terça-feira, 30 de março de 2021

Os montes baixos


“Por que saltais, ó montes elevados? Este é o monte que Deus desejou para sua habitação; o Senhor habitará nele eternamente.” Sal 68;16

Lapidando-se o ensino de que a fé remove montanhas, as interpretações mais comuns acenam com certos “montes” ausentes na sã doutrina. Circunstâncias adversas do cotidiano pelas quais Deus promete passar conosco, os montes que certos “mestres da fé” prometem remover “em nome de Jesus”; os intérpretes mais sadios vêm em nossas más inclinações, nas obras da carne os alvos.

Contudo, estamos ante “montes” que saltam; do que se pode inferir do texto, rumo a um outro, que O Senhor deseja.

Encontramos montes como símiles da constância confiante dos salvos; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Agora temos os montes saltitantes como desejos de tomar para si algo que O Santo deseja. Como são “montes elevados”, parece pacífica a conclusão que se trata de líderes, governantes que disputam com Deus, coisa que o salmo segundo corrobora. “Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido...”

Se, montes deveriam simbolizar firmeza, não movimento “por quê saltais ó montes elevados?
Independente do motivo o texto deixa patente que se insurgem contra Deus. Então, antes de sabermos seus alvos já podemos conhecer seus méritos; A Palavra diz: “Não há sabedoria, inteligência, nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Não são sábios, inteligentes nem aconselháveis seus saltos, pois.

Acontece que os “montes elevados,” da Terra, aos Olhos Divinos não são nada altos. “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Desses O Salvador disse: “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Como O Senhor chama aos que lhe ouvem para que neguem a si mesmos, e nos diz que “diante da honra vai a humildade”, não há espaço para alturas a ambicionar, para os que são feitos servos do Altíssimo.

Paulo pergunta pelos sábios que colocariam ao Poderoso numa saia justa; “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” I Cor 1;20

O método Divino de escolha é meio “insensato” aos olhos do mundo. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Esse método “louco” não contaria com a adesão dos “grandes”; de modo que O Eterno decidiu ficar com “o que tem pra hoje” como se diz; “... não são muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem ou, nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

A certeza de termos sido escolhidos nos basta; não precisamos de lugares que não nos pertencem; a Glória do Senhor importa mais que efêmeras e indignas exaltações humanas.

A loucura começou quando foi aceita a sugestão de o humano ser como o Divino. Dessa vertente são os motivos dos “montes elevados” que saltitam de olho num lugar do qual são indignos. Levarão às últimas consequências a sugestão satânica, pois, alienados de Deus, necessariamente se fazem associados daquele.

Como conheceriam à quietude, consorte da paz, se essa deriva da justiça à qual se opõem? “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Isaías descreveu-os: “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Vemos, finalmente, que os “montes” não podem se aquietar; não se trata de escolha seus movimentos, mas de consequências de terem rejeitado ao Eterno. Como disse alguém: Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você. Invés de buscar a Deus de quem precisam são cegados ao ponto de combatê-lo, como se isso fosse possível.

Enfim, os montes saltam ansiando a saciedade de uma sede espúria, do inimigo. Os da fé que remove os montes, estão saciados em Deus. “... me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.” Sal 131;2

domingo, 28 de março de 2021

Credenciais e louvores


“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Imaginemos, como ilustração, que o livro dos Salmos seja a Cidade dos Louvores ao Altíssimo; este, pela posição estratégica que ocupa seria o pórtico de entrada. 

Como os pórticos costumam ser temáticos, trazendo algum aspecto relevante na geografia, economia ou cultura locais, assim esse, destaca as qualidades que devem ter os que pretendem ingressar nas paragens dos louvores Santos.

Uma opção teórica; conselhos, ou ensinos; uma escolha prática; modo de ser, caminho; por fim, um lugar de convívio social, lazer; uma “roda” da qual fazer parte, ou não.

Um equívoco comum entre os que professam ser cristãos é confundir serviço com o relacionamento que devemos ter com O Pai, mediante Cristo. O risco é reduzirmos O Eterno às nossas tolices efêmeras, que, eventualmente se impressionam com encenações mais que, com a realidade.

De outro modo: É enfermiço imaginar que O Santo prefira cultos, meramente, antes que integridade; ou louvores, que a prática da justiça. Nosso culto deve ser consequência da relação, não a causa.

Temos exemplos antigos de gente que não se importava com os valores celestes, mesmo assim era religiosa, ativa em cultuar; O Eterno protestou: “De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, da gordura de animais cevados; não me agrado do sangue de bezerros, de cordeiros, nem de bodes... Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos atos de diante dos Meus Olhos; cessai de fazer mal.” Is 1;11 e 16

Parece que a artimanha de trair e depois levar um buquê pra aplacar remorsos diante do Senhor não funciona.

Através de Amós também desprezou a hipocrisia que chamavam culto; “Odeio, desprezo vossas festas; as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. Ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como águas, a justiça como um ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

O conselho dos ímpios, pois, faz parecer válida essa encenação que se prolonga ante o silêncio de Deus; mas vem a hora em que Ele julga e expõe. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que Era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos”. Sal 50;21

A Glória que Deus recebe vai além de palavras; tem a ver com nosso modo de vida segundo Ele; “andar na luz” par haurir a eficácia de Cristo. “Aquele que oferece o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena seu caminho Eu mostrarei a Salvação de Deus.” Sal 50;23

Por fim, o convívio social dos santos, a “roda” que eles devem formar também traz esses traços refratários à hipocrisia, de modo que, o de falas fartas e viver ímpio dever ser evitado por nocivo ao convívio.

“Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou os roubadores, ou idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;9 a 11

Como vemos, pois, a “roda dos escarnecedores” bem pode ser “gospel”. Afinal, os nomes que esposamos não definem necessariamente, nosso ser; “... Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apoc 3;1

Notemos que O Senhor não diz: “Eu leio teus rótulos;” antes, “Conheço tuas obras.”

A rigor, o louvor que O Poderoso mais aprecia nem vem diretamente dos Seus filhos; mas, dos que O Podem ver espelhado no agir deles; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Assim como para ingressarmos no estrangeiro carecemos o visto das autoridades locais, quem quiser migrar para louvorlândia, carimbe antes o passaporte no guichê do Jugo de Cristo, a cruz.

“Louvar” a quem recusamos servir, acaba sendo profano. Quem ousar nas coisas santas deve saber a diferença entre uma e outra. “Mediu pelos quatro lados; havia um muro em redor, de quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o santo e o profano.” Ez 42;20

sábado, 27 de março de 2021

Pães Velhos


“Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele (Deus) da tua mão?” Jó 35;7

Defesa dos Motivos Santos Divinos, feita por Eliú; ao demandar que Seus filhos sejam justos Ele o faz por amor à justiça, não por algum motivo raso, tão comuns nas “defesas virtuosas” humanas.

O mercenário realça a importância de sermos fiéis, quando, a nossa fidelidade lhe significa alguma vantagem. Há tantos “Profetas” virtuais entregando grandezas de plástico e profanando ao Santo, que a coisa nos envergonha; talvez seja por isso que vivamos um raquitismo espiritual tão grave.

Invés dos venturosos que evitam conselhos ímpios, caminho dos pecadores e a roda dos escarnecedores, para meditar na Lei do Senhor, temos os “grupos de profetas” mediante os quais “O Senhor” sempre oferece grandezas e vitórias incondicionais.

Os incautos que trocam o “Pão do Céu” por isso, natural que apenas acrescentem pecado a pecado.

