domingo, 26 de fevereiro de 2023

Como identificar o falso profeta?


“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.” Mat 7;15

Não se pode discerni-los apenas com os olhos. Afinal, eles “... vêm vestidos como ovelhas...”

Seu interior os denuncia; alimentam-se das ovelhas, invés de alimentá-las; afinal, “... são lobos devoradores.”

Grosso modo se pensa que o profeta verdadeiro é o que fala e se cumpre; enquanto o falso, não. Mas, não é isso? Bem, a coisa não é tão simples assim.

Acaso Isaías era um falso profeta? Pois, ele anunciou a morte de Ezequias; “... Põe em ordem tua casa, porque morrerás...” Is 38;1 O rei entristeceu-se chorou e pediu misericórdia, e sua morte foi adiada; viveu mais quinze anos.

Jonas era um farsante? Não. Contudo, sua profecia sobre a destruição de Nínive não se cumpriu, dado o grande arrependimento que causou, ao ser tida, como era na verdade, por Palavra de Deus.

O profeta idôneo fala A Palavra de Deus, independente dos efeitos que ela cause. “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, mas profetizaram. Porém, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 3 22

Um profeta veraz, não prediz o futuro, necessariamente; antes, ensina o que deve ser mudado no presente.

O fato de uma previsão se revelar verdadeira, não significa a aprovação de Deus. Balaão é um símbolo eloquente de falso profeta. Estava disposto a oferecer seus “trabalhos espirituais” em troca de pagamento. O ouro oferecido por Balaque.

Pois, esse farsante profetizou verazmente sobre a Bênção Divina a Israel, bem como, viu a vinda do Messias a “Estrela de Jacó”; ouvia a Voz de Deus e Seus Conselhos; sem, por isso, deixar de ser falso. Se é o que vai no interior desses fantasiados de ovelhas que os define, no interior de Balaão havia amor pelo dinheiro, mais que pela verdade; zelo pelos anseios próprios mais que, pelos de Deus.

Desse modo, o cumprimento de uma predição não gabarita, necessariamente, alguém, como enviado do Senhor. Até mesmo Caifás, ao dizer que convinha a morte de Cristo pelo bem de sua nação, disse a coisa certa, com motivação errada. Pensava apenas na preservação do status quo, não na salvação que da morte de Cristo viria.

Um milagre um “sinal profético” não é aferidor de idoneidade, como foi ensinado mediante Moisés: “Quando um profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste e sirvamo-los, não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos Prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração e toda vossa alma.” Deut 13;1 a 3

Nesse caso, a profecia se cumpre; porém, o ensino do “profeta” afasta seus ouvintes de Deus. Temos outra nuance da verdade a serviço da falsidade.

Como vimos no exemplo de Balaão, as motivações erradas, o coração apegado a bens, mais do que a Deus, é que torna falso, até mesmo quem fala a verdade, eventualmente.

O Salvador advertiu que os farsantes do Novo Testamento fariam as mesmas coisas que os verdadeiros; “... Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas?” Mat 7;22

O Salvador sequer entra no mérito das obras. Elimina-os pelo lapso de relacionamento. “Então lhes direi abertamente: Nunca vos Conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” v 23

Para sermos conhecidos de Cristo devemos também, desejar conhecê-lo. Ele É A Verdade, e ensinou: “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Noutra parte preveniu: “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

A ânsia de conhecer o devir brota das inseguranças de nossa finitude; ao Eterno, a constância no bom caminho, mesmo não vendo aonde vai, é mais importante; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Mais que um acendedor de lampiões sobre caminhos novos, o vero profeta é uma seta apontando antigos; “... Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele...” Jr 6;16

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Proezas no Espírito


“Disse Jessé a Davi, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos um efa deste grão tostado, estes dez pães e corre a levá-los ao arraial, aos teus irmãos. Porém, estes dez queijos de leite, leva ao capitão de mil; visitarás a teus irmãos, pra ver se vão bem...” I Sam 17;17 e 18

O velho Jessé preocupado em saber como estavam seus filhos na guerra enviou o mais novo, Davi, como portador de um lanche pra eles, um mimo ao seu capitão e para trazer notícias.

Quem suspeitaria que esse jovem, aparentemente apto para serviços assim, seria o protagonista do desfecho da guerra, em favor de seu país?

Deus, em Sua Sabedoria, muitas vezes serve-se de coisas bem ordinárias para fazer outras, extraordinárias.

O ajudante de ordens, capacitado pelo Espírito de Deus, revelou-se um grande guerreiro; através dele, O Eterno Deu livramento a Israel.

Por que O Senhor não Usou um dos outros, mais fortes e experientes, que estavam no front, invés de “esperar” pelo jovem Davi?

Muitos invocam o “Poder de Deus”; porém, quantos preservam com devido zelo, à Sua Honra? Identificar-se com O Senhor, de tal modo, a considerar como contra si, as ofensas dirigidas a Ele; “... as afrontas dos que Te afrontam caíram sobre mim.” Sal 69;9

Davi foi tido como homem “segundo O Coração de Deus.” Ele não via seu povo, apenas, afrontado por Golias. Via o seu Deus, ser blasfemado. “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, lança e escudo; porém, eu venho a ti em Nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a Quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça, os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel;” Vs 45 e 46

Para que atue em nosso favor o Poder de Deus, antes convém que disponhamos de nossas vidas, para honrar Seu Santo Nome. “Aquele que oferece o sacrifício de louvor Me glorificará; àquele que bem ordena seu caminho Mostrarei a Salvação de Deus.” Sal 50;23

Todas as cogitações dos demais hebreus restringiam-se ao poder dos homens. “Diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem que subiu? Pois subiu para afrontar a Israel; há de ser, pois, que, o homem que o ferir, o rei o enriquecerá de grandes riquezas, lhe dará a sua filha e fará livre a casa de seu pai em Israel.” v 25

As recompensas propostas viriam do rei Saul, segundo as “motivações” humanas; riquezas, casamento vantajoso, isenção de impostos... enfim, nada além da matéria.

Quanta gente se acerca da Casa de Deus de olho nas coisas de Saul! Esse “canto da sereia” tem seduzido muitos incautos, que, embora mencionando e profanando coisas espirituais, não conseguem ir além das carnais. Enquanto houver pregador mercenário, haverá ouvinte otário, infelizmente. No fundo, mercenário também; pois, achando Deus um comerciante, pretende regatear com Ele em busca de “vantagens”.

O zelo de Davi foi acima das coisas materiais; se dispôs a lutar pelo resgate da Honra do Senhor, pois, sua esperada vitória não provaria que havia homem, em Israel; antes, “... toda a terra saberá que há Deus em Israel.”

