domingo, 31 de março de 2024

Os bandidos bons


“... com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” Luc 6;38

Por ocasião da “Paixão de Cristo” a esquerda brasileira publicou uma “homenagem” aos cristãos, trazendo a imagem de Jesus na Cruz, com a seguinte legenda: “Bandido bom, é bandido morto.” Abaixo, “Feliz Sexta-feira Santa!”.

A frase de Jair Bolsonaro, um cristão, tem sido usada de forma desonesta a torto e a direito, para fazer com que ela diga o que não diz.

Como se ele fosse um miliciano que matasse desafetos, justificando em nome duma “causa”, a violência. As mortes de Celso Daniel, Toninho do PT, Eduardo Campos etc. deixam ver que essa prática reside do lado esquerdo. O fato da “eleição” do Lula ter sido festejada nos presídios e ignorada nas ruas deve significar algo.

Ninguém se torna bom por morrer. É uma figura de linguagem que qualquer mentecapto honesto consegue entender, significando o óbvio; que todo o bandido é mau, e só deixa de sê-lo, se deixar de viver. Portanto, defende o autor, se deve tratar aos tais nos rigores da lei, não, com leniência e impunidade, como a esquerda faz.

Nós cristãos acreditamos na conversão, e nas radicais transformações que ela opera. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos.” Sal 40:2

A Palavra de Deus requer nossa “morte” para que sejamos “bons”. Cheias estão as igrejas, de traficantes, assassinos, ladrões, assaltantes que “morreram”, na sua identificação com Cristo, e mudaram de vida; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:3 e 4

Invés de erguer a voz pelo desarmamento, pelo fim das guerras como faz o laureado “Papa Francisco”, os cristãos bíblicos ensinam A Palavra de Deus, que, recebida muda, cada um, em particular, reconciliando-o com Deus.

Defender o desarmamento me colocaria no mesmo barco que Lula, Maduro, Ortega, e outros patifes do mesmo calibre; recuso-me a pensar sobre isso. 

Não há nenhuma violência nas armas, antes nas pessoas. Mudados os corações, mudarão as atitudes; senão, com armas, ou sem, a gente pode matar a pedradas, com fez Caim.

Quanto aos cidadãos e suas relações com as autoridades A Palavra de Deus é clara: “Porque ela (a figura de autoridade) é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, vingador para castigar o que faz o mal.” Rom 13:4

A paz que Deus aprecia é consequência de um valor maior, não um bem em si mesmo; “O efeito da justiça será paz...” Is 32;17

Outra, baseada na falsidade coletiva, onde, em nome dela todos concordarão em não discordar será feita. O ecumenismo do “Papa” Chico pleiteia por ela. Quando conseguida, será a gota d’água no copo do motim global, o início do fim, o juízo de Deus. “Pois, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, de modo nenhum escaparão.” I Tess 5:3

Poderia hipocritamente esbravejar contra as guerras, alhures, fazendo minha pose de pacifista, para admiração de incautos. Mas, logrado esse ouro de tolos, sentiria vergonha de olhar no espelho.

Prefiro, antes, esclarecer um ou dois, acerca do Divino propósito, onde meus escritos alcançarem; vai que os tais, consigam a bênção de reconciliar um ou outro, com O Príncipe da Paz, Jesus Cristo?

A Palavra de Deus mira sanar nossos corações, não abafar as consequências, mantendo as causas intactas. “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, sois invejosos e nada podeis alcançar...” 4:1 e 2

Não é propósito do Eterno salvar o mundo como sistema; será condenado. Seu propósito para o qual nos convida ao engajamento é salvação das almas, em particular; cada uma que der ouvidos à Boa Nova. Fora disso, os discursos podem soar convincentes, aprazíveis, necessários. Com a eficácia de uma agência funerária maquiando mortos.

Quanto aos blasfemos do princípio, que chamaram a Jesus Cristo de bandido, insinuando que, assim, foi justa sua morte, um alerta: Quem tem bandidos de estimação, não são os cristãos. Eles, os canhotos idolatram muitos, inclusive, ao maior de todos.

Portanto, se ele, ao alguns dos tais, se tornarem “bons” de repente, lembrem de sua própria sentença. Afinal, “... com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”.

Os insensatos


“Não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor.” Ef 5:17

“Insensato significa um que não é são, ou seja, que age de modo inconsequente, sem ter um bom senso das suas atitudes. O insensato é aquele que é insano, anormal, uma pessoa de difícil trato e entendimento. Também costuma ser chamado de desequilibrado, irresponsável.” Enc. de significados

O desequilíbrio que devemos evitar, atina à nossa compreensão da vontade Divina. Em geral, as pessoas frequentam igrejas inclinadas a sentir, mais que, a entender. Todo o iniciado, que começa a ler as Escrituras deveria ouvir seriamente a pergunta que Filipe fez ao eunuco: “... Entendes tu o que lês?” Atos 8:30

Sem entendimento, facilmente seremos desviados do alvo. A edificação foi receitada, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:14

Por ser nosso coração, (mente, emoções, vontades) a fonte dos nossos sentimentos, o risco de nos enganarmos com o que sentimos é sempre presente, afinal, “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17:9

Quando o Eterno elogia a Davi por ser um “homem segundo o Coração de Deus”, está patenteando Sua vontade sobre como devem ser todos; invés de decidirmos por nós mesmos, como sugeriu o traidor, consultarmos antes a Deus, Fonte de toda sabedoria.

Portanto, diferente do que ensina o R. R. Soares, “só faças se sentires no coração;” passemos antes, nossas desejadas atitudes pelo crivo do Espírito, analisando se elas se alinham ao Divino querer. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Se nosso coração estiver alinhado ao Eterno, poderemos dizer, como o salmista: “... todas as minhas fontes estão em Ti.” Sal 87:7

O engano é a ferramenta de trabalho do canhoto; porque sentimos que determinada mensagem é mais “palatável”, mais fácil de ouvir, certa “profecia” está mais alinhada aos nossos anseios, se não vigiarmos nessas coisas, corremos o risco de colocarmos nosso paladar carnal, nossa inclinação natural no lugar do propósito do Senhor. Uma troca tão prejudicial, que, quando feita em dias idos, causou espanto nos Céus; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2:12 e 13

Paulo advertiu contra a insensatez desse tempo, onde, as pessoas deixariam a Palavra da vida, pelas sedutoras mentiras que se alinham às suas doentias inclinações; “Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições...” II Tim 4:2 a 5

Insensatos são apresentados, como que, embriagados pelas próprias cobiças; tanto que, a exortação a Timóteo em oposição a eles traz: “mas tu, sê sóbrio.”

Quantos simplórios frequentam cultos, e “sofrem” de má vontade a exposição da Palavra de Deus, para depois, no momento da oração, ouvirem o que “Deus lhes dirá”, através de um eventual “profeta”. Cáspita!! A pregação da Palavra por um ministro idôneo, é Deus falando! O que vem depois é passível de engano, sujeito a julgamento; na maioria das vezes, verte de “profetas” que se ocupam mais em ser agradáveis que verdadeiros.

O insensato prefere se sentir bem, a adequar-se à Divina vontade. O “negue a si mesmo” é o primeiro passo para que sejamos salvos; tomarmos a cruz é uma constante na caminhada; o prazer não faz parte, necessariamente, do pacote da salvação. “No mundo tereis aflições...” preveniu O Salvador.

O que devemos buscar após o perdão, é a santificação; um modo de viver alinhado à Palavra do Santo, que trará o silêncio de nossas consciências vivificadas no espírito, pela certeza de estar reconciliados com Deus.

Afinal, o “novo nascimento” é uma forma figurada de descrever a reconciliação que nos salva; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

Como há doçuras que são danosas à saúde em certos casos, as coisas “doces” de ouvir, forjadas na confeitaria dos falsos profetas também podem ser letais.

