domingo, 28 de maio de 2023

Quanto tempo temos?


“Meus tempos estão nas Tuas mãos; livra-me das mãos dos meus inimigos, dos que me perseguem.” Sal 31;15

Embora seguro de que, seus tempos estavam nas Divinas mãos, o salmista sabia que havia interesses tentando abreviá-los.

Nosso tempo é instável, indigno de confiança; temerário é planejarmos ações futuras contando com ele.

Ainda que seja saudável termos sonhos, ambições, o homem prudente submeterá essas coisas à aprovação Divina, invés de ousar intempestivamente; “... vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois desvanece. Devíeis dizer: Se O Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas, agora vos gloriais em vossas presunções; toda glória como esta é maligna.” Tg 4;13 a 16

Dar um passo maior que a perna, ou contar com o ovo inda não posto é uma inclinação espúria.

Entretanto, o livramento Divino não é unilateral; O Eterno decide livrar e assim o faz, a despeito da postura humana. Geralmente é fruto de um consórcio, efeito colateral do nosso cumprimento à Sua Palavra. Não nos livra contra nossa vontade; sobretudo, os que conhecem à Vontade Dele.

Assim como no trânsito, o respeito aos sinais livra aos que bem se conduzem, nas coisas espirituais, os Divinos ensinos também. “Meditarei nos Teus preceitos, terei respeito aos Teus caminhos.” Sal 119;15 “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

Salomão aconselhou: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

O primeiro preceito a observarmos, para que nosso tempo se prolongue é honrarmos devidamente, àqueles que nos trouxeram a esse tempo; nossos pais. “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que O Senhor teu Deus te dá.” Ex 20;12

Se, não honrarmos nossos pais naturais, tão próximos, como honraríamos ao Pai dos Espíritos, Deus? Nossos pais naturais são irmãos espirituais; “... Pois quem não ama ao seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” I Jo 4;20

O segundo passo é não termos a vida natural como prioritária; devemos negar as inclinações pecaminosas da carne de modo tal, que O Salvador figurou essa renúncia como “perder a vida”; “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma...” Mat 16;25 e 26

O livramento de Deus é prioritariamente atinente à vida espiritual, não aos humanos desejos desorientados. Às vezes, a morte física resulta necessária, para preservação da vida eterna. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais o que fazer. Mas, Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5 “... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10

Estranho vida e morte tão vizinhas assim, de parede e meia; como se, o advento de uma fosse hall de acesso à outra. Não basta morrer fisicamente para ser salvo, como devaneiam os incautos. Um sujeito vive à sua ímpia maneira, de costas para Deus; de repente morre, e presto dizem: “Foi pro andar de cima”. Não! Nesse caso desceu à masmorra.

A ponte que conduz da morte espiritual para a regeneração é ouvirmos à Palavra do Senhor. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

O Eterno É Senhor do tempo; Pai da Eternidade. A nós, faculta andarmos nele, malgrado, nosso corpo. Ao passado podemos ir mediante experiências, saudade, arrependimento. Ao futuro galgamos na nave da esperança, da fé. Todavia, o tempo que nos é dado administrar é o presente. Por isso, “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais vossos corações.” Heb 4;7

Antes de nos livrar de eventuais inimigos externos que nos possam perseguir, o mais nocivo habita em nós, o ego. Se esse for vencido, os demais nada poderão fazer. “Já estou crucificado com Cristo; vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” Gál 2;20

É necessário estar morto, “crucificado” para estar vivo; em Cristo. Então teremos todo tempo do mundo.

sábado, 27 de maio de 2023

Maquiagem da sede


“Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Ef 4;3

O grande projeto atual é o ecumenismo; união de todos os credos numa religião, cujo traço comum, é que todos concordam em não discordar. Lhes inexiste um absoluto, cuja transgressão da vontade signifique pecado; Deus. Antes, tudo se forja no relativismo, ao paladar espiritual e religioso escolhido. Cada um faria suas próprias distinções entre verdade e mentira, justo e injusto.

Embora “todos busquem a Deus, cada um do seu jeito” como dizem, no fundo, todos fogem Dele, preferindo a condenação, a enfrentar a realidade da queda. “a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Refeita a velha mentira do capeta, remasterizada, colorida; agora assessorada por ditos como, inclusão, tolerância, diversidade... “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão vossos olhos e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;5

A pretexto de ampliar as vistas, o capeta empurrou a morte como solução, como upgrade. Não havia um problema, cuja intervenção do canhoto ajudasse a solucionar; ele transformou a cerca protetora em problema; depois ofereceu sua “solução.” Nada de novo debaixo do sol; ainda é assim.

O traíra sabe que o ser humano foi criado com algumas características específicas. Necessidade espiritual, cuja saciedade sadia necessariamente demanda voltar ao Pai; e uma “programação” psicológica induzindo a alma humana à virtude, rejeição ao vício.

Não podendo mudar essas nuances, mascara a saciedade da sede de Deus, com águas turvas; troca as roupas entre virtude e vício, invertendo os valores para que suas presas cultivem a doença e desprezem à saúde. “Ai dos que ao mal chamam bem, e bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo, doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

Fidelidade passou a ser “radicalismo;” confiança inabalável, “fundamentalismo;” pregação da mensagem regeneradora, O Evangelho, “discurso de ódio.”

Desse mirante, quando perseguem aos fiéis, os cegados pelo traidor sentem-se paladinos da justiça do novo mundo em gestação; mentalidades abertas e inclusivas, diligentes defensores da “ciência”, novos difusores do amor, capazes do uso da força, se necessário, contra os cultores do “ódio”. O “amor” tem cada nuance!

Invés de unidade espiritual, como foi receitado à igreja, diversidade no mesmo balaio, união. Invés de paz com Deus mediante Cristo, a enganosa paz do mundo, com o sistema e seu príncipe.

A de Cristo é peculiar, única; “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27 Essa paz refaz a relação com O Pai, perdida desde a queda; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Se, o que mantém a “unidade do Espírito é o vínculo da paz”, óbvio que é paz com Deus; essa não peleja pela dita “diversidade”, nome bonito que deram ao egoísmo ímpio, cuja essência é feia.

Como nossa paz com Deus requereu a obediência incondicional de Cristo em nosso lugar, agora, nele, requer a nossa; a maneira de viver em desobediência, autonomia, impiedade, rompe-a. “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 A Paz de Cristo tem essência moral, espiritual.

Afinal, “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus; Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós.” Ef 4;4 a 6

A “inclusão” de um credo espúrio, diverso da Palavra de Deus e seus termos, não traz a promoção do referido credo perante Deus; antes, nossa exclusão, separação de Cristo e do Espírito Santo. A Unidade do Espírito nunca desafina da Palavra de Deus que Ele mesmo revelou; “Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vos há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é Meu; por isso vos disse que há de receber do que é Meu e vos há de anunciar.” Jo 14; e 15

Não há dissidência entre Pai, Filho e Espírito Santo; antes, Perfeita Unidade.

Cristo deu Sua vida, não para colocar panos quentes, multicores sobre um sistema, condenado; antes, para possibilitar o escape, de quem ainda pode identificar a sede de Deus; “... quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Erro de endereço



“... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens... ingratos...” II Tim 3;1 e 2

Ingratidão nos incomoda quando sofremos; nem sempre identificamos quando cometemos; “... sede agradecidos.” Col 3;15 Aconselhou Paulo.