Como disse O Eterno, através de Samuel, “... aos que Me honram Honrarei; porém, os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Somos chamados também, a nos identificar com as ofensas dirigidas a Cristo. “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Nossa identificação deve ser profunda, veraz, não superficial e interesseira. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A proposta, naquele caso, era de um duelo, onde o vencedor sujeitaria aos vencidos. “O Filho de Davi” venceu por nós, na cruz; não carecemos mais servir aos vícios e maus costumes de quando vivíamos como Filisteus.

Se, olharmos como Davi, para a Honra Divina, antes das recompensas de Saul, também seremos feitos vencedores. “buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

“Golias” segue afrontando, através da arte, cultura, política e demais coisas se seu efêmero domínio. Não temos que vencer ao que já foi vencido pelo Senhor. Apenas seguirmos fiéis a Ele; então, todos saberão que há Deus em nossas vidas. “Em Deus faremos proezas; porque Ele É que Pisará os nossos inimigos.” Sal 60;12

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O peso de falar


“Jó falou sem conhecimento; às suas palavras falta prudência.” Jó 34;35

As falas de Jó sofreram avaliações distintas. No aspecto vertical, O Próprio Senhor denunciou sua ignorância: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Porém, perante os amigos dele, suas palavras foram tidas por retas, ante tantas tolices faladas por aqueles; “... O Senhor disse a Elifaz: A Minha Ira se acendeu contra ti e teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Cap 42;7

Perante O Santo nossas “razões” viram pó; nas relações interpessoais, Ele Vê onde reside a justiça.

Respondendo aos amigos, Jó mesmo os chamou de médico inúteis; aquilatou suas falas como insossas; como clara de ovo sem sal. Mas, perante O Eterno, ele admitiu sua insipiência; “... Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e eu não entendia.” Cap 42;3

Assim, vemos a importância do contexto nas nossas incursões hermenêuticas; pois, como disse Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Dada a solene necessidade de temor, quando estamos em “terra santa”, em lugares consagrados ao Senhor, os homens prudentes têm mais ouvidos que bocas.

“Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Ele Está nos Céus, e tu sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos e a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;1 a 3

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Nesses tempos sombrios, onde o homem domina os meios alienado dos fins, basta “dar um Google” e todos “sabem” tudo, a respeito de tudo, as bocarras sem cérebros abocanham aos próprios ouvidos. Os tolos abdicam do privilégio de ouvir e aprender, pela presunção de “ensinar” o que ignoram.

Se soubessem a seriedade disso, muitos “profetas” e “mestres” se recolheriam para escutar o eloquente discurso do silêncio. Uma pitada de exercício nele, e pouco a pouco descobririam a Voz do Espírito Santo corrigindo seus rumos.

Dos falsos profetas O Eterno Diz: “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, porém, profetizaram. Mas, se estivessem no Meu Conselho, teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Soa tão mais simpático mandar em frente, que chamar de volta. Esses “profetas” optam pela bajulação, invés da salutar e necessária correção. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Cheias estão as igrejas de gente inepta para expor À Palavra do Senhor, por preguiça estudar e aversão a cumprir, que se mete a seduzir incautos com as coisas que “O Senhor lhes mostra”. Não existem Promessas de Deus para quem se recusa a estar em paz com Ele; a não ser, promessas de juízo.

As pessoas preferem essas mentiras particulares aos conselhos gerais e verdadeiros, da Palavra escrita. “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e Meu povo assim o deseja; mas, que fareis ao fim disto?” Jr 5;30 e 31

Quanto aos ensinadores também encontramos sérias advertências: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3;1 e 2

Por fim, a todos os homens O Senhor advertiu, sobre a seriedade que eles devem ter ao falar; “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;36 e 37

No juízo seguidamente fala-se em “abertura de livros”; quais? Certamente, um deles traz o registro das nossas falas, como testemunhas em nosso julgamento.

Nosso conhecimento de Deus não brota ao se “dar um Google”; antes, demanda relacionamento; o que outros dizem, escrevem é deles; o que conta é o nosso; “... Tende sal em vós mesmos...” Mc 9;50

Oremos como Jó: “... eu te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino, me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;4 a 6

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

As provas


“Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

Que os cristãos são submetidos a provas é pacífico; mesmo os que não ousam uma entrega cabal de suas vidas a Jesus, eventualmente, apontam para certas dificuldades e dizem: “essa é minha cruz”; aludindo à figura que representa as renúncias necessárias, aos que pretendem pertencer ao Senhor. A cruz cristã vai mui além de sofrer consequências de más escolhas, como muitas vezes se verifica na “cruz” dos alienados.

Invés de os livrar das provações, O Senhor promete aos Seus, assisti-los nelas; “Quando passares pelas águas Estarei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2 Isso aos escolhidos do antigo pacto; aos do novo, “... eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos...” Mat 28;20

As provas não são para que Deus veja de que barro somos feitos; Ele Sabe. A didática das provações fala aos alunos, não ao Professor. “... para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como animais.”

Quando O Salvador começa pelo “Negue a si mesmo”, pretende “aprisionar os bichos”, e gerar um novo homem.

Embora cada cristão tenha sua saga particular, em âmbito geral, grassa o apodrecimento moral, inversão de valores. O efeito colateral da imbecilização coletiva promove o triunfo das nulidades; a corrupção sistêmica e institucional faz “agigantarem-se os poderes não maus dos maus,” somos tentados até, à “vergonha de ser honestos”, como já observara em seus dias, Ruy Barbosa.

A Bíblia antecipou: “... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

“sem amor para com os bons...”
A mentira sempre foi uma “fuga” para os que, a verdade constrangeria, responsabilizaria. Agora, até seu nome foi atenuado; narrativa; fake news. Essa fujona de outrora agora ataca à virtude como se essa fosse um vício. Indo além de não ter amor para com os bons, os “guerreiros da patranha” não têm respeito.

Emporcalharam o sentido das palavras, esculhambaram nosso idioma natal, em nome da “inclusão” de algo que sempre foi tido como uma paixão infame, um erro moral, o homossexualismo. Não pelejam pelo direito de serem assim; isso é pacífico; entre quatro paredes cada um faz o que quiser.

Sua gritaria visa a imposição das doenças psíquicas, o veto à crítica, em nome das quais pretendem que enviesemos nosso patrimônio cultural, para “provar” que não somos o que somos; gente de valores cristãos, conservadores, e afeitos à língua nacional. De minha parte, danem-se “todes”! Ah, meu corretor de textos segue “homofóbico”, pois, recusou-se a “incluir” essa porcaria.

Nos festejos ímpios do Carnaval, temos visto também reiterados ataques à fé cristã, em mais uma nuance que ao vício não basta o amplo espaço para ser vicioso; precisa atacar quem discorda dele. Houve um tempo em que os maus apenas fugiam da luz; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Agora, partiram para a inversão total, e o enfrentamento; um “ai” os espera: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz e da luz, trevas; e fazem do amargo doce e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

A provação dos justos é passar por tudo isso sem arrefecer; sem abdicar do amor pela justiça e verdade. É muito fácil gritar o que todos gritam e aplaudir o que todos aplaudem. Flutuar a favor da corrente até bosta flutua; agora, nadar ao contrário, rio acima, como fazem os peixes na piracema é ousadia para poucos.

