo egoísta não atingido, desejo insano não realizado, entristece; mesmo a bênção, a prosperidade de outrem, magoa ao invejoso que imagina que ele mereceria tais coisas, não, quem as recebeu. Pleitos rasteiros podem ensejar uma tristeza falsificada; o velhaco vitimismo, para “justificar” uma demanda; enfim, as variáveis são imensas, embora a razão básica das tristezas do mundo derive de uma causa; alienação de Deus.

Os que reconciliaram com Ele, mesmo ante tristezas necessárias, ainda concorre uma alegria interior, espiritual, que mitiga os danos daquelas; “Porque o reino de Deus não é, comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17

Davi chegou a dizer que tinha no Senhor, gozo maior que o dos ímpios ao festejar uma grande colheita; “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4:7

Em linhas gerais, a tristeza segundo Deus verte de alvos nobres não atingidos, como a salvação; Deus só a permite quando, absolutamente necessária; “Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3:33

Há uma qualidade didática na tristeza, como versou alguém: “Caminhei uma légua com a alegria, incansável tagarela; mesmo que falasse tanto, eu nada aprendi com ela; caminhei uma légua com a tristeza, que nenhuma palavra falou; ah, quanta coisa aprendi, quando a tristeza comigo andou!”

A Obra de Deus, pode ser “feita” segundo Deus, ou, segundo o mundo. Malgrado, O Salvador tenha sido categórico quanto à separação, muitos tentam fundir essas coisas, distintas.

O Senhor disse, dos Seus: “Dei-lhes Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como Eu do mundo não sou.” Jo 17:14 a 16

Quem pensa que O Evangelho prioriza “as causas sociais” como está na moda, não entendeu nada.

Se, como vimos, os que são de Cristo, não são do mundo, embora estando nele, por que forjariam as mais espúrias associações, em demanda de um mundo melhor, como pretende o ecumenismo?

O Evangelho não foi dado para a pacífica convivência entre os diferentes; tampouco, para salvar o sistema. Antes, para anunciar retamente a boa nova que confronta e convida ao arrependimento; desafia o pecador a sentir tristeza segundo Deus, por ter errado o caminho, para que se arrependa em tempo.

As preocupações do mundo têm a ver com a salvação do ecossistema, a convivência pacífica, a legitimação das imoralidades, dos vícios; usam o Nome de Deus, eventualmente como verniz; o espírito do engano como diretriz.

Por mais que ímpios não gostem de escutar isso, o mundo não tem conserto; está perdido. O Eterno não pretende salvá-lo; antes salvar dele, os que lhe derem ouvidos, para os quais, outro mundo foi preparado. “Porque, eis que crio novos céus e nova terra; não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.” Is 65:17

Pedro falou do fim de um, e da vinda de outro mundo; “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus em fogo se desfarão, os elementos, ardendo se fundirão? Mas nós, segundo Sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” II Ped 3:11 a 13

João viu o cumprimento da promessa; “Vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” Apoc 21:1

Tende esse mundo que, quanto mais avança na vereda do tempo mais se afasta de Deus, a deplorar os que permanecem Nele, segundo Sua Palavra. O desejo mundano por “modernizá-la” é apenas uma máscara para o intento maligno de silenciar À Voz de Deus.

Não somos contra a preservação da natureza, socorro aos pobres, convivência pacífica; também fazemos essas coisas; apenas vemos às tais, não como nosso objetivo aqui; antes, como incidentes paralelos numa caminhada cujo fim é muito mais alto que isso.

Se em última análise não há um mundo melhor para o mundo; há um mundo novo para os que se deixam persuadir pela Palavra de Deus, para salvação.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Pentecostal ou tradicional


“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe;” Prov 6;20

Certa rivalidade permeia o cenário cristão; entre os reformados tradicionais e os pentecostais. Aqueles teriam a vantagem de ter uma hermenêutica mais apurada, uma solidez bíblica estabelecida; enquanto esses, se jactariam de ser mais espirituais, fervorosos; transmitirem a mensagem de salvação com mais poder. Quem está certo?

