domingo, 17 de março de 2024

A beleza


“Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo... Sim, ele poderá convencer alguém da sua angelitude – mas, que trabalheira!” Mário Quintana

A ideia de a beleza interior suprir lapsos da aparência tem sido explorada pela arte, em contos tipo, “A Bela e a Fera”, peças como “O Fantasma da ópera”, etc.

Toda espécie de arte é, a rigor, uma busca pelo belo em suas multiformes possibilidades; estética, moral, espiritual, psíquica, intelectual, sentimental...

Tanto pode ser motivo de disputa, inveja, como em “Branca de Neve e os Sete Anões”, quanto, pode ser incompreendida e mal apreciada, como foi em “O Patinho Feio”.

Malgrado, o caráter transitório, temporal, da formosura estética, é inegável que sua presença, ou ausência têm impacto no apreço dos semelhantes. Tenhamos os predicados que tivermos, ninguém gosta de “sair mal na foto.”

Qualquer coisa que tenda ao exagero, se, não por outra razão, pelo desequilíbrio, traz um componente feio a anular outro que lhe seja oposto. Como a vaidade excessiva que leva pessoas a fazer dezenas de cirurgias plásticas, só para ficarem parecidas com esse ou aquele, sem um propósito sadio; apenas, tendo suas velas enfunadas pelos ventos da futilidade.

A beleza interior se avantaja à aparente, pela relação de ambas com o tempo. Enquanto a estética é biodegradável, sofre a ação dos dias num sentido deletério, a interna tende a crescer, à medida que o curso da vida apura nosso “paladar” espiritual, intelectual, cultural...

De onde nasceu que, as aparências enganam, senão, da experiência de gente que, seduzida pela beleza visível, foi vitimado por alguma feiura subjacente?

A progressão da formosura interior não é regra; muitos envelhecem apenas, sem amadurecer, sem crescer, como denunciou Saint Exuperry: “Ninguém te sacudiu pelos ombros quando ainda era tempo. Agora, a argila de que és feito já secou e endureceu e nada mais poderá despertar em ti o místico adormecido ou o poeta ou o astrônomo que talvez te habitassem.”

Num filme como Shrek, por exemplo, quem se enternece com a sina das personagens, certamente o faz em vista da beleza interior em jogo. Não há esmero estético numa saga de ogros, nem num burrico “casando” com um dragão fêmea. O amor, e os meandros que precisa vencer para se realizar traz uma gala intrínseca, que prescinde do aprumo estético.

Então, voltando ao Quintana, os “hipopótamos” bem que podem evidenciar suas “angelitudes”.

No que tange a Deus, O Autor de todas as belezas verdadeiras, uma ocupa lugar de destaque, a Santidade, A separação de tudo o que é imperfeito, impuro, inacabado; “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13 “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19:7 a 9

Plena de sentido a exortação: “Dai ao Senhor a glória devida ao Seu Nome, adorai o Senhor na beleza da santidade.” Sal 29:2

Por ser Espírito Deus não pode ser visto, ainda assim, podemos “vê-lo” nos Seus Traços que Suas obras revelam: “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1:20

Ficam sem desculpas, pois, os que vendo a “Beleza de Deus” pelos Seus feitos, negam-se a glorificá-lo como merece. Quantas vezes, vendo documentários como “Globo Repórter, National Geographic” etc. diante de situações maravilhosas de simbiose entre seres vivos, peculiaridades de interação entre vidas e ambiente, etc. os repórteres concluem: “A natureza é sábia!”

Seu modo oblíquo de desonrarem a Deus, atribuindo a beleza das Suas Obras ao acaso. “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram e o seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1:21

A feiura da desonestidade intelectual dos ímpios, assomando para prejuízo deles.

Se esses não fingissem ignorar a quais “contornos” Deus aprecia, seriam bem aventurados; “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Sal 51:17

Quem, ensinado por Ele, pouco a pouco vai “adquirindo paladar” para a beleza espiritual acima das outras, no decurso venturoso disso, vai desejando ser cada vez mais parecido com O Mais Belo de todos os seres, O Criador. “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17:15

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