quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O menino e o velho


“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se a criança sábia está em oposição ao rei que não aceita correção, admoestação, necessária a conclusão que, a sabedoria da criança em questão, não é um conteúdo luminoso, apto a esclarecer as coisas para outros; antes, uma disposição moldável, de quem aceita a instrução; sua sabedoria é um princípio, não, um contingente.

“Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

Ao pensarmos num rei assim, uma das primeiras figuras que ocorre é a de Acabe. Quando o profeta do Senhor, Micaías, advertiu que ele morreria na batalha que pretendia travar em Ramote Gileade, invés de se dar por avisado e evitar o risco, mandou prender o profeta; disfarçou-se de soldado, abdicando das vestes reais, como se, pudesse malograr ao Divino aviso mediante esperteza; mesmo assim, foi morto.

Certamente, uma criança avisada do perigo o teria evitado. 

Ainda concorrem exemplos e Saul, Jeroboão, e outros tantos, como monarcas insensatos; mesmo os bons reis, Uzias e Josias cometeram insensatez, em momentos decisivos.

Figuradamente, todos os convertidos têm dentro de si, essas duas pessoas. O rei velho que se sente dono do pedaço e quer as coisas à sua maneira, o ego; e a criança regenerada, mediante o novo nascimento em Cristo.

Paulo menciona o velho como descartável; “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;” Ef 4;22 “Não mintais uns aos outros, pois, já vos despistes do velho homem com seus feitos. “ Col 3;9

Pedro encoraja aos novos convertidos a tratarem bem do novo homem; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

O velho homem, também conhecido por homem natural, ou carne, gostou muito da autonomia proposta pela oposição; sua pose enrijecida e insensata leva-o a se opor contra quem não pode vencer. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Se, melhor é o infante que o sênior insensato, natural que, A Palavra da Vida, além de depreciar a um, aprove ao outro. “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no Reino dos Céus.” Mat 18;4

Agora a figura da criança recebe nuances de interpretação, realçando que a qualidade apreciada é sua humildade.

Não significa que os cristãos devam permanecer infantis ao decurso do tempo, antes, devem crescer; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que me tornei homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

A meninice espiritual tem seu lado negativo associado à recusa em crescer, pela negligência em receber à Palavra; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13


O mesmo Paulo explica ambas as “idades” que convém que tenhamos: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Na verdade, quando nos recusamos a crescer, é já nosso “rei velho” que ainda induz ao menino, impondo suas predileções doentias, onde deveria arbitrar apenas A Palavra de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele...” Is 55;7

Quando a Palavra amaldiçoa a quem confia no homem, muitos pensam ser porque as pessoas de suas relações não são confiáveis. Na verdade, o veto refere-se a confiar em si mesmo, invés de o fazer, no Senhor; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 1;5

Não importa nossa idade nem o tempo de conversão. Sempre que seguimos às inclinações da carne, seguimos ao velho insensato. E quando ouvimos a Espírito, andamos segundo “a criança sábia”.

Daí, a sentença. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;12 a 14

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