Além de andar mal após inclinações do perverso coração, ainda se fazem consumidores de drogas espirituais em cujas embalagens figuram muitas profanações. “O Senhor me mostra alguém que...” O Pai não fala com “alguéns” Ele disciplina e abençoa Seus Filhos e o faz segundo Sua Palavra, não segundo cobiças de mercenários.

“Não mandei esses profetas, contudo foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

As virtudes preceituadas Pelo Eterno visam regenerar; após, melhorar as relações interpessoais; assim, nossa relação com Ele também se faz sadia. Pois, a equidade resultante seria a “vantagem” anelada pelo Senhor. “Tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” V 8

O quê será que há de errado com a Divina Palavra, que tão célere a trocamos por essas fraudes vulgares? “A lei do Senhor é perfeita, refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19;7 a 9

Com essas qualidades todas na Palavra, talvez sejam nossos paladares que estão estragados e já não possamos diferir o sabor dos ricos manjares celestes, os quais trocamos por gororobas humanas. Outrora já foi assim; “Dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.” Is 30;10

Esses dias de rejeição do Senhor por predileções naturais foram figurados no Êxodo já, quando, o povo chamou ao Maná de “alimento vil” em lugar do qual, desejou carne.

Uma das qualidades dos Mandamentos Divinos é que eles “alumiam os olhos”; e poder ver melhor a si mesmo quando não se está bem na foto, assusta ao homem natural. Foi assim quando da vinda de Cristo; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.”

Então, em lugar da reta mensagem que chama da morte para a vida, os que escolhem doutores segundo seus paladares adoecidos contratam os préstimos de maquiadores de defuntos, como se, certo arranjo circunstancial nas faces mortas lograsse a proeza de trazer vida. Esse “milagre” nem Deus pretende; antes, ensina: “... ninguém vem ao Pai senão por Mim." Depois propõe a questão: “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Embora nossas ações, justas ou ímpias, se reflitam sobre o semelhante, inicialmente, até nosso falar passa pelo crivo celeste. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele...” Ml 3;16

Desse modo, o homem prudente, ensinado pelo Eterno, embora saiba ser necessário ter ainda a Terra com teatro das suas ações, há de escolher os valores celestes como fiadores das mesmas; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

Pois, se é certo que nada podemos contra Deus, exceto, entristecê-lo frustrando Seu Amor, ou, irá-lo até, profanando Seu Santo Nome, pautando nosso viver pela Sua Vontade, não teremos medo da luz; nem carecermos desses pães bolorentos que o inimigo produz com rótulos roubados.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Campeões de Deus


“Então, também Eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.” Jó 40;14

O advérbio, “então” refere-se a determinado caso, ou, momento. As palavras acima são de Deus, que, após propor a Jó algumas tarefas Divinas, disse que se ele as executasse, O Próprio Criador reconheceria que o desafiado poderia salvar a si mesmo.

E olha que Jó era um do qual O Mesmo Senhor dissera que era reto, temente Deus que se desviava do mal.

Acontece que o mais alto padrão de justiça humana ainda fica mui aquém dos parâmetros Divinos. Isaías chutou o pau da barraca: “Todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Mesmo que sejamos justos em nossas relações interpessoais, e devemos ser, ainda estaremos distantes das aspirações do Santíssimo. O salmista expressou nossa impossibilidade redentora: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Esse valor, entretanto, não se mensura em bens, riquezas materiais ou mesmo, justiça horizontal; pois, nesse caso, um justo como Jó serviria para desfazer o mal feito por Adão.
A demanda celeste era “um pouco” mais alta.

Buscou para o Sumo Sacerdócio um, “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;16, 26 e 27

Gostemos da assertiva ou não, os melhores de nós não passam de meros layouts; esboços grosseiros da arte final almejada por Deus. “Os melhores homens que conheci, - disse Spurgeon - estavam sempre descontentes consigo mesmo, em busca de algo que os tornasse ainda melhores.” Eis uma virtude que Deus preza: Humildade, reconhecimento de nossas imperfeições e concomitante anseio por aperfeiçoamento.

Afinal, nosso parâmetro proposto não é Jó, malgrado sua retidão; antes, Cristo, Sua Justiça e Santidade. “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Um dos traços mais marcantes da Estatura Espiritual do Senhor era sua capacidade de manter-se Íntegro, Santo, em meio às controvérsias. Nós, por nossa natureza frágil e comodista tendemos a querer facilidades, mesmo em ambientes adversos.

Os vencedores da Terra ganham coroas, faixas, troféus, medalhas... os do Céu, chagas, perseguições, calúnias, ódio... Nossa vitória, enquanto na Terra, não consiste numa chegada, antes, numa travessia perseverante.

Quantas vezes contemplamos alguém sofrendo por causa da justiça e “ajudamos”: “Confie, vai dar tudo certo”. Ora, quem sofre injustiças, perseguições, danos, e não abdica de seu temor a Deus, da prática das melhores obras, não carece que “dê tudo certo”, para tal, já deu. Cristo vence nele!

Uma canção cujo autor ignoro traz: “Um campeão se mostra na derrota”. Não sei qual a luz espiritual tem quem escreveu; mas, se refere-se aos campeões de Deus, com certeza, disse muito bem. Aquilo que soa derrota aos olhos naturais é o triunfo dos de visão espiritual. Foi no auge da “derrota” que o Campeão do Campeões disse: “Está consumado”. Eu venci, acabou.

Paulo, na iminência de sua execução, invés de portar-se como perdedor, sua despedida foi de um grande campeão: “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual, o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas, a todos os que amarem Sua vinda.” II Tim 4;6 a 8

Em momento algum rogou pela sua vida; antes, descansou seguro na Justiça de Deus, mesmo em face à morte. Vencedores assim são os mais eloquentes. Nenhum deles carece sair apregoando que venceu, pois, a própria vitória se encarrega de exibir isso em alto relevo na rocha do testemunho.

Em suma, a justiça própria é incapaz, como Deus dissera a Jó; mas, a de Cristo imputada aos Seus, satisfaz ao pleito dos Céus. Nossa justiça é necessária, como servos que obedecem; porém, redentora é apenas a Dele, a do “Senhor, Justiça Nossa.”

domingo, 21 de março de 2021

À prova, pelo quê se aprova

“... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

A tendência natural do homem é justificar-se mesmo no erro, jamais condenar-se; quando não pode isso, não raro, transfere a culpa, como no incidente do Éden.

Então, quando A Palavra adverte da possibilidade de alguém condenar a si mesmo, usa um modo oblíquo de dizer que o tal aprova coisas reprováveis.

Contudo, o cidadão dos Céus seria um, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4 Em oposição ao réprobo temos O Senhor, e óbvio, Seus Estatutos, Ensinos.

É comum vermos desfilando nas redes sociais um reducionismo idólatra, onde de um lado estaria Bolsonaro, do outro Lula. As pessoas seriam meros “torcedores” tentando desqualificar um, promover outro.

Ora, há toda uma carga de valores morais, espirituais, no pacote que excede em muito às pessoas que os representam.

Lula vem de uma corrente ultra corrupta, que defende perversões sexuais de toda ordem, profanação religiosa, ateísmo, drogas, aborto, etc. (pensar que há cristãos que o aprovam)

Bolsonaro, malgrado seus muitos defeitos, defende valores como família, Deus, pátria, probidade... então não se trata de duas pessoas meramente, mas de tudo o que significam.

Esses discursos rasos tipo, “no tempo do Lula tinha dinheiro, gasolina custava tanto...” deriva de mentecaptos, gente incapaz de juntar dois mais dois.

