domingo, 14 de janeiro de 2024

Enquanto há esperança

 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma; tampouco, terão eles, recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.” Ecl 9:5

Duas coisas precisamos observar no Eclesiastes, se o quisermos interpretar bem. Uma: Sua fonte não pretende ser a Palavra de Deus, estritamente; como falavam os profetas: “Veio a mim a Palavra do Senhor”, ou, “assim diz O Senhor!”
Embora seu registro seja inspirado, seus ensinos tenham valor em linhas gerais, trata-se de um livro filosófico; de alguém sábio refletindo para entender às coisas; o autor diz: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar e informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu;” cap 1:12,13

Duas: Seu escopo não pretende tocar o além. As observações foram registradas conforme pareceram ao sábio, “debaixo do sol”; na esfera das coisas visíveis, imanentes. Sendo a fé “O firme fundamento das coisas que não se vê”, necessariamente pretende nos fazer transcender, crendo na revelação de coisas que não podemos ver; pois, não figuram debaixo do sol.

Quem tomar o Eclesiastes como fonte de doutrinas, corre o risco de atribuir imperfeição ao Eterno, pois, há nele coisas que podem soar contraditórias a outras partes da revelação.
Se levarmos às últimas consequências, tudo que o pensador versou sobre as coisas vistas daqui, concluiremos que a virtude e o vício são semelhantes, apenas vaidades; “Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: que há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade.” Cap 8:14

Uma vez que as recompensas por uma e outra parecem invertidas, qual o sentido da melhor escolha; aliás, qual seria a melhor?

Todavia, o autor não pretende esgotar as coisas na arena do que viu; “lavou as mãos”, remetendo a solução das “vaidades” ao Senhor, no além. “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra; até tudo que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Cap 12:13 e 14

Os que ensinam a inconsciência da alma após a morte, precisam transformar a história do rico e Lázaro em mera parábola, não, como sendo um fato real; ora, as parábolas visam tornar mais didática à realidade; não, substituí-la por fantasias.

Não sei como explicariam Apocalipse, 6;9 e 10; “Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”

Diverso de estarem “hibernando” como acredita o adventismo, ou, intercedendo por nós, como ensina o catolicismo, temos os mártires vivos, conscientes, falando com Deus e clamando por vingança.

A Palavra de Deus é suficientemente clara. Quando Salomão expõe que os “mortos não sabem coisa nenhuma...” O contexto imediato deixa ver ao quê, ele se refere: “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).”
Seu prisma é a existência da esperança, uma coisa possível apenas desse lado da vida; do lado de lá as coisas são cabais, não há mais mudança; quem partiu salvo, salvo está; quem, perdido, idem. Assim, podemos parafrasear que os mortos não “esperam” coisa nenhuma, privados de contato com a vida debaixo do sol, onde havia esperança, enquanto, estavam vivos.

“... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Heb 9:27
Se, os ímpios serão aniquilados, levados à inexistência apenas, qual o sentido de um juízo após a morte? Não seria a própria morte o juízo deles? “... temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12:5

Sobre a continuação da existência das almas após a perdição A Palavra de Deus diz: “... melhor é para ti entrares na vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” Mc 9:43,44

Embora, tenha Salomão usado seu direito de versar segundo suas observações, não pretendia ser a “última bolacha do pacote;” antes, lembrou que o Único Pastor, difunde Sua Luz através de muitos; “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12:11

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