Os convertidos passam, necessariamente pelo “novo nascimento, da água, (palavra) e do Espírito (Santo)”. Antes que alguém suponha que nascer da água refira-se ao batismo, convém lembrar um dito do Mestre: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4:14

figura alusiva à Sua Doutrina, Palavra.
Água não apenas para matar a sede, como para lavar, purificar também, associada ao Espírito Santo; “... segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo;” Tt 3:5 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra;” Ef 5:26

Tanto A Palavra quanto O Espírito, além de regenerar, purificam ao renascido.
Como nascemos de pai e mãe, mantida a figura diríamos que A Palavra é a mãe, e O Espírito, o Pai dos resgatados em Cristo.

O provérbio que inicia esse tratado refere-se à relação familiar mesmo, sem uma conotação espiritual; “Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe;”

O que impede que seja usado como uma figura válida, na presente abordagem? “Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?” Heb 12:9

Acontece que, para um filho se manter ao mesmo tempo, obediente ao pai e à mãe, isso requer que ambos falem as mesmas coisas; como funcionaria essa obediência, se, o filho pedisse para ir jogar bola, por exemplo; o pai dissesse que pode; a mãe que não pode, como ficaria? Seria impossível obedecer a ambos, dada a contradição deles.

Nenhum cristão sadio deveria se portar como filho de mãe solteira, tampouco, de pai.

Em outras palavras: Os que priorizam o estudo da palavra e a sadia interpretação, para edificação das vidas em Cristo, não devem ser tão “bíblicos” ao ponto de se fecharem a eventuais manifestações do Espírito, caso Ele as queira; Afinal, essas também estão previstas na Palavra, descritas na espécie, e disciplinadas no modo;

Os que enfatizam os dons, o exercício neles, também, não devem ser tão “espirituais”, ao ponto de perderem a vigilância necessária, quanto ao teor do que os referidos dons carreiam para o meio do rebanho. Não deve ser aceito nada que contradiga, malverse, ou altere o que foi nos dado mediante A Palavra. “Não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus...” I Jo 4;1 adverte João.

Afinal, se falar novas línguas, interpretação delas, e profecia, são dons expressos na Palavra, e nenhum texto afirma que tais coisas cessariam antes da volta do que “É Perfeito”, palavra da sabedoria e da ciência também são dons arrolados na mesma lista, encabeçando-a; talvez, pela maior relevância que os outros.

Se alguém me perguntar: “Você é tradicional, ou pentecostal?” Sou cristão. Recebi o dom de variedade de línguas, e gosto imensamente de aprender; esforço-me para isso, pois, são coisas complementares, não excludentes. “Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe;”

Longe de mim, contudo, a “conclusão” de alguns pentecostalistas, que, quem não fala novas línguas, não tem O Espírito Santo. Os dons Dele são diversos; línguas é apenas um, e não é selo de nada.

Aqueles que O Espírito Santo “sela”, mudam o caráter, dão frutos conforme Ele; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

Os dois lados perdem, ao meu ver, caso se apeguem ferrenhamente, cada um, ao seu aspecto favorito para o relacionamento com Deus. Profundidade na Palavra é uma bênção que não se pode exagerar a importância; fervor no espírito, idem.

Dos pais naturais a lei dizia: “Honra a teu pai e tua mãe, para que se prolonguem teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” Ex 20:12

Muito mais devemos honrar aos nossos pais espirituais. Assim fazendo, nossos dias se prolongarão à eternidade. A Palavra de Deus e O Espírito Santo sempre andaram juntos; por que os separaríamos? “... homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1:21

Os conselhos


“... Dai conselho entre vós sobre o que devemos fazer. Disse Aitofel a Absalão: Possui as concubinas de teu pai, que deixou para guardarem a casa; assim todo o Israel ouvirá que te fizeste aborrecível para com teu pai; e se fortalecerão as mãos dos que estão contigo.” II Sam 16:20 e 21

Após seduzir aos súditos de Davi, lisonjeando aos descontentes com promessas de “justiça” caso o rei fosse ele, Absalão, o indigno filho do rei consegui reunir após si muitos inconsequentes; tantos, que, avisado, Davi se pôs em fuga de Jerusalém para não ser morto pelo “novo rei”.