Mas, esses poucos, embora pareçam entregues à própria sorte, contam com a assistência e o zelo dos Céus; “Eles serão Meus, Diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;17 e 18

A coragem de separar-se hoje, só é possível quando o homem foi regenerado. Onde não, os bichos seguem soltos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O menino e o velho


“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se a criança sábia está em oposição ao rei que não aceita correção, admoestação, necessária a conclusão que, a sabedoria da criança em questão, não é um conteúdo luminoso, apto a esclarecer as coisas para outros; antes, uma disposição moldável, de quem aceita a instrução; sua sabedoria é um princípio, não, um contingente.

“Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

Ao pensarmos num rei assim, uma das primeiras figuras que ocorre é a de Acabe. Quando o profeta do Senhor, Micaías, advertiu que ele morreria na batalha que pretendia travar em Ramote Gileade, invés de se dar por avisado e evitar o risco, mandou prender o profeta; disfarçou-se de soldado, abdicando das vestes reais, como se, pudesse malograr ao Divino aviso mediante esperteza; mesmo assim, foi morto.

Certamente, uma criança avisada do perigo o teria evitado. 

Ainda concorrem exemplos e Saul, Jeroboão, e outros tantos, como monarcas insensatos; mesmo os bons reis, Uzias e Josias cometeram insensatez, em momentos decisivos.

Figuradamente, todos os convertidos têm dentro de si, essas duas pessoas. O rei velho que se sente dono do pedaço e quer as coisas à sua maneira, o ego; e a criança regenerada, mediante o novo nascimento em Cristo.

Paulo menciona o velho como descartável; “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;” Ef 4;22 “Não mintais uns aos outros, pois, já vos despistes do velho homem com seus feitos. “ Col 3;9

Pedro encoraja aos novos convertidos a tratarem bem do novo homem; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

O velho homem, também conhecido por homem natural, ou carne, gostou muito da autonomia proposta pela oposição; sua pose enrijecida e insensata leva-o a se opor contra quem não pode vencer. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Se, melhor é o infante que o sênior insensato, natural que, A Palavra da Vida, além de depreciar a um, aprove ao outro. “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no Reino dos Céus.” Mat 18;4

Agora a figura da criança recebe nuances de interpretação, realçando que a qualidade apreciada é sua humildade.

Não significa que os cristãos devam permanecer infantis ao decurso do tempo, antes, devem crescer; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que me tornei homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

A meninice espiritual tem seu lado negativo associado à recusa em crescer, pela negligência em receber à Palavra; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13


O mesmo Paulo explica ambas as “idades” que convém que tenhamos: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Na verdade, quando nos recusamos a crescer, é já nosso “rei velho” que ainda induz ao menino, impondo suas predileções doentias, onde deveria arbitrar apenas A Palavra de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele...” Is 55;7

Quando a Palavra amaldiçoa a quem confia no homem, muitos pensam ser porque as pessoas de suas relações não são confiáveis. Na verdade, o veto refere-se a confiar em si mesmo, invés de o fazer, no Senhor; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 1;5

Não importa nossa idade nem o tempo de conversão. Sempre que seguimos às inclinações da carne, seguimos ao velho insensato. E quando ouvimos a Espírito, andamos segundo “a criança sábia”.

Daí, a sentença. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;12 a 14

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Fora de moda



“Examinais as Escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam; mas, não quereis vir a Mim para terdes vida.” Jo 5;39 e 40

Duas barreiras alienavam os ouvintes de Jesus, da vida. Uma intelectual; mesmo pesquisando no lugar certo, nas Escrituras, não encontravam o que ali estava; outra, volitiva. Embora, O Salvador assegurasse ser O Messias prometido nas Escrituras, e fizesse sinais que testificavam disso, O rejeitavam; “não quereis vir a Mim para terdes vida.”

A incredulidade, invariavelmente assoma como efeito colateral da mentira satânica: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal.”

No exercício insano dessa pretensa autonomia, o homem se dá ao direito de rejeitar às coisas que não desfilam ante si, do exato modo em que ele devaneou em suas expectativas desorientadas.

Como um abismo chama outro, os incrédulos, ao recusarem a Redenção em Cristo, seguem reféns do alucinado mor, que aproveita para acentuar inda mais o que sabe fazer de melhor; cegar. “Mas, se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Salvação é iniciativa graciosa de Deus, natural que seja Ele Quem Escolhe os termos. O modo escolhido destrona esse suicida insano acoroçoado pela oposição, o ego. “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

O ego tem suas próprias medidas, que ante O Santo não valem nada; “Filho meu, não te esqueças da Minha Lei; teu coração guarde Meus Mandamentos. Porque eles aumentarão teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. Acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem. Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;1 a 5


Então, devemos deixar nossa vã maneira de pensar. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8


No fundo, a barreira “intelectual” é uma máscara que os afeiçoados ao mal usam, para, bancando os desentendidos camuflarem seus afetos suicidas. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Ir a Cristo para ter vida requer a mortificação do modo de vida pautado pelas obras más. Embora, a salvação não seja pelas obras, mas pela fé, essa fatalmente mudará o modo de agir dos que creem, uma vez que, sem obras a fé é morta. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus Preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

A barreira intelectual é falaciosa; a da vontade é mui real. Por entenderem o custo do que é requerido, muitos amantes da vida irresponsável que levam não queriam ir ao Salvador para ter vida.

Seu apego doentio à existência sem compromisso é para própria perda; “Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;24

Facilmente as pessoas aceitam a identificação com Cristo nos quesitos, manifestação de poder, operação de milagres; todavia, somos chamados a nos identificar com Ele no serviço, renúncia, na morte. “Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim...” Mat 11;29

“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A “porta estreita” e o “caminho apertado” estão fora de moda, nesses dias tão “inclusivos” em que vivemos.

Entretanto, a salvação não se alinha à moda, essa miragem volúvel que cambia mais rápida que as fases da lua, mercê das “tendências”.

O Eterno lida com coisas eternas. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Preço da liberdade


“Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Quando alguém deseja ingressar numa instituição de ensino, além de fazer a inscrição, paga uma taxa estipulada para a mesma, habilitando-se a devida matrícula.

Pois, como vimos, a matrícula para se aprender de Cristo é a perseverança; “se vós permanecerdes na Minha Palavra...”

A alma humana é volátil; como uma criança que vive sonhando com um brinquedo novo. Obtido esse, até se satisfaz, por um dia ou dois, depois, o tal entra para o rol dos “velhos” e outro ocupa o lugar do anseio superado.

