domingo, 30 de abril de 2023

Novos salteadores



“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” Jo 10;8

A Palavra menciona dois; Flávio Josefo alista alguns mais, que surgiram antes de Cristo, com pretensões messiânicas. “Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; também este pereceu e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Ladrões e salteadores pretendendo o lugar de Cristo não faltaram. “... mas as ovelhas não os ouviram.”

Ovelhas que conhecem à voz do Pastor, não seguem estranhos, é cada vez mais raro, infelizmente. Há muitos com um histórico relevante de serviços prestados que, pouco a pouco foram caindo da solidez doutrinária; agora fazem o trabalho da oposição, defendendo coisas que condenaram, quando interpretavam sadiamente à Palavra. Salteadores surgidos depois de Cristo.

Pedro viu os precursores desses e advertiu: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Uns defendem a “eleição incondicional”; “uma vez salvo, sempre salvo”, a Palavra não traz essa doutrina; antes, adverte do risco de perdição, para os que abandonam o Santo Caminho. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Podem falar igual aos fiéis, fazer semelhantes obras também, não sendo um dos tais. Essa encenação “cristã” lhes abre muitas portas na terra; a dos céus segue sem uso, por quem não abandona às práticas ímpias. Quem entra por Cristo, necessariamente, muda. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

O Salvador ensinou: “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Antes havia a expectativa de um Ungido Libertador, cujo nome era ignorado; assim, qualquer um, adoecido pela febre da pretensão, poderia sair apregoando de si mesmo, achando-se, dizendo-se o tal.

Depois do Salvador, essa “diversidade” deixou de ser possível; “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4;12

Os farsantes, não podendo mais apresentar seus pífios nomes, passaram a se dizer representantes do “Nome que É sobre todos os nomes.”

Embora sejam necessários e devamos reverenciar pastores humanos, só devemos nos submeter a eles, à medida que eles estão submissos ao Sumo Pastor. Em última análise, “O Senhor É o meu Pastor...”

Qualquer ensino que discorde da sã doutrina, não importa a credencial que seu proponente envergue, pastor, bispo, reverendo, apóstolo... é uma voz estranha ante quem tem discernimento; não deve ser seguida.

A Palavra ensina que o próprio canhoto se transfigura em anjo de luz, os ministros dele, em ministros de justiça. Quem anda pela fé, não por vistas, como devem os salvos, não se deslumbra ante figuras; “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Os ataques contra a fé não se dão quanto ao direito de crer; mas, quanto ao objeto de nossa crença, como advertiu Judas: “... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça Divina; negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

Nosso risco não é deixar de crer; mas, passar a crer diferente do ensinado pelo Único Pastor. Ele diz: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

sábado, 29 de abril de 2023

Os excluídos



“Com muitas outras palavras isto testificava e exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.” Atos 2;40

Acusam o cristianismo de causar divisões, não ter unificado, pacificado o mundo. Deveriam investigar, para ver se nosso alvo é esse; se, isso foi prometido por Deus, faz parte da Palavra Dele, ou, se a Doutrina de Cristo traz mesmo uma ruptura, uma separação entre os que a abraçam, e os que decidem seguir alheios.

A iniciante Igreja de Cristo trouxe isso que lemos acima: Um desafio aos crentes para se separarem dos que andavam segundo seus próprios caminhos. “Salvai-vos dessa geração perversa!” Uma separação voluntária por amor-próprio.

O que Cristo falou sobre o montante dos salvos? Seriam muitos, todos? Ele disse: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

O Salvador disse que Sua doutrina traria harmonia, paz? “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, antes, dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três.” Luc 12;51 e 52

Quando legou Sua Paz, fez questão de a diferenciar da paz do mundo; “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou como o mundo a dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27 Essa Paz é uma posse interior, um silêncio na consciência por ter sido perdoado, regenerado e estar novamente em comunhão com Deus.

A do mundo pode se firmar em muitas coisas; conveniências, interesses, poderio bélico, arranjos políticos divorciados da justiça, etc.

A paz com os semelhantes é uma coisa boa que devemos buscar, malgrado, diferenças de credos, opiniões, gostos; entretanto, nem sempre é possível; Paulo ensinou: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A paz com Deus requer Cristo como mediador, a virtude do Seu Sangue imaculado como fiador; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” I Cor 15;19

Propor o ecumenismo como pacificador planetário, farsa que está em célere curso já, com a justificativa de que o cristianismo não conseguiu isso em dois milênios, tampouco, conseguirá, por sustentar “discursos de ódio” é grotesca falácia.

Nunca foi projeto Divino salvar o planeta, o sistema mundano como um todo. Deus, por Ser Santo, Criador de tudo, Se dá ao direito de Ser seletivo quanto o que aprova; “Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Isso já elimina a ideia de uma salvação global atinente a todos. Embora esteja disponível a todos, apenas os que a abraçam em seus termos a terão.

A imposição do “novo normal”, onde o homem decide o que é justo, reto, se dá ao direito de “editar a Deus”, alterando Sua Palavra, removendo porções que conteriam “erros Divinos” “anacronismos” do Eterno, merece um apreço.

Se, do ponto-de-vista mundano a reiteração dos Estatutos do Altíssimo soa a “discursos de ódio”, por não se alinhar à “moral” vigente, a Palavra Dele também previu o surgimento dessa geração ultramoderna: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Num mundo dual como esse, de verdade e mentira, justiça e injustiça, vida e morte, luz e trevas, natural o concurso de amor e ódio; de um servo aprovado por Deus foi dito: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que aos teus companheiros.” Sal 45;7

Infelizmente nossa santificação devida, nem sempre chega à estatura de odiar ao pecado. Nos esforçamos para evitar o que O Criador Odeia. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hac 1;13

Quando ensinamos os Juízos Divinos aos que andam alheios a eles, não o fazemos por odiar; antes, é o Amor de Cristo que nos constrange. A perdição que não desejamos para nós, também não a queremos aos semelhantes. Amá-lo como a nós mesmos é mandamento do Senhor.

O mundo em si não deseja se unir; há uma orquestração de títeres de Satã trabalhando para isso. Pessoas comuns têm alvos menores, atinentes às suas coisas, não, as do planeta.

Quanto mais o sistema normatiza mediante leis, posturas que Deus abomina, mais distante dele ficamos. “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual, forja o mal a pretexto duma lei?” Sal 94;20

quinta-feira, 27 de abril de 2023

A coragem de temer


“... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

Já ouvi, pessoas decepcionadas com a deslealdade alheia citarem parte desse texto como explicação: “Maldito o homem que confia no homem!” Mas, será mesmo essa a intenção? Amaldiçoar quem confia no semelhante?

