domingo, 28 de janeiro de 2024

Homens de fé


“Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem meus passos. Pois, eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.” Sal 73:2 e 3

“... meus pés quase se desviaram...”
o motivo que “atraía” ao desvio, foi lido nas entrelinhas dessa confissão, como sendo uma queda, não, uma aquisição. “pouco faltou para que escorregassem meus passos.”

Certamente foi após o entendimento exato das coisas que a narrativa foi escrita. No momento em que o comportamento ímpio “leva vantagem”, assoma uma dúvida sobre a escolha de quem opta pela probidade. Faz parecer que, a virtude é um “desperdício”, uma vez que demanda renúncias, e “não compensa.”

Essa foi a “conclusão” o que chegara o escritor. “Na verdade, que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo o dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” Sal 73:13 e 14

Que valeu escolher a justiça, inocência, se estou sofrendo, enquanto, os que vivem de qualquer maneira, vivem prósperos, folgados?

A ideia de amarmos à justiça por fatores paralelos, como louvores, recompensas, no fundo, deriva da mesma “moral” da “Teologia da Prosperidade.” Pode ser mera mercância disfarçada de virtude.

Mesmo filósofos, que não eram homens espirituais, apenas, racionais, deploravam isso. Sócrates disse, mais ou menos o seguinte: “Quando um homem for considerado justo, lhe caberão por isso, aplausos, elogios, louvores; ficaremos sem saber se ele é justo por apreço à retidão, ou, aos louvores que recebe. Convém, pois, expor o tal, a uma situação onde seja privado de todas essas coisas; se ainda assim, permanecer justo, certamente, o é, por amor à justiça.”

Além de agradar a Deus pela honra que tributa à Sua Palavra, a fé também é uma necessidade funcional, dado o que está em jogo; se, as recompensas fossem imediatas, quer boas, quer ruins, isso a eliminaria, trazendo a coisa para um escambo presente.

Se, fosse mera troca imediata, faça isso e receba aquilo, um exercício, uma recompensa, qualquer animal adestrado poderia manifestar “fé”. Deus pensa do homem, ser esse um pouco mais alto que os animais, uma vez que o criou à Sua própria Imagem e Semelhança.

Dado que a Semelhança com O Criador implica termos um espírito, que os animais não têm, O Eterno espera que façamos uso dessa capacidade atemporal, de tocar o passado, via arrependimento, o futuro através da fé; bem como, entender as vicissitudes presentes, mediante reflexão segundo Sua Palavra. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera, a prova das coisas que se não vê.” Heb 11:1

Não são as circunstâncias que patrocinam as escolhas da fé; ela excede-as; de Moisés A Palavra diz: “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11:27

Quando tudo escurece ao nosso redor, ainda assim, a fé descansa na Integridade e no propósito do Senhor; são essas coisas que ela “vê” quando sadia; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50:10

Os que “fabricam saídas” quando Deus os quer em confiantes esperas, são comparados aos que acendem fogo estranho; “Eis que todos vós, que acendeis fogo e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da Minha Mão, em tormentos jazereis.” V 11

Que a confissão de Agur, de invejar eventualmente os ímpios foi escrita após uma visão melhor, o mesmo texto deixa ver. As coisas que desejou num momento primeiro, considerou ofensivas aos heróis da fé do passado, meramente falar; “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos. Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então, entendi o fim deles.” 73:15 a 17

Doloroso entender; pareceu injusto, inicialmente. Porém, o valor de um caminho se deve mensurar pelo destino ao qual conduz, não pela facilidade da caminhada. “Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 18 e 19

Tendem os que são da fé e ver cada vez maiores as “vantagens” dos ímpios, e os prejuízos dos fiéis, num mundo como esse, que “jaz no maligno”.

É esperável que cada ação receba a devida recompensa; as nossas estão depositadas no porvir. Nosso tesouro está no céu; aqui temos aflições. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

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