Permanecermos na Doutrina do Senhor requer uma constante luta contra nós mesmos, nossa natureza, cuja inclinação se opõe à tal. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Sabedor disso, O Salvador Desafiou quem O quiser seguir, para que comece a caminhada enfrentando ao obstáculo principal; “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Se, só Ele Tem palavras de vida eterna, como disse Pedro, essas nos desafiam à renúncia do modo ordinário de viver; Paulo chamou de “Palavra da cruz”; vejamos: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o Poder de Deus.” I Cor 1;18

Colar o rótulo de cristãos é algo fácil, que a maioria o faz. O cemitério está cheio de sepulcros que trazem uma estrela figurando o nascimento, e uma cruz, a morte de alguém. Quem Veio precedido por uma estrela, e partiu numa cruz, Foi Ele. Então, os que colocam aqueles signos sobre os jazigos dos parentes pretendem identificá-los com Cristo.

Isso é uma decisão pessoal, que cada um toma em vida; após a morte já não há identificação factível. Paulo denunciou uns, que, malgrado a frequência nos ambientes cristãos, recusavam o preço. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.” Fp 3;18

Porque a maioria dos humanos, infelizmente, não apenas não permanece nas Palavras do Senhor; não faz isso nem em relação às próprias palavras. O Senhor ensinou: “Seja, porém, vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5;37

Afinal, o cidadão dos céus é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Quem do Senhor aprendeu um pouco, está em constante combate consigo mesmo, com a própria natureza pecaminosa; quem ignorou às Palavras do Salvador, geralmente combate aos outros; seu alvo não é melhorar, mas prevalecer.

A consequência prometida aos que permanecem no Salvador é a obtenção de uma luz que liberta; “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;32 Se, o agente libertador é a verdade, óbvia a conclusão que, quem aprisiona é a mentira.

Aquela, contada no Éden, que o homem não morreria desobedecendo, antes, seria autônomo para estabelecer valores conforme quisesse.

Embora os pecados da humanidade sejam como as estrelas dos Céus, impossíveis de ser contados, é esse, singular, que incomoda ao Eterno. Quando O Redentor Veio foi apresentado por João Batista, nesses termos: “Eis O Cordeiro de Deus que tira “o pecado” do mundo”. Pecado, no singular, como se fosse apenas um. Aquele, da autonomia suicida proposto pela oposição.

Nossos muitos são remidos por Um só Ato de Justiça, se, nos submetermos aos Ensinos e Mandamentos do Salvador. “... Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” Rom 5;16 e 17

Permanecermos na Palavra Dele, julgarmos a nós mesmos à Luz dos Seus Ensinos, livra-nos do juízo que oportunamente, virá; “Quem Me rejeitar, não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que Tenho Pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

A verdade geralmente nos deixa em maus lençóis; mas o arrependimento e a mudança recolocam as coisas no lugar.

Infelizmente, muitos dos matriculados serão expulsos, por se mostrarem refratários ao Divino Mestre.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tm 4;3 e 4

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

As necessidades


“... vosso Pai Celestial bem Sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Certa vez li algo, onde o autor defendia que as necessidades determinam os valores.

Usou como exemplo um explorador numa aldeia primitiva, possuidora de certa quantia em ouro; se oferecesse em troca do metal, alguns milhares de dólares, a oferta seria recusada.

Porém, se ofertasse armas, cobertores, espelhos e afins, obteria êxito.
Os nativos não necessitavam dólares, sequer os conheciam; mas essas coisas sim. 

Num primeiro momento esse raciocínio me soou lógico, convincente. Mas, como diz no Eclesiastes, “não é dos ligeiros a corrida.”

Pensando melhor, novo aspecto apareceu. Muitas vezes, nossa mais urgente necessidade nos passa despercebida. No caso dos nossos nativos, a carência era de conhecimento e entendimento. Se soubessem o valor do que lhes fora oferecido, teriam aceito; invés de optarem por coisas que, com os bens da primeira oferta, poderiam adquirir cinquenta vezes mais.

As privações relativas à luz é que nos fazem usar “diamantes em fundas”.

Preferindo o comodismo na morte, ao confronto que ilumina, o homem, traidor de si mesmo, se volta contra quem o tenta ajudar, na inglória sina de animal noturno. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Alguns estudiosos categorizam às necessidades como primárias; as que dizem respeito ao físico; alimento, água, procriação; secundárias; que atinam aos anseios da alma; afeto, relacionamento, aceitação, reconhecimento, estima... as coisas do Espírito, intuição, comunhão e consciência, a maioria dos filósofos e psicólogos, pouco menciona.

Embora muitos pretendam harmonizar a psicologia com O Evangelho, eventualmente, tais se mostram antagônicos. Para Abraham Maslow, psicólogo humanista, a autorrealização, estaria no ápice da pirâmide onde valorou as necessidades humanas.

O Evangelho de Cristo, invés de colocar o “auto” no alto, relega-o ao baixo: “Negue a si mesmo”. Invés de nossos mais caros anseios, a vida como Deus deseja; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo Foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Para Deus, nossas necessidades “primárias” são espirituais. “Primeiro, o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Se fôssemos moldáveis pelas adjacências, como disse Ortega Y Gasset, “O homem, é o homem e suas circunstâncias”, em quê superaríamos aos animais?

Não restou grande coisa em nós, após a queda, por causa do pecado; mas, O Criador nos preparou com condições bem mais ricas que os animais; “Pouco menor o fizeste do que os anjos, de glória e honra o coroaste.” Sal 8;5

Não, meros instintos, antes, o entendimento, o exercício da razão no Espírito, deve patrocinar nosso serviço ao Eterno; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

A oposição acoroçoa instintos, enquanto, tenta embaçar entendimentos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho...” II Cor 4;4

A fé que agrada a Deus, desafia-nos à firmeza baseada na Integridade Divina, não no que vemos. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A inversão de valores que grassa, onde autoritários são tidos por democratas, devassos, por expoentes culturais e corruptos, por benfeitores, não é reflexo de uma necessidade; antes, de uma inclinação global, do espírito do mundo, que usa rótulos de pretenso engajamento social unificado, para maquiar a ruptura contra O Ungido do Senhor, Jesus Cristo. “Os reis da terra se levantam os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Como nossos nativos ignorantes do exemplo inicial, outra vez estão os homens desprezando coisas valiosas em troca de quinquilharias pontuais, ordinárias.

Os mortos espirituais que precisam urgentemente de regeneração para a vida mediante reconciliação com O Criador, seguem em guerra contra Ele. Correm após prazeres e afirmação, de costas para o Príncipe da Paz. “Isto é: Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo; não lhes imputando Seus pecados; e Pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Essa geração Tik Tok, avessa à leitura, inepta para reflexão, não ousa além da superfície das coisas, como se as pérolas se extraíssem de cobras d’água.

A presunção pinta titãs onde vivem anões. Tais não necessitam dessas ninharias infantis, tipo, depender de Deus.