O homem tem facilidade de manifestar sua “gratidão” às coisas criadas, como se elas fossem responsáveis pela própria existência; muitos agradecem ao sol, lua, chuva, animais, à “mãe natureza;” mas, quão difícil é exaltar O Criador, que fez todas as coisas. “Mudaram a verdade de Deus em mentira, honraram e serviram a criatura mais que O Criador, que É Bendito eternamente. Amém.” Rom 1;25

Desse mesmo viés, imagens de esculturas seguidas em procissões; obras humanas fazendo poses de deuses, furtando a honra Dele; “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira; rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20 “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

Outro dia estava assistindo a um programa desses de sobrevivência, e um incidente me incomodou; dois deles estavam tentando fisgar uma enguia elétrica na Amazônia Peruana, mas, o caçador estava inseguro temendo o choque. Acossado pela necessidade, ousou e enfiou sua lança no bicho; tirou-o da água comemorando “selvagemente”.

Sua colega de aventura o censurou. Disse que ele deveria ter agradecido ao bicho por ter dado sua vida por eles, para salvá-los, invés de comemorar daquela forma. Um clima tenso se estabeleceu, e durou até que o “ogro” pediu perdão a ela, por não ter agradecido ao bicho, invés, de o ter matado, triunfalmente.

Ora pois, na chamada “cadeia alimentar”, nenhum ser “dá” sua vida para subsistência de outro; cada um busca o que é próprio de seu “cardápio”, na eterna alternância entre presa e predador. Acaso a serpente agradece ao lagarto, enquanto o devora? Ou esse, quando predador agradeceu aos insetos e cobras menores que caçou? Ah, mas o homem é racional! É.

Pois, a capacidade intelectual e espiritual que lhe deveria patrocinar o entendimento, de que as coisas não acontecem espontaneamente; que tamanha riqueza, diversidade e ordem das coisas criadas requer um Criador. “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, Quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Caso o “livro da natureza” seja insuficiente para o devido conhecimento de Deus, Ele ainda acresceu Sua Palavra, para que entendamos os pormenores necessários. Acerca dos alimentos diz: “... vos tenho dado toda erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. Todo o animal da terra, toda a ave dos céus, todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento...” Gn 1;29 e 30

Portanto, qualquer que seja nossa opção alimentar, carnívora, onívora ou vegana, somos devedores ao Criador, pela nossa dieta. Sempre que nos assentamos à mesa para comer, o que quer que haja sobre ela, requer nossa oração de agradecimento, se, a ingratidão e a cegueira ainda não nos possuem.

Entretanto, houve um “bicho” um Cordeiro Santo que deu Sua Vida por nós, Jesus Cristo. Nossa dívida era tal, que nenhum sangue humano poderia pagar, por estar impuro. Nossa redenção “... era impossível à lei, porque estava enferma pela carne...” Rom 8;3 “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os céus;” Heb 7;26

Nosso pecado foi o “predador” que requereu Sua Vida; mesmo sendo indignos dela, Ele nos deu. “Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

Quando uma multidão O buscou por interesses rasos, Ele apontou para “O Pão do Céu” e explicou adiante: “Porque a Minha carne verdadeiramente é comida, Meu Sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele.” Jo 6;55 e 56

Não é canibalismo como supuseram os superficiais que se afastaram sem desejar explicações; os que permaneceram as tiveram: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos digo são espírito e vida.” Jo 6;63

Não a criaturas, mas a Ele somos gratos; “... oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento. Jn 2;9 Não se trata mais de sangue, antes de renúncias necessários, no pleno uso da razão, para um viver digno Dele. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

domingo, 21 de maio de 2023

Fé é incondicional


“Aristarco, que está preso comigo, vos saúda...” Col 4;10

Paulo deu apenas o nome sem maiores explicações; então, Aristarco era um amigo comum, irmão de fé, tanto do remetente, quanto dos destinatários da carta, os colossenses.

“... está preso comigo...” A tendência natural é as pessoas professarem diretrizes e objetivos comuns, quando os interesses por comodidade, identificação, vantagens, alegrias, benesses inerentes ao convívio estão efervescentes; porém, abafadas essas, vindo o custo, vergonha, o preço de algo, os interesseiros, uma vez desfeitos seus motivos, somem; só permanecem os que, deveras, são.

Ante a ameaça de prisão, apenas um cristão verdadeiro se manteria inabalável.

O apóstolo se queixou dos “companheiros” que deram no pé, nas horas difíceis. “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam...” II Tim 4;16 “Porque Demas me desamparou, amando o presente século, foi para Tessalônica...” II Tim 4;10

Os discípulos de Jesus, que andaram com Ele em seu afeto meramente natural, ainda não revestidos pelo Espírito Santo, também se afastaram na hora da dor; “... Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas...” Zac 13;7 Ele afirmou isso: “Então Jesus lhes disse: Todos esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.” Mat 26;31

Então, um desconto, dada a fragilidade humana, incapaz para proezas espirituais; “Em Deus faremos proezas; porque Ele é que pisará nossos inimigos.” Sal 60;12

Porém, após o revestimento começado em Pentecostes e permanecido na igreja, os convertidos deveriam estar aptos a irem até à morte, se necessário, (Pedro prometeu antes do tempo e não pode cumprir) invés de mudarem de ares, ante às oposições do mundo.

O Salvador bem preveniu aos Seus, sobre as aflições vindouras, perseguições, violências; a Epístola aos Hebreus convida para nos identificarmos com Cristo na vergonha, não numa eventual exaltação; “Tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.” Heb 11;26 “Saiamos a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Infelizmente, muito do que se diz cristianismo é pueril, superficial, interesseiro. Tantas mensagens desse tempo refletem essa rasura onde a abordagem deveria ser profunda. Em troca do esforço por entrar no Reino oferecem riquezas na terra, esquecendo que a promessa é apenas do básico, alimento, vestes. “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?... Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;31 e 33

Paulo foi categórico quanto à primazia da fé, em quaisquer circunstâncias; “... porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Fatos vergonhosos infelizmente pipocam nas redes sociais, no seio do cristianismo professo. Há sites especializados nisso; dar repercussão às estripulias da oposição, invés de anunciarem a Vitória de Cristo. 

Muitos fugazes como aqueles dos dias de Paulo, presto fazem vídeos, dão entrevistas, buscando termos da moda para parecerem descolados, invés de sofrerem o opróbrio de Cristo e orar. Enquanto minha reputação for mais importante que a do Senhor, minha conversão é uma fraude, estou mentindo para mim mesmo.

Um vero cristão sofre com escândalos que maculam O Nome Santo do Senhor; “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;29

Se a fidelidade de Aristarco se pode ver, ao ser ele, preso junto com Paulo, a dos cristãos se evidencia em estarem esses, “mortos” com Cristo; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

“Devemos consertar o telhado enquanto o sol brilha, não quando chove.” Benjamin Franklin. Onde estarão esses “cristãos” de tempo bom, quando chover opressão no império do Anticristo em célere implantação?