Absalão pediu, conselho a Aitofel, sobre o próximo passo. Deita com as concubinas de teu Pai, para que todos vejam que a coisa não tem volta; assim, os ainda têm dúvidas deixarão de ter.

Tendem as pessoas a cercarem-se de semelhantes, evitando frontalmente as que se lhes opõem. Tinha dado, Absalão, um passo terrível. A sedição contra o rei sempre acabava em pena de morte. Todavia, se tivesse sido aconselhado por um ancião sábio, quiçá seria levado ao arrependimento; uma vez que era filho do rei, poderia ser perdoado.

Porém, buscou o parecer de outro estúpido como ele; invés de alguma atenuante para o mal já feito, aconselhou que se fizesse um mal ainda maior. “Um abismo chama outro abismo...” Sal 42;7

Das lisonjas à sedução; aliciamento de incautos; então, a formação de um exército de revoltosos; por fim, a rebelião; agora o recrudescimento no erro. Sua descida à perdição “progredia” célere.

Seu irmão, Salomão, mais tarde viria a escrever: “Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados, não aceites... Porque seus pés correm para o mal, se apressam a derramar sangue... São assim as veredas de todo aquele que usa de cobiça: ela põe a perder a alma dos que a possuem.” Prov 1:10, 16 e 19

O filho de Salomão, Roboão, também errou nisso; quando chegou sua vez de reinar, o povo pediu que reduzisse a carga de impostos que seu pai fizera mui pesada. Buscou os sábios, os anciãos do povo que o aconselharam a ouvir o povo, aliviar sua carga, para reinar em paz.

Porém, buscou uma segunda opinião, dos jovens que se criaram com ele; esses, como é próprio dos que precisam provar alguma coisa, aconselharam a aumentar o peso dos impostos invés de abrandar. O resultado? Rebelião. Das doze tribos, apenas Judá e Benjamim ficaram com ele. Dez se apartaram, escolheram novo rei.

Quando alguém se dispõe a ouvir outro, meio que predeterminando o que deseja escutar, esqueça; faça o que já acha que é certo e dane-se sozinho. O mero fato de precisar reforço numa posição é já um testemunho íntimo de que a coisa está mal. Todavia, quem, sentindo-se assim, se mostra refratário a mudar, qual sentido de buscar conselho?

Oswaldo cruz dizia: “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.”

Um dos nomes atribuídos por Isaías ao Senhor foi: “Maravilhoso Conselheiro...” Is 9;6 Ele quando chamou a si os cansados, oprimidos, entre outras coisas disse: “... aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11:29

Infelizmente, como nos exemplos vistos, muitos também vão ao “Maravilhoso Conselheiro” predeterminando o que desejam ouvir; desejam que O Santo os abençoe como são, como estão, mesmo estando muito mal; uma mudança de rumos segundo o sábio conselho não está nos seus planos.

Paulo anteviu: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo...” II Tim 4:3-5

Se, o que deve se opor a eles carece ser sóbrio, implica que esses estão embriagados pelos seus desejos malsãos; e a “aproximação” do Divino conselheiro é mero verniz, tencionando dar uma aura respeitável para passos que não são assim. A Palavra Daquele que conhece o fim dos caminhos desde o começo, chama-os a voltar atrás; eles se recusam a escutar.

Como vimos na loucura de Absalão, ele foi “construindo” sua destruição tijolo a tijolo, aconselhado e seguido pelos maus. No fim, seu breve “reino” acabou com ele pendurado pelos cabelos nos galhos de uma árvore, crivado de flechas. O reino voltou a quem de direito; Davi.

“Há caminhos que ao homem parecem direito; mas no fim, são caminhos da morte.” Prov 14;12

O Maravilhoso Conselheiro segue ao dispor; dos que O rejeitam, diz: “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de Mim; se cobrem com uma cobertura, mas não do Meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado;” Is 30:1

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Templos perdidos


“Que é o homem mortal para que te lembres dele? o filho do homem, para que o visites?” Sal 8:4

“O que é o homem...”
Houve quem dissesse que ele é um bípede sem plumas; outrem, uma espécie de deus; “a medida de todas as coisas...” Originalmente foi o Capeta quem sugeriu que ele teria as “réguas” para medir bem e mal.