As variáveis econômicas dependem de fatores internacionais, ora favoráveis, ora não; quando o governante tem um viés populista e desonesto como alguns, bem podem maquiar fatos para fingir que tudo está bem quando não está. (Eis pedaladas fiscais senhora Maria Flor)

Uma pessoa honesta, por outro lado, assumirá a realidade como é, de modo que seu senso de dever e valores superará o anseio de agradar, simplesmente. 

Nas filosofias de botecos todos esposam que preferem acres verdades à alegres mentiras; mas, “na prática a teoria é outra” como dizia Joelmir Betting.

Aqueles “cujo Deus é o estômago”, invés de pautarem suas aprovações ou reprovações pelo valores caros a Deus, morrem pela boca prostituindo-se por nacos de pão; “... mordem com os seus dentes e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.” Miq 3;5

Para esquerdistas, exemplos fartos mostram que o poder conta, não os fatos. Se um deles manda, como em Cuba, Venezuela, é uma “democracia”, mesmo sendo crassa ditadura; onde um desafeto governa, como no Brasil, é “Fascismo” mesmo sendo o resultado das urnas.

Vivem como se, narrativas mentirosas mudassem fatos. Ora, podemos mudar os rótulos; os produtos seguirão sendo o que são. “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

Quem disse que podemos aprovar ou reprovar ao bel prazer foi o inimigo. Para O Criador, o mal segue sendo o que é, apesar dos afetos dos defensores da maldade.

Dos cristãos se espera que tenham “A Mente de Cristo”; isso não se dá por um transplante de órgãos. É preciso ser convencido pela Palavra, de modo a mudar as inclinações naturais em favor dela. “... torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se alguém diz: ‘Fulano rouba mas faz’, está a dizer que não se importa de servir ao ladrão; seja esse do tamanho que for, é um representante do ladrão mor; e “O ladrão não vem senão a roubar, matar e destruir...” Jo 10;10

Assim, aprovando tais coisas eu condenaria a mim mesmo, por deixar que minhas doentias predileções superassem À Vontade Divina.

Embora o preceito demande sacrifício do corpo, de certa forma também a alma que se inclina aos ventos do mundo precisa negar-se, caso desejemos mesmo, haurir da aprovação celeste; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Aos avessos a Deus o que se pode fazer? Mas, dos que tomam Seu Nome e Sua Palavra, desses Ele espera que aprovem apenas as coisas que Ele aprova. “Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos” Sal 50;18 e 21

“Filho Meu, se aceitares as minhas palavras... Então entenderás o temor do Senhor...” Prov 1;1 e 5

sábado, 20 de março de 2021

A vereda da vida


“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26;7

“... Porque os caminhos do Senhor são retos; os justos andarão neles, mas os transgressores cairão.” Os 14;9

Figuras fiéis da Integridade Divina; ora, Seus Caminhos são planos; sem acidentes verticais; ora, são retos; sem desvios laterais.

Quando se diz que Deus escreve certo por linhas tortas, significa que Ele interagiu conosco; Sua Escrita segue fiel; as linhas são por nossa conta.

Por isso quando da Sua busca pela humanidade para regeneração, Seu precursor começou a abordagem justo pelo “relevo” acidentado. “... Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” Mat 3;3

Não significa que então, ou agora, se possa fazer tal proeza sem auxílio Dele; o desafio de João era antes um convite ao arrependimento para que, desde então, os arrependidos fossem conduzidos mediante O Caminho, por veredas de justiça.

Mais ou menos como se deu com Ezequiel; O Senhor deu-lhe uma ordem; Seu Próprio Espírito ajudou a cumpri-la; “Disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

Nosso desafio é como certo preceito que está nos Provérbios: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

O combate se intensifica cada dia, pois, como aqueles coevos do Salvador que “amaram mais as trevas que a luz,” assim segue o mundo cada vez mais alienado da retidão, em busca de emoções fortes na “montanha-russa” dos desejos da natureza perversa.

A inversão de valores tão cara ao príncipe desse mundo e aos seus faz parecer que os caminhos tortos são retos, e vice-versa. Quem não guardar em si porções significativas do “bom depósito” corre risco de naufragar no mar de lama que cobre a terra.

Cada dia fluem mais céleres as águas dos vícios que, mediante tecnologia têm seus meios acelerados; a inversão de valores se ocupa de justificar seus fins.

Dias sombrios antevistos por Isaías; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59;14 e 15

A gente acaba se cansando de protestar contra injustiças pontuais, ao constatar que as mesmas parecem regra; os “grandes” da terra estão cada vez menores; os pequenos, em ampla maioria embasam os feitos dos maus, legítimos representantes dos que esposam os mesmos valores. “... enfraquecem os mais altos do povo da Terra. Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna.” Is 24;4 e 5

A “mudança de estatutos” não é uma coisa tênue, de difícil percepção; antes, Francisco, o argentino “representante de Deus” tem viajado pelo mundo validando todos os credos, por avessos que sejam À Palavra de Deus. Se, O Salvador ensinou que devemos trilhar pelo “Caminho estreito” agora em nome do ecumenismo ele está ampliando tal caminho e deixando semelhante à Avenida Nove de Julho de Buenos Aires.

Nesse balaio de gatos tenciona cruzar pombo com crocodilo; falam até em “Crislam” que seria uma religião mundial fundindo cristianismo e islamismo numa só tendo as menores como satélites.

Não importa a quais desdobramentos isso nos leve; no fundo, trata-se do mesmo incidente inicial de quando se deu a queda; Deus facultou liberdade ao primeiro casal, com limites, reponsabilidade; a oposição pregou seu vale tudo e prometeu bens que não possui.

Como o homem natural se apega aos esportes radicais, essa coisa de caminho plano, reto, parece sem atrativos; seu negócio é ousar. Suas proezas consistem e buscar novidades; a nossa, exibir traços do novo homem, em Cristo, não importa se soa antiquado a eles; importa que brilhe; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Aas mesmas coisas que parecem velharias aos que correm atrás das sombras têm sabor de pão novo, aos que conhecem a vereda da vida. “... todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Não adrenalina que turva a vista; carecemos da paz de Cristo que alumia. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

quinta-feira, 18 de março de 2021

O inimigo mais duro


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Um dos textos favoritos em autos fúnebres, sobretudo, quando parte um que serviu a Cristo. Assim, grosso modo subentende-se que o tal combate adjetivado como bom, é o mero fato de alguém professar fé cristã. Contudo, ouso propor que não é tão simples assim.

A qual combate somos desafiados? É comum vermos pessoas com austeras diatribes contra o inimigo, alguns se atrevem contra a miséria, desemprego, enfermidade... seu modo de atuar, reflexo do crer, deixa entrever que esse tipo de combate ocupa seus esforços.

Paulo usou como figura daqueles que erram o alvo do devido embate, o “dar golpes no ar”. Esforçar-se sem propósito, ou com o propósito equivocado.

Lembro um incidente de outrora; um culto no qual eu deveria pregar; o dirigente abriu o mesmo numa “oração” que parecia um ato de exorcismo; expulsou todo tipo de demônios, ordenou que os tais saíssem, “soltassem às mentes” dos presentes então, etc.

Quando me coube falar procurei as palavras para não ferir; mas, adverti que nosso culto é Ao Senhor; a Ele devemos orar; o inimigo não é convidado; mas, se vier será desmascarado; O Senhor tratará com ele.

Lembrei disso a propósito da figura do que dá golpes no ar; dez minutos de oração que poderia ser dirigida ao Senhor em adoração, confissão, súplicas que foram perdidos falando indevidamente com quem sequer deveria estar ali.