Nossa batalha é contra o pecado, não contra a rejeição do mundo, tampouco, circunstâncias adversas. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Nosso corpo pode ser preso, molestado, morto até; ele não é um fim; apenas meio de preservação de nossas almas, tesouros eternos.
“Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer... temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno...” Luc 12;4 e 5

sábado, 20 de maio de 2023

O melhor cego


“... Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora o vi.” Atos 22;13

Paulo mencionando o segundo estágio de sua conversão; o primeiro fora quando, indo perseguir cristãos em Damasco, um clarão do céu o envolveu, e Cristo perguntou-lhe: “Por que Me persegues?”

Após breve diálogo com O Senhor, tendo recebido ordem de entrar na cidade e aguardar novas instruções, precisara ser conduzido, pois, ficara cego. Então, certo Ananias fora enviado ao seu encontro, fizera a oração acima, e a visão fora restituída a Saulo.

Não é o itinerário comum dos que se convertem; primeiro ficarem cegos, depois, serem curados. Mas, no caso dele, cego de ódio contra a Obra de Deus, julgando que seu zelo seria justo, vindo da Vontade do Eterno, nesse caso, precisava desaprender o que sabia; dar um tempo à sua fúria, para que a visão do sobrenatural tivesse um pouco, sua atenção.

Tendo ouvido do Próprio Senhor que era a Ele que perseguia, e que era essa uma luta inglória, como um animal recalcitrando contra os aguilhões, teve esse período de três dias para rever conceitos, fazer uma nova leitura dos fatos; quiçá, perceber nuances que o ódio no qual estava impregnado, não permitia ver.

O fanatismo sempre faz isso; invés de iluminar, tolhe de ver até o que está patente. Patrocina o mau uso do que vemos; aí, acoroçoados pelas distorções do que cremos, tendemos a converter a bênção da visão, numa maldição. Não significa que a fé precise, necessariamente, do apoio das vistas; mas, o que vemos, sem distorções, pode ajudar-nos a crer; “Porque Suas coisas invisíveis, (de Deus) desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

O problema da nossa visão geralmente é de foco; no episódio da mulher adúltera, todos viam o erro dela e estavam prestes a apedrejá-la; desafiados a olhar, cada um, para dentro de si para saber se estava sem pecados, ninguém pareceu ter gostado do panorama visto. Quando alguém coloca sua ênfase no foco, geralmente atina aos seus objetivos; mas, o prisma mais sábio é o que se autoavalia segundo o plano de Deus. Pois, “há caminhos que ao homem parecem direitos; mas, no fim, são caminhos da morte”. Prov 14;12

Quando Saulo via, respirava ameaças, ódio contra os “errados”; privado da faculdade de ver, foi forçado a “olhar” para dentro de si mesmo. Não sabemos o que viu; mas, temos razões para inferir que viu melhor a si e a Cristo; seu ódio deu assento à esperança e à fé, assessórios naturais de quem ora; “Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver.” Atos 9;11 e 12

Nos dias de ira Saulo esteve cego; porém, cegados os olhos naturais pode ver na dimensão espiritual. Depois, ele mesmo se fez opositor da ira; “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4;26 e 27 Aquilo que, outrora lhe parecera fazer a Obra de Deus, visto do prisma espiritual se lhe revelou como “dar lugar ao diabo”. É mui tênue a fronteira entre o santo e o profano. “... o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros da justiça...” II Cor 11;14 e 15

Sem o discernimento que Deus confere aos Seus, todos claudicamos no escuro. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Mais tarde, falando dos seus, Paulo atribuiu-lhes o mesmo erro, no qual andou antes da conversão: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram à de Deus.” Rom 10;2 e 3

O engano da Justiça própria tem desviado muitos da salvação. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

A cegueira de Saulo foi juízo circunstancial; a da maioria, é obra da oposição; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho...” II Cor 4;4

domingo, 14 de maio de 2023

Sede de vida


“Com minha alma Te desejei de noite, com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Mente, emoção, vontade; faculdades da alma; “com minha alma te desejei”, tive vontade. Intuição, comunhão, consciência; “sentidos” do espírito. Para buscar os juízos Divinos, precisa o espírito humano ansiar pela comunhão com O Espírito de Deus. Andar na mesma direção.

As necessidades sadias da alma carecem assessoria do Espírito para serem supridas. Que valeria à alma humana desejar coisas que apenas o espírito pode obter, estando esse morto? Por isso a sentença do Salvador: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5 Antes dos legítimos anseios da vida, é necessária a vida.

A carência dessa, estando o espírito humano morto, fatalmente instigará a alma, a buscar suprimento onde não existe; “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5
A migração para a vida, em Cristo, é indispensável para salvação da alma. 

Dizer que alguém está morto, mesmo existindo e podendo se expressar parece contraditório. Porém, em se tratando das coisas espirituais, que comunicam com Deus e Seus valores é mesmo assim. Cristo foi categórico: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25 “Ouvir” envolve mais que tímpanos e orelhas; requer entender, aceitar no coração, submeter-se ao que ouve.

Sempre que alguém supõe saciar sua sede espiritual em credos alternativos, religiões de matrizes humanas, ou pior, satânicas, estará buscando em fontes espúrias, riquezas que apenas Cristo possui; noutras palavras, estará buscando ao que vive, entre os mortos. “... Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6 Restrito o caminho da salvação! Exclusivo, Ímpar, Único.

Como água do mar não sacia a sede, antes, amplia, assim, os cultos espúrios não passam de uma droga psíquica, que, engana seu agente por um pouco, supondo que fez o que deveria, para depois descobrir que sua sede aumentou; seu labor foi cansaço vão, por ter buscada Água da Vida onde essa não estava. “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29 ensinou O Salvador.

Buscar Deus traz anexos alguns “efeitos colaterais”, como disse Isaías: “Havendo Teus juízos na terra os moradores do mundo aprendem justiça.” Não há como buscarmos a Ele alienados dos Seus juízos.

Há um levante global contra isso, difamação dos mensageiros da verdade, como se, fossem difusores do ódio; direta aversão à integridade da Palavra Divina, sugerindo edições, supressões, acréscimos, para que “Deus” se torne palatável aos gostos ímpios.

Ora, conversão é voltarmos à Casa Paterna; realinharmos nosso viver ao projeto original, não alterarmos o que não nos compete fazer.

A Palavra Divina anteviu isso: “Os reis da terra se levantam governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3 Notemos que são diretrizes governamentais, não mera vontade humana; ditames dos “reis da terra.” Há um pleito por poder em jogo, no qual os reis são meros títeres.

Se, para aprendermos justiça são necessários os Divinos Juízos, para a ímpia geração atual, comodidade e prazer desmedido é que importam; não essas coisas antiquadas e sombrias, tipo, verdade, justiça, equidade. Para o príncipe desse mundo, quanto pior, melhor. O mundo está do jeito que o Diabo gosta.

A modernidade avança rumo à robotização das almas, que são “pensadas” e “supridas” pela Matrix; essa difunde “urbe et orbe” a voz e a imagem da besta; enquanto, o espírito do mundo se ocupa em semear cizânia e aversão contra Deus.