Ainda, quem entendeu que as respostas estão além, fora dele, dadas as limitações dos seus movimentos na imensidão do universo, e a sensação de valores maiores que ele, aos quais deveria se enquadrar; “Duas coisas povoam a mente com uma admiração e respeito sempre novos e crescentes: o céu estrelado por cima e a lei moral dentro de nós.” Kant

Em geral, pessoas mal intencionadas e intelectualmente desonestas, usam a suposta igualdade entre os homens, para impor idiossincrasias; diferenças. Ora vitimizam-se com sua condição de minoria; lograda certa aceitação, sobem na mesa pretendendo se impor à maioria. Invocam igualdade quando seus passos os deixam aquém; depois, prevalecer, quando a vigilância coletiva adormece.

Somos todos iguais potencialmente; no ponto de partida. Quanto do potencial se tornará atual, depende de uma série de variáveis, caráter, aprendizado, influências, circunstâncias, que fomenta as diferenças entre nós.

Aristóteles dizia: “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, às coisas que são diferentes.” Acaso o policial e o marginal são iguais? Foram no início; as escolhas de cada um os fizeram diferentes.

A separação de certas coisas e práticas está longe de ser preconceito contra um “igual”; se tivessem permanecido ambos, iguais, nem seria visível uma separação; no prisma essencial.

O que é a santificação, à qual Deus chama os Seus, senão, a separação dos que são, espiritualmente diferentes em suas escolhas? “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? que comunhão tem a luz com as trevas? que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei seu Deus e eles serão Meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei;” II Cor 6:14 a 17

“O que é o homem mortal...”
De certa forma isso reponde a questão. O homem foi feito mortal.

O Criador colocou a morte como uma placa de aviso, para que ele evitasse determinado caminho; mas, preferiu pagar pra ver. Então, o “mortal” era uma possibilidade, desde a queda tornou-se uma necessidade. “A única coisa certa nessa vida é a morte.” Filosofam nos botecos, entre um trago e outro.

A morte se dá em dois estágios; a espiritual aliena o homem de Deus, seu espírito jaz impotente, mas, o homem segue existindo; suplantado pela volúpia da alma, que se esbalda em prazeres, impuros, pilotando o corpo.

A morte física encerra a saga, o tempo dado por Deus, para quem desejar buscar reconciliação consigo. “Enquanto há vida, há esperança;” dizem muitos que se recusam a fazer uso sábio do dom da vida.

A morte paira com sua ameaçadora sombra; todos são convidados em Cristo, a um “salto” sobre a soturna régua; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5:24

Porque, do outro lado os homens salvos serão feitos imortais, Deus exige uma série de renúncias cá, cioso para não dar diamantes a quem os usaria em fundas.

Os que descreem da salvação eterna, obram por “salvar” o que puderem de usufrutos impuros nessa vida. “Curta a vida porque a vida é curta.” Pra eles encerra na morte.

O que chamam de curtição, pois, é pressa, servidão ao pecado, para “fruírem” o máximo antes do fim. A Vitória de Cristo serviu para que “livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Heb 2:15 Os que se recusam a ser livres, pois, não são iguais aos que aceitam essa dádiva.

“O que é o homem mortal para que te lembres dele?” Essa pergunta foi dirigida a Deus. Sua Palavra diz que originalmente fomos criados à Sua Imagem e Semelhança. Que os regenerados são feitos templos para Ele.

Como Deus não é Deus de mortos, os que O aceitam deixam de ser mortais, são vivificados em Cristo.

Quem é o homem? Um ser vivo, inteligente, arbitrário, consequente, um possível santuário; os que recusam-se a transcender as comichões imediatas, jogam isso fora, pagando preço eterno, por deleites efêmeros, letais.