Basta ler na íntegra o verso, para ver que não. Se, a Palavra de um cristão deve ser, sim, sim. E não, não. Ou, o cidadão dos céus, entre outras características é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4 Como O Eterno nos amaldiçoaria por confiarmos nele?

A texto deixa claro que, o maldito em questão, nas coisas que deveria confiar em Deus, coloca a si mesmo, sua opinião, vontade, apreço; pois, “aparta seu coração do Senhor.” A própria Palavra se interpreta: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Um efeito colateral da maldição é cegueira espiritual. “... não verá quando vem o bem.” Isaías denunciou: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade; não atenta para a majestade do Senhor. Senhor, Tua Mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;10 e 11

A posse rotineira de algo passa despercebida, por fazer parte do “normal”. Muitas vezes ignoramos o que recebemos, nem sempre somos agradecidos porque Deus nos abençoou. Como luz e água em nossas casas; são tão normais, que apenas quando faltam percebemos quanto são necessárias.

Assim, muitas bênçãos, apenas depois de retiradas são devidamente apreciadas.

O mundo combate com todas as forças aos valores cristãos; para os tolher acabará vetando nosso direito de crer e pregar. Quando conseguir isso, muitos que olham de fora e riem de nossa luta, quando privados de um conselho espiritual, uma oração em momentos de angústia, finalmente entenderão, o quanto vale o que lhes causa riso, agora.

“Irão errantes de um mar até outro mar, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

Já aconteceu isso no período Inter bíblico; de Malaquias a João Batista, 400 anos de “silêncio profético”. Acontecerá outra vez, quando o motim global, previsto no salmo segundo se estabelecer. “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Primeiro teremos a perversão da revelação, com “revisão e atualização” da Palavra de Deus; concomitante, o ecumenismo validando toda sorte de credos, por contraditórios que sejam; por fim, o veto ao direito de crer em divindades distantes, imposição de adoração ao “deus presente” o anticristo.

Como vemos, a confiança no braço humano não apenas nos aliena de Deus; acabará jogando os autoconfiantes sob a opressão do Capeta.

Os melindrosos seletivos, que se ofendem com a expressão “temer a Deus” quando estiverem sob o império do “deus” espúrio, finalmente entenderão o que é invasão de domínios, castração de direitos.

Já vislumbramos miniaturas disso, no horizonte de nossa política.

Há uma valentia na entrega da gestão das próprias vidas, que esses que nos acusam de nos escondermos atrás da Bíblia, e riem da nossa fé, desconhecem.

O reconhecimento de nossas carências e fraquezas, nos coloca ao alcance de dádivas tais, que além de, presto vermos quando nos vem o bem, também não capitulamos às ameaças do mal. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Força, riqueza, sabedoria, têm lá suas utilidades. Mas, nada se assemelha à preciosidade que é termos intimidade com Deus. “... Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender, Me conhecer, que Eu Sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz O Senhor.” Jr 9;23 e 24

De que vale a força de nosso raquítico braço no combate ao pecado? “O Senhor desnudou Seu Santo Braço perante os olhos de todas as nações...” Is 52;10

Esse bem que remove a impiedade, Cristo, é preciso crer para ver. “Quem deu crédito à nossa pregação? A quem se manifestou o Braço do Senhor?” Is 53;1

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Inimigos íntimos

 

“... a mão do que me trai está comigo à mesa.” Luc 22;21

A traição em si não é fiel aferidora do caráter. Imaginemos uma quadrilha de malfeitores que sempre assaltou unida. Lá pelas tantas, um deles reconsidera, pensa nas coisas que tem feito, outras que tem aprendido e decide mudar, abandonar aquilo e ser diferente; quiçá, se tornar um cristão.
Para os da súcia ele será considerado um traidor, um covarde que, apenas pela sua mudança se tornará uma denúncia sobre o modo errado de viver, daqueles. Possivelmente será perseguido pela sua “falta de caráter”, por ter pulado do barco. O mal também precisa de coesão, fidelidade.
Ouçamos um exemplo do canto dos aliciadores: “Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos inocentes sem motivo; traguemo-los vivos, como a sepultura; inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos nossas casas de despojos; lança tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1;11 a 14 O que, tendo aceitado tal proposta, um dia sai dessa unidade “cospe no prato em que comeu.”
A fidelidade ao erro não é uma virtude, tampouco, o abandono de sua prática, um passo vergonhoso; embora, seja tido por traição, pelos que queriam prosseguir no mesmo agir, contando com os mesmos agentes.
Saulo de Tarso fora o homem forte do Sinédrio na perseguição à Igreja; quando, após um encontro com Cristo foi transformado, passou a defender aos que antes perseguira; foi tido por traidor pelos de sua antiga crença. Tanto que, foi caçado, certa vez apedrejado à morte, (embora tenha sobrevivido) tal era a ira que sua mudança causara nos antigos correligionários.
Como os inimigos sempre são “fiéis”, mantêm sua inimizade em quaisquer circunstâncias, a traição sempre será uma atitude dos chegados. “A mão do que me trai está comigo à mesa.”
Voltaire ironizou: “Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.”
A “mesmice” chata da boa índole, do caráter alinhado à justiça e verdade cansa a alguns que, adentraram em tal meio sem fazer bem os cálculos, se era mesmo isso que queriam.
Quem se rende ao Senhor, decepciona-se consigo mesmo, à medida que reconhece seus erros. “Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho. Quanto mais deprecia seus maus passos pretéritos, mais aprecia ao perdão Divino que renova Sua misericórdia cada manhã.
No afã de corresponder ao Amor de Deus, luta por novas conquistas de obediência o tempo todo. Para esses, o cristianismo nunca é monótono. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Porém, quem recusa ouvir a voz que O Espírito Santo aviva em sua consciência, não terá “nada a fazer”, na sua enganosa comodidade suicida de “salvo”.
Então, dado seu tédio, abre-se a “novidades” externas, bebendo de fontes espúrias; natural que, o tal passe a sentir-se deslocado, estranho no seu local de convívio. Pode suportar por um tempo, mas acabará optando pelo que palpita mais forte em sua alma.
Como esse processo é interior, não o percebemos até eclodir.
Não raro, nos decepcionamos com rupturas, sem perceber que eram necessárias. Pessoas diferentes em valores e motivações precisam de caminhos diferentes; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3
“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” I Jo 2;19 “Por isso ímpios não subsistirão no juízo, nem pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

