quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

As espigas


“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4:18

Figura do aprendizado progressivo daqueles que escolhem a justiça como valor basilar, para pautar o viver.

Começar com um “mas”, conjunção adversativa, aponta para trás; devemos olhar lá, caso queiramos entender em relação ao quê, é adversa. Depois de desaconselhar a vereda dos ímpios, diz: “... não dormem se não fizerem mal, foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar. Porque comem o pão da impiedade, bebem o vinho da violência.” Vs 16 e 17 “Mas...”

A prática do mal lhes é “alimentação”; indispensável, como o pão pra nós. Não consta que os tais jejuem.

O justo busca conhecimento, progressivamente, àqueles basta a manutenção da rotina; já “sabem” o que lhes é melhor. Lembrei Spurgeon: “As melhores pessoas que conheci, - disse - viviam descontentes consigo mesmas, frustradas, em busca de alguma maneira de se tornarem ainda melhores.” Aprender é hábito que nunca se satisfaz, se, devidamente cultivado.

Platão defendia que a filosofia é um meio-termo entre sabedoria e ignorância; “O sábio não filosofa porque não precisa; o ignorante porque não pode, nem deseja.” Ter dúvidas não é vergonhoso; é honestidade intelectual.

Todas as soluções cabais em assuntos polêmicos, tendem a verter dos que têm “certeza”, presunção que tolhe o aprendizado. Os que se dedicam a ele costumam ser céticos, inicialmente, enquanto não dominam determinado assunto. “Liberte-me de minha ignorância; te terei na conta de meu maior benfeitor.” Sócrates. Se alguém da envergadura dele esperava receber luz de outrem, que dizer de nós.

Uma vez uma “amiga” publicou: “Não venha com tuas opiniões na minha página! Ela não é uma democracia! É uma monarquia e a rainha sou eu.”

Achei espirituosa, criativa a forma; abjeto o teor. Desfiz a “amizade”. Ignoro para quem era o “osso”, não tinha comentado na página dela; mas, me serviu. Sempre concebi as redes sociais como um intercâmbio, não como uma vitrine de vaidosos em busca de adoradores.

Sou súdito apenas de Cristo; dos outros, sou igual. Argumento onde me parecer oportuno, e permito o mesmo em minha página, uma vez mantido o respeito.

Insano quando alguém se porta como “obra acabada”, negando-se ao crescimento, à evolução saudável; a forja do conhecimento educa almas, edifica-as. Maus momentos, estados de humor ruins, todos nós lidamos com isso. Porém, eles não justificam que lancemos sobre terceiros, as sementes de amargura que são nossas.

O menor indício de dissenso é tido como intromissão. “Seu cérebro possui duas teclas: Armazene e delete; use-as com sabedoria.” Postam. Muitos põem o delete na hora errada. Usam diamantes em fundas.

A sentença é muito válida. Tem gente chata, vaidosa, em busca de adoradores, não de crescimento mútuo, (como a que citei) que uma vez identificada, uma ruptura fica bem.

O risco é que venhamos a deletar coisas válidas por alguma discordância que pode proceder; trairemos a nós mesmos, se decidirmos armazenar apenas lisonjas, podendo fazê-lo sabiamente em relação ao aprendizado.

Embora, esses mesmos, eventualmente publiquem coisas que seriam contrárias aos “berrantes do sistema”, frases alheias das quais gostaram, sem digerir.

Aparentam desfilar ousados na sacrossanta “rebeldia” de quem pensa, faz diferença, invés de anuir cegamente, por preguiça de meditar; no entanto, logo deparamos com alguma decepção.

Um passo adiante, acompanhando aos tais, precisaremos rever nossas impressões; pois, nova postagem nos forçará a isso. Se mergulharmos nas páginas deles, atrevo-me a dizer que poderemos encontra uma tese, e sua antítese, em publicações diferentes, dado o humor do momento; a sabedoria é preto no branco; o atrevimento, a presunção, conseguem ser multicores.

Lendo comentários em certas coisas compartilhadas que se publica, é comum nos assaltar a impressão que as pessoas se importam mais em dizer algo, que, em considerar o quê, estão dizendo. Ou seriam obtusas em série, mesmo? Tomara que não! Prefiro-as distraídas a mentecaptas.

Algumas coisas precisam urgente, ser entendidas: Criação e evolução são excludentes; espiritismo e cristianismo também; comunismo e fé, idem; opinião e argumento não vêm da mesma prateleira; cada um pode escolher o que aprouver. Contudo, ninguém, com dois neurônios inda funcionais, poderá dizer que o céu é vermelho, ou a grama, lilás.

Há uma “máscara” chamada fatos, que se prende às nossas orelhonas pelas alças da lógica, e protege os que têm alguma conexão sadia nos cérebros, contra o vírus da alheia estupidez, que tanto se difunde.

“Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.” Leonardo Da Vinci

Nenhum comentário:

Postar um comentário