domingo, 23 de abril de 2023

A coroa da fé


“Vós intentastes mal contra mim; porém Deus intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gn 50;20

Os irmãos de José, primeiro o tentaram matar jogando numa cova; depois, reconsideraram e o venderam como escravo.

O Senhor permitira, não obstante, a inocência de José. Outras injustiças mais fizeram parte do seu currículo, antes de ser guindado à honrosa situação em que estava; governador do Egito.

Vindo a morte de Jacó, os traidores temeram sofrer vingança por parte do, então, governador. Rogaram misericórdia, usando até mesmo o nome do finado pai; José, depois de os tranquilizar, dizendo não estar no lugar de Deus, fez a observação supra: Vocês me tentaram fazer o mal; mas Deus mudou isso em bem, e favoreceu muitas pessoas mais, como se vê, nesse dia.

Há uma característica na fé que a torna impossível para os reféns do imediatismo, do testemunho dos olhos apenas; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Enseja uma firmeza na esperança, não uma confiança nas vistas.

Para os que descreem, quando afirmamos nossa confiança baseada na fé, parece que estamos dando “um salto no escuro”. A bem da verdade, podemos “ver” o que lhes escapa. Moisés, “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Por ser a fé, abstrata, não significa que não lide com as coisas palpáveis. Se, patrocinou tal empresa a Moisés, fica mais que evidente seu poder de “mover montanhas” ante aqueles que a abraçam.

A Palavra não revela que José tivera alto nível de ensino sobre as coisas Divinas; apenas que era fiel ao seu pai e temia a Deus. Como “revelação”, tivera dois sonhos que apontavam para ele em lugares altos acima de todos os seus. Isso bastou para que ele passasse poucas e boas, sem negar sua confiança. Antes de Deus mudar seu mal em bem, muitos males foram anexados ao primeiro.

Quando Abraão, bisavô dele, fora chamado, fora desafiado a confiar estritamente na Palavra de Deus. “... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Te mostrarei.” Gn 12;1 Deixa tudo e vai “para uma terra que te mostrarei;” Tinha “apenas” a Palavra de Deus como fiadora e isso bastou. Não sem razão, é chamado, “pai da fé”.

Deus diz: “... Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12 O Santo atrela Sua Honra, Fidelidade, a Integridade do Seu Nome à Sua Palavra. Sabedora disso, a fé pode descansar, mesmo que as vistas insistam em falar o contrário. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Paulo sentencia: “Porque andamos por fé, não por vista” II Cor 5;7

Chega um tempo em que, a “semeadura” da fé recebe a devida colheita. Então, coisas “impossíveis” se fazem bem palpáveis. O que fora apenas longínqua esperança se torna um fato presente, “como se vê nesse dia”, disse José aos seus irmãos. 

O que se via naquele dia? Os traidores invejosos arrependidos, medrosos, envergonhados, suplicantes ante ao traído que seguira fiel, então, exaltado, poderoso, saciado em sua sede de justiça.

Embora, no escopo humano, a justiça seja uma espécie de troca, um toma lá, dá cá, o mais breve possível, conforme suposto mérito de cada um, aos Olhos Divinos, a justiça deve habitar na índole, no caráter de cada filho; um apego a ela, mesmo com sede, ainda que, tenha que atravessar vasto tempo, antes de ver coroado seu mérito. “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Essa “fé” que dá uns brados e fica olhando frustrada, pensando, por que a montanha não implodiu? é só o retrato da ignorância de quem nada aprendeu das coisas espirituais. “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Não que a sina de José esteja proposta a cada um. Não há tantos tronos assim, vagos. Mas, os que, malgrado, adversidades e perseguições, injustiças, seguirem fiéis, certamente chegarão às suas vitórias, ao tempo dos frutos quando as coisas esperadas serão realidades palpáveis, coroas da vitória da fé.

Vulgarmente se diz: “A pressa é inimiga da perfeição;” pois, perfeição é o âmbito da Divina atuação; então, “... aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

Nenhum comentário:

Postar um comentário