quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9

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