terça-feira, 16 de março de 2021

Orações sem noção


“Se o Meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, orar, buscar Minha Face e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, Perdoarei seus pecados e Sararei sua terra.” I Cron 7;14

Tenho deparado com esse verso repetidamente nas redes sociais, como se fosse uma receita para nos evadirmos à pandemia que grassa; alguns publicam essa “receita”; outros “oram” de modo, no mínimo temerário. “Senhor visita aos hospitais, socorre aos que estão com dificuldade de respirar, sara todos; livra-nos da pandemia, amém”.

Anda que tal “piedoso” dissesse palavras melhores, o simples fato de dizer ao público invés de, a Deus, já seria grotesco erro de alvo. Lembra os fariseus que oravam nas esquinas das ruas com o fim de serem vistos pelos homens.

A condição demandada pelo Eterno seria humilhação contrita, busca pela Sua Face e mudança de caminhos mediante conversão; me pergunto em quê, se parece com isso, tais “orações” que invés do prescrito dão ordens expressas sobre o que O Todo Poderoso deve fazer.

Basta um mínimo de noção para reconhecer que Daniel, foi um homem espiritualmente muito melhor que o mais santo dos nossos dias; entretanto, Ele evitava falar arrogantemente com Deus como o fazem os “servos” em apreço.

 Vejamos um fragmento duma oração dele:
“Pecamos, cometemos iniquidades, procedemos impiamente; fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;” Dn 9;5

Alguns confundem relacionamento com religiosidade; essa não passa de um amontoado de desejos humanos envernizado com algumas expressões bíblicas. Como se O Santo olhasse para bajulações mais que para a sinceridade dos corações.

Se, mera oração divorciada de um caráter probo tivesse eficácia estariam certos os que fazem tais coisas;

entretanto, a Bíblia tem instruções precisas sobre isso. Do ímpio diz: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Ainda, “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;16 a 18

Por outro lado, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso aprenderam também os amigos de Jó que tendo falado temerariamente desagradaram O Santo de tal modo, que só a intercessão de Jó foi aceitável. “... oferecei holocaustos por vós, e Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme vossa loucura;” Jó 42;8

Entretanto, quando for uma questão de juízo, e até a Santa Paciência Divina se tiver esgotado, mesmo um homem idôneo, aceitável, não terá deferida sua oração.

Por isso algumas vezes O Eterno preveniu a Jeremias que nem tentasse, pois não seria ouvido. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem Me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Portanto, mais prudente que mantermos nossa impiedade intacta enquanto apresentamos uma listinha de tarefas para Deus cumprir seria, nos humilharmos deveras, reconhecendo nossas misérias, pelas quais o Juízo Divino é justo; feito isso clamarmos a Ele, não à torcida por misericórdia. “... porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte;” I Ped 5;5 e 6

Se a oração de Daniel não nos ensinar, que tal a de Neemias? “Tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque Tu tens agido fielmente e nós temos agido impiamente.” Ne 9;33

Se nem numa dolorosas crise como essa, sequer orar como convém sabemos, isso não deixa de ser um triste retrato do “cristianismo” que vivemos. 

Nossa “fé” em linhas gerais não passa de um pretexto abstrato, nos domínios do qual, fazemos a pose de gente espiritualmente engajada, quando, nada nos importamos em saber sobre Deus e Sua Vontade.

Uma “fé que “joga pra torcida” invés de buscar relacionamento sadio com O Eterno denuncia que, o aplauso humano nos é mais caro que a aprovação Divina.

Pois, O Deus Santo e o mundo ímpio são coisas excludentes; carecemos abdicar de um para termos o outro; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

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