De igual modo, combatermos vicissitudes cotidianas, ou mesmo dirigir impropérios ao inimigo, invés de encetarmos o “bom combate” que A Palavra de Deus ensina.

Quando os grandes combatentes pretéritos são expostos numa galeria que usamos chamar de, “Heróis da fé”, seus feitos, martírios até, são expostos como o preço que pagaram por serem santos, fiéis ao Eterno em meio a oposições; “homens dos quais o mundo não era digno.” Heb 11;38

Cotejando suas tribulações violentas com as nossas, o autor faz ver que nosso combate anda não é tão intenso quanto foi o deles; se bem que, devemos lutar na mesma arena; contra o mesmo adversário, digo. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 

Dizer a Herodes que não era lícito possuir sua cunhada, por exemplo, custou a cabeça a João Batista. Às vezes a chamada de um homem íntegro requer que o mesmo se perca, para que a verdade, não.

Quando disse que buscava o devido alvo para seus golpes, Paulo também fez ver que a má inclinação humana, a nossa tendência pecaminosa carnal deve ser combatida, mortificada, por quem desejar um cristianismo genuíno; no caso dele, um ministério probo também. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar; antes, subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo, não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Quando os exércitos humanos preparam seus combatentes treinam-nos em batalhas imaginárias munição de festim e exercícios o mais próximo da realidade possível; ainda assim, é uma guerra de mentirinha; sisuda é a realidade quando, os corpos dos colegas começam a cair despedaçados ao seu lado num combate à vera.

Assim, nossa formação espiritual tem seu “festim” no aprendizado teórico das virtudes que devemos desenvolver; porém, sãos as provas do dia a dia as calúnias, perseguições, violências, maledicências, mortes, que nos imergem no calor das batalhas reais, dentro das quais devemos vencer o bom combate contra o pecado, mesmo em circunstâncias tão adversas.

Não é nos púlpitos, como nos apresentamos nas igrejas que exibe nossa essência; antes, como nos saímos na prova de fogo das tentações, cotidianas, que mensura com qual matéria prima nosso “templo” é feito; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Quando A Palavra ensina que cada um dará conta de si mesmo a Deus, Rom 14;12, tem a ver com termos lutado o bom combate ou não, pois é às nossas más inclinações que somos desafiados a vencer em Cristo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9

terça-feira, 16 de março de 2021

Orações sem noção


“Se o Meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, orar, buscar Minha Face e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, Perdoarei seus pecados e Sararei sua terra.” I Cron 7;14

Tenho deparado com esse verso repetidamente nas redes sociais, como se fosse uma receita para nos evadirmos à pandemia que grassa; alguns publicam essa “receita”; outros “oram” de modo, no mínimo temerário. “Senhor visita aos hospitais, socorre aos que estão com dificuldade de respirar, sara todos; livra-nos da pandemia, amém”.

Anda que tal “piedoso” dissesse palavras melhores, o simples fato de dizer ao público invés de, a Deus, já seria grotesco erro de alvo. Lembra os fariseus que oravam nas esquinas das ruas com o fim de serem vistos pelos homens.

A condição demandada pelo Eterno seria humilhação contrita, busca pela Sua Face e mudança de caminhos mediante conversão; me pergunto em quê, se parece com isso, tais “orações” que invés do prescrito dão ordens expressas sobre o que O Todo Poderoso deve fazer.

Basta um mínimo de noção para reconhecer que Daniel, foi um homem espiritualmente muito melhor que o mais santo dos nossos dias; entretanto, Ele evitava falar arrogantemente com Deus como o fazem os “servos” em apreço.

 Vejamos um fragmento duma oração dele:
“Pecamos, cometemos iniquidades, procedemos impiamente; fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;” Dn 9;5

Alguns confundem relacionamento com religiosidade; essa não passa de um amontoado de desejos humanos envernizado com algumas expressões bíblicas. Como se O Santo olhasse para bajulações mais que para a sinceridade dos corações.

Se, mera oração divorciada de um caráter probo tivesse eficácia estariam certos os que fazem tais coisas;

entretanto, a Bíblia tem instruções precisas sobre isso. Do ímpio diz: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Ainda, “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;16 a 18

Por outro lado, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso aprenderam também os amigos de Jó que tendo falado temerariamente desagradaram O Santo de tal modo, que só a intercessão de Jó foi aceitável. “... oferecei holocaustos por vós, e Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme vossa loucura;” Jó 42;8

Entretanto, quando for uma questão de juízo, e até a Santa Paciência Divina se tiver esgotado, mesmo um homem idôneo, aceitável, não terá deferida sua oração.

Por isso algumas vezes O Eterno preveniu a Jeremias que nem tentasse, pois não seria ouvido. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem Me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Portanto, mais prudente que mantermos nossa impiedade intacta enquanto apresentamos uma listinha de tarefas para Deus cumprir seria, nos humilharmos deveras, reconhecendo nossas misérias, pelas quais o Juízo Divino é justo; feito isso clamarmos a Ele, não à torcida por misericórdia. “... porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte;” I Ped 5;5 e 6

Se a oração de Daniel não nos ensinar, que tal a de Neemias? “Tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque Tu tens agido fielmente e nós temos agido impiamente.” Ne 9;33

Se nem numa dolorosas crise como essa, sequer orar como convém sabemos, isso não deixa de ser um triste retrato do “cristianismo” que vivemos. 

Nossa “fé” em linhas gerais não passa de um pretexto abstrato, nos domínios do qual, fazemos a pose de gente espiritualmente engajada, quando, nada nos importamos em saber sobre Deus e Sua Vontade.

Uma “fé que “joga pra torcida” invés de buscar relacionamento sadio com O Eterno denuncia que, o aplauso humano nos é mais caro que a aprovação Divina.

Pois, O Deus Santo e o mundo ímpio são coisas excludentes; carecemos abdicar de um para termos o outro; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

segunda-feira, 15 de março de 2021

O poder que não pode


“... De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: Não falas a mim? Não sabes que tenho poder para te crucificar e para te soltar?” Jo 19;9 e 10

Nem sempre devemos responder porque alguém nos perguntou. Às vezes o silêncio é a melhor resposta. Pilatos achara que seu poder como regente o fazia mui digno de atenção; tudo que desejasse se lhe deveria responder. Jesus silenciou.

Quanto ao poder que jactou-se de ter, o qual pensava derivar de César, O Salvador sabia que a origem era mais elevada. “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” V 11

Os postos altos na Terra são ocupados por permissão ou Vontade Divina. “Ele muda tempos e estações; remove reis e estabelece reis; Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

Embora o escopo humano atinasse a quem teria mais poder, o Salvador observava quem tinha maior culpa. “Quem me entregou a ti maior pecado tem.”

Duas nuances da natureza humana caída que sempre assomam nas vicissitudes da vida. Todo homem deseja ter poder, mesmo sendo indigno para o exercício; raramente assume ter culpa, mesmo o discurso dos fatos sendo tonitruante em demonstrar isso. Quem pensou no príncipe dos ladrões evocou um bom exemplo, pois.

O poder em mãos indignas geralmente acaba mal; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O “poder” eventual de Pilatos sobre Cristo não foi exercido para honra ou de alguma forma meritória. Como todo o político carreirista que atua mais para a torcida que, para valores da consciência; ele jactara-se de ter poder tanto para condenar, quanto para absolver; e invés de uma decisão cabal sobre isso se deixou levar “democraticamente” soltando um ladrão e entregando um inocente.