“As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.” Saint Exupérry

Taças da soberba


“Todos nós somos como o imundo; todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Na Terra há distinções por “honra ao mérito”, louros aos destaques em determinada área da cultura, ciência, como o Prêmio Nobel; feitos no jornalismo e artes cênicas, música, como o “Troféu Imprensa”, o “Grammy”, Oscar; exaltação à excelência no futebol como a “Bola de Ouro”, etc.

Os “critérios” para eleição dos melhores são confusos; às vezes, interesses econômicos via patrocinadores, favorecimento às empresas onde trabalham os “vencedores”; outras, de domínio mediante a promoção dos alinhados a determinada ideologia, fisiologismos vários... não raro, os que estão no topo trazem à lembrança, Ruy Barbosa, que se referiu ao “triunfar das nulidades.”

A Palavra de Deus é avessa ao aplauso humano, por causa das doenças que enfermam nossas almas. “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

“A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Do ponto-de-vista que conta, perante O Senhor da vida, todos começam no subsolo, gostando ou não. “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;2 e 3

Por isso, a sisuda figura usada por Isaías: “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.”

Geralmente, quanto pior uma pessoa é, mais ela se ofende se for arrolada entre os maus. Parte da sua maldade, a presunção, patrocina seus melindres.

Seguido deparo com uma frase: “Você não precisa de religião para saber o certo e o errado; isso não é questão de religião, mas de caráter.” 

Embora pareça uma ousada defesa filosófica, no fundo é só a reengenharia de uma antiga frase do capeta: “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal”.

Saber do certo e do errado é possível a todos sim, graças a um fragmento do original que permaneceu no homem após a queda, a consciência.

Entretanto, saber do mal, e mesmo assim incidir nele, mesmo contra vontade é a escravidão ao pecado onde erra o homem divorciado do Criador. “Porque o que faço não aprovo; o que quero isso não faço, mas o que aborreço faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 20

Quem não reconhecer que está sob esse rude feitor, jamais receberá a “carta de alforria” assinada pelo Sangue de Jesus Cristo.

Um dos efeitos colaterais de estar amasiado com o pecado é a cegueira espiritual, que, vê pureza onde O Santo contempla imundícia. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Daí, o antídoto à sugestão de independência do tentador: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Não basta saber diferir entre certo e errado. Em geral o homem presunçoso até pratica alguns certos que não lhe incomodam, como se, essa “obediência” lhe desse direito aos errados de sua predileção. Aqueles na vitrine, esses, no fundo da loja.

É preciso negar a si mesmo, abraçar como nossas, as predileções do Salvador. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Além de ampliar nossa percepção para vermos no prisma espiritual, O Salvador faculta poder, aos Seus, para agirem como Ele; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Nem é questão de religião, mas submissão. Ou, isso em Deus, e a vida, ou, mero Faraó embalsamado, cheio de ouro de tolos no sarcófago.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Morreu tá salvo?


“Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e o dos animais vai para baixo da terra?” Ecl 3;21

Essa pergunta busca pela sapiência humana, não por uma informação sobre, para onde vai o nosso Espírito após a morte. Se assim fosse, a pergunta correta seria: “Quem sabe se...” e não, quem sabe, que. Pois, Ele sabia disso, como deixou ver no fim de seu pessimista tratado.

Exortou ao homem a lembrar do Criador nos dias de seu vigor, juventude; antes que, o peso do tempo arrefecesse os apetites e o vigor do corpo e o lançasse nos braços da morte; ilustrou isso como sendo os dias maus, sob o peso dos quais, ao chegar ao fim, “o pó volte à terra, como era e o espírito volte a Deus, que o Deu. Cap 12;7

Não significa, como devaneiam alguns, que basta morrer para passar a estar com O Senhor. O sujeito vive todo tempo impiamente, abraçando e encorajando os vícios; findo o seu tempo de vida, ou, desperdiçado pelo modo errado, imprudente, ao partir, seus chegados dizem: “Foi pro andar de cima”; “Virou uma estrela a enfeitar as noites.” Está melhor do que nós”; será?

Há uma promessa estrelada para alguns, mas, anexa certas condições. “Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.” Dn 12;3

Para os que escolhem a impiedade, não há uma “escada” conduzindo ao pavimento superior. “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Sal 9;17

Quanto a estar alguém melhor que nós, é preciso considerar algumas variáveis. O que significa, melhor? Mesmo se partiu com O Senhor, salvo. Pois, isso não é um aferidor de como nós estamos. Se não era salvo, apenas apagou-se uma possibilidade.

Existe uma diferença entre terminar algo e acabar. Terminar é encerrar, independentemente de como esteja. Acabar é concluir com esmero, acabamento.

Quem partiu salvo, porque terminaram seus dias, mercê de escolhas erradas que fez “antes de Cristo”, sem ter vivido tudo o que poderia, se tivesse se rendido ao Salvador antes, terminou em paz com Deus. Outrem com idade semelhante, mas hábitos melhores, que alonga seu viver por isso, e ainda pode aprender do Senhor e ser aperfeiçoado, tem mais chances de acabar sua obra; não, apenas terminar. Assim, aquele que se foi não está melhor que esse.

Um fato relevante a considerar é que o homem é mais que corpo e espírito; é também alma. Se, o destino inevitável do corpo é o voltar ao pó, do espírito regressar a Deus, o das almas depende das escolhas feitas.

A Palavra exorta sempre rumo ao arrependimento para salvação das almas. O espírito não precisa ser salvo, pois, não peca. Porém, precisa ser vivificado; pois, a insubmissão da alma às suas diretrizes, o mortifica; no caso da sua faculdade mais perceptível, a consciência, cauteriza.

A carne nasce e vive no pecado; é seu habitat; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O novo nascimento regenera em nós, aquele que veio de Deus, o espírito, que tem prazer na comunhão em obediência, não no pecado. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9

Não se entenda com isso que estou afirmando que um convertido não peca; todos pecamos. Mas, quando o fazemos é nossa alma ou nosso corpo que pecam; jamais, nosso espírito regenerado. Por isso o ensino: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;13 e 14

Essa balela vulgar, tipo: “Também sou filho de Deus; Ele É Pai e não, padrasto;” não passa de um jogo de palavras inconsequente; quem ousa pertencer a Cristo, tem noção do que isso significa: “Aquele que diz que está Nele, também deve andar como Ele Andou.” I Jo 2;6 Ou, “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor Conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19 etc.

Corpo e espírito têm rumos certos; à alma, apela certo convite: “Vinde a Mim, todos que estais cansados e oprimidos; Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou Manso e Humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo é leve.” Mat 11;28 a 30

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Atores mortos


“... eis que brotavam do mesmo pé sete espigas cheias e boas. E sete espigas miúdas, queimadas do vento oriental, brotavam após elas.” Gn 41;5 e 6

Parte do sonho de Faraó.