Exemplos de rupturas necessárias, sem analisar o mérito das causas.
Enquanto a união pode ser feita pelos diferentes, como o ecumenismo propõe, a unidade requer coesão espiritual para que aconteça. Pois, “Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo;” Ef 4;4 e 5
Óbvio inferir que, a unidade exposta refere-se à verdadeira. Há imitações, fraudes várias, mas, não “colam” com O Espírito Santo nem com O Senhor.
Na união dos diferentes, a lei é aceitar cada um, como ele é; na Unidade em Cristo é preciso regenerar para voltar a ser como Deus o fez.
Para os ecumênicos, “traidores” somos nós, que insistimos na difusão dos “discursos de ódio”, que desafiam quem ouve a negar a si mesmo por Cristo.
O sistema está de tal sorte corrompido, que o antivírus é lido como vírus. Quem adota a mentira como rota e sentimentos como diretrizes assenta-se todos os dias com o traidor, que o está levando a perdição, o ego.

domingo, 23 de abril de 2023

A coroa da fé


“Vós intentastes mal contra mim; porém Deus intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gn 50;20

Os irmãos de José, primeiro o tentaram matar jogando numa cova; depois, reconsideraram e o venderam como escravo.

O Senhor permitira, não obstante, a inocência de José. Outras injustiças mais fizeram parte do seu currículo, antes de ser guindado à honrosa situação em que estava; governador do Egito.

Vindo a morte de Jacó, os traidores temeram sofrer vingança por parte do, então, governador. Rogaram misericórdia, usando até mesmo o nome do finado pai; José, depois de os tranquilizar, dizendo não estar no lugar de Deus, fez a observação supra: Vocês me tentaram fazer o mal; mas Deus mudou isso em bem, e favoreceu muitas pessoas mais, como se vê, nesse dia.

Há uma característica na fé que a torna impossível para os reféns do imediatismo, do testemunho dos olhos apenas; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Enseja uma firmeza na esperança, não uma confiança nas vistas.

Para os que descreem, quando afirmamos nossa confiança baseada na fé, parece que estamos dando “um salto no escuro”. A bem da verdade, podemos “ver” o que lhes escapa. Moisés, “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Por ser a fé, abstrata, não significa que não lide com as coisas palpáveis. Se, patrocinou tal empresa a Moisés, fica mais que evidente seu poder de “mover montanhas” ante aqueles que a abraçam.

A Palavra não revela que José tivera alto nível de ensino sobre as coisas Divinas; apenas que era fiel ao seu pai e temia a Deus. Como “revelação”, tivera dois sonhos que apontavam para ele em lugares altos acima de todos os seus. Isso bastou para que ele passasse poucas e boas, sem negar sua confiança. Antes de Deus mudar seu mal em bem, muitos males foram anexados ao primeiro.

Quando Abraão, bisavô dele, fora chamado, fora desafiado a confiar estritamente na Palavra de Deus. “... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Te mostrarei.” Gn 12;1 Deixa tudo e vai “para uma terra que te mostrarei;” Tinha “apenas” a Palavra de Deus como fiadora e isso bastou. Não sem razão, é chamado, “pai da fé”.

Deus diz: “... Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12 O Santo atrela Sua Honra, Fidelidade, a Integridade do Seu Nome à Sua Palavra. Sabedora disso, a fé pode descansar, mesmo que as vistas insistam em falar o contrário. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Paulo sentencia: “Porque andamos por fé, não por vista” II Cor 5;7

Chega um tempo em que, a “semeadura” da fé recebe a devida colheita. Então, coisas “impossíveis” se fazem bem palpáveis. O que fora apenas longínqua esperança se torna um fato presente, “como se vê nesse dia”, disse José aos seus irmãos. 

O que se via naquele dia? Os traidores invejosos arrependidos, medrosos, envergonhados, suplicantes ante ao traído que seguira fiel, então, exaltado, poderoso, saciado em sua sede de justiça.

Embora, no escopo humano, a justiça seja uma espécie de troca, um toma lá, dá cá, o mais breve possível, conforme suposto mérito de cada um, aos Olhos Divinos, a justiça deve habitar na índole, no caráter de cada filho; um apego a ela, mesmo com sede, ainda que, tenha que atravessar vasto tempo, antes de ver coroado seu mérito. “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Essa “fé” que dá uns brados e fica olhando frustrada, pensando, por que a montanha não implodiu? é só o retrato da ignorância de quem nada aprendeu das coisas espirituais. “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Não que a sina de José esteja proposta a cada um. Não há tantos tronos assim, vagos. Mas, os que, malgrado, adversidades e perseguições, injustiças, seguirem fiéis, certamente chegarão às suas vitórias, ao tempo dos frutos quando as coisas esperadas serão realidades palpáveis, coroas da vitória da fé.

Vulgarmente se diz: “A pressa é inimiga da perfeição;” pois, perfeição é o âmbito da Divina atuação; então, “... aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

sábado, 22 de abril de 2023

Discurso de amor e ódio


“Odeio aqueles que se entregam a vaidades enganosas...” Sal 31;6 “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

“Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.” Sal 139;21 e 22

Textos assim e similares são alvos de ataque; Xuxa Meneguel, e outros menos votados esposam que, a Bíblia precisa ser reescrita, “removendo todo ódio, deixando apenas o amor”.

Imaginem, odiar aos que se entregam ao engano, à impiedade, os que se levantam contra Deus. Onde já se viu tamanha falta de amor?

Ora, a primeira esfera do amor é o amor-próprio. Tanto que, esse foi tomado como base para o devido ao semelhante. “... amarás teu próximo como a ti mesmo.” Mat 19;19 “Como quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei.” Luc 6;31 etc.

Como ficaria meu amor-próprio, se concedesse ao semelhante, “direitos” que tolho a mim? Se eu achasse nele, normais, atitudes que, em mim causariam estranheza, aversão, vilipêndio, desprezo?

Minha saúde espiritual e psicológica requer que eu evite aquilo que é deletério. Assim, o “cidadão dos Céus,” além de outras credenciais necessárias, é um “a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor.” Sal 15;4

Quando a Palavra manda amar aos inimigos, vencer o mal com bem, orar pelos que nos perseguem... ensina a não desistirmos das pessoas que andam errado; contudo, não legitimar seus erros em nome de suposto “amor”. Um erro segue sendo o que é, mesmo se, praticado por alguém que amamos.

