segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Almas duplas


“Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4:8

Duplicidade; tema de toda a epístola de Tiago. O que crê e o que duvida; o que ouve e não pratica; o que favorece aos ricos, fazendo acepção; o que cumpre um mandamento e despreza outros, o que crê e não pratica as obras correspondentes, etc.

Se a dualidade fosse entre coisas semelhantes, ou neutras, seria mero prejuízo psicológico a atrasar decisões, confundi-las; porém, a duplicidade que alberga virtude e vício no mesmo “ambiente”, necessariamente o torna impuro, adulterado; “... vós de duplo ânimo, purificai os corações.”

Como seria se nossas vidas fossem acompanhadas “full time”, como foi a de Cristo por três anos e meio? Atrevo-me a dizer que a maioria migraria de uma atitude virtuosa a outra, viciosa; duma boa ação a uma omissão; quiçá, outra má. Se, para cada uma fosse pintado em nosso chão um quadro preto e outo branco para identificá-las, talvez, tivéssemos ao dispor um belo tabuleiro de xadrez.

A santificação à qual somos desafiados pretende corrigir isso; não haverá silêncio nas consciências vivificadas pelo Espírito Santo, enquanto, algum vício inda tiver assento no modo de ser, de agir.

Uma coisa virtuosa quanto ao método, carece ser também, no que tange ao mérito. Muitas palavras que os amigos de Jó disseram são verdadeiras em linhas gerais; mas, eram falsas no contexto em que foram usadas, por atribuírem ao patriarca, culpas que ele não tinha.

A Palavra nos ensina a perseverarmos em nossos compromissos, mesmo que, eventualmente isso nos traga prejuízos; “Quem morará no Teu Santo Monte... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15:1 e 4

O Salvador ensinou: “Seja vosso falar sim, sim; e não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5:37

A Bíblia traz o exemplo de um que jurou com dano seu, não mudou e pecou. Herodes, por ocasião de seu aniversário, já alto do vinho, após a dança da filha de sua esposa ter lhe agradado, jurou ante testemunhas, dar a ela o que ela pedisse; até a metade do seu reino. Instruída pela mãe, invés de pedir bens, pediu um mal; vingança contra o profeta que denunciara a ilicitude do adultério em que viviam. Isso custou a vida a João Batista.

Acaso o indigno rei poderia se vangloriar de ter sido fiel em sua promessa? Se ele foi íntegro no método, de cumprir o que falara, foi indigno no mérito, permitindo que tal cumprimento resultasse num crime, numa covardia.

Saul cometera o mesmo erro, amaldiçoando e condenando à morte qualquer dos seus que comesse algo, antes dele acabar com seus inimigos em batalha. Seu próprio filho, Jônatas, achou mel no campo e comeu, ignorando o dito de Saul. Ele pensava em “honrar sua palavra” estúpida, malgrado, seu filho tivesse se portado heroicamente; mas, foi impedido por alguém mais sensato que ele. “Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que efetuou tão grande salvação em Israel? Nunca tal suceda; vive o Senhor, que não lhe há de cair no chão um só cabelo sua cabeça! pois com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou Jônatas, para que não morresse.” I Sam 14:45

Quando deliberarmos algo, não o façamos de modo leviano; “uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”, ensinava Spurgeon. Assim, falar inadvertidamente, depois, “honrar” o que falou, a despeito dos estragos disso.

Nossas aprovações ou reprovações na consciência, têm origem celeste; “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu; tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mat 18:18

Embora, por conveniências políticas, alguém tenha “entendido” isso como poder da igreja decidir quem pode ser salvo e quem não, a rigor, é O Espírito Santo, valorando nossas ações ainda no campo teórico, para que evitemos aprovar e praticar, o que Ele reprova. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” 14:22

O Salvador não estava “empoderando” aos apóstolos, antes, capacitando-os a agir na esfera do Espírito, e responsabilizando-os a isso.

O mesmo desafio se aplica a nós; “Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne.” Gál 5:16

Sempre que O Espírito Santo nos der uma diretriz, se optarmos por uma “alternativa”, estará estabelecido em nosso comportamento, o duplo ânimo; impureza espiritual.

A salvação é prometida aos que se purificam em obediência; “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8:1

“... vós de duplo ânimo, purificai os corações.”

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