Depois lavou as mãos cinicamente, alegando inocência ante o crime em curso; sujou a alma tendo dito categoricamente que nada pesava contra o réu, permitiu que a vontade do sinédrio nos lábios dos seus fantoches prevalecesse.

Quem é investido de poder no âmbito humano deveria fazer outra leitura; uma vez que esse é delegado, no fundo é um dever de atuar de modo condigno com o anseio de quem delegou.

Por isso no Velho Testamento além dos Sacerdotes os reis deveriam ter um exemplar da Lei, para atuar conforme a Vontade do Reis dos Reis, que delegara o trono. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar teu caminho, e serás bem sucedido.” Js 1;8

Embora o vulgo veja nas Leis Divinas certa castração, restrição de “direitos”, o texto que prescreveu sua observância apontou como consequência, prosperar, ser bem sucedido.

Todavia, essa “Teologia da Prosperidade” que demanda obediência à Palavra, não é ensinada. Antes, outra que requer oferendas, votos, dinheiro; quando um homem fala a outro, pretextando fazê-lo em Nome de Deus, mesmo que o faça divorciado da Palavra Dele, se, lograr ser obedecido, não passa do exercício do poder de um homem sobre outro;

O Nome do Eterno é apenas blasfemado; não participa das coisas espúrias à Sua Vontade. “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram. Mas, se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras...” Jr 23;21 e 22

Ora, o poder que a Sabedoria Eterna nos tenciona dar visa capacitar-nos a um modo de vida que nos assemelhe ao Pai; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Pois, embora vulgarmente qualquer um diga: “Também sou filho de Deus; Deus é Pai e não padrasto.” Na verdade a coisa não é bem assim.

O homem natural não pode obedecer às coisas do Reino; sequer pode vê-las sem o nascimento espiritual; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Afinal, o nascimento carnal nos lança na esfera da desobediência “natural”, fazemos isso sem esforço nenhum; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e, nem pode ser.” Rom 8;7

Enfim, se o “poderoso” Pilatos se achou, tendo autoridade sobre Jesus, aos pequenos que tomam Seu Jugo e O Seguem, Jesus dá poder sobre a própria má inclinação, para invés de lavarem as mãos justificando-se, deixem que O Senhor Justiça Nossa lave às almas, regenerando-as.

domingo, 14 de março de 2021

Obras e juízo


“O Senhor é conhecido pelo juízo que fez; enlaçado foi o ímpio nas obras das suas mãos.” Sal 9;16

A origem do juízo é do Senhor; a “dosimetria” da pena deriva dos próprios feitos do réu; “enlaçado nas obras das suas mãos.”

A Justiça Divina permite que cada plantio frutifique fielmente: “Dizei ao justo que bem lhe irá; porque comerá do fruto das suas obras. Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe fará o que suas mãos fizeram.” Is 3;10 e 11

O Salvador ensinou a isonomia como modo de viver; pois, esse seria o alvo de toda Palavra dada, até então. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Quem, nesse escopo cogita salvação mediante obras mostra ignorância bíblica, ou má vontade. A retribuição aos feitos de cada um atina à justiça; a Salvação, deriva do Amor Divino; estritamente da Graça mediante a fé em Cristo.

Sempre oportuno realçar: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Num contexto em que se apresentou como O Pão do Céu que dá Vida, aos que se “voluntariaram” para obras Jesus demandou fé; “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Bons atos do justo hão de contar para efeito de galardão; bem como os maus do ímpio, justificarão sua perdição; assim cumpre-se a sentença “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;8

E as boas obras dos maus? Digo; que nem sejam maus no sentido humano, (ante Deus não há um justo sequer) os que creem em doutrinas espúrias, humanismo, espiritismo etc. e de acordo com seus credos socorrem desvalidos, como ficam?

Como O Eterno Ama à justiça, jamais chamaria a uma boa obra de má. Entretanto, como “Deus não é Deus de mortos”, antes das coisas 
periféricas trata da vida. Por isso O Senhor disse aos “voluntários” aqueles que A Obra de Deus demandava crer Nele. As obras herdam a condição dos “obreiros.”

“... não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas...” Heb 6;1 “... O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

A Palavra não entra no mérito da qualidade das obras; de serem boas ou más; antes, denuncia sua condição de mortas enquanto seu agente ainda não é regenerado em Cristo.

Acontece que não crer não é uma coisa de pouca monta, como se, fruto de uma dúvida honesta. Uma vez que O Eterno se revelou em Sua Santa Palavra, se expôs ao ridículo e à violência na “loucura da cruz” o descrer abarca uma decisão moral, cuja consequência é blasfema; “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porque não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

Desse modo uma boa ação divorciada da relação com Deus mediante Sua Palavra acaba patenteando um atuar no princípio satânico; foi ele que disse que o homem poderia, autônomo, decidir por si mesmo sobre bem e mal.

É ilusória a valoração de alguém estritamente pelas obras; fulano é ateu, outrem é espírita, mas só fazem o bem.

Quem disse que é bem aquilo que O Eterno conceituou como mal? Do que não crê, malgrado a revelação da Palavra e das obras Divinas diz: “... Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Dos que, invés da ressurreição e salvação mediante O Sangue Remidor, devaneiam com ilusórias reencarnações purgatórias, acreditam em obscuros médiuns mais que na Palavra, também ela versa: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-ão aos mortos? À lei e ao testemunho! Se não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Enfim, façamos boas obras; Deus deseja; o semelhante necessita. Só não devaneemos em encontrar O Senhor da Vida, onde Ele não está. “... Por que buscais O Vivente entre os mortos?” Luc 24;5

sábado, 13 de março de 2021

Escolhe por tua vida


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Isso atinge a todos indistintamente. Quando se diz que certa medida de tempo está “determinada” para tais coisas, óbvio que há um Ser Inteligente, Proposital por detrás que a determina. O Criador.

Entretanto, isso nem de longe corrobora a visão fatalista que as coisas acontecem, (sobretudo, mortes) de gente que atua imprudentemente, porque “chegou sua hora”.

Muito do nosso agir acontece em desacordo com o tempo ideal, por nossa precipitação, imprudência, egoísmo, miopia, etc.

Mesmo o falar, muitas vezes perde sua preciosidade eficaz, por acontecer antes do que deveria. Por isso a observação: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo.” Prov 25;11

Cada espécie criada, para reproduzir-se demanda certo tempo; dias, meses, mais de ano, até; nada pode alterar isso. Faz parte do projeto original.

O determinismo biológico deriva da Sabedoria de Quem tudo criou; “reproduza conforme sua espécie”; não pode nem precisa ser alterado. Cumpre fielmente o propósito para o qual foi estabelecido.

Entretanto, homens e anjos foram criados arbitrários. Se, os demais aspectos da natureza atendem à necessidade, neles concorre a possibilidade; a arte de fazer escolhas.

Essas, necessariamente serão consequentes. Pois, pesa certo “determinismo” sobre eles também. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Sabedor das punções de nossa natureza caída, O Eterno, invés de uma ceifa imediata dos nossos plantios destrambelhados traz à baila Sua Longanimidade. Antes das consequências dos nossos erros visita-nos com um desafio ao arrependimento; mudança de rumos, que, uma vez atendido cancela a “colheita” da má semeadura por “decreto” do perdão.

Alguém disse: “Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você.” Na nossa prerrogativa de arbitrários as fazemos; na visita das consequências, elas nos fazem colher do que plantamos.