O que é a Cruz de Cristo, senão, a maior declaração de amor de Deus pelos homens, e ódio pelo pecado? Aos cristãos hebreus foi dito: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 Cristo o fez.

Amor e ódio podem ser vizinhos, tão somente, olhando para alvos diferentes. Pois, o amor, “Não folga com a injustiça, mas com a verdade.” I Cor 13;6

O homem sozinho não entende as coisas espirituais. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Quando o advertimos que, determinado comportamento é indevido, pois, o enviará à perdição eterna, ele não consegue vislumbrar nossa motivação amorosa. Apenas vê “intromissão, ódio” tentando tolher seus “direitos”.

Assim, os cegos querem vetar que se fale das cores e das formas, considerando válido apenas o tato; têm por agressores o que lutam para lhes sarar córneas e retinas. 

Mas, se eles são mesmo contra o ódio, por que odeiam nossa postura e mensagem? “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo, transgressor.” Gál 2;18 ensina, Paulo.

A Palavra não foi dada para divertir à humanidade ímpia tampouco, para validar atitudes que, aos Olhos do Santíssimo, são desprezíveis. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13

Ela foi enviada para nos convencer de nossos pecados, ensinar sobre a Justiça e Santidade Divinas; proclamar Seu Amor Inaudito, que pretende nos regenerar, mediante Cristo, nos termos que propõe. Quem não quiser, pode seguir à sua maneira, ninguém será forçado a crer.

O que não é possível, é a fusão dos anseios desorientados e profanos, da natureza perversa pós queda, com as coisas de Deus. Nele não há mudança nem sombra de variação.

O desacordo que separa deve ser removido a partir de nosso arrependimento e submissão, não, de uma ousadia suicida que pretende mover O Absoluto, para que o relativo, fique intocável.

Nunca negamos aos ímpios o direito de seguirem sendo o que são, embora, advertimo-los das consequências, pois, o amor nos constrange. Entretanto, os ativistas engajados pretendem tolher nosso direito de crer em Deus como Ele Se revelou.

Quando o povo escolhido se afastou de Deus em busca de ídolos, O Santo não os proibiu, embora tenha estranhado; “... por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11

Apenas, demandou que, seguindo às suas maneiras, não O profanassem mais. “... Ide, sirva cada um os seus ídolos, pois que a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais Meu Santo Nome com vossas dádivas e vossos ídolos.” Ez 20;39

O mesmo princípio ainda vale; quem quer andar à sua maneira e não permitir que ninguém se “intrometa” nas suas escolhas, mesmo quem aconselha da parte de Deus, ande. Quando der de cara com o muro das consequências, culpará quem?

Nenhum é forçado a gostar da Palavra de Deus; todavia, gostando ou não, a ninguém compete alterá-la. “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos...” Is 5;21

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Os escolhidos


“Tenho chamado pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá; enchi-o do Espírito de Deus, de sabedoria...” Ex 31;2 e 3

O Senhor expondo a Moisés Seus escolhidos para edificação do tabernáculo e utensílios.

Há chamadas que são genéricas, abrangentes, e dependem da resposta de quem ouve-as, como a pregação do Evangelho. “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Um convite expansivo, válido para todos. Porém, há também escolhas específicas, pontuais, como a que encabeça esse texto: “... tenho chamado pelo nome a Bezalel...”

Quando Cristo ensinava o Evangelho, houve uns que Ele referiu de modo especial; os capacitou para serem partícipes no estabelecimento dos fundamentos da igreja, os apóstolos. A esses Ele prometeu que, a harmonia de pensares entre eles já seria um selo da direção celeste: “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mat 18;18 

Promessa válida àqueles, não a qualquer grupo de pessoas, a despeito de suas motivações, o que tornaria Deus, refém de homens.

Tampouco, significa que iniciativas de baixo para cima seriam chanceladas no alto, apenas porque partiram deles; antes, que O Espírito Santo os conduziria na direção devida. Jeremias ensina: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 O Senhor não nos escolhe para iniciativas autônomas, antes, para o serviço em obediência.

Bezalel fora cheio do Espírito de Deus e de sabedoria, para fazer as coisas que, O Arquiteto da Obra mostrara a Moisés.

Os profetas, também eram frutos de escolhas pontuais do Eterno. Eliseu estava arando, quando Elias passou e jogou sobre ele, sua capa. I Rs 19;19 Não há registro de que Elias falou algo chamando-o. Mas, o simples gesto de lançar a capa sobre ele foi entendido prontamente como uma convocação, à qual atendeu na hora. “Então deixou os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar meu pai e minha mãe, então te seguirei. Ele lhe disse: Vai, e volta; pois, que te fiz eu?” v 20

O profeta estava deixando claro que o anseio por segui-lo, nascido em Eliseu, era vindo do Alto. “... que te fiz eu?” Embora homens possam ser instrumentos do Divino agir, sempre será O Espírito, O “motor” que impulsionará aos tais na direção tencionada pelos Céus.

Naqueles dias havia escola de profetas, onde as pessoas poderiam escolher ingressar; O Santo honrava aos fiéis. Entretanto, um chamado como fora Eliseu era de outro calibre, por causa da unção recebida, e da missão a desempenhar.

Quando O Criador estava para levar para Si a Elias, os filhos dos alunos da referida escola avisaram a Eliseu: “Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará teu senhor por sobre a tua cabeça? Ele disse: Também eu sei; calai-vos.” II Rs 2;3

Há muitos “profetas” céleres a falar o que todos já sabem. Quando Elias foi arrebatado, os mesmos acharam que fora jogado alhures e decidiram buscá-lo; Eliseu disse que o não fizessem. Insistiram e perderam três dias de andanças vãs. Um escolhido por Deus sabe o que todos sabem, e coisas que só a ele são reveladas.

Mesmo sendo do contingente dos que atenderam ao convite genérico para a salvação, os que escolhem levar uma vida espiritual, possibilitada mediante obediência e estudo da Palavra, também se tornam conhecedores do “Segredo de Deus.” “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Pois, “O que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” II Cor 2;15

Se, o mundo escolhe os belos, os carismáticos, os “sarados” ou talentosos, Deus usa outros critérios; “... o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Aos olhos humanos Davi era o último da fila; mas, a escolha não era humana. Os marqueteiros do “eis-me aqui” dizem que quem não é visto não é lembrado.