Uma mensagem veraz, em geral é sisuda, confrontadora, mas, medicinal; como disse alguém, “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.” “Não sejais insensatos...”

sábado, 30 de março de 2024

A vontade


“... tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque são casa rebelde.” Ez 12:2

Termos percepções sensoriais, deveria bastar, para que fruíssemos o que pode ser captado pelos sentidos. Tendo olhos, ver; ouvidos, ouvir; narinas, cheirar; palato, gostar; e tato, tocar. Entretanto, como denunciou o profeta, a aversão à realidade, a rebeldia, tolhe que aceitemos o que próprios sentidos mostram.

Ainda, concorre a necessidade de honestidade emotiva para identificar o que sentimos, intelectual, para admitir o que identificamos, e volitiva, para que queiramos agir de acordo com nossas percepções. Logo, os “sentidos” da alma, mente, emoção e vontade, também carecem se adequar à realidade, se, não a queremos perverter, fugindo rumo às fantasias.

O risco de nos aproximarmos de Deus, pois, é a total ruptura das nossas camuflagens; “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem.” Is 25:7 “Adão, onde estás?” Como, então, Ele sabe; mas, proporciona a cada um que se explique.

Deus, por Ser Espírito, Onisciente, não pode ser disperso da realidade pelos nossos disfarces; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

Quem tem algo a esconder, pois, não podendo ante A Luz, trai a si mesmo e “esconde-se”; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3:19

Todos deveriam ler o salmo 139; “Para onde me irei do Teu Espírito, para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá estás; se fizer no inferno minha cama, Tu ali estás, também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua Mão me guiará e Tua Destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz ao redor de mim.” Vs 7 a 11

Dadas as muitas “saias justas” que a verdade veste em quem vive na mentira, o convívio do santo com o ímpio até pode se estabelecer por um tempo; todavia, ao vento de alguma crise se desfará; “Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1:4 e 5

Deixamos crescer juntos, joio e trigo, reféns de nossas imperfeições; O Eterno que vê as coisas como são, eventualmente, intervém; permite uma ruptura para remover dentre os retos, quem não anda como deveria. “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5:24 Em alguns casos, pois, apenas no juízo, o real “mérito” de cada um, será conhecido.

Quanto ao espírito do homem, regenerado, esse não carece reparos. Suas faculdades, intuição, comunhão e consciência, sempre apreciarão as coisas segundo Deus. Se ouvirmos e formos após aos seus apreços, estaremos “andando em espírito;" nesse caso, “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8:1 e 2

O “novo nascimento”, Cristo propicia a quem ouve e crê nas Suas Palavras. A mudança de quem se converte é tão dramática, que, uma “ressurreição” acontece, trazendo à vida o homem espiritual que estava morto. “... vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5:25

Quando O Senhor falou em “comer Sua Carne e beber Seu Sangue”, os descuidados ouvintes Dele levaram ao pé da letra; aos Seus, explicou depois: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos digo são espírito e vida.” Jo 6:63

O espírito não pode pecar; não vê atrativo nenhum no pecado; senão, em estar em comunhão com O Eterno de onde veio. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3:9

O homem sozinho não pode ser convencido da realidade espiritual; por isso, O Espírito Santo foi dado, junto À Palavra, para que sejamos salvos; “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16:8

Como vimos no princípio, a vontade rebelde abafa o que os sentidos podem captar; o homem sozinho não pode vencer a si mesmo. O Espírito ajuda-o, para vencer, com; convencer.

Brincando com brasas


“Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça;” II Ped 2:15

Falsos doutores que atuariam nos últimos dias, Pedro os descreveu pormenorizadamente. Os vemos fazendo duas escolhas; uma negativa: “... deixaram o caminho direito...” outra ‘positiva’; “amaram o prêmio da injustiça.”

Balaão, que se dispunha a amaldiçoar solenemente ao povo de Deus por recompensas materiais, foi tomado como tipo desses “doutores.” Àquele O Eterno manifestava vontade de abençoar Seu povo; os “compradores” de maldições aumentavam a oferta e o sujeito se contorcia entre avareza e temor. O que era mais forte nele acabou vencendo; só não foi morto por um ato gracioso da Divina misericórdia. Núm cap 22

Uma coisa seria, alguém, andando no escuro tropeçar; outra, dispor de luz bastante, e ainda assim, deixar a senda iluminada e preferir o escuro, por aversão voluntária à verdade. Escuro tem lá suas “vantagens”, para quem, rejeitando o caminho direito, prefere desvios; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:20

Doença milenar; desejar aprovação, sem abandonar o modo réprobo de ser. Dessa matéria-prima são feitos os hipócritas e farsantes vários, que infestam nosso mundo.

Quando nossos erros envolvem ignorância, ainda podemos contar com a leniência Divina; “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam;” Atos 17:30 O que erramos por não sabermos, continua sendo errado; mas, tem concerto, via arrependimento e perdão.

O Salvador também mencionou a responsabilidade dos que veem; “... Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso vosso pecado permanece.” Jo 9:41

Termos luz permite sabermos o caminho que agrada ao Eterno; andarmos nela, é uma escolha nossa, sem a qual, a eficácia da Remissão de Cristo perde-se; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

Quem deixa o caminho direito não é um desinformado; antes, um que, tendo andado um pouco nele, se rebela a vontade Divina. Peca voluntariamente. A Palavra aquilata as consequências: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados.” Heb 10:26

O ignorar a remissão oferecida por Cristo, não, por não saber, mas, por desdenhá-la, equivale a crucificar O Senhor outra vez; “... pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, O expõem ao vitupério.” Heb 6:6

“... amam o prêmio da injustiça.”
Se as pessoas considerassem, aonde conduzem os bens mal havidos, corrupção, roubo, estelionato, a injustiça em suas multifacetadas formas, lançariam à mesma para longe de si, pressurosos, como quem se livra de uma brasa com as mãos. 

Mas, por haver um hiato de tempo, entre o momento em que o carvão apenas suja, (ações) e quando ardendo queimará (juízo) os ímpios não se importam de brincar com ele, desprezando as necessárias consequências, que, em seu tempo virão.

Ante as frágeis leis humanas, muitas riquezas de origem viciosa podem desfilar airosas, como se, limpas; pois, farsantes conseguem a “proeza” de “lavar dinheiro”, metáfora para maquiar bens injustos como se fossem de meios lícitos.

Perante Deus, esse “verniz” licitante não passa de suja poeira; “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

O Eterno não cura consequências, antes, trata das causas. São as almas adoecidas pelas cobiças rasteiras que carecem ser lavadas pelo Sangue do Redentor. Por ser um processo com dores e renúncias anexas, os “Cascões” espirituais, preferem se manter longe do banho necessário; “Mas quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque Ele será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros.” Mal 3:2

Quando, numa lição de humildade O Salvador lavou os pés aos discípulos, Pedro quis recusar; O Senhor pontuou: “... Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo.” Jo 13:8

Os pés, tipificam nossos caminhos, escolhas na estrada da vida. Cada um de nós, que não for por Cristo lavado, também não terá parte com Ele, no mundo porvir.

O prêmio da injustiça segue fazendo milionários, poderosos, aos mais vis dos humanos. Quem aprendeu andar e se mantém no caminho direito, sabe aonde isso levará; “... entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles... Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” Sal 73: 17 e 20

sexta-feira, 29 de março de 2024

Em tempo


“Foi há trêis ontonte que a porca deu cria.” Cresci ouvindo expressões como esta, sem a curiosidade investigativa de hoje, para procurar entender.

Anteontem foi há dois dias. O que seriam três anteontens? Três vezes dois dias? Três dias? Além de anteontem, mais dois dias, o que daria quatro? Confesso que ignoro qual o sentido com que antigos usavam linguagens assim.