Os que ainda podem ouvir ao Eterno, não se maravilham com as alegorias vanguardistas meticulosamente calculadas para atrair aos incautos; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

Como se esmerará por aprender justiça, quem gastou sua vida toda a cultuar prazeres apenas? “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Deus permite que o mundo edifique seu império enganoso; “... mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.” Dn 11;32

sábado, 13 de maio de 2023

Hesitando na janela


“O que é, já foi; o que há de ser, também já foi; Deus pede conta do que passou.” Ecl 3;15

Aparente confusão dos tempos verbais, cuja causa é a divergência essencial, entre O Eterno e o efêmero.

Se, o que há de ser já foi, de duas uma: Ou, refere-se a um hábito que se repete, de modo que, atuar assim não é novo, já foi desse modo em dias pretéritos; ou, refere-se à visão pelos Olhos do Eterno, que, por não estar limitada ao âmbito temporal, como nós, vê o que ainda nos será, como feito.

Limites temporais se restringem às coisas “debaixo do sol”. O Senhor, Criador do Sol, inclusive, não as vê da nossa perspectiva. Se Ele só nos “pede contas do que passou”, é pela Sua Justiça, que nos responsabiliza apenas pelo que fizemos, malgrado, saiba o que faremos. Nos oferece acesso ao passado, mediante arrependimento, perdão, saudade; ao futuro, através da fé, esperança, sonhos; mas, restringe nossa atuação ao presente.

A possibilidade Divina de “andar no tempo” causou espanto e agressividade nos dias de Cristo, quando Ele disse ter visto Abraão, porque O presumiam ser, apenas como nós. “... Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, Eu Sou.” Jo 8;57 e 58

Mais um “erro” verbal afrontando à “lógica” dos oponentes ao Salvador.

Um dos Nomes pelos quais O Messias seria conhecido aludia à Sua superioridade em relação ao tempo; “... Seu Nome será, Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Is 9;6 “... Pai da eternidade...”; a ordem natural prescreve que filhos obedeçam aos pais; assim, o tempo submete-se a Deus, não o contrário.

Ele não se cansa, fadiga, tampouco, envelhece. O fato de terem lido aquela promessa inúmeras vezes, não significa que a tivessem entendido; como os discípulos no caminho de Emaús, falando com O Senhor ressurreto, bem podemos dialogar com a verdade sem a identificar.

A Palavra ensina que Deus, “... chama as coisas que não são como se já fossem.” Rom 4;17 Por isso a inerrância de Sua Palavra profética; quando a dá não está adivinhando coisas; antes, revelando as que já viu; o que já foi.

Quando decidiu na eternidade, criar “anjos” frágeis (Pois, pouco menor o fizeste que os anjos, de glória e honra o coroaste. Sal 8;5) e aperfeiçoá-los mediante o sofrimento e santificação vindo de um estágio inferior, (Sua presciência sabia da queda) ao aceitar pagar o preço do resgate por esses “esboços angélicos”, mesmo antes de operado isso, aos Olhos Divinos foi tido como tendo feito já. Por isso se diz: “... Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apoc 13;8

Aquilo que o vulgo chama de vida, a duração da existência terrena, aos Olhos Divinos, é apenas uma janela espaço-temporal, à qual, aproveitando devidamente, nela reencontraremos o caminho de casa, a vereda da vida; “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Ganhamos tempo e limites para viver, dentro dos quais, nos está sorrindo a possibilidade de buscarmos a Deus; Ele facilita as coisas colocando-se perto de nós.

Como não sabemos o momento em que essa “janela” se fechará, no tocante a cada um, bem faremos se, recebermos o chamado à salvação como urgente; “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Tendemos a gastar nosso vigor em futilidades, como se, a salvação fosse uma coisa para se pensar, na velhice. Imensa leva de pessoas morre antes de chegar a ela. Engana-se quem supõe que nesses dias as renúncias ao pecado são mais fáceis; mesmo adormecendo os apetites do corpo no vasto leito do tempo, a alma que capitulou aos vícios desde sempre, sentirá mais saudade desses, que atração pela virtude à qual recusou-se a conhecer. Fugirá do presente, em insanas voltas ao passado.

Então, o conselho do mais sábio dos homens: “lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1

Sabendo como vai ser o fim dos pecadores, Deus chama-os em tempo, pelo prazer de salvar. “... não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva...” Ez 33;11

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Maravilhosa graça


“... Deus exige de ti menos que merece tua iniquidade.” Jó 11;6

Antes que alguém se presuma o merecedor das Divinas Graças, o mais honesto dos cidadãos, última donzela do lupanar, precisamos ver as coisas com olhos espirituais, tendo como veraz e inquestionável a forma como Deus, “O Pai dos espíritos” vê.

As coisas na perspectiva Divina são diferentes, como ensinou Paulo: “As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2;13

O veredito sobre a condição humana foi severo, mas justo: “... Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;1 a 3

Embora possamos e devamos praticar boas obras em nossos relacionamentos, dada nossa índole egoísta, normalmente estragamos eventuais coisas boas feitas, quando, pretendemos que elas tenham um mérito que lhes escapa; nos justificar perante Deus, por exemplo.

Nesse caso, as obras humanas, acrescentam ao nosso vasto currículo de pecados, a doentia pretensão de justiça própria, coisa que Isaías denunciou: “Mas todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Tampouco abastança de bens materiais poderia resgatar a uma alma: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Nem mesmo sacrifícios de animais; serviam como indício de arrependimento, conservavam vivos os ofertantes, deixando em suspensa sua dívida, até ao tempo do aperfeiçoamento do sacerdócio, em Jesus Cristo. “Este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo-se.” Heb 7;24 a 27

Deus requer de nós, menos do que merece nossa iniquidade porque Cristo pagou por nós, o preço dos nossos pecados. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus, a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Embora sejamos chamados a tomar nossas cruzes, isso é figura para a renúncia dos modos pecaminosos de viver, aos quais estávamos acostumados.

“Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24 Uma metáfora significando que, os tais, abandonaram ao curso natural de suas vidas se rendendo a Cristo.

Quando chamou todos a Si, O Salvador explicou que deveriam imitar Sua Obediência ao Pai; “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo, leve.” Mat 11;29 e 30

O fato de O Senhor demandar de nós menos do que merece nossa iniquidade não significa que poderemos bancar os desentendidos, quando denunciados e exortados a buscarmos arrependimento. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Pois, “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

A primeira coisa para lidarmos honestamente com nossos pecados é fazê-lo pela Palavra de Deus; conhecendo e obedecendo-a; os míopes olhos humanos devaneiam com pureza, onde O Santo vê o imundo. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

O Eterno cancela a morte que merecíamos, se tão somente recebermos em nosso favor a morte de Cristo, e permanecermos na obediência a Ele. “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Uma vez que, a justiça à qual somos chamados se estabelece pela fé, quando creio sou justificado; herdo a Justiça de Cristo, que por amor, herdou minha morte.
Maravilhosa é a graça! Necessária a perseverança; “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Obra de arte

 
“Agora, Senhor, despedes em paz teu servo, segundo Tua Palavra; pois, meus olhos já viram Tua salvação” Luc 2;29 e 30


Antes da possibilidade visível, palpável, Simeão tivera uma revelação. “ ... que... ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor.” v 26


Assim é a fé. Fala aos ouvidos esperando abrigo no coração; sendo ali recebida, em tempo oportuno, testifica aos olhos também.