Deus tirou Eliseu da seara, e Davi de após os rebanhos. Não importa se seremos chamados pelo nome, ou no pacote. Perante O Santo, as “credenciais” aprazíveis são internas. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

domingo, 16 de abril de 2023

Erro de cálculo



“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

“Assim” é um advérbio que aponta para trás; para algo que fora dito. O Salvador dissera que, um rei sabendo que viria contra ele um exército mais poderoso que o seu, invés da batalha suicida, enviaria embaixadores pedindo condições de paz. Renunciaria lutar, sob pena de uma perda maior. Vs 31 e 32

Priorizaria o bem mais valioso, a vida; abdicaria seu direito de reinar, governar a si mesmo e aos seus, aceitando ser vassalo do poder superior. Assim, a chamada de Cristo. Tolhe nosso “reino”, mas preserva-nos a vida. Pois, “negue a si mesmo...” é o primeiro passo rumo à salvação.

Só quem ousa enfrentar a si mesmo sabe como é árdua a luta. Há um “inimigo” infiltrado que teima e resistir a Deus; o velho homem, a carne. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Os convertidos “nascem de novo”, têm a natureza espiritual, antes morta, em delitos e pecados, regenerada, vivificada; doravante, não precisam mais seguir a costumeira servidão que submetia à força do pecado; “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” Rom 7;19

Em Cristo podemos mais: “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Porém, o poder resulta frágil, se não submeter ao seu domínio, à vontade. Nem sempre queremos o que podemos.

Schopenhauer negava o livre arbítrio. ‘Dada a índole e o motivo, a ação resulta necessária’, dizia. Ilustrou que, um homem de posse de um revólver poderia se jactar que tinha poder para se matar, quando, na verdade tinha apenas os meios. Para poder precisaria de um sentimento que superasse o amor pela vida e o temor à morte. Os meios, portanto, não significam poder. “Basta um homem pra levar um cavalo às águas; cem homens não bastam para forçá-lo a beber.” Spurgeon

Sem Cristo, deveras, o arbítrio não existe. O homem é escravo do pecado que o domina. “Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;20

Não significa que apenas os não convertidos atuem nesse nível. Renascidos podem descer de novo ao âmbito natural, preferindo a escravidão, à liberdade de Cristo. Enquanto o novo homem, nascido do Espírito, estiver no comando, nosso andar será reto; “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Depois de convertidos passamos a ter poder de escolha, não livre, totalmente; mas, livre no sentido de optar entre Cristo e a oposição. A vontade natural tende às coisas naturais, o pecado; a do Espírito, às espirituais. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo ela. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” Rom 8;12 e 13

Essa rendição ao Rei dos Reis, Paulo comparou com morrer com Ele: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A vera conversão não precisa muito barulho; acende uma luz que irradia Cristo no novo modo de ser e agir; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Triste ver à queda de tantos que, começaram bem, andaram muitas milhas mas, capitularam às seduções do mundo; ocorre-me a pergunta de Saint Exupéry, feita noutro contexto: “Por que estranho molde passaram? Por que terrível máquina de entortar homens!?”

O sistema mundano é terrível, com seu fomento ao egoísmo, materialismo, trinfo das nulidades, inversão de valores, glamourização do vício, perseguição aos de Cristo.

Entretanto, O Salvador preveniu que seria assim. “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” Jo 16;33

A Palavra menciona uns que tendo começado valorosamente, estavam voltando atrás. A advertência àqueles segue atual; “Ainda um pouquinho de tempo, o que há de vir virá, não tardará. Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;37 a 39

A força do amor


“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando alguns, se desviaram da fé...” I Tim 6;20 e 21

A advertência de Paulo não é contra a ciência, propriamente dita. Mas, contra uma farsa que a deturpa; na verdade, uma fé bastarda. Pois, invés de defender seus postulados mediante experimentos demonstrativos, como faz a vera ciência, essa, tenta se impor no grito, mediante “clamores vãos e profanos, oposições” cujo alvo seria desviar seus pacientes da fé.

Com esse fito circulam postagens de “mestres” respondendo aos pupilos, por que a ciência é mais difícil que a “teoria da conspiração”; aquela demanda estudo, essa não, diz o velhaco da mensagem capciosa que visa apagar a luz, invés de acendê-la.

A ciência verdadeira sempre se valeu dos próprios resultados; não precisou de propaganda, dos préstimos duvidosos do marketing para vigorar. Suas descobertas se impunham por si, sem muletas. Acaso o surgimento do automóvel precisou de muita gritaria para demonstrar que ele era mais rápido e eficaz que as carroças? O telefone para se impor aos pombos-correios ou aos sinais de fumaça?

Todavia, se eu for bombardeado mediante o massacre de uma narrativa, que, obedecer aos ditames da “ciência” é a postura mais “culta” do que o “negacionismo” que pretende denunciar a conspiração global, esperam que, na hora H, eu aceite bovinamente as imposições de uma OMS, por exemplo, que numa semana dizia uma coisa, na seguinte o contrário; depois, voltava ao primeiro dogma... como foi na pandemia.

Bem disse o padre Paulo Ricardo, “Quer conhecer as motivações espirituais de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.”

Se, essa gente que domina Google, Facebook, Instagram, Twitter etc. Trabalha combatendo aos que denunciam à conspiração global, por que o fazem, se, a denúncia não tem sentido? Não é mera teoria sem fundamento? Por que dar importância, espaço, para tolices?

Embora o arcabouço dentro do qual pintam o ansiado reino global use as tintas das vantagens econômicas, ecológicas e funcionais do governo único, a motivação verdadeira, é espiritual. Rejeição a Cristo, Seu Governo e Suas Leis; o resto é fumaça. “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra o Senhor e Seu Ungido, dizendo: Rompamos suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Não se trata de uma teoria; antes, do cumprimento aos nossos olhos, de uma revelação dada a Davi há três mil anos, aproximadamente.

A fé em Deus, comprometida, demanda muito mais que pensar. Requer a coragem de não fugir da luz, como esses fazem. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21

Acaso o pleito disseminado por toda sorte de perversões sexuais, por exemplo se dá pelo direito de as praticar? Isso sempre houve. A vida particular de cada um sempre comportou escolhas pessoais, a despeito da aprovação social.

A luta não é pelo direito de praticar, mas pela imposição da prática, pelo estabelecimento de um “novo normal” avesso a Cristo. “Rompamos Suas ataduras! Sacudamos de nós Suas cordas!”

A “ciência” não suporta homens livres, aptos a escolher se querem vacinas duvidosas ou não; se desejam crer nisso ou naquilo. Ou, o sujeito abraça o que a dita, ordena, ou, logo é rotulado como adepto da “heresia negacionista”.