"Casos perdidos"


“Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus.” Sal 3:2

Um caso perdido, não tem mais jeito. Acredito que em dado momento, todos nós ouvimos, ou, até falamos isso de alguém, cujo andar era vicioso, e nada acenava com alguma perspectiva de guinada rumo à virtude.

Se víssemos os nossos erros com a rapidez que vemos os alheios, teríamos melhores chances de buscar o conserto que nossas almas carecem.

Certa vez perguntei a um sujeito desregrado, que vive só;
- ainda não casou, fulano?
- Não e nem vou; – respondeu – não existe mulher que preste.
- Você já pensou em se tornar um homem que preste?
Perguntei; para espanto encabulado dele.

Sim, exigimos de outrem, coisas que nem sempre cobramos de nós. Então, “corrigir” imperfeições alhures e deixá-las correr frouxo em nós, é falta de noção, que estraga muitos.

“Não há salvação para ele em Deus.” Se não houver em Deus, caso perdido. Será? Quando pensamos em salvação em Deus, óbvio, falamos de Jesus. Pedro ensinou: “Ele é a Pedra que foi rejeitada por vós, edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. Em nenhum outro há salvação...” Atos 4:11 e 12

A propósito dos pecados que tornariam alguém uma “missão impossível”, Paulo versou: “Esta é uma palavra fiel, digna de toda aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda Sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1:15 e 16

Por ter perseguido à igreja, sido cúmplice na morte de Estêvão, Paulo sentia-se o maior dos pecadores, o principal deles. Ainda assim, foi perdoado e chamado ao ministério. Logo, usou isso como argumento para demonstrar, que, para a bondade Divina ninguém é tão ruim que não possa ser regenerado, caso se arrependa, mude de vida.

Portanto se, ao virmos alguém totalmente depravado, e por isso acharmos que o tal, é algo sem solução, corremos a risco de ser envergonhados; pois, a capacidade Divina para perdoar e regenerar é infinitamente maior que a nossa, para entender.

Todavia, a ideia de que a salvação seja apenas em Deus, Naquele que Ele escolheu, já não é tão pacífica, atualmente. O ecumenismo que está espalhando as garras visando formar uma igreja global, para prejuízo das demais, considera válidas, salvíficas todas as formas de credos.

Algo precisa ser dito em favor do entendimento de quem nos observa de fora. Por um lado, existe a rejeição ao ecumenismo, onde todas as religiões se uniriam; por outro, há muitas diatribes contra as seitas, pelo traço comum na identidade delas, de se presumirem os únicos certos, os remanescentes fiéis. Se, ora somos contra a unificação, outra, rejeitamos o exclusivismo, denominacional, acreditamos no quê?

Só há Um Salvador: “Eu Sou O Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão, por Mim.” Jo 14;6 Isso, por si só exclui todos os credos não alicerçados em Cristo e Seu feito na cruz.

Entre as denominações que são coesas no básico, morte sacrifical de Cristo para remissão dos pecados; ressurreição; legado do Espírito Santo para nossa direção, consolação e santificação; e Volta do Senhor para estabelecimento do Seu Reino, as diferenças periféricas, rituais, administrativas, usos e costumes, não são barreiras que separem.

Não somos tão “unificáveis” que compactuemos com qualquer credo, nem sectários, ao ponto de nos presumirmos os únicos salvos. O fato da longanimidade Divina perdoar e aceitar todos, malgrado seus pecados, esbarra na Santidade, tolhendo que O Eterno aceite tudo.

O chamado é inteiramente inclusivo; ninguém deve ficar de fora; “Pregai O Evangelho a toda criatura.” Porém, o que chama, é O Salvador exclusivo; sem Ele ninguém poderá ser, nem será salvo.

Aquele de vida bem tortuosa, quando se deixa persuadir pelo Amor Divino para mudança de vida, sua salvação faz mais “barulho” que a de um “normal”. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40:2 e 3

Quem observa essas mudanças em quem era um “caso perdido”, pois, tem uma mensagem apenas no que vê. Quiçá, poderá ficar mais atento, quanto ao que ouve, para entender aos quais, O Salvador chama: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11:28 e 29

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

A obediência; possível


“A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Se Deus ordenasse coisas impossíveis de praticar, não seria digno de Sua Onisciência, que esperasse outra coisa, senão, desobediência.

