domingo, 7 de janeiro de 2024

O tesouro dos justos


“Na casa do justo há um grande tesouro, mas nos ganhos do ímpio há perturbação.” Prov 15:6

Não pretende essa antítese entre o justo e o ímpio, avaliar qual deles possui mais bens; antes, evidenciar a diferença entre valores como justiça e impiedade, e suas consequências, nos demais aspectos da vida.

Enfim, patentear a diferença entre as riquezas bem, e, as mal havidas.

É possível que o justo tenha muito menos coisas que o ímpio, dadas as limitações da justiça que lhe são caras, às quais não ousa transpor; aquele, por sua vez, desconhecendo às cercas da probidade, tende a amealhar o que puder, usando todos os meios; pois a aquisição de coisas é o “valor” que patrocina seus atos.

Amós, o profeta, denunciou gente religiosa, pelo menos, observadora externa de alguns rituais, como a guarda do Sábado, e outras datas; no entanto, mercadores desonestos, ladrões.

“... vós que anelais o abatimento do necessitado; destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão, e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, procedendo dolosamente com balanças enganosas, para comprarmos os pobres por dinheiro, os necessitados por um par de sapatos, e para vendermos o refugo do trigo?” Am 8:4-6

Se podiam fazer coisas assim, “sem culpa”, qual o problema de profanarem aos dias santos também?

Algumas coisas eram especiais, mandamentos a ser observados; o “não furtarás” poderia ser burlado, afinal, o que faziam era apenas “comércio.” Na sua ótica distorcida e parcial, não configurava um roubo.

Uma das perturbações que assolam aos ímpios é que eles perdem a noção da devida equivalência entre os valores e os motivos pelos quais eles existem. O amor a Deus e ao próximo resume a Bíblia inteira; o primeiro tolhe que venhamos a ferir à Santidade do Altíssimo, envolvendo Seu Nome Excelso em impiedades; o segundo, veta que lesemos ao semelhante, negando-lhe um tratamento equânime, justo.

A incredulidade oferece matéria-prima ao pai dos incrédulos que, completa o serviço sujo; “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4 Com o entendimento cego, como veriam a total abrangência e a essência da justiça?

O “jeitinho brasileiro” não é tão brasileiro assim. Antes, a malversação das ações em busca de vantagens é um mal da humanidade ímpia, algo de que um justo deveria se envergonhar; mas, que por aqui foi glamourizado, para que parecesse uma coisa aceitável. Invés de desonestidade, o devido nome, “malandragem.” O verniz do Capeta.

Isaías também versou sobre eles: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20,21

Ainda que num primeiro momento, os metais amontoados de maneira desonesta possam fazer figura, “justificando” os meios ímpios pelos quais foram adquiridos, isso tem prazo de validade.

“Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal! Vergonha maquinaste para tua casa... Porque a pedra clamará da parede, a trave lhe responderá do madeiramento. Ai daquele que edifica a cidade com sangue e funda a cidade com iniquidade! ” Hc 2:9 a 12

A longanimidade Divina espera; envia mensagens de confronto desafiando à conversão, aguardando a reação humana. Porém, chega a hora em que o homem é chamado a responder pelos seus atos, como diz, noutro contexto: “Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50:21

A prosperidade dos ímpios é uma permissão Divina, para que ele deixe patentes os valores que escolheu. Se, toda impiedade fosse punida de imediato, os homens deixariam de ser ímpios, por interesse, e não por amor à Justiça. Deus não é um mercador. 

Então, “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8:11

Essa disposição inata, que grassa desde a queda, só pode ser mudada, mudando-se o coração do homem; o que Cristo faz, na conversão.

Ele justifica quem crê e obedece, e os chama de justos; malgrado, sejam apenas pecadores arrependidos.

A “riqueza” do justo, pois, é essa. A comunhão com O Senhor, por meio da qual, obtém Dele, em tempo, as coisas que necessita; pois, “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5:16

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