Nunca, a fé sadia foi tão difícil como atualmente. Dentro as igrejas a infiltração massiva de “teólogos liberais” defensores da “Edição de Deus” e, uma súcia de mercenários, amantes dos prazeres ensinando o que não sabem, profanando O Santo, por interesse.
Fora, a zombaria dos que pisam no “sal degenerado”, pujante campanha de descrédito aos valores cristãos; sobretudo, às vidas que os defendem.

Por isso, antes de deplorar os feitos da falsa ciência Paulo aconselhou: “guarda o depósito que te foi confiado.”

Mesmo que nos tirem O Livro Santo das mãos, (por enquanto o pervertem; breve vetarão) quem fez em si mesmo o bom depósito e o guarda, poderá dizer como Jó: “Ainda que me mate, Nele (em Deus) esperarei...” Jó 13;15

Se esses “cientistas” acham que nossa fé é algo que basta eles nos chamarem de bobos ou feios para nos magoarem e fazerem desistir, sua ciência ignora a força do amor. Não aderimos a mera corrente de pensamento; fomos atraídos pelo mais nobre dos sentimentos.

O traidor terá seus seguidores, “... mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.” Dn 11;32

sábado, 15 de abril de 2023

Os incômodos


“... tua filha já está morta, não incomodes O Mestre.” Luc 8;49

Jairo vencera a restrição dos fariseus, de que seria expulso do seu meio quem desse crédito a Jesus. Movido pela dor paterna de ver uma filha à morte, fora ter com Ele.

O Senhor “perdera” tempo, no incidente em que, uma mulher com fluxo de sangue fora curada, ao tocar em Suas vestes. Então, alguém chegou com a triste notícia: “Tua filha já está morta, não incomodes O Mestre.”

Tendemos a “medir” Deus com réguas humanas. Avaliar as possibilidades Dele, a partir das nossas perspectivas. Aquilo que nos é cabal, terminal, desesperador, a morte, para Ele é diferente. “... não está morta, mas dorme.” V 52

Os que a isso ouviram, “riam-se dele, sabendo que estava morta.” v 53 Como Jesus podia Ser tão ingênuo, não sabendo o que todos eles sabiam?

Nossas limitações deviam nos aproximar Dele. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Pedir algo “impossível” seria incomodar O Mestre. Contudo, “... para Deus nada é impossível.” Luc 1;37

Porém, podendo fazer o que quiser diante de quem desejar, eventualmente, O Senhor seleciona quem será testemunha dos Seus Feitos. No monte da transfiguração, levou consigo três, apenas. Então, “... a ninguém deixou entrar, senão Pedro, Tiago, João, o pai e a mãe da menina.” v 51

Diferente dos políticos que valoram apoios pelos números, O Senhor prioriza propósito, confiança, valores, identidade, intimidade. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14
Não poucas vezes, ensinava Sua Doutrina ao público em geral; mas, só explicava o sentido aos chegados que permaneciam junto, desejosos de saber.

Se, a chamada do Seu Amor é expansiva, “pregai o Evangelho a toda criatura.” O selo da Sua aprovação é seletivo; “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

A salvação é proposta a todos; porém, os que aceitarem à mesma, que acatem junto seus termos; “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança, o aparecimento da glória do grande Deus, nosso Salvador, Jesus Cristo.” Tt 2;11 a 13

Voltando à casa de Jairo, somados O Senhor, três discípulos, os pais e a menina temos sete pessoas no ambiente do milagre. Por razões do Divino querer, o sete, figura na Palavra de Deus como o número da perfeição. Nesse ambiente, o perfeito amor e a perfeita graça restituíram vida à menina que estivera morta.

A aparente fineza e elegância de quem não queria “incomodar” O Mestre se mostrara contraproducente, fútil, deletéria.

Apresentarmos a Ele nossas petições necessárias, numa atitude de fé não O incomoda; Ele ordenou que o fizéssemos: “Eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;” Luc 11;9

Ele se incomoda com outras coisas: “Não Me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios Me satisfizeste, mas Me deste trabalho com teus pecados, Me cansaste com tuas iniquidades.” Is 43;24

Sim, são nossos pecados, iniquidades que incomodam ao Senhor. Ele mesmo asseverou: “... não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1;13

A obediência e as ações de justiça que aprazem ao Eterno, eram coisas raras, todavia, os ajuntamentos solenes, cultos cheios de “louvores” aconteciam.

A falsidade também incomoda ao Santo. Por isso, afirmou: “Odeio, desprezo as vossas festas, e vossas assembleias solenes não Me exalarão bom cheiro. Ainda que Me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

Esse hábito infantil de tentar compensar a desobediência com bajulações, rebeldia com cultos, causa aversão ao Senhor, tanto quanto, nossos pecados cometidos longe dos locais de culto. Não precisamos vir a esses, se não for para consertarmos nossas vidas mediante arrependimento, reconciliação com O Senhor.

Ele deixa patente o caminho que nos convém, e onde levam os alternativos. Não força ninguém a escolher nada. Ensina a sermos consequentes. Se, santidade não nos convém, os apelos do mundo soam-nos mais fortes que Seu Amor, não incomodemos mais O Mestre.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

De salvos e de loucos


“O longânime é grande em entendimento, mas o que é de espírito impaciente mostra sua loucura.” prov 14;29

O que é de ânimo equilibrado e possui a paz de espírito foi apreciado em oposição ao impaciente. Enquanto aquele galga degraus na escada do entendimento, esse perde-se nos descaminhos da insensatez.

A loucura, no sentido vulgar, é vista como um lapso que aliena da realidade, priva do senso, vulnera faculdades intelectivas. Quem “não diz coisa com coisa” é tido por louco.

Entretanto, na Bíblia, a loucura denunciada tem um componente moral, espiritual, onde a ignorância, ou o desprezo acerca da colheita adjetiva como insensatez, ao plantio. As consequências valoram as causas.

“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Sobre certo próspero material, alienado espiritual, foi sentenciado: “... Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20 Mesmo tendo usado esperteza, sabedoria, trabalho, para aquisição de bens, a ignorância acerca do propósito da vida o tornara louco.

Esses que priorizam as coisas efêmeras em detrimento das eternas já tinham sido apreciados: “Este caminho deles é sua loucura; contudo sua posteridade aprova suas palavras.” Sal 49;13

Então, temos duas loucuras possíveis; a vulgar dos lapsos psíquicos, sensoriais e intelectuais, e a espiritual, que se mantém distante de Deus e Seus Ensinos, não obstante, possuindo potencial intelectual. Óbvio que a dos insensatos denunciada é essa última. Falta-lhes o senso do propósito, do objetivo da vida.