A queda deixou o homem à mercê de uma rebelde contumaz, a carne; feriria a lógica, O Eterno demandar obediência dessa; “Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Rom 8;7 e 8 Era caso de impotência, não de exercício arbitrário.

Invés de ordenar algo que seria impraticável ao homem natural, primeiro, O Senhor “turbinou-o” mediante novo nascimento da água e do espirito; para que o renascido, doravante, pudesse agir como filho de Deus. O Senhor não requereu obediência, sem antes, torná-la possível.

Um diálogo em “O Pequeno príncipe”, ilustra: “- Imagine que eu ordene a um General que voe de flor em flor, como uma borboleta, ou, que escreva uma peça teatral, ou, que se transforme em gaivota, e ele não faça nada disso; quem de nós dois estaria errado?
- Seria o senhor. Afirmou o pequeno príncipe, convencido.
- Certo! Portanto, é preciso exigir das pessoas, somente o que elas podem dar. E continuou: A autoridade se sustenta, inicialmente, na razão. Se ordenar ao povo que todos se lancem ao mar, ficarão revoltados. Eu tenho direito de exigir respeito, porque minhas ordens são razoáveis.”
Antoine de Saint Exupéry O Pequeno Príncipe, Pg 60

O rei dessa história pode perfeitamente tipificar O Senhor. “Eu tenho direito de exigir respeito, obediência; pois, Minhas ordens são razoáveis, exequíveis.” Poderia Ele dizer.

Antes de Cristo, a humanidade não tinha escolha. Estavam todos mortos espiritualmente, incapazes de agir na dimensão que agrada a Deus.

O Senhor deixou patente que falava com “mortos” que podiam ouvir; crendo dariam um salto, para redenção da vida perdida; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5:24 e 25

Não significa que a obediência seja fácil; seria preciso ser desonesto intelectual para afirmar isso. Apenas, que, após a conversão a desejável atitude passou a ser possível. Não é preciso que o “general voe;” basta que ouça a voz do espírito e obedeça, invés de rastejar ante o tentador. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo; e ele fugirá de vós.” Tg 4;7 Mais que obedecer a Deus, podemos resistir ao inimigo.

Antes tínhamos apenas uma natureza, caída, morta; após a regeneração, o espírito voltou à vida; a aversão natural que a carne tem à obediência, agora sofre o devido contraponto; para o espírito, a obediência não é um fardo, antes, um deleite; “meu fardo é leve e Meu jugo suave,” ensinou O Salvador; “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus;” Rom 7:22

O salmo primeiro promete venturas ao que, depois de separar-se de ambientes e pessoas más, “... Tem seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão; tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1:2 e 3

Mais que possível, pois, ao homem espiritual a obediência é deleitosa; porque, a comunhão com O Santo, de longe supera aos mais rebuscados prazeres que a carne possa propiciar.

Todo convertido é um pouco como Rebeca, dentro da qual, quando grávida de gêmeos, dois povos, “Esaú e Jacó” pelejavam pela primazia. O cristão assiste no “Coliseu” íntimo, o gládio da carne contra o espírito, sendo ele, o “César” que decide quem deve perder. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5:24

Essa venturosa escolha demanda obediência, do que ouvimos; porém, faculta comunhão, silêncio na consciência, pela ausência de motivos barulhentos; “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8:1 e 2

O poder de obedecer não forja supercrentes desses pavões, bobos alegres, que nem o tentador se aproxima; antes, capacita a que façamos as melhores escolhas, e nos incomoda rumo ao arrependimento, quando, falhamos por não as fazer.

Sementes sobre pedras


“Os homens de Nínive creram em Deus; proclamaram um jejum e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.” Jn 3:5

Na pregação de Jonas em Nínive, uma reação ímpar, jamais vista noutra parte. Um temor coletivo, onde todos, unânimes, decidiram jejuar; impuseram isso como lei sobre eles, e até mesmo, os animais. “... Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água; mas, homens e animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, converta-se, cada um do seu mau caminho...” Cap 3:7 e 8 Ordens do rei.

