sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O peso de falar


“Jó falou sem conhecimento; às suas palavras falta prudência.” Jó 34;35

As falas de Jó sofreram avaliações distintas. No aspecto vertical, O Próprio Senhor denunciou sua ignorância: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Porém, perante os amigos dele, suas palavras foram tidas por retas, ante tantas tolices faladas por aqueles; “... O Senhor disse a Elifaz: A Minha Ira se acendeu contra ti e teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Cap 42;7

Perante O Santo nossas “razões” viram pó; nas relações interpessoais, Ele Vê onde reside a justiça.

Respondendo aos amigos, Jó mesmo os chamou de médico inúteis; aquilatou suas falas como insossas; como clara de ovo sem sal. Mas, perante O Eterno, ele admitiu sua insipiência; “... Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e eu não entendia.” Cap 42;3

Assim, vemos a importância do contexto nas nossas incursões hermenêuticas; pois, como disse Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Dada a solene necessidade de temor, quando estamos em “terra santa”, em lugares consagrados ao Senhor, os homens prudentes têm mais ouvidos que bocas.

“Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Ele Está nos Céus, e tu sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos e a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;1 a 3

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Nesses tempos sombrios, onde o homem domina os meios alienado dos fins, basta “dar um Google” e todos “sabem” tudo, a respeito de tudo, as bocarras sem cérebros abocanham aos próprios ouvidos. Os tolos abdicam do privilégio de ouvir e aprender, pela presunção de “ensinar” o que ignoram.

Se soubessem a seriedade disso, muitos “profetas” e “mestres” se recolheriam para escutar o eloquente discurso do silêncio. Uma pitada de exercício nele, e pouco a pouco descobririam a Voz do Espírito Santo corrigindo seus rumos.

Dos falsos profetas O Eterno Diz: “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, porém, profetizaram. Mas, se estivessem no Meu Conselho, teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Soa tão mais simpático mandar em frente, que chamar de volta. Esses “profetas” optam pela bajulação, invés da salutar e necessária correção. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Cheias estão as igrejas de gente inepta para expor À Palavra do Senhor, por preguiça estudar e aversão a cumprir, que se mete a seduzir incautos com as coisas que “O Senhor lhes mostra”. Não existem Promessas de Deus para quem se recusa a estar em paz com Ele; a não ser, promessas de juízo.

As pessoas preferem essas mentiras particulares aos conselhos gerais e verdadeiros, da Palavra escrita. “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e Meu povo assim o deseja; mas, que fareis ao fim disto?” Jr 5;30 e 31

Quanto aos ensinadores também encontramos sérias advertências: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3;1 e 2

Por fim, a todos os homens O Senhor advertiu, sobre a seriedade que eles devem ter ao falar; “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;36 e 37

No juízo seguidamente fala-se em “abertura de livros”; quais? Certamente, um deles traz o registro das nossas falas, como testemunhas em nosso julgamento.

Nosso conhecimento de Deus não brota ao se “dar um Google”; antes, demanda relacionamento; o que outros dizem, escrevem é deles; o que conta é o nosso; “... Tende sal em vós mesmos...” Mc 9;50

Oremos como Jó: “... eu te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino, me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;4 a 6

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