Acontece que, a loucura do ponto-de-vista da lógica humana, não basta para tolher a alguém de acertar com a vereda da salvação: “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Paulo enfatizou que as coisas espirituais não podem ser entendidas pelos que se apoiam apenas na inteligência natural. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;23

Pois, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Sem vida espiritual, mesmo os “sábios” tateiam no escuro. “Falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I cor 2;7 Aos que creem Deus revela; aos demais, segue “oculta em mistério.”

Antes, expusera os motivos: “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Abstraída a ironia do texto de Paulo, a loucura é apenas um disfarce da sabedoria Divina. “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;25 Figura eloquente para retratar ao Amor Divino.

A precipitação, a impaciência é uma espécie de “luta contra o tempo”, desnecessária para quem aprendeu e crê, que em Cristo possui vida eterna. A redução das expectativas à vida terrena apenas, patrocina ao “curta a vida porque a vida é curta” e similares.

Essa “curtição" não passa de escravidão, fuga acoroçoada pelo temor da morte; Cristo veio para que, “Livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;15

Longanimidade é um “efeito colateral” da paz de espírito, de uma consciência sem acusações, alinhada com Deus; coisa impensável a quem vive na impiedade; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

A mulher adúltera também foi vista como uma refém da impaciência: “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Como vimos no princípio, o impaciente “mostra” sua loucura. A outra, a “loucura” que crê em Deus enseja paz, dá discernimento sem se deixar discernir; “O que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

Assim, na reta final da saga Divino/humana, a loucura que crê será atacada como nunca pela loucura que duvida. A força estará do lado dos ímpios, até certo ponto. Quem não ousou viver além da matéria, também não terá o que fazer no reino que lhe é estranho. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais o que fazer.” Luc 12;4

domingo, 9 de abril de 2023

O exercício da espera


“Se te mostrares fraco no dia da angústia a tua força será pequena.” Prov 24;10

Angústia, quando nossas expectativas são malogradas, as coisas acontecem opostas aos nossos anseios, as luzes que mostrariam o caminho parecem se apagar, o mero continuar vivendo nos é um peso.

Alguns chamaram de “noite escura da alma”; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Ora, se o desafio é para que andemos na luz, quando estamos perplexos, sem luz nenhuma, sem a menor noção do que fazer, óbvio que estamos num lugar de espera; não devemos andar no escuro.

Se, “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor...” Sal 37;23 as pausas dos que seguem em obediência a Ele, certamente, também.

Essas inquietações tipo: "alguém precisa fazer alguma coisa!” não combinam com a jornada dos que seguem Àquele que É A Luz do mundo. Quando Ele nos deixa no escuro, testa nossa confiança Nele; sabemos que, oportunamente virá em nosso socorro.

As precipitações dos que não suportam esperar foram figuradas como acender um fogo; os arranjos humanos, onde se deveria simplesmente, confiar e esperar; “Eis que todos vós, que acendeis fogo e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” Is 50;11

Quando O Senhor chamou Moisés para lhe dar as Tábuas da Lei, ao povo cabia esperar, uma vez que, as maravilhosas intervenções Divinas para os libertar da escravidão eram recentes, testemunhas eloquentes do cuidado Divino para com eles. Entretanto, o “exercício da espera” se revelou insuportável para eles.

“Vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés... não sabemos o que lhe sucedeu.” Ex 32;1

Para quem estivera 430 anos em cativeiro, de repente, libertos milagrosamente, esperar 40 dias pareceu demais. Então, decidiram agir “no escuro”. “... porque, quanto a Moisés... não sabemos o que lhe sucedeu.”

Um clássico exemplo de que, quem está no escuro, não precisa caminhar; se não sabe o que fazer não piore as coisas, espere.

Porém, eles pioraram! Forjaram um bezerro de ouro e fizeram festa ao redor daquilo. Quando O Eterno agia milagrosamente em favor deles, espalhando pragas no Egito para os libertar, não há registro que nenhum deles tenha se alegrado pela Majestosa intervenção! Mas, na fraude que criaram, se alegraram! “No dia seguinte madrugaram, ofereceram holocaustos, trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e beber; depois levantou-se a folgar.” Ex 32;6

Essas temeridades “no escuro” resultaram na Ira Divina, e na morte de três mil homens, v 28 porque não suportaram a “angústia” de esperar 40 dias.

Jeremias ensinou: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Salomão ampliou: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Geralmente, nossas angústias são de fabricação própria. As expectativas que acoroçoamos, divorciadas do Divino plano para nós, nas quais, julgamos estar nossa ventura, nem sempre seriam como nos parecem, se levadas a efeito. Entretanto, nos angustiamos porque elas não acontecem.

Quem pretende herdar a vida eterna, deve aprender a ver o tempo com O Eterno; “Tudo tem seu tempo determinado, há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ec 3;1 Não se trata de fatalismo, no estilo as tragédias gregas; mas, que tudo tem seu tempo oportuno; há têmperas e experiências que devemos receber, suportando o processo do Criador.

Nem todas as angústias são pelas precipitações da alma, porém, para todas, a confiança em Deus é indispensável. Sua providência não se atrasa; é nossa ansiedade que se antecipa.

Nossos dias difíceis, se outra coisa não fizerem, ao menos, servem de contraponto, para que melhor apreciemos os bons. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

“Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu...” Tg 5;11 “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5

sábado, 8 de abril de 2023

Mortos, vivos

 “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão, pratica a iniquidade; não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

Filósofos discutiram se, as almas humanas vêm à vida com “informações” gravadas ou, se são como um CD virgem, “em branco” que nascem e passam a receber noções, valores, conhecimento, a partir do meio em que vivem, e influências que recebem.
Os racionalistas criam que trazemos certas coisas inatas na nossa “razão”, de modo que as “sabemos” sem ter aprendido. Os empiristas acreditam que todo nosso cabedal de luz e valores foi aprendido durante a vivência; nada trouxemos como ponto de partida. Nascemos vazios e pouco a pouco fomos preenchidos.
No verso inicial temos uns, cuja índole é tal, que parecem não sofrer influências alheias, tampouco, do meio; “ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão pratica iniquidade...” Esse despreza a ajuda, o favor de alguém, e mesmo as circunstâncias que parecem requerer certo tipo de postura, na “terra da retidão”; nada disso basta para que, ele atue de modo diverso à sua índole, se deixe contagiar pelo ambiente onde está.