O que é dito deriva do que foi decidido no coração. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23 O convertido deverá dizer como o salmista: “... todas minhas fontes estão em Ti.” Sal 87;7


O homem não tem problema em acreditar no que o deixe bem, confortável. Dada nossa situação espiritual, impossível a revelação da verdade nos deixar satisfeitos. Sempre nos colocará em maus lençóis.


Uma decisão será tomada em nosso íntimo; virá em consórcio com a honestidade que assume as próprias misérias, ou, com a loucura que, por preferir o mal, dado o prazer que enseja, à ventura de ser regenerado, mesmo ao custo de renúncias. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20


Uma “fé” superficial acredita apenas no que Deus Pode Fazer em seu favor, mas recusa acreditar no que precisa, para ser restaurada à comunhão com Ele; uma forma de enganar a si mesmo, usando um verniz de religiosidade para dar novo brilho à estátua desbotada do próprio ego.


O Salvador foi categórico: “negue a si mesmo!” A salvação não é pelas obras, mas pela fé; porém, quem crê e não age conforme, perde-se maquiando um cadáver. “... a fé sem obras é morta.” Tg 2;20


Para chegarmos ao estágio em que as vistas colherão frutos da fé, esse primeiro passo é indispensável. “Porque vistes, Tomé, crestes; bem-aventurados os que não viram e creram” disse O Senhor ressurreto, ao tímido apóstolo.


A Abraão, “o pai da fé” foi dito: “Sai da tua terra e da tua parentela para uma terra que te mostrarei.” Era preciso obediência À Palavra de Deus, antes de ver a terra.


Esse aspecto demandado pela fé, andar conforme se crê, é que “dificulta” a adesão da maioria. As digitais do Criador estão explícitas, mas, eles preferem produzir credos alternativos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;19 a 21


O texto não diz que eles não puderam “conhecer” a Deus; antes, recusaram a glorificar e lhe dar graças, depois de O terem conhecido. Esse preço, a rendição das almas em submissão, o homem natural se recusa a pagar; aí cerca-se de subterfúgios vários, sob a casamata da desonestidade intelectual, para fazer parecer que sua impiedade tem razões sólidas. Trai a si mesmo.


O que é o ecumenismo em gestação, senão, a validação de todas as fugas, formação de quadrilha global, para, em nome de suposta união, castrar aos poucos que ainda levam a sério A Palavra de Deus?


Não se trata do veto a um credo sabidamente errôneo, doentio; antes de rejeitar ao Senhorio de Cristo, junto com Seus ensinos; “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3


Enfim, a fé real será separada das imitações na reta final da humanidade. Antes de sermos “despedidos em paz” como pediu Simeão, teremos que suportar ainda, a guerra dos inimigos da luz.


O mundo da pós verdade, vive de narrativas; danem-se os fatos! Quem tem o poder diz o que é e o que não é, por bisonho e obtuso que pareça.


Uma geração acéfala como a atual, que considera uma banana colada com uma fita, uma “obra-de-arte" relevante, bem poderá considerar o canhoto, um deus.


Mesmo que sejamos perseguidos, violados em nossos direitos, qualquer que seja a forma de nossa morte, se permanecermos fiéis, seremos despedidos em paz, com Deus.


O que Cristo Fez por nós é a mais bela das obras, por pintar com Seu Sangue, o quadro da redenção eterna
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domingo, 7 de maio de 2023

Como andas?



“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.” Col 4;5

Invés de uma elite fechada que se basta, a despeito do que ocorra ao redor, a Igreja de Cristo é uma embaixada do Reino dos Céus, cujo propósito é atrair também os que ainda estão fora.

Para isso, nosso modo de andar deve ser tal, que exale um “aroma” de sabedoria ante quem nos contempla. Do nosso agir, O Salvador aconselhou: “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

Nosso devido falar, foi abordado por Paulo: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6

A transformação de um que vivera de modo dissoluto, depois de ter sido encontrado pelo Senhor, também deve ser algo que salte aos olhos dos que observam nossa caminhada. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

As pessoas podem “ver” o que se passa no lado de dentro, quando, submissos ao Senhor, deixamos que Sua Palavra e Seu Espírito nos transformem.

Embora o mundo seja avesso aos conselhos, cada um se pretende senhor de si apenas porque, supostamente paga suas contas, Cristo nos chama para que nos importemos com os outros. “Se deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, os que estão sendo levados para a matança; se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” Prov 24;11 e 12 Ver um rumando à perdição e simplesmente fingir que não vemos não combina com O Amor de Cristo.

Quem recebeu luz espiritual enxerga o bastante para saber onde cada caminho leva; embora as opções do mundo se pretendam múltiplas, diversas, no prisma espiritual só há duas maneiras possíveis de se caminhar; uma do lado de dentro, do rebanho dos salvos, outra, no de fora; O Salvador ensina: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

A porta estreita não é a da igreja; essa pode ser ampla. Antes, é a da renúncia das paixões carnais, da identificação com Cristo, tomar Seu Jugo que significa escolher para si a Vontade do Pai, conhecê-lo e ser conhecido por Ele. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Na parábola dos fundamentos, um na areia, outro na Rocha, ambos ouviam às Palavras do Mestre; a diferença é que um apenas ouvia; o outro, praticava. “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha;” Mat 7;24

É possível estar fora, mesmo estando dentro dos ambientes onde Cristo é ensinado. As palavras Dele não são meros aparelhos para ginástica intelectual; antes, como disse Pedro, são Palavras de vida eterna.

Parece um passe de mágica, mas é mesmo um milagre! O simples ouvir e crer nas Suas palavras tem poder de regenerar a vida espiritual que estava morta em nós; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Desde a Antiga Aliança, a fidelidade dos escolhidos em cumprir os mandamentos, deveria refletir Deus, ante os que olhavam de fora; “Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deut 4;6

Infelizmente, há muito sal degenerado na praça, muitos serviçais do canhoto transfigurados em ministros de justiça. Esses, além de não atraírem aos que estão fora, ainda são motivos de zombarias, pelas formas indignas em que vivem.

Enfim, podem parecer libertadores esses ossos tipo: “Cuide da sua vida!” “Guarde sua opinião para si”, etc. mas, pra onde irão esses libertários, quando a Porta da Graça fechar, estando eles do lado de fora? “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar...” Is 55;6

sábado, 6 de maio de 2023

Escrito na Estrela


“Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos Sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” Mat 2;2

Os três sábios em busca por luz. Naqueles dias de parco conhecimento, seu labor era confundido com magia; dado tratarem de coisas que escapavam aos olhos dos homens comuns. Nada a ver com a magia falaz, dos mestres do engano, cujo sinônimo, não por acaso, é ilusionismo. São produtores de ilusões; enquanto, aqueles eram estudiosos em busca de saber.

Viram uma estrela diferente, e após ela vieram; desde quando o homem comum, que se prende apenas às coisas atinentes ao aspecto fisiológico, se ocupa em observar estrelas? “Só quem ama, pode ouvir e entender às estrelas...” Olavo Bilac.

