sábado, 8 de abril de 2023

Mortos, vivos

 “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão, pratica a iniquidade; não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

Filósofos discutiram se, as almas humanas vêm à vida com “informações” gravadas ou, se são como um CD virgem, “em branco” que nascem e passam a receber noções, valores, conhecimento, a partir do meio em que vivem, e influências que recebem.
Os racionalistas criam que trazemos certas coisas inatas na nossa “razão”, de modo que as “sabemos” sem ter aprendido. Os empiristas acreditam que todo nosso cabedal de luz e valores foi aprendido durante a vivência; nada trouxemos como ponto de partida. Nascemos vazios e pouco a pouco fomos preenchidos.
No verso inicial temos uns, cuja índole é tal, que parecem não sofrer influências alheias, tampouco, do meio; “ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão pratica iniquidade...” Esse despreza a ajuda, o favor de alguém, e mesmo as circunstâncias que parecem requerer certo tipo de postura, na “terra da retidão”; nada disso basta para que, ele atue de modo diverso à sua índole, se deixe contagiar pelo ambiente onde está.

Não significa que tenha nascido assim, nem que, só tenha tido oportunidade de aprender isso; pode ter chegado a esse ponto mediante escolhas feitas ao longo da caminhada.
Normalmente, num conflito entre valores e comodismo, as almas preferem o mais fácil, em seu próprio prejuízo; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Entre a luz que a desnuda e mostra como está, e as trevas que permitem manter as aparências, a alma ímpia escolhe essas.
A Palavra de Deus esposa que muitos fazem as coisas certas, coerentes com A Lei Divina, não as tendo aprendido. “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente suas consciências e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15 Se, a coisa estava escrita nos corações e é lida pela consciência, inegável que isso veio “de fábrica”, não foi aprendido na escola da vida.
Notório que as experiências têm poder de nos moldar, forjar preferências, patrocinar escolhas. Um modo de ser, adotado por largo tempo, como que, se torna parte de nós. “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23
Entretanto, aquele que, antes de mesclar-se aos meios onde a impiedade campeia, aprendeu e adotou valores, sua alma se impregnou dos mesmos, ainda que as coisas ao seu lado favoreçam à impiedade e injustiça, as coisas que albergou antes em sua alma tendem a se sobrepor, como Ló, em Sodoma: “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8

Esse pleito filosófico entre racionalismo e empirismo, também tem um similar, teológico; calvinismo e arminianismo. Os primeiros acreditam que trazemos escolhas “à priori”, que Deus teria predeterminado quem seria salvo e quem se perderia. Os arminianos acreditam que nossas escolhas, após ouvirmos o Evangelho, é que determinam onde será nossa eternidade.
Não vou me ater aos argumentos de uns e outros, agora; não é o objetivo desse texto. Apenas, pontuo que me identifico com a posição arminiana, me parece mais coerente com As Escrituras.
Alguns pretendem se escudar no meio, outros, dizem que sua inclinação a determinado comportamento é inata; “Eu nasci assim.”
Ora, é justo por saber que todos nascem com defeito, (inclinados ao pecado) que Cristo colocou duas coisas como indispensáveis: Renúncia: “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo...” Luc 9;23 e Regeneração: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

A voz tênue que consegue advertir até aos “sem Lei” sobre os reclames da Lei Divina, a consciência, é potencializada nos renascidos; a “Lei de Cristo” é escrita para conduzir aos que nascem de novo. “... Porei Minhas leis no seu entendimento, em seu coração escreverei...” Heb 8;10

Quem quiser justificar-se achará explicações inatas ou circunstantes sobejas; porém, quem quiser ser justificado por Cristo, esqueça argumentos e pegue sua cruz. Ela mata, mas faz viver. “Porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;3

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