Não significa que tenha nascido assim, nem que, só tenha tido oportunidade de aprender isso; pode ter chegado a esse ponto mediante escolhas feitas ao longo da caminhada.
Normalmente, num conflito entre valores e comodismo, as almas preferem o mais fácil, em seu próprio prejuízo; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Entre a luz que a desnuda e mostra como está, e as trevas que permitem manter as aparências, a alma ímpia escolhe essas.
A Palavra de Deus esposa que muitos fazem as coisas certas, coerentes com A Lei Divina, não as tendo aprendido. “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente suas consciências e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15 Se, a coisa estava escrita nos corações e é lida pela consciência, inegável que isso veio “de fábrica”, não foi aprendido na escola da vida.
Notório que as experiências têm poder de nos moldar, forjar preferências, patrocinar escolhas. Um modo de ser, adotado por largo tempo, como que, se torna parte de nós. “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23
Entretanto, aquele que, antes de mesclar-se aos meios onde a impiedade campeia, aprendeu e adotou valores, sua alma se impregnou dos mesmos, ainda que as coisas ao seu lado favoreçam à impiedade e injustiça, as coisas que albergou antes em sua alma tendem a se sobrepor, como Ló, em Sodoma: “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8

Esse pleito filosófico entre racionalismo e empirismo, também tem um similar, teológico; calvinismo e arminianismo. Os primeiros acreditam que trazemos escolhas “à priori”, que Deus teria predeterminado quem seria salvo e quem se perderia. Os arminianos acreditam que nossas escolhas, após ouvirmos o Evangelho, é que determinam onde será nossa eternidade.
Não vou me ater aos argumentos de uns e outros, agora; não é o objetivo desse texto. Apenas, pontuo que me identifico com a posição arminiana, me parece mais coerente com As Escrituras.
Alguns pretendem se escudar no meio, outros, dizem que sua inclinação a determinado comportamento é inata; “Eu nasci assim.”
Ora, é justo por saber que todos nascem com defeito, (inclinados ao pecado) que Cristo colocou duas coisas como indispensáveis: Renúncia: “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo...” Luc 9;23 e Regeneração: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

A voz tênue que consegue advertir até aos “sem Lei” sobre os reclames da Lei Divina, a consciência, é potencializada nos renascidos; a “Lei de Cristo” é escrita para conduzir aos que nascem de novo. “... Porei Minhas leis no seu entendimento, em seu coração escreverei...” Heb 8;10

Quem quiser justificar-se achará explicações inatas ou circunstantes sobejas; porém, quem quiser ser justificado por Cristo, esqueça argumentos e pegue sua cruz. Ela mata, mas faz viver. “Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;3

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Paixão, ou amor?

 

“Deus prova Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

A ideia vulgar de amor deriva de apelos estéticos; beleza, robustez, admiração, desejos, idealização e prazer. O cinema, novelas, os realitys, escolhem os belos, os “sarados” para contarem suas “histórias de amor”; para envolver o público, que, “amaria” seus personagens favoritos. Ora, isso é paixão, uma “doença” com prazo de validade, alterações psicossomáticas, reações químicas no organismo que, logo empalidecem.
Pois, o Amor de Deus aflorou por nós apesar de nossa feiura moral, de sermos adversários Dele. A ideia de inimizade com Deus pode ferir os escrúpulos dos mais sensíveis; Deus não doura a pílula e apresenta as coisas como são: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19 Quem carece reconciliar-se é inimigo.
Na Bíblia não encontramos o ensino que, Cristo tenha se apaixonado pela humanidade. Embora, as que trazem secções distinguidas por certos títulos, num desses aludam à “Paixão de Cristo”, O Salvador não foi superficial no que sentiu por nós.
“Ninguém tem maior amor que este, de dar alguém Sua vida pelos Seus amigos.” Jo 15;13 O amor se demonstra com ações, não com palavras. “... dar Sua vida...”

Se, a relação do homem com Deus era de inimizade, e O Mediador, deu Sua vida pelos amigos, aparentemente temos uma contradição. Deus “... chama às coisas que não são, como se já fossem.” Rom 4;17
Aqueles que corresponderem ao Seu amor, mediante obediência, serão reconciliados; “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos...” Jo 15;14 e 15 Amigos não têm segredos. “O segredo do Senhor é com aqueles que O temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14
Embora a eficácia da regeneração seja suficiente para todos, não serão todos, infelizmente, beneficiados pela Vitória do Salvador. “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12
“Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.” Rom 5;19 Mesmo a salvação estando ao dispor de “toda criatura”, alcançará apenas os que correspondem ao Amor Divino, não, a todos. A porta estreita e o caminho largo conduzem a destinos diferentes.
Pois, o amor, diferente da paixão, não é mero sentimento; é um mandamento, que envolve uma decisão moral, uma escolha, mesmo que o sentimento nem ajude no tocante a isso. “Amai, pois, aos vossos inimigos, fazei bem, emprestai, sem nada esperardes; será grande o vosso galardão e sereis filhos do Altíssimo; porque Ele é benigno até para com ingratos e maus.” Luc 6;35

Alguns se equivocam presumindo ter o “dom do amor”; amor não é um dom.
Paulo denuncia que nenhum dom sem ele faz sentido, ver I Cor 13 de modo que, esse mandamento é “acessório” indispensável para nosso relacionamento, com Deus e o semelhante.
Paulo exemplifica como se pode amar aos inimigos, a despeito dos sentimentos; “se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 a 21
A hipervalorização da Graça, leva alguns desavisados a presumir que em nome do amor, a “porta estreita” agora é larga. Equacionam erroneamente o amor com sentimentalismo, ausência de correção, disciplina.
Os que pregam essas coisas são cheios de “religiosidade, legalismo, falta de amor”. Será? Deus ensina: “Porque o Senhor corrige ao que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te.” Apoc 3;19

É mais fácil enfrentar a outrem do que a si mesmo. Assim, muitos se ocupam de atacar os ministérios de quem lhes causa desconforto anunciando retamente A Palavra, invés de ousar contra seus pecados favoritos, ainda guardados afetivamente em seus armários.
“O não julgueis,” veta juízo temerário, de humana origem. A Palavra julga ao próprio pregador. Quem prega-a retamente não julga, apenas apresenta o juízo Divino. “... a palavra que tenho pregado, essa os há de julgar...” Jo 12;48

Em suma, a entrega de Cristo por nós não derivou de paixão, mas de amor; a aversão à disciplina e correção não são derivados do amor, mas, fuga da verdade. “Deus é Espírito, importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4;24