De onde tiraram a informação que tal evento prenunciava o nascimento de um Rei Poderoso em Israel? Textos antigos diziam: “... Fala aquele que ouviu as Palavras de Deus, e sabe a ciência do Altíssimo; que viu a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos. Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, um cetro subirá de Israel...” Num 24;16 e 17

Balaão, profeta que fora amante do dinheiro, a ele Deus deu a mensagem sobre a encarnação Divina, a maior das riquezas, de graça, o surgimento da “Estrela de Jacó.”

Mesmo vivendo distante, os “magos” tiveram acesso a essas coisas. Deus costuma premiar aos que desejam sabedoria de todo o coração; “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Ironicamente, os que estavam perto do local prometido, estavam desapercebidos; os de longe observavam os céus a espera. Brilhando a estrela, saíram para o distante, em busca do Rei que ela anunciava.

Cultura inútil e perversões de toda ordem, recebemos no colo, em nossos celulares, tablets, computadores... agora, sabedoria, sobretudo, espiritual, requer uma busca, uma “peregrinação” em demanda da mesma. Como essa traz anexo um conteúdo moral, não pode ser alcançada por quem vive de qualquer maneira. O Eterno, seu doador, É seletivo nisso; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

Adiante, a mesma verdade é exposta de modo mais amplo: “... a vereda dos justos é como a luz da aurora, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;18 e 19

Os “magos” receberam de Deus, luz sobre O Rei nascituro; Herodes que reinava como vassalo de Roma, apenas soube do nascimento, e não foi capaz de entender o significado.

Há enorme diferença entre ouvir falar de algo, e conhecer por manter um relacionamento, ter certa intimidade. Jó descobriu isso; “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;5 e 6

Herodes ouvira falar que o recém-nascido seria rei; bastou isso para sentir-se ameaçado em seu trono. Um dos truques antigos de Satã; projetar sobre seres humanos, tanto seus desejos, quanto, seus temores. Adão e Eva já eram como Deus, no que era possível, Imagem e Semelhança. O traidor prometeu: Desobedeçam e sereis como Deus. Eles caíram nessa arapuca tosca. Fez o casal abraçar como deles, um desejo que era seu.

Pois, o nascimento do Rei dos Reis, ameaçava precisamente o domínio do príncipe do mundo, não o reino efêmero de Herodes; mas, o traidor de carona no orgulho e egoísmo do monarca tentou assassinar ao infante, fazendo o rei sentir-se ameaçado.

Abstraída a diversidade da forma, o conteúdo ainda é o mesmo. Cada “Herodes” treme ao ouvir falar do Rei dos Reis. Ele não nega que quer ocupar o “trono” que esse ocupa; diz: “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Basta ao pecador renunciar um trono que está perdido, para receber à vida que não poderá mais perder, eterna.

Assim, uns poucos peregrinam longe, em busca de ampliar o que sabem, conhecer melhor ao Rei Celeste; mas, a maioria atira nas lâmpadas sentindo-se ameaçada pela luz.

O Excelso amor, que fez Deus se reduzir ao nosso tamanho, para nos salvar, é interpretado como ódio. Novamente, o canhoto manipula títeres, emprestando-lhes sua voz.

Quem olhar para a estrela achará Belém; quem perder tempo com fantoches, acabará no buraco-negro da perdição.

A integridade da Palavra


“Saiu com indignação a tempestade do Senhor; uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do Seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” Jr 23;19 e 20

Os que evitam assuntos melindrosos, como pecado, arrependimento, inferno, ira... pregadores de facilidades, teólogos liberais, adeptos da hiper graça, centradas no Amor apenas, sem desafiar à santificação e mudança de vida, deveriam refletir um pouco diante desse texto.

Três coisas nele: O quê? A tempestade do Senhor, juízo; contra quem? Sobre a cabeça dos ímpios; quando? Nos últimos dias.

Esses costumam fracionar A Palavra de Deus em duas metades, Antiga e Nova Aliança; depois, partes menores, as palavras de Moisés, as de Cristo, e as de Paulo...

Mesmo essas divisões, inda comportariam outras menores; por exemplo: Paulo falando sobre o amor foi insuperável; mas, exagerou na severidade ao dizer que determinados tipos estariam de fora; “Não erreis: nem devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” I Cor 6;10

Quem escolhe em quais porções acreditar, e se dá ao direito de rejeitar a outras porque discorda, não está crendo em Deus; antes, tentando moldar ao Eterno, à sua própria imagem. Já traz sua visão doentia de mundo, e tenta “encaixar” O Eterno nela.

A mudança principal, do Antigo Testamento para o Novo, tem a ver com o sacerdócio, antes imperfeito; agora, em Cristo, perfeito e eterno. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

A pena de morte para determinados pecados, adultério, feitiçaria, blasfêmia... foi adiada, aumentado o tempo para que o errado busque arrependimento; mas, o que era vetado então, permanece sendo um erro.

A Lei de Cristo é mais severa nas exigências que a dada a Moisés: “... foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo;” Mat 5;21 e 22 “Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Vs 27 e 28

Também a pena pela transgressão é maior; “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Não há predileções humanas nas Escrituras; “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21

Tampouco, divisões como se uma parte fosse válida, outra não. O Antigo Testamento é o Divino cuidado, fazendo o que podia ser entendido num mundo rudimentar; mas, cumprido o tempo, Ele Fez as mudanças necessárias; “Quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos adoção de filhos.” Gál 4;3 a 5

A pena de morte que devíamos foi paga por Cristo. Nossa obediência a Ele deve ser uma renúncia tal, aos vícios antigos, que é como se morrêssemos também; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

A Palavra traz as coisas que estão superadas, e as mudanças oportunas; não carece Deus, uma “Comissão de (ímpios) Notáveis” para “corrigir, reescrever” Sua Palavra, como pretendem o Príncipe desse mundo e seus títeres.

A Epístola aos Hebreus traz em minúcias as alterações entre um e outro Testamentos; começa expondo a diversidade de meios, e a unidade da Palavra: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb 1;1

Se é vero que O Filho falou sobre amor e perdão, também falou de modo severo quanto aos reclames da justiça; “Portanto, se teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” Mat 5;29

Enfim, a Palavra Eterna não precisa ser modernizada; antes, as vidas modernas, defensoras da pós-verdade, dos valores invertidos precisam retornar à Fonte: “... perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A "fraqueza" de Deus


“Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é Filho do homem.” Jo 5;27

Estranha inversão! Como se, o fato de Jesus ter Se esvaziado e se feito homem, o credenciasse para exercer o juízo.

O Salvador ensinou e reiterou: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo juízo;” v 22

A “Lógica Divina” desafina das humanas percepções. Por exemplo, após o Calvário, dizer aos judeus que, quem eles entregaram para ser crucificado era seu Deus, escandalizava. Ensinar algo assim aos gregos, com sua plêiade de deuses imortais mitológicos, também soaria, “fora da casinha.”

Contudo, era fato. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para judeus, e loucura para gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que eles.” I Cor 1;23 a 25

A “fraqueza de Deus” em Cristo esvaziado, O reduzia a “Filho do homem”; por duas razões, o indicado a exercer o juízo era Ele, mais que O Pai.