A criação dos “luminares”, Sol e Lua, entre outras coisas serviriam para marcar tempos, estações. Os indígenas usavam chamar aos dias de sóis, aos meses, luas. O período entre uma cheia e outra, era uma lua. Deve ser daí, da presunção de que o primeiro mês do matrimônio é sobremodo doce, que surgiu a expressão, “Lua de mel.”

Nossa relação com o tempo, eventualmente, deixa de ser estritamente temporal, anexando outros fatores. Quem jamais ouviu: “Ela já tem três aninhos?” Quantos dias ou sóis, teria um aninho? Salvo o “anão” bissexto, que tem um a mais, todos têm 365.

Assim, quando se mensura o tempo de vida no diminutivo, não se está reduzindo-o; antes, usando uma redução carinhosa para o tamanho do “relógio”.

Tal leitura sofre intromissões, quando, fatores psicológicos se sobrepõem aos cronológicos. Muitos fazem “memes” quando um mês é pleno de más notícias, dores, lutas como se fosse algo moroso, sem pressa de passar.

Por outro lado, quando o “vento vira” noutro mês, dizem: “Tal mês humilhou ao precedente; meteu quinze dias em dois.” Nesses casos não se está medindo o tempo, mas, o sabor que teve a vida em ambos, que, a rigor, duraram exatamente o mesmo.

Na posse de sentimentos deleitosos o tempo voa; enquanto nos momentos difíceis rasteja. Porém, reitero, são nossas percepções que lhe emprestam “asas”, o ou reduzem a “réptil”.

Além dos fatores psicológicos, a decadência moral costuma ancorar seu barco nas águas dos tempos. Invés de uma leitura precisa da queda nos valores pela perda gradativa da vergonha, costumam dizer: “Os tempos são outros.”

Os homens são outros, muito piores do que os primeiros. “Por isso o direito tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas; equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu, e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59:14 e 15

A tendência é piorar progressivamente, à medida que, o rio do tempo corre. Salomão, o mortal mais sábio de todos os tempos, via como necessária essa piora; “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7:10 Um sábio não perguntaria o óbvio.

Um atirador de elite, que acerta alvos a grandes distâncias, depois de muito treinamento, o faz aprendendo a controlar, até mesmo a respiração, no momento do disparo. Um vacilo mínimo na técnica, que represente um milímetro de imprecisão no ponto de partida do projétil, numa distância razoável se fará um grande erro. Quanto mais avançar o disparo, mais se afastará do alvo.

Assim, a humanidade divorciada de Deus. “Progredimos” da vergonha por ter cometido um grave erro, em Adão, para a presunção sem limites que se atreve a imputar erros a Deus, O Criador.

A inversão de valores acaba sendo “natural”, dado o vício de origem do “projétil”. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5:20 e 21

Em Cristo somos chamados a “perder tempo”, para ganhar a eternidade; “Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á.” Mat 16:25

Embora seja irônico, os que se esbaldam em prazeres ilícitos para “curtir a vida, porque a vida é curta”, como dizem, no afã de “aproveitarem” uma fração de tempo, o desperdiçam por inteiro. “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12:20

A existência terrena, que muitos avaliam como sendo o “show”, é apenas a fila de ingresso; “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17:26 e 27

Deus quer perdoar o que fizemos ontem, anteontem ou a “trêis ontonte”; dá-nos de presente, o direito de escolher hoje, como será nosso amanhã. “... quem Me der ouvidos habitará em segurança...” Prov 1:33

A casa de Deus


“... Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus.” Gn 28:17

Num sítio qualquer, entre Berseba e Harã, Jacó pernoitara tendo uma pedra por travesseiro; ao acordar, o patriarca teve a reação citada acima. O lugar era ordinário, comum, de repente lhe pareceu terrível, espantoso. Por quê?

Porque sonhara que uma escada fora posta ligando Terra e Céus, sobre a qual, anjos de Deus subiam e desciam. Como o conhecimento do Eterno era mui insipiente ainda, invés de entender ao Criador como Espírito Onipresente, Jacó fez uma leitura geográfica da situação. “... terrível é ‘este’ lugar!” “... ‘esta’ é a porta dos Céus.”

Nossas próprias vidas são desérticas e ordinárias, comuns em si mesmas. Salomão versou sobre o homem sem Deus e não viu grande coisa. “Disse no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como os animais.” Ecl 3:18

Felizmente, o homem que foi deixado só, pela escolha desobediente do Éden, não o foi, indefinidamente. Em Cristo fomos chamados à reconciliação que traz paz, descanso à alma; “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11:28 e 29

Seu “jugo” é a obediência irrestrita à vontade do Pai, a qual, ensinou-nos pela Sua Palavra; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

Ele é a “escada” mostrada a Jacó no seu sonho, pela qual, anjos subiam e desciam a serviço do Divino querer. “... Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o Céu aberto, anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” Jo 1:50 e 51 Parte da fala do Mestre, quando da chamada de Natanael.

O que faz a diferença é a presença de Deus. Um lugar ordinário pode parecer espantoso, como aquele pareceu a Jacó. Uma pessoa comum, sem grandes dotes, pode ser expoente de excelentes coisas, se Deus a escolher. Ele prefere as coisas mais frágeis, numa santa profilaxia contra o orgulho humano. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são;” I Cor 1:27 e 28

A “casa de Deus” passou por alguns melhoramentos ao longo dos anos. Começou sobre uma pedra, no “travesseiro” de Jacó; nos dias de Moisés foi feita uma tenda, o Tabernáculo; na época de Salomão, tornou-se um majestoso templo. Qual seria o próximo estágio? Um Palácio cheio de cúpulas douradas? Qual casa “caberia” Deus? 

“Quem seria capaz de Lhe edificar uma casa, visto que os Céus e até os Céus dos Céus O não podem conter? Quem sou eu, que lhe edificasse casa, salvo para queimar incenso perante Ele?” II Cron 2:6

Não sendo nem pensável uma casa que comporte ao Criador em Sua Grandeza, é possível e desejável, outra, com cujos traços o Santo se identifique. Paulo ensina: “... vós sois o templo do Deus vivente...” II Cor 6:16

Invés de palácios majestosos, uma índole obediente, alma submissa, espírito humilde, é onde O Todo Poderoso anseia habitar. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14:23

O Salvador disse Ser Ele, a porta dos Céus; “... Em verdade, em verdade vos digo que Eu Sou a porta das ovelhas.” Jo 10:7 Se, Nele estamos abrigados; e também tenciona habitar em nós. Em cada um, também colocou portas, com maçanetas apenas pelo lado interno; chamou-as de arbítrio. O homem decide suas escolhas; a quem permite entrar em seus “domínios.”

Maravilhosa humildade do Todo Poderoso! Tendo criado tudo e de tudo podendo dispor, buscar humildemente comunhão em Suas Criaturas, retido pelos limites que Ele mesmo Criou, respeitando à liberdade que nos deu. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha Voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei e ele comigo.” Apoc 3:20

Enfim, a “Casa” do Santo segue sobre pedras, porém, de outra estirpe; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2:5

quinta-feira, 28 de março de 2024

Máscaras


“Tive vergonha de mim mesmo, quando percebi que a vida é um baile de máscaras, e participei com o meu rosto verdadeiro.” Franz Kafka

Intrigante frase do escritor judeu Tcheco. Essa “vergonha” de modo irônico, como uma diatribe à desfaçatez adjacente foi versada também por Ruy Barbosa, em sua célebre frase: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Todo o homem que vai ao “baile de máscaras” da vida com seu rosto verdadeiro, a rigor, tem vergonha de ser desonesto; de ser flagrado nalguma forma de improbidade. Aquela “vergonha” assumida, é seu modo oblíquo de depreciar à falta de pejo dos falsos.

Grande parte das repreensões de Jesus Cristo foram contra a hipocrisia, um mal com a idade da humanidade. 

