quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Miragens no porão


“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque sua malícia subiu até Minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis.” Jn 1:2,3

Uma crise se instalou no íntimo do profeta; pregar contra a maldade dos assírios? Em sua capital? Melhor fugir. Comprou passagem para o lugar mais distante que imaginou, desceu ao porão do navio e adormeceu.

Alguns comentaristas sugerem que ele se recusou a cumprir o ordenado, por medo que os assírios respondessem com violência, à mensagem de juízo. Todavia, após o perdão Divino aos arrependidos ninivitas, ele mesmo assumiu seus “motivos”: “... Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime e grande em benignidade, que te arrependes do mal.” Cap 4:2 O “perigo” que vislumbrara era que Deus se arrependesse do mal, pois.

Os assírios eram tão maus, que a ideia de lhes anunciar a palavra de um Deus compassivo e misericordioso, não combinava, pensou o profeta. Para os tais, apenas a destruição “ficaria bem.”

Quantas vezes escutamos acerca de alguém de maus passos: Aquele não adianta; não muda. Nem percamos tempo. Se O Eterno salvasse apenas aos “bons”, de índole fácil para arrependimento e santificação, não teria o que fazer entre nós. Certo é que, alguns se “aperfeiçoam”, se aprofundam mais na maldade; todavia, em linhas gerais, todos somos dignos de morte ante Ele.

Embora a verdade costume ferir aos melindres presunçosos, ela diz: “... Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3:10 “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem...” Sal 53:3 “... Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” Luc 18:19 etc. Então, quando alguém é comissionado a pregar para os maus, deveria estranhar se não fosse assim, invés de entrar em crise e se esconder.

Quantos, em momento de crise agem de modo semelhante! Invés de enfrentá-la, fogem. No matrimônio, sobretudo.

Quando uma relação sofre desgastes, e seduções concorrem acenando com “alternativas” fora, presto, muitos “Jonas” ignoram o preceito de Deus e descem ao porão. Digo, eles saltam fora do compromisso, e partem para outra relação, devaneando que os problemas serão solucionados assim.

“... O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira; a mulher da tua aliança.” Ml 2:14 denunciou o profeta. Será que O Eterno testemunhou aquele caso apenas?

No começo, tal postura ousada, do que “chuta o balde”, arranca admiração de gente mal resolvida em seus compromissos, que, suspira olhando de fora, desejando ter a mesma “coragem” para dar um passo tão “libertário” como fulano/a deu.

Pois, as primeiras impressões aparentam alívio; a descoberta da pólvora. Por que demorei tanto a mudar? Pensa o mui feliz “nubente”. 

Passada a fase da lua, quando a noite da rotina também cai, além do horizonte do compromisso primeiro, pouco a pouco, a mente do fugitivo migra para o deserto do, “eu era feliz e não sabia.” Começa a ver miragens de ventura, onde outrora só via areia e sede.

Precisa provar que, estava certo; mas, as próprias retinas testificam que não. Uma cortina de amargura “estraga” as fotos que o/a fugaz publica para mostrar-se feliz; tardiamente entende que fez besteira e danou o que não devia. “Há um caminho que, ao homem parece direito; mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Não somos chamados à felicidade; antes, à salvação. A felicidade foi reservada para o além. Aqui devemos perseverar em meio a aflições, incompreensões, calúnias, rotina. Os valores abraçados, não as sensações, devem pautar nossas escolhas. “Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” Mat 24:13

O que é perseverar? “Perseverar é um termo que tem origem no latim, “perseverare” que significa, continuar firme. É composto pelo prefixo “per”, que mostra intensidade, e pelo verbo “severare” que significa, manter-se firme.”

Assim, a “coragem libertária” do que salta fora de uma relação, invés de solver a crise, é covardia, frouxidão. Na hora da angústia, das aflições, que nossa firmeza é testada; “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, é que tua força é pequena.” Prov 24:10

Nada valeu a Jonas sua inglória fuga; causou uma tempestade que atingiu a terceiros; preferiu morrer a se arrepender. Mas, dado que a morte também não o quis, só restou arrependimento e obediência.

Todos temos uma “Nínive” que testa nossa obediência. Quando nos omitimos no que devemos, nossa rebeldia causa danos a outros e nós mesmos. Só há uma forma de concerto possível: Arrependimento, mudança de atitude, voltar atrás.

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;” Apoc 2:5

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