De um mesmo pé brotavam sete espigas boas, cheias; após, outras sete, falhadas. O “pé” de onde brotavam aquelas coisas antagônicas eram os fenômenos climáticos e sua incidência sobre a natureza; mas, deixemos isso e passemos a considerar as contradições no âmbito do comportamento humano.

Tiago desaconselhou que erremos nelas; “... nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e amaldiçoamos aos homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e amargosa? Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Tampouco, pode uma fonte dar água salgada e doce.” Tg 3;8 a 12

No tocante à fidelidade ao Senhor, em muitos casos, os lábios eram céleres, enquanto, o procedimento era moroso, quando não, inexistente. Essa brevidade de disposição foi denunciada de modo poético; “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como orvalho da madrugada que cedo passa.” Os 6;4

Noutra parte, O Eterno asseverou que nem isso; nem uma breve disposição havia para a correspondência ao Seu Amor; apenas, uma máscara hipócrita. “... Pois que este povo se aproxima de Mim, e com a sua boca, com os seus lábios Me honra, mas seu coração se afasta para longe de Mim; seu temor para Comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” Is 29;13

Se, como Ensinou O Salvador, pelos frutos se conhece a árvore, qual o ser das que, ora dão espigas boas, ora, falhadas; ou, das fontes que vertem água doce e salgada, em momentos distintos?

Salva uma raríssima ocasião, por questão de uma investigação criminal, por exemplo, por uma brincadeira, um teste, alguém fingiria ser mau, não sendo. A maldade traz um efeito colateral de aversão, afastamento; mesmo os maus, se puderem posarão de bons, para fruir a reputação que a bondade traz.

Então, quando uma pessoa exibe em seu comportamento duas facetas antagônicas, uma assemelhada à virtude, outra, ao vício, em 99% dos casos a bondade é a falsa, a estranha no ninho.

É uma anomalia impensável um hipócrita do avesso; digo, alguém que, sendo virtuoso, pretenda aparentar o contrário. Salvo, em situações pontuais, reitero.

O reino das aparências é enganoso. Normalmente parecem mais maus os bons, do que os maus. Porque esses não vivem no teatro; aprenderam que ser é mais importante que parecer; então, eventualmente assumem lapsos, falhas, contra as quais lutam na busca por aperfeiçoamento.

Enquanto os hipócritas, esses atores, full time, sempre parecem envernizados, com as palavras certas, a postura correta, o discurso agradável.

Entretanto, quando as cortinas das relações interpessoais se fecham, a bruxa “má” da realidade os beija e os príncipes viram sapos, nessa fábula reversa.

Uma coisa que pareceu óbvia mesmo a homens incultos, em idos dias, ainda é ignorada por gente letrada; “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós, do que a Deus;” Atos 4;19

Ouvir a Deus requer de nós, honestidade de consciência, uma postura que se preocupa mais com essa voz interior, do que, com o aplauso humano.

O teatro aplaude aos mortos, a consciência desafia a um retorno pra vida. Mesmo os que creram, se, descuidados forem ignorando a Voz do Espírito que os adverte dos descaminhos, se perdem também. “Conservando a fé e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Vivemos na geração vídeo, onde tudo parece ser para consumo dos olhos. A fé se atreve a chamar seus filhos para uma arena diferente. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

A criação grita aos olhos sobre os Atributos do Criador; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende e claramente se vê pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Sua Palavra completa a revelação chamando à cena ouvidos e coração. Quem a recebe e se deixa moldar, é paciente de uma transformação que salta aos olhos, sem palavras. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

sábado, 11 de fevereiro de 2023

A Árvore perdida


“... sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;5

“Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;7 e 8

A fala procedente do inimigo, tentando seduzir à mulher para pecar.

Depois, o conselho do sábio, Salomão. Fácil a conclusão de que a sabedoria se opõe a Satanás.

O traidor imputou mentira ao Criador; “certamente não morrereis” disse.

A decisão baseada na percepção dos olhos é doentia, temerária; Salomão sentenciou: “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12 Isaías acrescentou: “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;21

Invés de “ser como Deus”, a desobediência fez o homem escolher o mal. “Aparta-te do mal...” Aliás, esse foi o único “ganho” com a pretensa autonomia. O Supremo Bem o homem já conhecia, comunhão com O Criador. O acréscimo foi o conhecimento do mal; escravidão a ele.

A “independência” traz consigo esse peso; submeter quem a segue, a quem está obedecendo. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis... ?” Rom 6;16

Como o inimigo não é onipresente, tampouco, tem consigo bens como, caridade, amor, misericórdia, cuidado, deixou o homem à deriva; entregue a si mesmo, sem acesso ao Criador. Amputou os braços humanos e desafiou a nadar. O máximo que logramos é flutuar de costas; de costas para Deus.

Tal ruptura, invés de um upgrade de conhecimento, não obstante, o que o inimigo tenha dito, continua matando; “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

O temor a Deus que me faria evitar as coisas como se apresentam aos meus olhos, traz consigo um antídoto, ao mal que se instalou na minha natureza caída; a enfermidade. “Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.”

Além da morte, a linha de chegada para quem corre na maratona do pecado, o percurso traz também doenças; sobretudo, as que vulneram à consciência pela certeza de estarmos em inimizade com Deus.

Por isso a promessa: “... o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, pelas Suas pisaduras fomos sarados.” Is 53;5 e a promessa Dele: “Tomai sobre vós o Meu jugo; aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11;29

O cansaço por estar sempre tentando silenciar a voz interior que acusa nossos descaminhos e as dolorosas consequências desses.

Alguns "supercrentes”, por uma interpretação rasa da passagem de Isaías, concluem que os servos de Deus não podem sofrer enfermidades. Afinal, Cristo levou sobre Si nossas enfermidades. Afirmam. Toda doença é do maligno; assim, em sua pretensa autoridade “exorcizam” a todos os males. Se esses obedecessem poderíamos fechar os hospitais.

O texto trata das enfermidades da alma, pois, a consequência da cura, invés de facultar saúde ao corpo, diz: “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele...” Paulo explica: “Isto é, Deus Estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19 É possível alguém estar enfermo no corpo e em paz com Deus, são coisas diferentes.

O Evangelho não é hospital, embora, a Graça Divina sempre esteja disposta a curar, quando oportuno, aos que nela confiam. Evangelho é resgate através de alto preço, para reconciliação mediante arrependimento, e regeneração via novo nascimento, em Cristo Jesus.

Ministros do Evangelho não são curandeiros, são serviçais do Mediador; “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cr 5;20 Os sinais que seguem são favores extras, segundo a Operação Graciosa do Espírito Santo. Uma ditosa possibilidade, não, uma necessidade.

Desgraçadamente derivamos num mar de religiosidade oca, na verdade, uma miragem, efeito do duro deserto de conhecimento bíblico e compromisso com O Santo. Um oásis aqui, outro acolá; mas a média é deplorável.