Os dons de Deus são irrevogáveis; “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” Rom 11;29

O governo da terra, O Criador tinha dado ao homem, ao primeiro casal; “... Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra.” Gn 1;28

Acontece que, ao capitular à sedução, tendo obedecido ao apelo do pecado, invés da justiça, o domínio que fora humano passou ao pecado e seu mentor, o inimigo. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

O Eterno não muda as regras durante o jogo, quais meninos jugando bolinhas de gude; o domínio perdido pelo homem, deveria ser resgatado por um descendente; como nenhum estava apto para o papel, a “Loucura de Deus” permitiu que Seu Filho se fizesse “filho do Homem.” Eis a primeira razão! A Justiça Divina.

A outra é mais pragmática, tem a ver com a natureza da missão a ser enfrentada. Como Um Ser Eterno, Imortal, poderia lançar no rosto do pecado, o seu próprio salário, resistindo-o até à morte?

Sim, “exercer o juízo” a prerrogativa exclusiva do “Filho do Homem”, não era, então, um julgamento contra o ser humano; mas, contra o pecado que o escravizava. “Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado, condenou o pecado na carne;” Rom 8;3

O pecado dando seu “salário”, a morte, a um pecador faria justiça. Porém matando quem não merecia, o pecado “suicidou-se”, condenou a si mesmo. “Pelo pecado, condenou o pecado na carne.”

O mundo não podia ver plenamente o que estava em jogo; O Senhor ensinou que O Espírito Santo Viria, clareando as coisas: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

O não ser retido pela morte, vencendo-a, é já Seu Juízo. Morreu por nós, por Si não precisava nem poderia.

Vencendo ao pecado, venceu também seu proponente e consorte, o “príncipe deste mundo”, que sempre se dobrará ao Senhor pelo que Ele Fez. “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente; lhe deu um Nome que é sobre todo o nome; para que ao Nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra, e debaixo da terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo É O Senhor, para glória de Deus Pai.” Fp 2;9 a 11

O resumo da ópera é que, Ele desceu e se fez como nós, e abriu a porta de acesso, para que, os arrependidos e obedientes, em parte, sejam feitos como Ele; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

Nele “largamos nossas pedras” e julgamos a nós mesmos; uma vez purificados mediante Seu perdão, ensinamos Seus Juízos.

Infelizmente, muitos “... não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela.” Jr 6;10
Porém, “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz...” Apoc 3;6

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Arados abandonados


“... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus.” Luc 9;62

Embora pareça mudança mui radical, aos mais sensíveis, a decisão por Cristo deve ser assim mesmo; definitiva, cabal, irrevogável.

Ao encontrar uma “pérola de grande valor”, as demais coisas empalidecem, como disse Paulo: “... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp 3;13 e 14

Acaso alguém acertaria um alvo diante de si, olhando para trás? Se o fizesse seria um acidente.

À mulher de Ló, quando do juízo de Sodoma e Gomorra, foi ordenado que não olhasse para trás, durante a apressada fuga. Ela desobedeceu e pereceu, transformada numa estátua de sal. Aquilo que caía sobre as cidades da desobediência, atingiu-a também, quando, desobedecer, lhe pareceu a melhor escolha.

O juízo não tinha alvo geográfico, mas espiritual. Sempre será assim, em se tratando do juízo Divino. Seremos preservados até no “lugar errado”, se estivermos no esconderijo certo. “Mil cairão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.” Sal 91;7 e 8

Não me refiro às vicissitudes da vida, que podem atingir qualquer um. Porém, quando o assunto for juízo, “... vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

O que tem atrás das pessoas, que, começando seguir a Cristo, passado um tempo, muitas voltam para lá?

Óbvio que, voltar atrás é uma figura de linguagem significando, desistir, apostatar, abandonar a carreira em Cristo. Muitos “voltam atrás” passando adiante do Senhor; vão além do que está escrito, pervertem a interpretação, modificam... voltam, na obediência à índole natural que, pretende decidir por si mesma, o bem e o mal; mesmo usando ainda O Nome do Santo, esses seguem às próprias paixões e interesses.

Quando Eliseu “lançou a mão ao arado” após o chamado de Elias, teria atrás de si, outro arado; um, literal, com o qual trabalhava quando Elias aparecera.

Ele aceitou a missão com resolução tal, que queimou as tralhas de seu labor, matou os bois, depois seguiu Elias. O novo “arado” lhe foi tão valioso que queimou o antigo, para tolher a possibilidade de retroceder.

“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” Luc 14;33

Perseguições e aflições fazem parte do pacote, para os que decidem andar com O Salvador. O mundo não tem problemas com religiões; apenas, com Cristo.

Ele o denuncia como habitat do maligno; reduz seu ilusório valor abaixo do preço de uma alma salva; denuncia a futilidade de todos os múltiplos credos alternativos, “Ninguém vem ao Pai, senão, por Mim”; e como cereja na torta da aversão do Senhor ao sistema ímpio, acrescenta que Seus discípulos não são dele; “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso, o mundo vos odeia.” Jo 15;19

Então, muitos voltam atrás por prezarem mais as seduções terrenas, nas quais estavam habituados, que a caminhada com Cristo, cuja porta é estreita, apertado o caminho.

Algumas índoles até gostam, eventualmente, da companhia das ovelhas, da reputação de ser uma delas. Mas, motivações antigas ainda palpitam tanto, que, em momentos de luta árdua retrocedem, e outros bichos tomam o lugar das presumidas ovelhas; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

Embora pareça luxuoso, atraente, libertador o que esses retrocedentes veem, no prisma espiritual, o que os atrai é vômito, lama.

Paulo questionando os romanos, sobre seus passados errôneos, não perguntou se aquilo lhes dava prazer; antes, se dava frutos, um modo de vida que envergonha salvos. “Que fruto tínheis então das coisas de que agora, vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;21

O pecado parece mais atraente na caminhada; porém, o valor de um caminho tem a ver com, aonde ele leva; qual será seu fim. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Melhor obediência, que conduz à vida, que a “liberdade” que culmina em predição. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Pressa de Deus

 

“O sonho foi repetido duas vezes a Faraó, porque esta coisa é determinada por Deus e Ele Se apressa em fazê-la.” Gn 41;32


A relação de Deus com tempo é diferente da nossa. Quando o escritor diz que Deus Se apressa, usa um antropomorfismo; a forma humana de abordar, associada a Deus.


Normalmente a pressa é tida como uma coisa má; tanto que, esse conceito deu azo ao ditado: “A pressa é inimiga da perfeição.”


Todavia, a pressa é uma coisa neutra; carece de contexto antes de ser adjetivada como boa, ou ruim.

Domingo último, visitando à Exposol em Soledade, dado o imenso número de veículos, tanto a entrada quanto a saída do parque, foram morosas. Um policial que estava no portão acenava para que nos apressássemos, os que estavam de saída, para facilitar aos que vinham após. Brinquei: Normalmente a polícia me multa se eu corro, agora me estimula. Hoje, em virtude de um acidente no perímetro urbano, a via fluía um lado de cada vez; de novo o policial acenava aos curiosos que tentavam ver o ocorrido, para que se apressassem.

No Detran onde fui renovar a habilitação, uma frase, ao lado do relógio: “No mínimo de tempo, o máximo de eficiência”. Assim, em menos de uma semana, três incidentes apontaram para uma pressa boa, necessária; isso me fez pensar.