Não é tão fácil como pode parecer a alguém descuidado, a “arte” de sermos verdadeiros, full time.

Não que um homem decente adote a mentira, ou a hipocrisia. Mas, nem sempre é oportuno ser transparente e veraz, pelas consequências que nossa forma de pensar ou de ver, trariam em determinados ambientes, se fossem categoricamente, expressas.

Então, sem mentir, podemos silenciar, omitir, protelar certas falas, tendo uma visão mais ampla das possíveis consequências.

Mesmo Jesus Cristo, A Verdade encarnada, não falou tudo aos discípulos, em atenção ao momento e as limitações deles; disse: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.” Jo 16:12

O Salvador não ia sonegar nada da verdade que eles careciam saber; porém, sobre certas coisas não achou oportuno falar, então. Prometeu que O Espírito Santo completaria a Obra que Ele começara; “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.” Jo 16:13

Salomão desaconselhara a precipitação e o preciosismo que poderiam ter consequências danosas contra seu próprio agente; “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que destruirias a ti mesmo?” Ecl 7:16

Ele fora feito o mais sábio dentre todos os homens, contudo, de posse da sabedoria, mais que apreciar ao seu valor, sentiu seu peso; “... me engrandeci, sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. Apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1:16 a 18

“Não sejas demasiadamente sábio,”
pois, não parece ser o sentido do conselho. Sabedoria é algo tão difícil, além do dom Divino requer a prática do que aprendemos, e suportar as limitações adjacentes, que, mais facilmente se aconselharia alguém a buscar luz, invés de, tendo-a, abrir mão dela.

O que ele está aconselhando é que não sejamos precipitados, nem entremos em pleitos que não valem à pena. Mesmo sabendo o que dizer em determinada situação, não digamos tudo, afinal, “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17:28

Assim, voltando a Kafka, eventualmente precisamos de uma “máscara” inocente. Em casos que, nosso “rosto verdadeiro” não faria boa figura.

A discussão entre iguais, desde que por métodos honestos e propósito sadio, como a busca pela verdade, eventualmente, tem lá seus frutos. Mesmo que, os “ferrões” dos argumentos contrários nos firam as pretensões, o mel da edificação compensa tais dores.

Entretanto, discutir com mentecaptos, fanáticos, desonestos intelectuais, que buscam por isso, porque, de alguma forma nossas vidas os emulam, seria estupidez. Teríamos as ferroadas sem possibilidade de nenhum mel, como ir mexer com marimbondos.

Deixar os medíocres na limitação da mediocridade, e relegar os irrelevantes às suas insignificâncias, é também, uma profilaxia necessária, visando a preservação da saúde de nossas almas.

Em linhas gerais, pois, um homem decente vai ao “palco” com seu rosto verdadeiro. Porém, suas “queimaduras de gato escaldado”, o fazem seletivo quanto às águas das quais prefere se manter distante.

O “sábio aos próprios olhos”, pelo espelho distorcido no qual se admira, não aceita nada que esteja divorciado das suas idiossincrasias. 

O homem prudente que não se interessa por aplausos nem carece provar nada; muitas vezes prefere ter paz, a ter razão.

Com algum tempo bem aproveitado, na estrada da vida, é possível adquirir discernimento, para ver as formas que se ocultam debaixo das máscaras.

O falso reino


“Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17

O Salvador dissera: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso contamina o homem.” Mat 15:11

Portanto, essa história de que é proibido comer carne, aconselhável comer peixes nesses dias, pode ter a origem que tiver, mas é espúria, alheia à Bíblia. O saudável hábito de tomar posição, evocando o testemunho dos textos bíblicos como fiadores, não é muito comum, infelizmente.

Nem mesmo “semana santa” existe na Palavra de Deus. Trata-se de mera tradição religiosa, que nenhum valor espiritual possui. Para o catolicismo, que, coloca a tradição e o magistério da igreja, como fontes de autoridade canônica, similares à Bíblia, pode fazer sentido. Duvidoso sentido; afinal, quem deveria ser guardião da Divina Palavra, ser o primeiro a alterá-la é, no mínimo, preocupante.

Pois, quem pauta a vida pela Palavra de Deus, sabe que, nada de estranho a ela deve ser levado em consideração, como se fosse do mesmo calibre.

Somos desafiados à santificação, em tempo integral; não, numa semana do ano, como se, nesses dias O Eterno ficasse atento aos nossos feitos; nos demais, cochilasse. “Em todo o tempo sejam alvas tuas vestes e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9:8

Adendos à Divina Palavra implicam em duas possibilidades; a) a Palavra é incompleta e precisa ser suplementada; b) ela é imperfeita, carece de ser corrigida.

Sobre sua plenitude, ensina: “Visto como o Seu Divino Poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela Sua glória e virtude;” II Ped 1:3

Se, A Palavra de Deus nos dá tudo o que diz respeito à vida e piedade, qualquer acréscimo, certamente, dirá respeito a outras coisas.

Quanto à necessidade de correção, a criação sofrerá mudanças, enquanto, Sua Palavra seguirá; “Passará o céu e a terra, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Luc 21:33 Afinal, “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13:8

Não carecemos ordem do “Papa” para fazer isso ou aquilo, como se, aquele que decide de fonte própria, invés de fazer segundo a Palavra de Deus, valesse alguma coisa, representasse algo na terra, além da presunção de um sistema falido.

Tal sistema, primou pelo poder político; se dizendo Igreja, fundou um Estado; com fito de unir todas as religiões para sobre elas dominar, vem pavimentado o famigerado ecumenismo, que nada tem na Palavra de Deus, exceto, a denúncia de ser um motim global.

“Por que se amotinam os gentios, os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2:1 a 3

Sua veia política é mais pujante que a religiosa, uma vez que se une aos reis da terra, autoridades civis para realizar seu propósito; no entanto, seu levante é contra alvos religiosos, uma vez que luta contra o “Senhor e Seu Ungido”, tentando “remover suas cordas”, metáfora para proibir Sua Doutrina.

Outro dia o “Papa” deixou patente seu alinhamento com as perversões imorais do mundo, quando, prescreveu a bênção para as uniões homoafetivas. O que A Palavra diz? “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;” Lev 18:22 “... os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. Como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;” Rom 1:27 e 28

Ainda: “Não erreis: nem devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus.” I Cor 6:10

Tem mais; porém, esses textos já bastam para deixar evidente que aquele sujeito não é um representante de Deus; se fosse falaria segundo Deus. Representa parcamente, o catolicismo, (muitos católicos não o reconhecem) e ainda, seu sonho ilimitado de poder a qualquer custo.

A falta de paladar para a Palavra de Deus é um mal muito antigo; “... a palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, e não gostam dela.” Jr 6:10

Se qualquer presunçoso surgir, desdizendo o que O Todo Poderoso disse, fazendo pose de alguma coisa, esse será bem-vindo, onde O Eterno não é.

Esses, tardiamente saberão, que trocaram o precioso pelo vil; “... desprezaram toda Minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu caminho, fartar-se-ão dos seus próprios conselhos.” Prov 1:30 e 31

quarta-feira, 27 de março de 2024

Os "profetas"


“Não havendo profecia, o povo perece...” Prov 29:18

Dentre os muitos textos mal entendidos, ou mal interpretados, esse sofre grande reincidência.

Sutilmente, o substantivo, “profecia” é trocado por “profeta;” aí, passamos a ter: “Não havendo profeta, o povo se corrompe;” mentira. 

A segurança deixaria de estar numa mensagem profética à qual obedecer, e passaria a depender do ministério, de um suposto profeta. Para cada idôneo existente nos dias idos, havia dezenas, centenas de falsos profetas; hoje, muito mais.