Foram os olhos que ajudaram seduzir ao erro; “Viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos...”

Os “videntes” erram de costas para a “porta” pela a qual a Luz costuma entrar, os ouvidos. Pelo bom uso deles, a Árvore perdida inda nos é dada.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, Dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, que está no meio do paraíso de Deus.” Apoc 2;7

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Jovens e velhos


“Da idade de oitenta anos sou; poderia eu discernir entre o bom e o mau? Poderia ter gosto no que comer e beber? Ouvir a voz dos cantores e cantoras? Por que será, teu servo, ainda pesado ao rei meu senhor?” II Sam 19;35

Barzilai declinando do convite de Davi, que o queria levar consigo para a corte. Os prazeres que a vida por lá teria não tinham apelo, a um homem com oito décadas de vida. Considerou que ele seria um peso desnecessário.

Quer dizer que, os que no auge do seu vigor se esforçam para “curtir a vida”, acertam? Aqueles que são propensos a isso, certamente argumentarão assim.

Entretanto, A Palavra de Deus propõe uma solução diferente. “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias; cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; antes que se escureçam o sol, e a luz; a lua, as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, se encurvarem os homens fortes, cessarem os moedores, por já serem poucos e escurecerem os que olham pelas janelas;” Ecl 12;1 a 3

Figuram várias mostrando o enfraquecimento do corpo, perda dos dentes, da visão... em suma: sinais da velhice. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venha a velhice.

Mas, se os prazeres, em busca dos quais, o homem costuma pecar, não têm mais seu forte apelo nos dias de senilidade, não seria mais fácil renunciá-los e se entregar ao Senhor, então? À uma lógica periférica, que considera as coisas do prisma matemático, sem atentar à complexidade do ser humano, pode parecer que sim.

Ninguém pode abrir mão do que não possui; tal “entrega” de um que desejasse “corresponder” ao Amor de Cristo manifesto na cruz, seria um erro que Davi recusou a cometer, em seus dias; “... pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo.” I Crôn 21;24

Que mérito teria alguém em “abdicar” da promiscuidade, quando a vigor do corpo já o fez? Outrem, renunciar à avareza e seus derivados, quando as posses materiais, às portas da morte mostram sua impotência? Que valor a “consagração” de um que, invés de poder adorar ao Senhor na congregação, apenas pode fazer reles súplicas em um leito onde carece de cuidados, mais do que outra coisa?

Não que O Amor Divino seja mercantil, baseado numa troca; Deus salva tantos quanto Pode, inda no Leito de morte; felizes o que se arrependem durante a última hora; mas, isso é raro.

Pois, a alma é “educada” pelo modo de vida que levamos; a resiliência no erro tende a fazer inda mais estreita à Porta Estreita, para aqueles que recusaram passar por ela em tempo oportuno.

“Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram quando podiam.” Rabelais.

Spurgeon conta que, certa vez viu na casa de alguém maçãs inteiras, dentro de garrafas. Intrigado pensou em como elas poderiam ter entrado, se, o gargalo era dez vezes menor? Seu senso lógico presto imaginou que as garrafas não eram como pareciam; deveriam ter um fundo falso rosqueado como parafusos. Tomou uma, olhou, em busca de uma fenda que provasse sua teoria, e nada. Sua inquietação aumentou.

Porém, num momento futuro, andando pelo pomar disse que viu diversas garrafas amarradas numa macieira. As mação eram introduzidas pelo gargalo quando pequenas e cresciam dentro das garrafas, que eram penduradas nos galhos; era isso que causava a espantosa “impossibilidade lógica", que o intrigara.

Pois, nossas almas, de certa forma carecem do mesmo processo; ser introduzidas no Corpo de Cristo, quando pequenas, moldáveis; “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Quando nosso prazer nas coisas do Senhor se revela mais forte que os apelos do mundo, nem a morte nos separa de Cristo, como tantos mártires já demonstraram.

Os que envelhecem sem Cristo inda poderão ser salvos, graças ao Divino amor; os que o fazem servindo-o, nem ligam para idade. “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que O Senhor é reto. Ele É minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;13 a 15

Se os jovens querem carta branca para os prazeres, têm; junto com outra, cinza, que atina às consequências; “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

sábado, 4 de fevereiro de 2023

A alegria


“... há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

Alegria é algo interior, cujo efeito se faz sentir até mesmo no prisma visível; “O coração alegre aformoseia o rosto...” Prov 15;13

Sendo um patrimônio íntimo, não deve ser confundida com o humor, que é periférico; pode ser desperto com meros chistes, situações engraçadas, mesmo estando o interior sangrando por uma ferida qualquer. Os lábios se abrem em sorrisos, enquanto, uma nuvem insiste em marcar as retinas.

O mais sábio dos homens, Salomão, não tinha essa “alegria” em muita estima; “Ao riso disse: Está doido; à alegria: De que serve esta?” Ec 2;2

A limitação da percepção aos fenômenos poderá nos fazer rir, sem nenhum motivo veraz; nossa ignorância acerca do que ocorre distante dos olhos, nos “protege” de dores que, a um escopo mais amplo assolariam; o clássico, “O que os olhos não veem, o coração não sente.”

Por essas coisas, pois, a alegria nos domínios humanos costuma ser fugaz, e, eventualmente ceder assento à oposição. “Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza.” Prov 14;13

Entretanto, falando das coisas celestes, os de lá, não padecem das enfermidades terrenas; sua compreensão não é limitada como a nossa.

Quando os Céus se alegram têm motivos verdadeiros, pois, conhecem a essência das coisas. O discernimento espiritual, esse sintoma de maturidade que coroa aos mais maduros dos servos de Deus, é o lugar comum por lá. O menor dentre os anjos pode ver as coisas além das aparências. Quando um desses, ou muitos, se alegrarem, certamente, os motivos são sólidos.

Em nossa limitação sensorial bem podemos nos alegrar vendo joio disfarçado de trigo; eles não. Notemos que o texto em apreço não alude a decisões que podem ser teatrais, externas; fala de arrependimento, mudança de mentes e atitudes, daqueles que, ouvindo à Palavra de Deus, se deixam moldar.

Mutas vezes, em ambientes alegres, algo dentro de nós impede que formemos coro com os demais; por quê? Porque nosso espírito que vê além das retinas, testifica que as coisas não são como parecem.

Por outro lado, o contrário também se verifica; quando se insinuam motivos sobejos para tristezas, lamentos, podemos fruir um gozo interior, que soaria a maluquice, para os “normais” à nossa volta.

“... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu, não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas, Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão O Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I Cor 2;9 a 12

Nada contra o bom humor, ambientes leves; entretanto, a alegria verdadeira é peixe de águas profundas. “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida; mas justiça, paz e alegria, no Espírito Santo.” Rom 14;17

Tendo em vista a superficialidade das aparências, das alegrias fugazes nos banquetes e similares, que o sábio avaliou como mais proveitosos os ambientes tristes, olhando para o fim que produzem. “Melhor é ir à casa onde há luto que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração... O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio, que ouvir, alguém, a canção do tolo.” Ecl 7;2,4 e 5

Que ambiente seria mais consternador, triste, que um velório? Pois, sendo um salvo que partiu, é uma vitória aos olhos dos Céus; a certeza que essa ovelha de Cristo não mais se perderá; daí, “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Quando O Eterno Permite que soframos partilhando ambientes dolorosos, o Faz por conhecer o fim a que essas coisas conduzem, aos que confiam Nele; “Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3;33

Enfim, se nosso momento é triste, por eventos contrários aos nossos anseios, que seja. Não esboçaremos um “riso” como o das hienas.

Porém, tenhamos os olhos no Senhor, que no Seu tempo Mudará o que Ele Sabe que deve ser mudado. “Porque Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Os memoriais


“Tomando o pão, havendo dado graças, partiu-o e deu-lhes, dizendo: Isto é Meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de Mim.” Luc 22;19

A última páscoa aconteceu com O Cordeiro de Deus presente; embora seus componentes básicos estivessem todos, não foram mencionados; antes, o pão e o vinho, elementos relativos ao novo mandado, a Santa Ceia.

Era o cumprimento do primeiro memorial, à libertação do jugo de Faraó, a Páscoa, que, fora dado como um tipo profético da libertação do jugo do pecado, pelo Sangue de Cristo, na iminência de acontecer.

A Páscoa, respeitara ao povo hebreu apenas, que fora cativo no Egito; não é assunto de gentios. A Ceia, atinge todos os povos, como prometido a Abraão; “Abençoarei os que te abençoarem, e Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3

Em Cristo, independe a origem; recebendo ao Salvador e Nele crendo, qualquer um “nasce de novo” e recebe adoção na “descendência de Abraão”, como ensinou Paulo: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: À tua descendência, que é Cristo.” Gál 3;16
Nele todos são chamados à cidadania celeste; “A todos quantos O receberam, Deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

A história de que, os elementos se transubstanciam, como ensina o catolicismo é balela. Apenas um dogma clerical, órfão de filiação bíblica.

Se, o Pão torna-se o Corpo, e o vinho o Sangue, na celebração, e, na primeira O Senhor estava presente, presidindo-a, onde estavam Seu Corpo e Sangue, quando Ele distribuía os elementos?

Ele mesmo ensinou que aquilo seria um memorial de Seu Feito, a ser preservado até Sua Vinda. “Tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é Meu Corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente também, depois de cear, Tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no Meu Sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de Mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que Venha.” I Cor 11;24 a 26

Quando celebramos conforme ordenado, anunciamos a Morte do Senhor, até Seu retorno. Anunciar é reavivar a memória, no tocante ao que aconteceu, não, renovar o sacrifício, como pretendem os errados de espírito.

Pois, renovar a Morte de Cristo uma vez só, depois de ter sido abençoado pelos Méritos Redentores Dela, desprezando-a, basta para alguém se indispor contra O Espírito Santo, O Agente da Salvação, que Persuade os corações a se renderem ao Salvador.

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, quanto a eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;4 a 8

A dificuldade de muitos no que tange à perseverança é o desejo de serem especiais, de terem uma “visão superior”, ostentarem saber algo diferente, quando, a receita é ficar no que foi aprendido. Desde dias antigos o conselho era à manutenção, não às inovações; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Essa doença já verificada nos atenienses dos dias de Paulo, “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17;21 Ainda campeia em nosso tempo, de modo que, em nome do “novo” atrai muitos à velharia verificada desde o Éden, a mentira. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

A Salvação não desfila em busca de sedentos por novidades; antes, se apresenta solícita aos portadores de bons ouvidos. “O que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A vara da insensatez

 

“Então Moisés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; eles viram, e tomaram cada um, sua vara.” Nm 17;9


A vara de Arão que, mesmo morta, numa noite, florescera e frutificara por milagre Divino, depois de uma fervorosa disputa pelo seu lugar; confirmando que, sua escolha para o ministério sacerdotal vinha do Alto.

O que me espanta não é que meia dúzia de sediciosos sem noção duvidassem. Isso sempre acontece, infelizmente. Como todos decidiram participar daquilo, toda tribo de Israel tinha sua vara concorrendo no “sorteio”, isso deixa ver que, apesar dos milagres extraordinários feitos mediante Moisés e Arão, tanto na libertação do jugo de Faraó, quanto, na travessia pelo deserto, ainda pairavam dúvidas entre todos, sobre, se a ascensão dos dois fora por Divina escolha, ou, esperteza.
O lapso foi de um ancião sensato e equilibrado que dissesse essas coisas, que o pleito era insano e temerário; que ele e sua tribo estavam contentes com a Atuação Divina mediante Seus servos, confiantes no que fora prometido e se recusariam a participar daquilo. Não apareceu ninguém com lucidez e honestidade assim. Todos colocaram seus cajados na Tenda da Congregação, alimentando, no fundo, a esperança de ser o que não eram.
“Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.” Heb 5;4
Às vezes penso que a “dúvida” é um nicho conveniente ao homem mau, onde presto se aninha, sempre que, o mérito toma a direção de outro, ou a culpa, a sua. O homem caído da Graça Divina tornou-se um mascarado capaz de trair a si mesmo jurando inocência, por debaixo da desonestidade intelectual que o prende. Por isso a sentença: “... se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32
Desde pequenos somos advertidos a evitar as más companhias; entretanto, nem todos são ensinados a discernir entre o bem e o mal com olhar apurado. Na verdade, por soltos entre os insanos pastos desse mundo, a maioria corre risco de ter seu olhar enviesado, incapaz para a essência das coisas. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21
A Vontade Divina requer um câmbio no modo de pensar; “Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Abdicados nossos pensares malsãos, necessariamente há de mudar nosso agir; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Paulo chamou a esse “sacrifício vivo” de exercício em piedade; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A epístola aos Hebreus apresenta os amadurecidos nesse exercício como homens “perfeitos”; aperfeiçoados no conhecimento e prática espirituais, o que traz como efeito colateral o discernimento das coisas como são. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto o mal.” Heb 5;14
Infelizmente, a imensa maioria, invés de esperar pela honra do Divino chamado, ou, seguir fiel e prudente, se esse não vier, se joga a fazer o que não foi ordenado, abrindo portas que o Céu não desejou.
O problema desses “ministérios” de 1,99 é que nascem sem Deus, como disse Roboão; “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

Invés de disputas por lugares altos, ao homem espiritual interessa evitar a exaltação falsa, que eleva na Terra e desqualifica ante os Céus; “... Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Desejar o ministério é uma coisa boa, segundo A Palavra; (I Tim 3;1) quem o fizer deve esforçar-se para preencher os requisitos, não, arrombar portas; afinal como dizia Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”