terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Assepsia espiritual


“Se aquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul é morto, parecendo, porém, aos seus olhos que era como quem trazia boas novas, eu logo lancei mão dele, e o matei em Ziclague, cuidando ele que eu, por isso lhe desse recompensa. Quanto mais, a ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama; agora, pois, não requereria eu o seu sangue de vossas mãos, não vos exterminaria da terra?” II Sam 4:10 e 11

Davi sentenciando à morte, Recabe e Baaná; pois, tinham assassinado a Isbosete filho de Saul, e levaram sua cabeça a Davi, imaginando fazer grande coisa.

A outro que levara a notícia da morte de Saul, Davi sentenciara à morte também, (não porque levara uma má notícia, isso faz parte) mas, porque fizera aquilo manifestando a efusiva alegria de quem traz boas novas; essa imprudência lhe custara a vida; “... Quanto mais, aos ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre sua cama...”

Se, o simples se alegrar com a morte de Saul custara àquele, sua vida, como trataria diferente a esses dois assassinos que mataram em sua cama, o filho do rei?

Apesar de que, Saul se comportara como inimigo de Davi, tentando matá-lo mais de uma vez, por inveja, não fez o mesmo o filho de Jessé; por duas vezes tivera Saul nas mãos e poupara-lhe. Sabia que a unção real de Saul fora escolha do Eterno; isso bastava para que não intentasse nada contra o rei, por temor do Senhor. Seu filho escreveria: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” Prov 1;7

Ah, se todo o governante se “vacinasse” desse modo, contra o assédio dos bajuladores, que, se apressam ao que não lhes foi ordenado, acoroçoados pela índole lisonjeira, buscando com isso, angariar favores!

Quantos “obreiros” que, ao ficarem sabendo de um deslize mínimo de um irmão, coisa que poderiam resolver sozinhos com uma exortação e um conselho; invés disso, fermentam a coisa, correm ao pastor, que tem alvos maiores e mais relevantes com que se ocupar.

O pastor que tiver discernimento, há de entender que o deslize do obreiro é maior que aquele que, ele poderia ter resolvido sem muito barulho. Devemos aprender com Davi, a cortar o mal onde ele nasce. Quando um ímpio assim, aparecer com a cabeça alheia debaixo do braço, possivelmente seja a dele que “deva rolar”.

Se o reinado de Davi começasse assim, iniciaria manchado de sangue inocente, com o rei “endividado” ante dois ímpios.

A casa de Saul fora rejeitada, e Davi era o escolhido do Senhor para reinar. Entretanto, sabermos de coisas assim, não nos autoriza a cometermos temeridade, injustiças, como se, a Vontade final de Deus, “justificasse” meios espúrios para sua realização. Como disse Abraão: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18:25

Rebeca mãe dos gêmeos, Esaú e Jacó sabia que o menor seria maior, fora lhe revelado; contudo, permanece o fato de que ela e Jacó trapacearam para iludir ao cego Isaque, no momento de abençoar os filhos. O Eterno não precisava daquela “ajuda”. Jacó aprendeu nos últimos dias da vida dele, quando foi sua vez de abençoar aos filhos de José.

Também pelas mãos dele, Efraim, o mais jovem foi posto acima do primogênito Manassés; Deus não usou nenhum jeitinho espúrio para isso.

José tentou interferir e corrigir o “erro”; “Vendo, pois, José que seu pai punha sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés. José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe tua mão direita sobre sua cabeça. (era usual que a bênção maior fosse do mais velho) Mas seu pai recusou, e disse: Eu sei, meu filho, eu sei; também ele será um povo, também será grande; contudo, seu irmão menor será maior que ele...” Gn 48:17 a 19

A Obra de Deus não possui fins tão “nobres” que justifiquem meios escusos; o quê, fazer e como fazer, contam; como diz um adágio popular, “um erro não conserta outro.”

Assim, quem usa meios espúrios para realizá-la, desacredite da aprovação Divina; Deus não usa calvos para anúncios de shampoos. Quem for chamado para anunciar às coisas santas, que viva segundo as mesmas coisas.

Então, para os eventuais ministros do Senhor, a receita é a que segue: “... sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.” I Tm 3:10

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