Profetas como havia no Antigo Testamento, já não existem. “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o Reino de Deus...” Luc 16;16

Eventualmente, O Espírito Santo usa alguém pelo dom de profecia e revela algo; mas, em geral a “profecia” que evita a corrupção das pessoas, é o ensino da Palavra de Deus. Basta repetir o que O Eterno Falou, no devido contexto; qualquer um estará "profetizando”, sem necessidade da pose, de chamar a si mesmo de “profeta;”

Amós ensina: “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3:8

Nos dias de jeremias havia muitos sonhadores, que se presumiam profetas; suas mensagens eivadas de boas intenções estavam longe de refletir a vontade de Deus; “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da Boca do Senhor.” Jr 23:16

“Profetas” assim, invés de evitar a corrupção, patrocinam. Pois, no tempo e espaço que alugam os ouvidos alheios para mentir, deveriam ser veículos da Palavra de Deus, que corrige, aparta dos caminhos errôneos; “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23:21 e 22

Em linhas gerais, todos elogiam ao ceticismo sadio dos bereanos, que, invés de engolirem sem mastigar, o que Paulo lhes dizia, conferiam se a mensagem tinha nexo com as Escrituras. “... porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17:11

Se, com a palavra pregada, esses eram assim cuidadosos, quanto mais devemos ser, em relação aos presumidos profetas, que, trazem algo que supostamente Deus lhes mostrou: A Palavra ensina por qual crivo, devem ser avaliados; “Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que O Senhor não falou? Quando o profeta falar em Nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, esta é palavra que O Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.” Deut 18:21 a 22

Pode ainda que a revelação aconteça, e o profeta seja, falso. Caso, invés de conduzir a Deus, seus sinais levem a caminhos espúrios. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração, e toda vossa alma.” Deut 13:1 a 3

Enfim, o que evita a corrupção do povo de Deus, não é essa cambada sem noção do “O Senhor me mostra, O Senhor me revela...” e adjacências. 

Os verdadeiros profetas são idôneos intérpretes da Palavra; essa, se cumprida, guarda da corrupção. “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119:9

Além dessas aferições necessárias, algumas características mais, podemos observar. O profeta idôneo não é um “chutador”, que no meio de muitas pessoas “revela” alguém. Deus não fala com “alguéns”; Suas Palavras têm alvos específicos. O falso profeta, invés da correção de rumos que quase sempre carecemos, em geral faz promessas, coisas que “Deus fará”, em favor daquele que está em rebeldia contra a vontade Dele; “... curam superficialmente a ferida da filha do Meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6:14

Por que se deixam “curar” por mentiras alienados da Palavra de Deus? Porque “... seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir; Pois, A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela.” Jr 6:10

Isaías denunciou algo semelhante: “Dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.” Is 30:10

Então, não havendo profecia idônea, Palavra de Deus, o povo se corrompe; atualmente, há “profetas” demais e Bíblia de menos; por isso a Igreja está doente como está.

domingo, 24 de março de 2024

Os fugitivos


“O que anda na retidão teme ao Senhor, mas o que se desvia de seus caminhos O despreza.” Prov 14;2

Dois tipos de relação com Deus; um teme, outro, despreza. Em geral, as pessoas pretendem demonstrar com palavras, coisas que demandam atitudes.

Afirmam crer, dizem pertencer a Ele; lugar comum, onde a maioria se pretende abrigar. Alguns chegam a “filosofar”; “Deus É Pai, não é padrasto; também sou filho de Deus.”

O que cada um é, evidencia-se pelo seu modo de andar, agir, não, de falar. O que “anda” na retidão o teme... o que se desvia, O despreza. O resto é apenas a presunção enfeitando vitrines; hipocrisia, para apreciação superficial dos incautos.

Aos que se apressam a atribuir títulos, de Senhor e de Pai, ao Eterno, vivendo de modo indigno, O Santo questiona: “O filho honra ao pai, o servo ao senhor; se Sou Pai, onde está Minha honra? Se Sou Senhor, onde está Meu temor? diz O Senhor dos Exércitos...” Mal 1:6

O lapso de substância entre as ousadas afirmações e a realidade, fazem gritante a hipocrisia, para perda dos que assim se enganam.

Paulo também colocou as escolhas como aferidoras da filiação espiritual, a despeito do que, possamos dizer. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6:16

Os caminhos logram mostrar o que as falas, em geral, tentam esconder; a verdade.

Palavras são uma necessidade, sobretudo, para quem foi capacitado a ensinar. Contudo, nossa fé deve ser evidente sem nossos ditos. Algo que precisa saltar aos olhos de quem contempla nosso viver. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5:14 a 16

Aquilo que outros veem em nós, não carece ser dito, uma vez que já terá a “eloquência” necessária, pelo testemunho que enseja.

Quem, de um passado ruim, ao ser transformado pelo Senhor, a simples transformação, (não que seja simples) dará gritos; se tornará uma mensagem para quem ousar ver a realidade, admitindo-a. “Esperei com paciência no Senhor, Ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40:1 a 3

Quem andara no lodo, de repente, ser visto mudado, louvando a Deus, fala muito alto.

A transformação de um errante assim, se torna um desafio a outros que seguiam da mesma maneira, e que, nem sempre ousam dar a mesma guinada na vida. Há um preço de renúncias a pagar, a cruz, da qual a maioria foge.

Lembro de quantos “amigos” deixaram de frequentar minha casa, quando, em lugar das bebedeiras e chocarrices afins, o ambiente foi “salgado” pela Palavra de Deus. De uma vez, se afastaram todos. Eu que sempre fora tão “legal” de repente adotara um comportamento que, por si só se tornara uma censura ao deles; não puderam suportar e se afastaram. A conversão veraz faz isso.

Ao transformar-nos, acaba mudando nossas relações, de modo automático. Há no mundo uma inimizade com Deus, adormecida pela cegueira e hipocrisia que grassam; se alguém, de determinado grupo, se reconciliar com Ele, presto, os outros, verão melhor suas próprias situações. Se apressarão a manter “distância segura” do Santo.

Os que prezavam nossa companhia, na inimizade comum, não nos suportarão mais, pelas nuances de Cristo em nós; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

Por medo dessa palavra, os que, antes nos ouviam em tudo, sumirão.

A autonomia para valoração das coisas ao bel prazer, foi a “obra-prima” do canhoto, que levou a morte toda a humanidade. Os que aceitam o convite do Príncipe da Vida, abdicam dessa insana pretensão e voltam a viver, em submissão ao Senhor; “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10:23

Chamam de liberdade a escravidão a toda sorte de vícios, onde erram os mortos-vivos do canhoto. Quem treme à ideia de se aproximar da luz, da verdade, é antes, um fugitivo que alguém livre. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8:32

sábado, 23 de março de 2024

Processo


“Tem coisas que Deus dá para a gente aprender. E tem coisas que Deus só dá quando a gente aprende.” Autor desconhecido

Privações, por exemplo, são antídotos à arrogância, normalmente dados para que aprendamos nossa dependência de Deus, como A Palavra ensina: “Te humilhou deixou ter fome, te sustentou com o maná que não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor.” Deut 8:3

Quando nos priva de algo, no fundo, O Eterno dá; em vista do fruto que essa privação produzirá; como disse Charles Spurgeon, “Deus nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa.” Ou seja: mexe muitas peças no “tabuleiro” antes de nos levar à vitória.

Se, tem em vista guindar alguém a um lugar alto, como tinha acerca de José, as privações permitidas acabam sendo mais intensas; ele mais que, sofrer fome, foi privado da sua terra, da família, da liberdade, da justiça, até o tempo em que, O Senhor resolveu lhe dar um lugar de honra, por tê-lo preparado para o tal, em meio às dores que permitiu.

Não significa, como fazem parecer muitos pregadores despreparados, que a saga do filho de Jacó seja a mesma para cada salvo. Não há tantos tronos assim, disponíveis. Mas, que a preparação vem antes da bênção é fato rotineiro, em se tratando das coisas espirituais.

