quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A vara da insensatez

 

“Então Moisés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; eles viram, e tomaram cada um, sua vara.” Nm 17;9


A vara de Arão que, mesmo morta, numa noite, florescera e frutificara por milagre Divino, depois de uma fervorosa disputa pelo seu lugar; confirmando que, sua escolha para o ministério sacerdotal vinha do Alto.

O que me espanta não é que meia dúzia de sediciosos sem noção duvidassem. Isso sempre acontece, infelizmente. Como todos decidiram participar daquilo, toda tribo de Israel tinha sua vara concorrendo no “sorteio”, isso deixa ver que, apesar dos milagres extraordinários feitos mediante Moisés e Arão, tanto na libertação do jugo de Faraó, quanto, na travessia pelo deserto, ainda pairavam dúvidas entre todos, sobre, se a ascensão dos dois fora por Divina escolha, ou, esperteza.
O lapso foi de um ancião sensato e equilibrado que dissesse essas coisas, que o pleito era insano e temerário; que ele e sua tribo estavam contentes com a Atuação Divina mediante Seus servos, confiantes no que fora prometido e se recusariam a participar daquilo. Não apareceu ninguém com lucidez e honestidade assim. Todos colocaram seus cajados na Tenda da Congregação, alimentando, no fundo, a esperança de ser o que não eram.
“Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.” Heb 5;4
Às vezes penso que a “dúvida” é um nicho conveniente ao homem mau, onde presto se aninha, sempre que, o mérito toma a direção de outro, ou a culpa, a sua. O homem caído da Graça Divina tornou-se um mascarado capaz de trair a si mesmo jurando inocência, por debaixo da desonestidade intelectual que o prende. Por isso a sentença: “... se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32
Desde pequenos somos advertidos a evitar as más companhias; entretanto, nem todos são ensinados a discernir entre o bem e o mal com olhar apurado. Na verdade, por soltos entre os insanos pastos desse mundo, a maioria corre risco de ter seu olhar enviesado, incapaz para a essência das coisas. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21
A Vontade Divina requer um câmbio no modo de pensar; “Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Abdicados nossos pensares malsãos, necessariamente há de mudar nosso agir; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Paulo chamou a esse “sacrifício vivo” de exercício em piedade; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A epístola aos Hebreus apresenta os amadurecidos nesse exercício como homens “perfeitos”; aperfeiçoados no conhecimento e prática espirituais, o que traz como efeito colateral o discernimento das coisas como são. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto o mal.” Heb 5;14
Infelizmente, a imensa maioria, invés de esperar pela honra do Divino chamado, ou, seguir fiel e prudente, se esse não vier, se joga a fazer o que não foi ordenado, abrindo portas que o Céu não desejou.
O problema desses “ministérios” de 1,99 é que nascem sem Deus, como disse Roboão; “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

Invés de disputas por lugares altos, ao homem espiritual interessa evitar a exaltação falsa, que eleva na Terra e desqualifica ante os Céus; “... Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Desejar o ministério é uma coisa boa, segundo A Palavra; (I Tim 3;1) quem o fizer deve esforçar-se para preencher os requisitos, não, arrombar portas; afinal como dizia Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

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