A pressa vulgar de quem acha que a vida pode ser condensada em “memes” e mensagens “tiktokeadas”, recusando-se a aprofundamentos mais ousados, carece uma atenção também.

A superficialidade viciante da cultura inútil, que pulula mediante facilidades tecnológicas na geração atual, torna seus viciados avessos à reflexão, toscos, apressados sem rumo; migrantes de coisa nenhuma, indo a nenhum lugar. Tal pressa não é uma contingência rumo a um alvo; antes, crise de abstinência demandando mais doses da mesma droga.

Entremeio, vejo postagens de gente que considera o ladrão e o probo, como ‘farinha do mesmo saco;’ outras, onde “cristãos” partilham postulados do espiritismo, evolucionismo, etc. estupefato constato que, essa gente foi castrada em suas mentes, da saudável capacidade de pensar e analisar. Precisamente, o sentido de “mentecapto.” O efeito colateral da pressa que ruma a lugar nenhum. Uma turbina potencializando almas que precisam fugir da luz.

Um texto que demandaria alguns minutos para ser lido, a despeito do teor, é ignorado pela maioria, não por rejeitarem ao conteúdo; mas, à ideia de “perder tempo” lendo. A falta de hábito não se coaduna com o moroso andar que requer reflexão, desafia a mente a buscar entendimento; a pressa vigente já não permite.

Se, o fato de repetir determinado sinal, significava a “pressa de Deus” como interpretou José, a reiteração contínua das coisas que predizem a volta de Jesus Cristo deveria retinir em nossas “antenas”, se, não estivéssemos demasiado entretidos com as banalidades velozes que nos retêm. A castração das liberdades, inversão de valores, a glamourização dos vícios, a apostasia, violência de toda ordem, ataques à Palavra de Deus, etc.

Tudo isso, e o concurso do Ecumenismo, validando toda sorte de postulados antagônicos, deixando patente que o cristianismo genuíno, breve será impossível. Os fiéis serão perseguidos à morte.

A urgência de cada um em reconciliar com O Pai, nem tem a ver, necessariamente, com o tempo dele; mas, com o nosso, que é exíguo, instável, como observou Tiago: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4;14

A oportunidade latente deveria despertar nosso interesse: “O maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade.” Provérbio árabe.

Por isso, a mensagem de salvação sempre nos é apresentada como uma coisa urgente, que devemos nos apressar em receber, se, a desejamos, deveras. “Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2 “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Enfim, antes de decidirmos qual pressão deve incidir sobre nosso acelerador, convém meditarmos sobre o rumo tomado. Pois, quem escolhe o caminho do erro, quanto mais se apressa, mais se afasta do alvo.

Os que se apressam em enriquecer, por exemplo, sem conhecer a paz com Deus, depois dos muitos faustos banquetes, que o dinheiro propicia, descobrem que a fome ainda está lá. “Eu acho que todo mundo deveria ficar rico, famoso e fazer tudo o que sempre sonhou, para que possa ver que essa não é a resposta.” Jim Carrey


O Senhor ensina: “... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

terça-feira, 2 de maio de 2023

Preço da fidelidade

 “Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga minha causa.” Lam 3;59

Jeremias foi econômico nas palavras; “... a injustiça que me fizeram...” Basta lermos o seu livro para percebermos que, o “profeta das lágrimas” fora vítima de muitas injustiças. Perseguição, agressões, prisões, traição; o povo lhe pediu que consultasse a Deus e rejeitou o mandado Divino, etc.
Escreveu suas lamentações em meio às ruínas de uma cidade arrasada. O Senhor tinha julgado à causa dele, no aspecto profético, ministerial, fazendo se cumprir cabalmente, suas advertências.
Isso foi no âmbito social, de então. No prisma pessoal as injustiças ainda lhe doíam e teve que suportar mais. Foi levado ao Egito contra sua vontade, tendo aconselhado da parte do Senhor, que não o fizessem. O julgamento pessoal pode nos esperar no além, apenas; aqui é prudente considerarmos a possibilidade de “fome e sede de justiça.”

Quando O Eterno escolhe alguém para falar da Sua parte, esse deve se preparar para toda sorte de oposição.
Vejamos: “Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, coluna de ferro, muros de bronze, contra toda terra, os reis de Judá, seus príncipes, seus sacerdotes e contra o povo da terra. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque Eu Sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.” Jr 1;18 e 19
Ele fora escolhido para contrariar; deveria atuar “contra toda terra, contra reis, príncipes, sacerdotes e o povo”. Como garantia, “apenas” o auxílio Divino: “Eu Sou contigo”.
De lambuja, tinha contra si o concurso dos falsos profetas, os pregadores de paz em tempos de guerra, tão comuns, ainda atualmente. “Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Cap 6;14
Invés do ensino da Palavra que identifica o pecado e exorta ao abandono, os falsários garantem que “Deus está contigo” aos que tropeçam nas próprias pernas, errantes no tocante ao Caminho do Senhor, incoerentes, na dissolução das palavras pelo mau jeito do testemunho de vida, que dão.
Pior que o já visto; Jeremias ainda tinha contra si, seus próprios familiares em velada oposição. “Porque até teus irmãos, a casa de teu pai, eles próprios procedem deslealmente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes: Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.” Cap 12;6 Advertiu-o O Senhor.
A pior das oposições é essa que grita falsos apoios aos quatro ventos, e desarma às defesas com elogios, estrategicamente pensados. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Então, quem tencionar viver retamente a serviço do Senhor, deve esperar toda sorte de oposição, por parte do sistema que lhe puxa o tapete, e tem seus infiltrados entre as igrejas. “Também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12
Compreensível o anseio do profeta por justiça, ainda na terra; era humano como nós. Todavia, o fato de sua vida ter sido proba perante O Criador, não bastou para que fosse livre do que temia. Aos Seus escolhidos, normalmente O Senhor livra ‘nas’ provas, não, das provas.
Enquanto nossa natureza anseia pelo conforto de fugir às lutas, O Eterno mira na têmpera que nos pode infundir através delas; então, promete: “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Perdemos muito do brio e da valentia possíveis antes da queda; Deus nos regenera ao Seu modo.
Como Jeremias, se formos fiéis temos enormes probabilidades de encontrar todo tipo de adversidades; nelas, contaremos “apenas” com O Criador.
Acontece que, Ele É mais que suficiente para nos manter em pé, ou reerguer, caso caiamos, e delinear o caminho que nos convém, nem que esse contrarie nossos mais diletos projetos. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jr 10;23
A integridade pode, como fez em Jeremias, passear entre as ruínas da desobediência e falsidade, sem abicar de uma centelha do que ela é; não por acaso seu nome é, integridade. Costuma se preservar inteira, onde, os caracteres que não a possuem se despedaçam.
O mundo massifica para manipular; Deus regenera indivíduos que causam estranheza ao sistema, quando se portam de modo idôneo alheios aos da massa que, “acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução...” I Ped 4;4
Por isso O Salvador advertiu que o preço do discipulado era a renúncia de tudo; se a justiça nos fugir aqui, teremos um assento junto a ela, no porvir. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos;” Mat 5;6