Preceituando a qualificação necessária dos ministros, diz: “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.” I Tim 3:6

Entre outras coisas a edificação é necessária para a constância na obra, mesmo, em meio ao turbilhão das tentações que nos visam desviar. Devemos ser edificados em Cristo, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:14

Quando alguém quer demais, determinada posição, geralmente não está preparado para ela, por atentar aos privilégios mais que, às responsabilidades. O que foi feito apto, pela visão exata das coisas, teme, sabedor dos pesos que um lugar mais elevado encerra.

Salomão versou sobre algumas inversões que vivenciou; “Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10:7 As circunstâncias não definem as pessoas, apenas, seus existenciários eventuais.

Não é humildade recusar, alguém, um lugar para o qual O Eterno o chama; mas, é noção exata das coisas, temer, não se voluntariar a postos elevados reconhecendo as próprias limitações, temendo embates aos quais será exposto. Deus capacita, sabemos. Todavia, isso não tolhe o receio natural, de quem precisa ousar numa empresa de grande responsabilidade.

Para a salvação, qualquer um está “apto”; basta estar perdido, e sem Deus, todos estão. Para efeitos de servir, numa ocupação ministerial, carecemos aprender andar em retidão, antes do serviço. “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101:6

Se, no prisma cultural, intelectual, social, patrimonial, O Senhor escolhe gente de pouca relevância, quando quer, “Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, que não são, para aniquilar as que são;” I Cor 1:28 no aspecto espiritual, para efeito de serviço, requer retidão, postura reverente e submissa, aí já não pode ser uma “coisa vil”; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1:7

Quem for bom ouvinte quando Deus falar, independentemente de ter estudo ou não, poderá ser usado nas coisas espirituais; se deixando transformar pelo que aprender, será abençoando e uma bênção nas Divinas mãos. “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente; não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” Tg1:5 “O que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1:33

Para posição de liderança, geralmente, as demandas são maiores; “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade.” II Tim 2:15

Conhecimento é necessário, porque nessa arena sofreremos ataques. “As armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10:4 e 5

Como na antiga Aliança, as coisas mais preciosas deveriam ser guardadas por homens armados, ainda é assim, malgrado, as armas sejam outras; “... Passai e rodeai a cidade; quem estiver armado, passe adiante da Arca do Senhor.” Jos 6:7

A quem Deus deu armas poderosas, o fez em vista das batalhas que virão.

Em Cristo, podemos


“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4:13

Esse texto, se mal compreendido acabará dando azo a grandes heresias.

Suponhamos que, alguém acrescente a ele o verbo de sua predileção; o materialista gosta de conquistar bens materiais; assim, ficaria: “Posso ‘conquistar’ todas as coisas, em Cristo que me fortalece.” Não poucas vezes escutei gente usando dessa forma.

Agora, outro mais modesto, que se disponha a sofrer pelo Reino de Deus, se for necessário. Estaria, esse suposto virtuoso, propenso a suportar o que viesse; teríamos então: “Posso 'suportar' todas as coisas em Cristo, que me fortalece.” Qual das construções citadas seria verdadeira?

Em si, ambas estariam corretas. Entretanto, um intérprete idôneo não se dará às possíveis “construções verbais” de um texto; antes, buscará a intenção do autor.

Geralmente, o contexto imediato basta. Se olharmos o verso anterior, encontraremos o seguinte: “Sei estar abatido, e também ter abundância; em toda maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade.” V 12

Fácil perceber que o apóstolo está dizendo que pode sofrer, suportar o que vier, se mantendo fiel. Qualquer construção diversa disso será falaciosa, divorciada da intenção de quem escreveu.

Deus É Todo Poderoso; entretanto, alguns confundem o poder Dele com o querer. Digo, por saber que pode nos livrar de nossas aflições, supõem que Ele deva fazer isso, desde que nós creiamos que fará.

Se, como a Paulo, também a nós deu O Espírito Santo, foi para nos capacitar a suportar todas as coisas, necessárias. Mesmo nas adversidades espera que nos mantenhamos fiéis. A salvação, mais que nos tirar de situações desconfortáveis, visa tirar de nós, hábitos pecaminosos, “fermento” do velho homem; “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25:4

Invés de nos desviar das adversidades, O Senhor nos ampara nelas; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43:2

Promessa aos 
servos da Antiga Aliança, que Jesus reiterou aos da Nova; “... eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” Mat 28:20

Esse processo traz consigo, necessariamente, dores. Como certas enfermidades requerem cirurgias, também, maus hábitos precisam intervenções dolorosas, para que a cura das nossas almas aconteça.

Uma coisa é a justificação para salvação; algo imediato à conversão; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5:24

Outra é o aperfeiçoamento, a santificação; um processo que começa na conversão e segue burilando nossas almas até nos regenerar plenamente.

Como nosso parâmetro é muito elevado, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4:13 O trabalho em nós não para; “... aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1:6

O sofrimento por Cristo não é uma escolha; antes, uma necessidade.

O concurso das duas naturezas em quem se converte, a carnal, inclinada ao pecado, e a espiritual que se atém às coisas de Deus, sempre trará uma disputa íntima, onde parte de nós desejará ao erro, outra, a obediência. Seremos submissos a uma ou outra; nossa escolha definirá quem somos. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6:16

Em Cristo podemos obedecer, fomos capacitados para isso; para agir, quais filhos de Deus; “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Acontece que ser capacitado a algo, requer ainda o consórcio da vontade; que queiramos aquilo que passamos a poder. Suportemos todas as coisas necessárias aqui, para que na nossa eternidade não sejam necessárias mais; “... Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.” Apoc 7:17

Enfim, não é a Bíblia um livro mágico que “aceita” todo tipo de interpretação, como dizem os céticos; “cada um interpreta como quer.” Antes, é um compêndio Santo, cuja única interpretação honesta revela ao ser humano como ele está; propõe um tratamento duro, dada a disseminação do câncer do pecado, na sua alma.

Se é certo que podemos todas as coisas em Cristo, também é que, Nele, não haveremos de desejar coisas sujas; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5:17

sexta-feira, 22 de março de 2024

O dízimo ainda vale?


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, juízo, misericórdia e fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.” Mat 23:23

Dízimos têm sido combatidos de forma recorrente por “mestres” que, invés de extraírem o real sentido da revelação bíblica, como requer a boa exegese, usam exemplos de gente que malversa o dinheiro, ou, apenas advogam que a prática era da lei, e que vivemos na “Era da Graça”; a Lei teria sido abolida por Cristo.

Cristo aboliu a lei dos sacrifícios expiatórios do sacerdócio levítico. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12

Os Dez Mandamentos, O Salvador resumiu a dois, tendo seu princípio espiritual ainda vigente; “... Amarás O Senhor teu Deus de todo teu coração, toda a tua alma e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22:37 a 40

Os que advogam que o dízimo era coisa da Lei, poderiam dizer em qual dos dez mandamentos ele está? Existia nos dias de Abrão, alguns séculos antes de Moisés. “Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gn 14:20 Abrão deu a Melquisedeque, sacerdote de Salém.

O Sacerdócio de Cristo é dessa ordem. “Porque ele assim testifica: Tu És Sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” Heb 7:17 Então, “Por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” Heb 7:9 e 10

A lei cerimonial apenas regulamentou uma prática existente, de que, os que semeiam as coisas espirituais, recebam as temporais. O sustento para a manutenção da obra é o sentido bíblico do dízimo. “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?” I Cor 9:11

Acima vimos que, os fariseus eram ciosos com os dízimos até das ervas que produziam; entretanto, desleixados com as coisas mais importantes. Invés de seletivos escolhendo qual parte obedecer, O Salvador censurou-lhes a hipocrisia e sentenciou: “... deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.”