Não poucas vezes ouvi o questionamento: Por quê O Criador colocou no Paraíso certa árvore proibida? Isso com algum ressentimento auto indulgente, como se, a culpa por nossas escolhas fosse Dele.

Ora a própria descrição do “projeto”, “Façamos o homem à Nossa Imagem, conforme Nossa Semelhança”; já demonstra o porquê daquilo. Fomos criados livres, não robôs. Necessária a possibilidade de desobediência, para que a obediência derivasse de escolha, não da falta de opções. Não façamos do Senhor da Vida, mero programador de sistemas.

Por quê a salvação derivaria do Evangelho, se fosse de outra forma? Bastaria determinar quem seria salvo e quem não e estaria feito.

Contudo O Senhor do Universo preferiu “Enlouquecer” em Seu amor pela liberdade, que decretar as coisas à revelia das vontades livres. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte do que eles.” I Cor 1;21 e 25

Dentre as coisas com tempo determinado debaixo do céu, está uma preciosa; nossa vida. Dado o concurso das fatalidades várias, consequências do mal disseminado num mundo regido per certo príncipe espúrio, a incerteza concorre também, quanto ao tempo de duração.

Por isso a mensagem de reconciliação sempre é apresentada com urgência; a ser recebida de modo imediato para pôr em segurança nosso bem mais precioso, a vida. “... Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2

Tiago cotejando nossos breves dias com a eternidade foi meio “pessimista”; “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois desvanece.” Tg 4;14

Aos que creem está reservada uma sorte que extrapola os limites “debaixo do céu”. O teatro de existência terrena, “espetáculo” que dura menos de um século nos mais longevos tem um propósito eterno em seu bojo; a redoma de tempo espaço foi dada, “Para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;27

O que dificulta nosso encontro é que estamos “no lugar” Dele. Como se não houvessem restrições; todos os desejos francos, os atos inconsequentes, afinal seríamos “como Deus”.

A Fonte da Água da Vida está logo ali, acessível a todos que ousarem enfrentar a miragem voluntária proposta pelo traidor. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

Assim fazendo “Tomam posse da vida eterna”; por ser dessa estirpe em Cristo, não prende-se mais às limitações de tempo e ocorrências meramente terrenas. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo, o juízo.” Ecl 8;5

quinta-feira, 11 de março de 2021

A força é fraca


“Assim seguiram seu caminho os filhos de Dã; Mica, vendo que eram mais fortes que ele voltou à sua casa.” Jz 18;26

Uma disputa entre a tribo de Dã e Mica pela posse de certos deuses; na verdade, ídolos que ele possuía e os danitas desejaram. Como ambos queriam a mesma coisa, a força foi o “voto de Minerva” que decidiu o pleito.

Disputas assim, e o “ministério” dos que a elas se associam derivam de fatores espúrios. Até corrupção, aceitação de favores rasteiros invés de consagração como seria se, fosse ao Senhor. “Purificai-vos, os que levai os Vasos do Senhor!”

Ao estabelecimento do falso, é necessário o desterro do verdadeiro. De outro modo; cultuar ídolos demanda a rejeição do Deus Vivo.

“Não lançastes vós fora os sacerdotes do Senhor, os filhos de Arão, e os levitas, e fizestes para vós sacerdotes, como os povos das outras terras? Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II cr 13;9 As “Credenciais” da falsidade são ofertas de bens, não santificação de vida; como ensinam muitos da moda.

Assim, tanto para a disputa por algo, quanto pela imposição de um culto sobre o outro, a força acaba sendo o recurso dos que não possuem o poder de persuasão do Espírito, como O Eterno. Só Ele Pode dizer: “... Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” Zac 4;6

O mesmo Zacarias vaticinou os termos da conclamação do Salvador; pleitos espontâneos, arbitrários; “... Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário; se não, deixai-o. E pesaram Meu salário, trinta moedas de prata.” Zac 11;12

Mas, que “salário” O Salvador esperava receber quando da Sua vinda? Quando na euforia, um dia após O Senhor ter multiplicado pães e peixes as pessoas de olho em mais do mesmo pareceram voluntariar-se: “Que faremos para executar as Obras de Deus?” A resposta foi: “A Obra de Deus é esta: “Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29 Por isso a questão: “Quem deu crédito à nossa pregação?”

Quando entendemos que homens ímpios prevalecem pela força e Deus persuade pelo Espírito, não se conclua com isso que o homem usa recursos igualmente válidos, ou que os meios Divinos sejam mais fracos.

Assim como Adão, antes do Sopro do Espírito era só barro moldado, toda obra humana privada do Espírito de Deus resultará vã. “Porque os egípcios são homens, não Deus; seus cavalos, carne, não espírito; quando O Senhor estender Sua Mão, tanto tropeçará o auxiliador, quanto cairá o ajudado; todos juntamente serão consumidos.” Is 31;3 Isso a um povo que rejeitara ao Senhor e confiara no socorro dos egípcios.

A rejeição ao Santo fora patenteada no veto ao ministério dos Seus enviados. “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, que não querem ouvir a Lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós.” Is 30;9 a 11

Não que a força seja algo mau; mas, se nossa confiança estiver nela, se tornará um ídolo; “... Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que Eu Sou O Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jr 9;23 e 24

A isso ecoa o preceito de Paulo aos efésios; “... fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder.” Ef 6;10

Quando desencoraja a força, pois, não o faz na força estritamente; mas na origem da mesma; o “fortalecido” em si mesmo, o no Senhor. “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;10

Os que tentam se impor à força sobre semelhantes, sabem das suas fraquezas e cientes delas precisam tolher aos homens livres; desse modo toda a ditadura é um produto de covardes, que desprovidos de meios persuasivos para atrair a si, usam de violência, para, com o acessório do medo, dominar.

Deus não precisa disso, não força ninguém a crer; apenas deixa claro onde cada caminho leva; a escolha sempre será nossa.

Então, os da fé sadia, muitas vezes não devem fazer nada; antes aguardar confiantes o socorro de Quem faz, Deus. “No estarem quietos será a sua força.” Is 30;7

domingo, 7 de março de 2021

Andar no escuro


“Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A identificação do Profeta comissionado, com O Senhor que o comissiona é notória. Conexo com o desafio de temer ao Senhor, temos o ouvir a voz do Seu Servo; coisas contíguas, sinônimas.

Quando da chamada do servo em questão, Isaías, houve uma pluralidade celeste a questionar: “Quem há de ir por nós.” Cap 6;8

Elohim é forma plural do Deus que É Triuno; porém, atrevo-me a dizer que o “nós” aquele incluía o próprio enviado como consorte da obra; pois, adiante, quando pelo Espírito cogitou das consequências da mensagem messiânica perguntou: “Quem deu crédito à ‘nossa’ pregação?

Se, por um lado o convertido nega-se, por outro, em certo grau se faz partícipe da Natureza e Propósito Divinos. Por isso, quando ao “si mesmo” tudo falta; “está em trevas, não vê luz nenhuma.” Os olhos da fé vêm um Nome que ilumina o necessário para prosseguir. “Firme-se sobre seu Deus”.

A ideia de firmar-se no escuro é estranha ao homem natural. Dizem a torto e a direito que aparências enganam, mas as pessoas se posicionam em face às vicissitudes cotidianas, após o acessório dessas enganadoras.

Tanto que, se alguém ousar determinada empresa que nos pareça temerária normalmente dizemos: “Não vejo como isso poderá dar certo.” Assim, o que “vemos” costuma preceder-nos nas escolhas.

