sábado, 4 de fevereiro de 2023

A alegria


“... há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

Alegria é algo interior, cujo efeito se faz sentir até mesmo no prisma visível; “O coração alegre aformoseia o rosto...” Prov 15;13

Sendo um patrimônio íntimo, não deve ser confundida com o humor, que é periférico; pode ser desperto com meros chistes, situações engraçadas, mesmo estando o interior sangrando por uma ferida qualquer. Os lábios se abrem em sorrisos, enquanto, uma nuvem insiste em marcar as retinas.

O mais sábio dos homens, Salomão, não tinha essa “alegria” em muita estima; “Ao riso disse: Está doido; à alegria: De que serve esta?” Ec 2;2

A limitação da percepção aos fenômenos poderá nos fazer rir, sem nenhum motivo veraz; nossa ignorância acerca do que ocorre distante dos olhos, nos “protege” de dores que, a um escopo mais amplo assolariam; o clássico, “O que os olhos não veem, o coração não sente.”

Por essas coisas, pois, a alegria nos domínios humanos costuma ser fugaz, e, eventualmente ceder assento à oposição. “Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza.” Prov 14;13

Entretanto, falando das coisas celestes, os de lá, não padecem das enfermidades terrenas; sua compreensão não é limitada como a nossa.

Quando os Céus se alegram têm motivos verdadeiros, pois, conhecem a essência das coisas. O discernimento espiritual, esse sintoma de maturidade que coroa aos mais maduros dos servos de Deus, é o lugar comum por lá. O menor dentre os anjos pode ver as coisas além das aparências. Quando um desses, ou muitos, se alegrarem, certamente, os motivos são sólidos.

Em nossa limitação sensorial bem podemos nos alegrar vendo joio disfarçado de trigo; eles não. Notemos que o texto em apreço não alude a decisões que podem ser teatrais, externas; fala de arrependimento, mudança de mentes e atitudes, daqueles que, ouvindo à Palavra de Deus, se deixam moldar.

Mutas vezes, em ambientes alegres, algo dentro de nós impede que formemos coro com os demais; por quê? Porque nosso espírito que vê além das retinas, testifica que as coisas não são como parecem.

Por outro lado, o contrário também se verifica; quando se insinuam motivos sobejos para tristezas, lamentos, podemos fruir um gozo interior, que soaria a maluquice, para os “normais” à nossa volta.

“... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu, não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas, Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão O Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I Cor 2;9 a 12

Nada contra o bom humor, ambientes leves; entretanto, a alegria verdadeira é peixe de águas profundas. “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida; mas justiça, paz e alegria, no Espírito Santo.” Rom 14;17

Tendo em vista a superficialidade das aparências, das alegrias fugazes nos banquetes e similares, que o sábio avaliou como mais proveitosos os ambientes tristes, olhando para o fim que produzem. “Melhor é ir à casa onde há luto que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração... O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio, que ouvir, alguém, a canção do tolo.” Ecl 7;2,4 e 5

Que ambiente seria mais consternador, triste, que um velório? Pois, sendo um salvo que partiu, é uma vitória aos olhos dos Céus; a certeza que essa ovelha de Cristo não mais se perderá; daí, “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Quando O Eterno Permite que soframos partilhando ambientes dolorosos, o Faz por conhecer o fim a que essas coisas conduzem, aos que confiam Nele; “Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3;33

Enfim, se nosso momento é triste, por eventos contrários aos nossos anseios, que seja. Não esboçaremos um “riso” como o das hienas.

Porém, tenhamos os olhos no Senhor, que no Seu tempo Mudará o que Ele Sabe que deve ser mudado. “Porque Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

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