Foi no contexto dos impostos demandados pelos romanos que O Senhor disse a clássica sentença: “Dai a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus.” O que é de Deus, no prisma de “impostos”, é o dízimo.

Mas e os mercenários da fé, os marajás espirituais que malversam o dinheiro da igreja? A desonestidade desses não justifica a impiedade dos cristãos, assim como, o fato de sermos presididos por um notório ladrão, não legitima que todos se façam sonegadores de impostos; são assuntos separados.

O foco é deixar patente que o dízimo é mandamento ainda em vigor. Não uma condição para salvação; essa deriva dos méritos de Jesus. Mas, é um convite à participação eficaz na Obra Divina, uma possibilidade honrosa, pela qual, O Eterno se responsabiliza em abençoar aos fiéis.

Quem direciona sua capacidade de amar, ao dinheiro invés de a Deus, deixa uma ventura recompensadora, e toma para si uma missão impossível; correr atrás da sombra. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda...” Ecl 5:10 “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12

Há muitos “teólogos” defendendo o amor ao dinheiro com argumentos tão rasos, que, uma formiga passaria andando sobre, não precisaria nadar em tais águas. Ninguém é obrigado a nada; cada um é mordomo das próprias finanças.

Todavia, a interpretação honesta da Palavra, é o mínimo que se espera de um intérprete. Trabalhamos cinco meses por ano para pagar impostos extorsivos para corruptos, que laboram pela destruição da família, disseminação das drogas, perversões sexuais, e vida que segue.

Agora dez por cento do líquido para um trabalho que se esmera na reverão dessa destruição de valores que grassa gera gritaria? Arde um quê de vergonha alheia.
Confesso certa preguiça intelectual de evidenciar o óbvio.

Não há problemas doutrinários com o dízimo. Apenas os que levantam esses supostos problemas, o fazem como camuflagem de seus problemas sentimentais; “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas...” 6:10 e 11

Os "bons" e os salvos


“Jesus lhe disse: Por que Me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.” Mc 10:18

O Salvador não estava dizendo que não era bom; antes, demandando pelos motivos desse adjetivo. Se, apenas Deus é bom, acaso reconheces quem Sou? Não expressou essas palavras, mas estavam implícitas na pergunta.

Deparei com: “Se você precisa de uma religião para ser bom, você não é bom; é apenas um cão amestrado.” Essa “pérola” estava coberta de glórias nos comentários.

Dizer que os seres humanos não são basicamente bons, ofende aos brios de muita gente má. Talvez essa seja a principal razão pela qual, A Palavra de Deus é tão odiada. Ela chama aos maus pelo devido nome.

Tendo deixado a Justiça Divina pela insubmissão, caído da bendita comunhão com O Criador, restou ao caído sem noção, a pretensão de justiça própria. Como essa depende de “padrões” encontráveis em si mesmo, o sujeito pode ser um crápula, um patife e ainda assim, sentir-se “do bem”, vendendo saúde espiritual. Não significa que é. Apenas, que a submissão ao mal tolheu também a noção desse míope espiritual. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4:4

A falta de absolutos, como seria um mundo alienado de Deus, criaria uma pluralidade inumerável de “deuses”, cada um legislando, valorando às coisas a partir da própria falta de noção. “vós mesmos sabereis o bem e o mal.” Prometera o tentador.

“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30:12 Porcos na lama invocando sobre si o rótulo de puros. Em Porcópolis, talvez; não, onde deveriam habitar os filhos de Deus.

Isaías foi usado para mensurar o valor da “justiça” dos pecadores; “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64:6

Mesmo ele, grande profeta se incluiu entre os impuros. Por ocasião da sua chamada dissera: “... Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Is 6:5

A Palavra diz: “Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, sequer um.” Sal 53:2 e 3

Deus não adestra cães; antes, transforma lobos em ovelhas. Sabedor dos “predicados” da carne, na qual os lobos atuam, sentencia: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Então, apresenta Sua solução, nascer de novo, de origem espiritual na conversão; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” João 3:3 e 5

O novo nascimento vivifica a consciência, antes, cauterizada, morta. O sem noção que desejava, pensava e fazia tantas coisas más, “sem culpa” após a conversão tem as “escamas” removidas dos seus olhos, e finalmente consegue ver o quão mau é, quanto necessita do Salvador.

Embora pareça irônico, contraditório, os que vão sendo tornados bons, pela imersão nos Méritos de Cristo, se percebem maus; os maus que ainda acrescentam às maldades corriqueiras a da presunção, se sentem bons e postam ou aplaudem estultices como a que estou apreciando.

“Os melhores homens que conheci - disse Spurgeon – estavam inquietos, descontentes consigo mesmos, desejando aperfeiçoamento, buscando alguma forma de ainda ser melhores.” A noção real das coisas restabelecida, faz algo assim em nossas almas.

“Bondade se aprende.” Ensinava Demócrito. A Maldade também; faz ver, A Palavra de Deus. “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13:23

Qual o problema, pois, de ser alguém adestrado para as coisas virtuosas, na senda do dever? “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22:6

Enfim, quem vocifera arrotando bondade aos quatro ventos, além da ruindade ordinária, deixa patente também, o lapso da visão obtusa onde deveria habitar o discernimento; dom que só exercitados em Deus podemos desenvolver. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

Não são as religiões que transformam o homem. Todo mundo tem a sua, e a maldade campeia. Jesus Cristo, apenas Ele, regenera a Obra de Deus.

quinta-feira, 21 de março de 2024

O engano


“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” Ef 5:6

Essa característica do engano dá o que pensar. Quem se deixa enganar, de certa forma estende sua mão à desobediência. Ou seja: A pessoa sabe o que deve ser feito; mas, seduzido por algum arranjo alternativo, ou, eventual negação das consequências, capitula traindo a si mesmo. Opta pelo caminho fácil, onde deveria escolher o verdadeiro.

Não importa se as palavras que moveram ao tal, rumo à desobediência são vãs; se, der a elas um peso de verdade, o dano será inevitável. O que é vão no prisma da virtude, acaba eficaz na perspectiva do vício.

O inimigo precisa de um consórcio com a vontade humana, para lograr êxito, mesmo no seu labor favorito de cegar suas presas. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

O ímpio oferece a “cabeça-de-ponte” para desembarque do arsenal do canhoto, pela incredulidade; o que, de certa forma é um aspecto de desobediência; pois, a fé sempre nos desafia a andarmos conforme cremos, uma vez que, a mesma, sem obras seria morta.

A incredulidade traz anexa uma blasfêmia, por atribuir mentiras ao Santo: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5:10

O engano, não raro, se estabelece por um lapso de vontade, não de entendimento. Os que, ouvindo ao Salvador, preferiram se manter à distância, o fizeram conscientes; bem sabiam as implicações de se aproximarem do Senhor; “... os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3:19 a 21

O engano é voluntário; a decisão de se manter longe da luz, para poder ficar “seguros” perto dos seus pecados. Basta a esses os rótulos piedosos, dado que estimam certa reputação, mas se afastam da piedade, pois, seu exercício demanda uma renúncia que não é para covardes.

Certamente, o pior tipo de perfídia é do que trai a si mesmo, cegado pela própria hipocrisia.

Assim, quando um produtor de enganos se aproxima de um pérfido assim, não o está violentando, desviando-o à força de um alvo que esse esteja buscando; antes, está suprindo um “nicho de mercado”, oferecendo a esse amante das aparências, os rótulos piedosos que ele precisa, para camuflagem da sua apostasia.

Os de consciência cauterizada buscam pela aceitação mais que pela verdade, se tornam “seletivos” num sentido negativo; visam cercar-se de gente que jamais lhes colocará numa “saia justa” de confronto; antes, acalentará suas preferências, fazendo parecer que essas doenças são alinhadas à vontade Divina.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições...” II Tim 4:3 a 5

Se, a primeira advertência quanto aos cuidados necessários nos últimos dias, foi: “Vede que ninguém vos engane.” O melhor antídoto, é a obediência irrestrita do que, sabemos ser a vontade de Deus. 