Qual a mensagem pregada pelo profeta que logrou tão profundo impacto? Que sinais operou, ou que métodos retóricos usou para que fosse tão convincente? Nada. Sua mensagem fora curta, grossa, soturna; sem acenar com nenhum rasgo de esperança, nenhum convite ao arrependimento.

“... Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” Cap 3:4 Além de modificar à ordem estabelecida, subverter, significa revolver de baixo para cima, destruir, arruinar.

Simplificando: Vocês só têm mais quarenta dias de vida; depois Deus colocará tudo abaixo. Por mensagens bem menos incisivas, profetas foram presos, esbofeteados.

Apesar da “falta de tato” do pregador, discurso duro, abordagem direta, privada de atenuantes, produziu milagrosamente o efeito que vimos em princípio; por quê?

Certamente Deus revestira Seu servo com uma autoridade ímpar, o que, obraria por protegê-lo de eventual revanchismo pelos assírios; mas, ainda assim ensejar arrependimento, conversão coletiva, não estava no pacote.

O homem, desgraçadamente, tende a lidar melhor com ameaças, que com convites. Imaginemos que alguém tenha dois vizinhos; um, marginal, violento, fora-da-lei, capaz de matar; outro, cordato, manso, acessível, leniente. Ao qual dos dois respeitará prioritariamente? Sim, você acertou.

Um convite amoroso, como o “vinde a Mim”, traz anexos, feixes de esperança, como ser aliviado dos fardos, encontrar descanso para a alma, apenas indo após Cristo. Diante disso, pode o ímpio descansar nas “fraquezas de Deus”, concluindo que tais nuances do Seu amor, são atenuantes que tolheriam o juízo; baseado nisso, poderia recusar o convite, eventualmente, sem consequências; ou, pelo menos, protelar.

Salomão versou sobre essa doença: “Porque não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8:11

Assim, entre um, brando “vinde a mim”, e um sisudo e terminal, “acabou!” esse tente a ser ouvido, mais do que aquele.

A longanimidade Divina mal compreendida “patrocina” o “empurrar com a barriga”, onde o homem deveria tomar uma atitude imediata; em muitos casos, a má leitura das facilidades acaba se convertendo numa impossibilidade; “O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29:1

Como diz o gaiato, corre-se o risco de “dormir e acordar morto”; O Salvador colocou a seriedade disso, de modo claro. “Deus lhe disse: Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12:20

O fato de que o juízo acenado contra Nínive seria imediato, apenas quarenta dias, ensejou uma tomada de decisão, imediata, também. Tendo feito isso para a direção certa, do arrependimento, seu juízo acabou suspenso; a misericórdia Divina os perdoou.

Porém sua “conversão” baseada apenas no medo do juízo, passado esse, também ela arrefeceu e voltaram aos pecados de antes.

 O Salvador ilustrou as decisões vertidas apenas do calor emocional, como sementes sobre pedras; que até nascem, mas privadas de raízes, logo secam.

Algumas décadas mais tarde, outro profeta do Senhor, Naum, falou contra eles. “O Senhor é Deus zeloso e vingador; O Senhor é vingador e cheio de furor; O Senhor toma vingança contra Seus adversários, e guarda a ira contra Seus inimigos. O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, ao culpado não tem por inocente...” Naum 1:2 e 3 “É decretado: ela será levada cativa, conduzida para cima; suas servas a acompanharão, gemendo como pombas, batendo em seus peitos. Nínive desde que existiu tem sido como um tanque de águas, porém elas agora vazam...” Cap 2:7 e 8

Na primeira advertência mediante Jonas teve conserto. Então, estava decretado o juízo que seria cumprido, e foi.

Não há outro modo de anunciar a Divina Palavra, senão, numa mescla de amor com justiça. O primeiro traz a disposição do Eterno em perdoar quem se arrepende; a segunda, evidencia as consequências de se permanecer em inimizade com Deus.

Mais ou menos como fez Ezequiel certa vez: “... Vivo Eu, diz O Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33:11

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Últimos ingressos


“De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra;” Ef 1:10

Segundo Paulo, as palavras acima definem o propósito Divino.