Todavia, os que são guindados ao sobrenatural mediante Cristo precisam de outra “bússola” para encontrarem seus nortes; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Ela não é cega como dizem opositores e incautos. Alcança profundezas onde os cegos não podem ver; “Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Igual um que, forçado a andar por um labirinto escuro deixa atrás de si um cordão para servir de referência do curso pretérito, a fé tem um “cordão” invertido rumo ao futuro que mostra por onde caminhar, “no escuro”. “Lâmpada para meus pés é Tua Palavra; luz para meu caminho.” Sal 119;105

Há tantas “Teologias” supostamente derivadas da fé; uma que faria Deus me “abençoar” fartando de casulos onde pretende dar asas; a “Prosperidade”; outra, que desafia o “status quo” revolta-se contra as estruturas sociais, instituições, valores, para, incluir nas benesses da ceifa, os que se omitem do labor no plantio; a “Libertação.”

Todavia, a única teologia decente, é a que encara o relacionamento Deus/homem, segundo Ele revela ser Seu propósito; Sua Palavra interpretada hígida e honestamente. Não é dessa ou daquela propensão; de Deus.

As parcialidades e inclinações naturais de um e outro são faíscas espúrias de humana feitura, frutos da fricção de gente auto enganada, que não se atreve no “escuro” e socorre-se em busca de fogo estranho. “Eis que todos vós, que acendeis fogo, vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” Is 50;11

O Fogo que importa deveras para a separação e purificação dos elementos foi aceso pelo Salvador; é Santo; sem parcialidades, acepções. “Vim lançar fogo na terra; que mais quero, se já está aceso?” Luc 12;49

Depois da separação inicial, entre os que creem e os que resistem, outra chama testa nossa fé, evidenciando com quais insumos edificamos; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Por isso O Salvador foi figurado como um agricultor que padeja, limpa os grãos e incinera à palha; “Em sua mão tem a pá; limpará Sua eira e recolherá no celeiro o Seu trigo; e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” Mat 3;12

Então, o ministro idôneo não tem opiniões, inclinações à priori, parcialidades; “teologias” de estimação. Antes, é uma vida identificada com Deus, cuja voz empresta ao Espírito para atuar Segundo Ele.

Se, por razões da Suprema Sabedoria tiver que passar pelo “Vale da sombra da morte” ou dizer estupefato, como Ele: “Deus Meu, Deus Meu, por quê me desamparastes?”, mesmo nesse escuro, ante à morte até, o fiel saberá que o “desamparo” não é cabal; num rasgo de luz derradeiro ainda dirá como Ele: “Em Tuas Mãos Entrego Meu Espírito”.

“Porque para mim o viver é Cristo, e morrer é ganho.” Fp;1;21

sábado, 6 de março de 2021

Bandeiras


A pós-humanidade fica no estrangeiro. Ou será que nós ficamos de fora dela?? Pois, o cérebro tentou migrar e teve o visto negado. Um grande navegador, Paulo Freire Cabral, ou algo assim teria descoberto o seu continente, que, como rabo de potro só faz crescer...

Lá os nativos comentam o que não entendem em idiotês fluente; e os homens de “notável saber e reputação ilibada” não sabem ler; nem mesmo sabem o que é reputação ilibada. 

Ilibada que seria pura, sem manchas, parece que no idioma de lá significa, com cem manchas. Parecido com o português, um pouco.

É que em idiotês parece que reputação significa uma putice dupla, emputecer de novo. Só que, os “reputantes” invés de corpos vendem almas, esses estranhos habitantes do gueto da barbárie jurídica.

Absolvem criminosos; criminalizam cidadãos. Seguindo firmes no rumo que vão, breve mudarão o nome de São Paulo para São Judas. E a nação terá que indenizar certo ladrão por tê-lo impedido de roubar por curto período. Afinal, cada um deve gozar da liberdade de fazer o que sabe fazer melhor.

Trabalhar é crime, grilhões no sorveteiro! Traficar centenas de quilos de drogas é trabalho aceitável; pois, é um crime organizado. O Estado precisa ser leniente com isso, e é. Como impedir o labor de alguém tão produtivo com um produto tão indispensável?

Lá todo mundo entende da saúde dos outros; receitam fartas doses de faça o que digo, não o que faço; O gerente de banânia, uma grande região ao sul de after humanity, onde os mortos elegem representantes vivos, é proibido pelos do gueto, de gerir; e diuturnamente é cobrado pelos crimes de má gestão da coisa pública que certa onzena privada administra ao seu bel prazer.

Garantem a longeva hemiplegia da liberdade de expressão; democratas todos! É que no idioma de lá, as palavras invertem o significado, conforme a concordância. A justiça é cega para com certos direitos depende de quem, e surda para com certas ofensas; se for “fogo amigo”.

Governantes estaduais receberam uma faixa, uma caixa de lápis de cor e um molho de chaves nas suas posses; se divertem pintando bandeiras e fechando portas, onde deveriam estruturar minimamente ao sistema de saúde.

Vacinas há mais que os rios do Éden, e desculpas para a ineficácia também; transferência de culpa, mais do que certo desentendimento que houve lá.

Ora, não funciona porque ainda falta uma dose; outra é uma nova cepa mais letal; dona corruptina, ás no volante do lamamóvel se colocou como piloto do supersônico da saúde; natural que as mortes continuem no roteiro de “Apertem os cintos, o Piloto Sumiu”.

A saúde segue sendo pretexto nobre para aves de rapina que voam alto. Os “hospitais de campanha” sumiram depois que o vírus foi eleito. Campanha, agora sabemos o que significa. Não digo que competência de gestão por si pararia a peste; mas, que ladrões aproveitam-na e mercadejam com vidas invés de preservá-las.

Informar, no idioma de lá é meio parecido com o nosso; o prefixo in é de negação, como insubordinar, inseparar; então a imprensa de lá “in forma” não permitindo que, mediante conhecimento da realidade as pessoas formem bons conceitos do que se passa deveras. A “in formação” não para.

Os que laboravam por “amor à arte” estão craques na arte de lançar pedras em quem fechou as torneiras da grana federal; afinal, cantar, “Não me amarro a dinheiro não!” é fácil quando o dinheiro corre frouxo sem amarras; senão, “Narciso acho feio o que não é espelho”.

Outro dia certa Flor surgiu destilando espinhos em série, pedindo impeachment do presidente com assustadora proficiência em idiotês; aliás, poliglota; especialista em Dilmês e pornoguês também. 

E eu que gostava de flores... será que a pós-humanidade, além do pós-bom senso, pós-neurônios também trará a pós-estética?

Coisa duras pesam sobre nós. No pior momento da história humana moderna, tantas vidas se perdendo, e estão com as chaves do poder estadual e federal, as piores pessoas possíveis em caráter, probidade, inteligência, valor... 

Bolsonaro está de fora disso alijado do poder... parece que a legitimidade do resultado das urnas também depende da concordância da onzena da barbárie aquela...

Desculpem se parece que estou brincando com coisa séria; não é essa a intenção. Mas, onde lógica, sensatez, prudência, verdade, honestidade são coisas rechaçadas às portas, a ironia e o sarcasmo se solidarizam e tentam dar seus pitacos.

“O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio.” Fernando Pessoa

Que Deus tenha misericórdia de nós, e os que valorizam o prazer mais que a vida aprendam de vez, que aquele só faz sentido nos domínios dessa...

Deus aparece


“Disse Deus: Façamos o homem à Nossa Imagem, conforme Nossa Semelhança...” Gen 1;26

“... Os meus deuses, que eu fiz, me tomastes...” Jz 18;24

Duas situações distintas; Deus planejando fazer o homem e um homem afirmando ter feito deuses.

