quinta-feira, 18 de março de 2021

O inimigo mais duro


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Um dos textos favoritos em autos fúnebres, sobretudo, quando parte um que serviu a Cristo. Assim, grosso modo subentende-se que o tal combate adjetivado como bom, é o mero fato de alguém professar fé cristã. Contudo, ouso propor que não é tão simples assim.

A qual combate somos desafiados? É comum vermos pessoas com austeras diatribes contra o inimigo, alguns se atrevem contra a miséria, desemprego, enfermidade... seu modo de atuar, reflexo do crer, deixa entrever que esse tipo de combate ocupa seus esforços.

Paulo usou como figura daqueles que erram o alvo do devido embate, o “dar golpes no ar”. Esforçar-se sem propósito, ou com o propósito equivocado.

Lembro um incidente de outrora; um culto no qual eu deveria pregar; o dirigente abriu o mesmo numa “oração” que parecia um ato de exorcismo; expulsou todo tipo de demônios, ordenou que os tais saíssem, “soltassem às mentes” dos presentes então, etc.

Quando me coube falar procurei as palavras para não ferir; mas, adverti que nosso culto é Ao Senhor; a Ele devemos orar; o inimigo não é convidado; mas, se vier será desmascarado; O Senhor tratará com ele.

Lembrei disso a propósito da figura do que dá golpes no ar; dez minutos de oração que poderia ser dirigida ao Senhor em adoração, confissão, súplicas que foram perdidos falando indevidamente com quem sequer deveria estar ali.

De igual modo, combatermos vicissitudes cotidianas, ou mesmo dirigir impropérios ao inimigo, invés de encetarmos o “bom combate” que A Palavra de Deus ensina.

Quando os grandes combatentes pretéritos são expostos numa galeria que usamos chamar de, “Heróis da fé”, seus feitos, martírios até, são expostos como o preço que pagaram por serem santos, fiéis ao Eterno em meio a oposições; “homens dos quais o mundo não era digno.” Heb 11;38

Cotejando suas tribulações violentas com as nossas, o autor faz ver que nosso combate anda não é tão intenso quanto foi o deles; se bem que, devemos lutar na mesma arena; contra o mesmo adversário, digo. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 

Dizer a Herodes que não era lícito possuir sua cunhada, por exemplo, custou a cabeça a João Batista. Às vezes a chamada de um homem íntegro requer que o mesmo se perca, para que a verdade, não.

Quando disse que buscava o devido alvo para seus golpes, Paulo também fez ver que a má inclinação humana, a nossa tendência pecaminosa carnal deve ser combatida, mortificada, por quem desejar um cristianismo genuíno; no caso dele, um ministério probo também. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar; antes, subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo, não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Quando os exércitos humanos preparam seus combatentes treinam-nos em batalhas imaginárias munição de festim e exercícios o mais próximo da realidade possível; ainda assim, é uma guerra de mentirinha; sisuda é a realidade quando, os corpos dos colegas começam a cair despedaçados ao seu lado num combate à vera.

Assim, nossa formação espiritual tem seu “festim” no aprendizado teórico das virtudes que devemos desenvolver; porém, sãos as provas do dia a dia as calúnias, perseguições, violências, maledicências, mortes, que nos imergem no calor das batalhas reais, dentro das quais devemos vencer o bom combate contra o pecado, mesmo em circunstâncias tão adversas.

Não é nos púlpitos, como nos apresentamos nas igrejas que exibe nossa essência; antes, como nos saímos na prova de fogo das tentações, cotidianas, que mensura com qual matéria prima nosso “templo” é feito; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Quando A Palavra ensina que cada um dará conta de si mesmo a Deus, Rom 14;12, tem a ver com termos lutado o bom combate ou não, pois é às nossas más inclinações que somos desafiados a vencer em Cristo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

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