domingo, 16 de abril de 2023

Erro de cálculo



“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

“Assim” é um advérbio que aponta para trás; para algo que fora dito. O Salvador dissera que, um rei sabendo que viria contra ele um exército mais poderoso que o seu, invés da batalha suicida, enviaria embaixadores pedindo condições de paz. Renunciaria lutar, sob pena de uma perda maior. Vs 31 e 32

Priorizaria o bem mais valioso, a vida; abdicaria seu direito de reinar, governar a si mesmo e aos seus, aceitando ser vassalo do poder superior. Assim, a chamada de Cristo. Tolhe nosso “reino”, mas preserva-nos a vida. Pois, “negue a si mesmo...” é o primeiro passo rumo à salvação.

Só quem ousa enfrentar a si mesmo sabe como é árdua a luta. Há um “inimigo” infiltrado que teima e resistir a Deus; o velho homem, a carne. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Os convertidos “nascem de novo”, têm a natureza espiritual, antes morta, em delitos e pecados, regenerada, vivificada; doravante, não precisam mais seguir a costumeira servidão que submetia à força do pecado; “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” Rom 7;19

Em Cristo podemos mais: “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Porém, o poder resulta frágil, se não submeter ao seu domínio, à vontade. Nem sempre queremos o que podemos.

Schopenhauer negava o livre arbítrio. ‘Dada a índole e o motivo, a ação resulta necessária’, dizia. Ilustrou que, um homem de posse de um revólver poderia se jactar que tinha poder para se matar, quando, na verdade tinha apenas os meios. Para poder precisaria de um sentimento que superasse o amor pela vida e o temor à morte. Os meios, portanto, não significam poder. “Basta um homem pra levar um cavalo às águas; cem homens não bastam para forçá-lo a beber.” Spurgeon

Sem Cristo, deveras, o arbítrio não existe. O homem é escravo do pecado que o domina. “Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;20

Não significa que apenas os não convertidos atuem nesse nível. Renascidos podem descer de novo ao âmbito natural, preferindo a escravidão, à liberdade de Cristo. Enquanto o novo homem, nascido do Espírito, estiver no comando, nosso andar será reto; “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Depois de convertidos passamos a ter poder de escolha, não livre, totalmente; mas, livre no sentido de optar entre Cristo e a oposição. A vontade natural tende às coisas naturais, o pecado; a do Espírito, às espirituais. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo ela. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” Rom 8;12 e 13

Essa rendição ao Rei dos Reis, Paulo comparou com morrer com Ele: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A vera conversão não precisa muito barulho; acende uma luz que irradia Cristo no novo modo de ser e agir; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Triste ver à queda de tantos que, começaram bem, andaram muitas milhas mas, capitularam às seduções do mundo; ocorre-me a pergunta de Saint Exupéry, feita noutro contexto: “Por que estranho molde passaram? Por que terrível máquina de entortar homens!?”

O sistema mundano é terrível, com seu fomento ao egoísmo, materialismo, trinfo das nulidades, inversão de valores, glamourização do vício, perseguição aos de Cristo.

Entretanto, O Salvador preveniu que seria assim. “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” Jo 16;33

A Palavra menciona uns que tendo começado valorosamente, estavam voltando atrás. A advertência àqueles segue atual; “Ainda um pouquinho de tempo, o que há de vir virá, não tardará. Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;37 a 39

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