“Tornar a congregar em Cristo...” Tornar, se diz quando esse algo já foi feito; está sendo repetido. Tudo o que havia, estava agregado em Cristo, antes da queda. “Todas as coisas foram feitas por Ele, sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida...” Jo 1:3 e 4 Paulo amplia: “Em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência... Porque Nele habita corporalmente toda plenitude da Divindade;” Col 2:3 e 9

Como o pecado causou a queda e dispersão da humanidade para longe do Criador, o propósito Divino foi tornar a congregar; chamar para casa, aos “filhos pródigos”, possibilitando-lhes, vestes novas, reconciliação, por Cristo.

Nele, além de deixar patente qual é o centro da congregação dos salvos, evidencia como inúteis, espúrios, todos os outros meios. A exclusividade do Salvador, Sua eficácia ímpar, declara vãos, inúteis, blasfemos, os pretensos caminhos alternativos. Está fadado ao lixo da eternidade, o multifacetado e ímpio, ecumenismo. “Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de sob deste céu.” Jr 10:11

“... todas as coisas...”
uma hipérbole; isso requer o devido contexto, para ser entendido. Nesse estilo de linguagem, quando alguém confere o ambiente de uma reunião, por exemplo, e avisa: “Podemos começar; já chegou todo mundo.” Não significa que se refere a todo mundo. No caso, a todos os que eram esperados.

Assim, “todas as coisas”, que são probas, aceitáveis, ante O Senhor; os que escolheram a perdição não serão congregados em Cristo. Embora o chamado do Evangelho seja dirigido a todos, incide apenas sobre aqueles que respondem favoravelmente, se deixando moldar. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é...” II Cor 5;17

“... na dispensação da plenitude dos tempos...”
Já vimos noutra mensagem que O Eterno opera Seus propósitos em consórcio com o tempo, que Ele mesmo estabelece. Se, no âmbito da eternidade, contagem de tempo perde o sentido, “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” Ecl 3:1

Quando algum texto fala do fim dos tempos, pois, refere-se ao tempo dado à humanidade, para que reencontremos a casa paterna, como ensinou Paulo em Atenas: “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor...” Atos 17:26 e 27

O risco de ser relapsos achando que temos todo tempo que quisermos, é descobrirmos tardiamente que o tempo oportuno passou e não fizemos bom uso dele; “Passou a sega, findou o verão e não estamos salvos.” Jr 8:20

O convite à salvação sempre é feito como algo urgente: “... eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6:2

“... tanto as que estão no Céu, como as que estão na terra.”
Que há muitas coisas na terra que precisam ser congregadas em Cristo, é de fácil compreensão. Mas, o texto menciona coisas que estavam “no céu” e precisavam ser congregadas Nele também; quais?

Todos os “salvos” da Antiga Aliança, também foram pelo Sangue de Jesus; embora, esse não tivesse sido vertido ainda; “Porque é impossível que o sangue dos touros e bodes tire pecados.” Heb 10:4 Aqueles sacrifícios eram “... sombra dos bens futuros...” 10:1 Símbolos, tipos do que estava por vir.

A salvação dos que se arrependiam e ofereciam sacrifícios de animais, estava em stand by; eles assinavam um “cheque pré-datado”, que seria compensado, “... vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo...” Heb 9:11

Por isso, Nele, só Nele, todas as coisas que terão lugar no novo céu e na nova terra, serão congregados. As demais, estão fadadas à destruição. Em cima desse fato, Pedro lança a questão: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão e os elementos, ardendo, se fundirão?” II Ped 3:11 e 12

Depois de perguntar, ele meio que induz a resposta, pela absoluta falta de alternativas, sem Cristo.

Hoje soa irreverente, jocoso, zombar Dele, em músicas, vídeos, passeatas; quando Ele vier separar o congregável do desprezível, de que lado estaremos?

Um “vinde a Mim, e um apartai-vos de Mim” são o repertório do “Show”; um para cada tipo de público. Os lugares, reservamos agora.