O primeiro agente de engano coabita com cada um de nós, a vontade natural, a carne; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Sempre que a verdade for resistida, algum tipo de engano, de injustiça estarão concorrendo para essa resistência. Enquanto a obediência enseja comunhão, a impiedade, não importa quão rebuscada seja sua camuflagem, resulta em Ira Divina, contra os inimigos da doutrina. “Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou.” Rom 1:18 e 19

Quando A Palavra assevera que não será possível o inimigo enganar aos “escolhidos”, não significa que haja uma elite espiritual, que Deus guindou acima das tentações. Antes, que Ele escolheu aos que escolheram obedecer; a esses, o inimigo não consegue enganar, pois, O Espírito Santo guarda-os. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8:5

A redenção


“Eis que nós subimos a Jerusalém, o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas; O condenarão à morte e O entregarão aos gentios.” Mc 10:33

Textos como esse refutam a ideia de que Cristo tenha sido mero mártir; alguém que defendeu um ideal às últimas consequências e foi surpreendido por uma rejeição violenta, que O entregou à morte.

Sempre soube o que lhe aconteceria, e resoluto foi ao encontro. A Obra que tinha a fazer O movia, a despeito das dores envolvidas nela. Chegou a dizer, eventualmente, que tinha pressa que aquilo acontecesse; desejou que seu “batismo de sangue” se cumprisse de uma vez. “Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; como Me angustio até que venha a cumprir-se!” Luc 12:50

Embora, a multidão tenha sido manipulada para pedir Sua Crucificação, O Senhor bem sabia quem estava por trás; “os príncipes dos sacerdotes e os escribas.” Em geral, quem se furta ao peso do próprio dever, usa a energia “economizada” para ser zeloso contra “deveres” alheios.

Na igreja acontece assim; os menos em paz com as próprias consciências, tentam abafar o barulho interno, fazendo barulho contra outros, que não lhes cumpre gerir, como disse Paulo: “Quem és tu, que julgas servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai...” Rom 14:4

Invés de apenas ensinar Apalavra de Deus, que coloca todos sob o mesmo jugo, anexam doutrinas humanas, para posarem de melhores que outros que as não têm; “Eles têm zelo por vós, - disse Paulo dos legalistas da época - não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.” Gál 4:17

A função do casulo é gerar a borboleta; no devido tempo, deve ser rompido, abandonado. Cristo era o fim da Lei; eles deveriam saber. “De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3:24

Não significa que Ele fosse um fora-da-lei. Antes, que Ele a cumpriu e deixou novas diretrizes; “...fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado...” Mat 28:19 e 20

Mas, e Moisés? “Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto, maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3:3 Quem dera a Lei a Moisés fora Ele; só Ele poderia mudar o que fizera.

Os sacerdotes tinham a função de ser uma ponte entre Deus e os homens; mediadores a restabelecer o relacionamento com Ele, quando, rompido. Além disso deveriam ser mestres da doutrina de Deus; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2:7

Aos escribas cabia a missão de serem copistas fidedignos das Leis Divinas, transmitindo-as de modo idôneo, sem acréscimos nem supressões. Não raro, esses “saiam da casinha” por escritos alternativos, para prejuízo próprio e de quem os seguia; “... em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria têm eles?” Jr 8:8 e 9

Cristo trouxe por Seu próprio Sangue e méritos, um novo sacerdócio superando o antigo; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7:26,27

Fez alterações que julgou necessárias; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da Lei.” Heb 7:12

Embora todos os ministros idôneos sejam representantes do Eterno Sumo sacerdote, Ele É O Único, e suficiente; “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2:5

Quanto aos novos escribas, também circunscreveu a atuação desses à Sua Palavra; “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras... Deus tirará sua parte do livro da vida, e da cidade santa...” Apoc 22:18 e 19

Cristo foi entregue aos gentios, os romanos, para execução. João interpretou: “Veio para o que era seu, os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1:11 e 12

Nossa redenção, potencialmente, desde a cruz, está consumada; o que fará diferença será recebermos, ou não.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Escolher o presente



“Que darei ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” Sal 116:12

Quando um de nossas relações está de aniversário, muitas vezes compramos algum regalo, uma lembrança que deixe patente nosso bem querer. O cuidado que nos ocorre nesses casos, é dar algo segundo o gosto desse. Coisa, nem sempre fácil.

Além de acertar nisso, concorre também o estado de espírito da pessoa, em face ao momento que está vivendo; o risco de ela já possuir o que tencionamos lhe dar, etc. Arreglar a coisa certa na hora certa é como que, uma arte.

O salmista cogitou “dar um presente a Deus”, como sinal de gratidão por tantos recebidos; então se viu diante do problema; “Que darei ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?”

O mesmo Senhor arrola Suas “posses;” “Conheço todas as aves dos montes; Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não te diria; pois, Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50:11 e 12

Como poderia alguém, dar ao Eterno, algo que Ele ainda não possua e deseje?

Embora pareça contraditório, há algo que Ele não tem e quer; como colocou nos lábios de quem recebeu de Sua Sabedoria, Salomão: “Dá-me, filho Meu, o teu coração; os teus olhos observem os Meus caminhos.” Prov 23:26 Ele deseja de nós, uma entrega sentimental, o coração, e um espírito de discípulo, de quem aprende observando o Divino agir; “... teus olhos observem Meus caminhos.”

Imagino que, quem entregou o coração ao Santo, e Dele aprendeu observando-o, certamente terá algum tipo de reação condizente; no mesmo texto onde O Poderoso se declara dono de tudo o que há, Ele pontua o que gostaria de receber dos Seus filhos: “Oferece a Deus sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo os teus votos. Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás.” Sal 50:14 e 15

Como o amor vero é via de mão dupla, antes de ser louvado como deseja, O Eterno promete livrar aos que recorrem a Ele, nas horas de angústias.

Assim como, num relacionamento humano, esse só será saudável se, ambas as partes estiverem afetivamente comprometidas, também O Eterno, só se mostra acessível a quem O Teme, vivendo de modo a honrá-lo, nas escolhas que faz.

Isso de, nas horas cruciais, agir ao bel prazer, e eventualmente citar, recitar, ou escrever algum texto bíblico, para encenar um compromisso com O Eterno, quando a consciência deixar evidente o próprio egoísmo, não cola. “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4:13

Ele mesmo adverte contra essa hipocrisia, com uma pergunta retórica: “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos; tomar Minha Aliança na tua boca?” Sal 50:16

Vulgarmente se diz que, “o papel aceita tudo”; pois, a boca também pode versar sobre tudo, não tendo veraz compromisso com o que diz. O Criador pode ver nossos corações e nem precisa, uma vez que nossas obras os mostram.

Daquele vetado de tomar a Divina Aliança nos lábios foi dito: “... odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50:17 a 21

O salmista que fez a pergunta inicial decidiu pelo presente que lhe pareceu conveniente; “Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o Nome do Senhor. Pagarei meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo Seu povo.” Sal 116:13 e 14

Os mercenários que apregoam uma relação comercial “com Deus”, exaltam a beleza de dar, e entram na fila para receber.

Os que, confrontados pela Palavra do Santo, se quebrantam arrependidos, certamente fazem melhor que os que pretendem negociar com O Eterno; “Pois, não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Sal 51:16 e 17

Enfim, se alguém almejar um encontro com Deus, e estiver em dúvida sobre um presente, ou as vestes adequadas, uma sugestão: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; que é o que o Senhor pede de ti, senão que, pratiques a justiça, ames a benignidade e andes humildemente com o teu Deus?” Miq 6:8