Um fragmento do Gênesis, onde O Criador expõe nuances de como deveria ser o homem; Imagem e Semelhança do Divino; no segundo, um pleito de Mica contra a tribo de Dã, pela posse de certas imagens que ele chamava deuses.

Quando se diz que o homem criado era à Imagem Divina, entenda-se primeiramente que Deus É Espírito; a semelhança é espiritual. As formas que pareceu bem ao Criador moldar do barro são Sua Arte.

Se O Senhor, ou mesmo Seus anjos apareceram em formas humanas, não significa que isso abarca a Plenitude do Seu Ser; apenas que, por razões da Sua Sabedoria decidiu mostrar-se assim.

Há um dito consagrado que a necessidade é mãe das invenções. Ninguém empreenderia a criação de algo, do qual não sentisse nenhuma necessidade. Seria perda de tempo, esforço vão.

Assim, os homens que forjam deuses, de certo modo confessam sua alienação de Deus e consequente vazio espiritual, a clamar por complemento.

O homem que forja deuses os faz segundo sua imaginação. Devaneia com o que desconhece; em cima desses devaneios plasma algo palpável, um ídolo.

Seu autoengano atribui essência à forma; como se, algo bem torneado, acabado teria algum poder por isso.

Isaías denuncia um que faz fogo com parte de uma árvore, e da outra faz um deus para sua devoção. Tão cinza quanto a parte que se queimou é essa diante da qual ele se prostra. “Nenhum deles cai em si, já não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, cozi pão sobre as suas brasas, assei sobre elas carne, e comi; faria eu do resto uma abominação? Ajoelhar-me-ei ao que saiu de uma árvore? Apascenta-se de cinza; seu coração enganado o desviou...” Is 44;19 e 20

“Apascenta-se;” isto é; se faz pastor de si mesmo segundo o próprio coração. Como, o si mesmo no comando foi uma invenção do canhoto, todo o idólatra, direta ou indiretamente é um seguidor dele.

Não forçou barra nenhuma, Paulo, quando disse que os que ofertam sacrifícios às imagens o fazem aos demônios. “Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.” I Cor 10;19 e 20

Por isso, o primeiro passo rumo ao Único Pastor, Jesus Cristo, demanda a ruptura com esse intruso; “Negue a si mesmo!” De todos os ídolos esse é o pior. O homem cheio de si é intratável até entre outros pecadores; que dizer, diante de Deus?

Nós, pela constituição física sempre lidamos melhor com o imanente que com o transcendente; uma pretensa compreensão das coisas visíveis, sem entender as que não são assim.

Mesmo diante do Salvador, o apelo por Deus era antes, visual, que espiritual; daí o dito de Filipe: “Mostra-nos O Pai”. “Não me conheces, Filipe? Eu e O Pai Somos Um.”

O nascer de novo proposto a Nicodemos; invés de entender espiritualmente ele cogitou biologicamente; em seu lugar faríamos o mesmo.

Se Cristo e O Pai São UM, Olhando para Ele vemos Nele também O Pai; “... o resplendor da Sua Glória, Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;3 

Então, o desafio aos que sentem necessidade de Deus é que abandonem a inócua confiança em si, e se deixem em Cristo, regenerar;
Ele foi categórico; “Sem mim, nada podeis fazer.”

Nele, com Ele, somos ensinados à renúncia das inclinações particulares em prol da Vontade do Pai; invés de contemplarmos Deus de uma forma visível, nossa atuação Nele fará visível a outros, que Ele está em nós; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Davi no salmo 19 patenteou que “via” Deus nas obras da criação; um pouco antes, no 17 dissera que esperava contemplar a Face Divina nos valores que Ele esposa, nos quais desejava assemelhar-se, não em algo visível. “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

“Os limpos de coração verão a Deus”
, porque essa limpeza que O Espírito Santo Obra, a santificação, remove escamas, acende os olhos da fé; “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Queres ver Deus? Deixe Ele regenerá-lo à Sua Imagem e O verás bem de perto.

sexta-feira, 5 de março de 2021

O homem interior é capital


“Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo...” Ef 3;14

Paulo escrevendo aos efésios afirmou orar por eles; adiante anexou o motivo das orações; “Para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;” v 16

Corroborados com poder; ou, confirmados num viver vitorioso segundo Seu propósito. Diferente de muito do que grassa no “cristianismo” atual, ele se punha de joelhos pelas borboletas, não pelo casulo. Pelo fortalecimento do “homem interior” (espiritual) não pelos cuidados materiais como tanto se ensina.

Noutra parte foi mais explícito na distinção, entre o que é eterno, precioso e o temporal, corruptível; disse: “Por isso não desfalecemos; ainda que nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4;16 “Temos, porém este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não nossa.” II Cor 4;7

Formas alternativas de reiterar o que O Senhor dissera; que O Reino de Deus e Sua Justiça devem ser prioritários, não as coisas temporais.

A fraude da idolatria encontrável ao longo de toda a saga humana, nada mais é que um clamor por Deus do homem interior que está morto, (separado); o homem natural auto engana-se com criação de imagens e ritos, como se, fome espiritual se pudesse saciar com meios naturais.

Por isso, os que recebem a adoção mediante Cristo, como primeira dádiva fruem poder, não para fazer milagres; mas, para receber o milagre da regeneração; sendo feitos então, filhos. “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

Se, o ajoelhar-se em oração de Paulo pedia pelo fortalecimento do homem interior, a graça de Cristo propiciou o “Novo Nascimento” ou, o surgimento desse homem.

Em dado momento Pedro tipificou os salvos como “pedras vivas”; noutro admoestou-os como meninos; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

O homem natural, aquele que se corrompe deve ser mortificado, crucificado. Cristo que, em dias ulteriores tomaria literalmente Sua cruz desafiou quem lhe ouvia a algo semelhante, figurado; “... tomai sobre vós o Meu jugo...

Escrevendo aos Coríntios Paulo detalhou como se processava consigo isso de estar sob jugo; “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Sendo a cruz do Senhor literal, levou-o à morte em nosso lugar; a nossa por ser mera figura das renúncias necessárias, demanda um sacrifício que não morre, mortifica-se; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Todo o salvo deveria evidenciar como Paulo essa sina de parede e meia entre morte e vida; “Já estou crucificado com Cristo e vivo...” Gál 2;20 

A ideia é que o homem natural não arbitra mais; seus desejos doentios já não comandam nosso viver; antes, O Espírito Santo nos instrui, fortalecendo e disciplinado mediante o homem interior.

O Apóstolo pontuou que orava de joelhos; havia e ainda há quem o faça prostrado, em pé, assentado, deitado até... A Palavra é omissa sobre a posição ideal para isso;

porém, é explícita quanto a um teor virtuoso; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

Um modo de buscar que seja profundo, veraz; “Buscar-me-eis e achareis, quando me buscardes com todo vosso coração.” Jr 29;13

Afinal, “... verdadeiros adoradores adorarão O Pai em espírito e verdade; porque O Pai procura tais que assim O adorem. Deus é Espírito; importa que os que O adoram o façam em espírito e verdade.” Jo 4;23 e 24

Se, os alienados da vida tentam saciar a alma com simulacros, imagens, como vimos, os regenerados em Cristo são por Ele moldados paulatinamente até serem feitos outra vez, Imagens de Deus.

Sendo a única adoração aceitável ao Santo em Espírito e verdade ainda falta o homem interior, naqueles que enfileiram-se pelas ruas, atrás dos moldes materiais da mentira.

“... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira; rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20