sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

As necessidades


“... vosso Pai Celestial bem Sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Certa vez li algo, onde o autor defendia que as necessidades determinam os valores.

Usou como exemplo um explorador numa aldeia primitiva, possuidora de certa quantia em ouro; se oferecesse em troca do metal, alguns milhares de dólares, a oferta seria recusada.

Porém, se ofertasse armas, cobertores, espelhos e afins, obteria êxito.
Os nativos não necessitavam dólares, sequer os conheciam; mas essas coisas sim. 

Num primeiro momento esse raciocínio me soou lógico, convincente. Mas, como diz no Eclesiastes, “não é dos ligeiros a corrida.”

Pensando melhor, novo aspecto apareceu. Muitas vezes, nossa mais urgente necessidade nos passa despercebida. No caso dos nossos nativos, a carência era de conhecimento e entendimento. Se soubessem o valor do que lhes fora oferecido, teriam aceito; invés de optarem por coisas que, com os bens da primeira oferta, poderiam adquirir cinquenta vezes mais.

As privações relativas à luz é que nos fazem usar “diamantes em fundas”.

Preferindo o comodismo na morte, ao confronto que ilumina, o homem, traidor de si mesmo, se volta contra quem o tenta ajudar, na inglória sina de animal noturno. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Alguns estudiosos categorizam às necessidades como primárias; as que dizem respeito ao físico; alimento, água, procriação; secundárias; que atinam aos anseios da alma; afeto, relacionamento, aceitação, reconhecimento, estima... as coisas do Espírito, intuição, comunhão e consciência, a maioria dos filósofos e psicólogos, pouco menciona.

Embora muitos pretendam harmonizar a psicologia com O Evangelho, eventualmente, tais se mostram antagônicos. Para Abraham Maslow, psicólogo humanista, a autorrealização, estaria no ápice da pirâmide onde valorou as necessidades humanas.

O Evangelho de Cristo, invés de colocar o “auto” no alto, relega-o ao baixo: “Negue a si mesmo”. Invés de nossos mais caros anseios, a vida como Deus deseja; “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo Foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Para Deus, nossas necessidades “primárias” são espirituais. “Primeiro, o Reino de Deus e Sua Justiça...”

Se fôssemos moldáveis pelas adjacências, como disse Ortega Y Gasset, “O homem, é o homem e suas circunstâncias”, em quê superaríamos aos animais?

Não restou grande coisa em nós, após a queda, por causa do pecado; mas, O Criador nos preparou com condições bem mais ricas que os animais; “Pouco menor o fizeste do que os anjos, de glória e honra o coroaste.” Sal 8;5

Não, meros instintos, antes, o entendimento, o exercício da razão no Espírito, deve patrocinar nosso serviço ao Eterno; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

A oposição acoroçoa instintos, enquanto, tenta embaçar entendimentos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho...” II Cor 4;4

A fé que agrada a Deus, desafia-nos à firmeza baseada na Integridade Divina, não no que vemos. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A inversão de valores que grassa, onde autoritários são tidos por democratas, devassos, por expoentes culturais e corruptos, por benfeitores, não é reflexo de uma necessidade; antes, de uma inclinação global, do espírito do mundo, que usa rótulos de pretenso engajamento social unificado, para maquiar a ruptura contra O Ungido do Senhor, Jesus Cristo. “Os reis da terra se levantam os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Como nossos nativos ignorantes do exemplo inicial, outra vez estão os homens desprezando coisas valiosas em troca de quinquilharias pontuais, ordinárias.

Os mortos espirituais que precisam urgentemente de regeneração para a vida mediante reconciliação com O Criador, seguem em guerra contra Ele. Correm após prazeres e afirmação, de costas para o Príncipe da Paz. “Isto é: Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo; não lhes imputando Seus pecados; e Pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Essa geração Tik Tok, avessa à leitura, inepta para reflexão, não ousa além da superfície das coisas, como se as pérolas se extraíssem de cobras d’água.

A presunção pinta titãs onde vivem anões. Tais não necessitam dessas ninharias infantis, tipo, depender de Deus.

“As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.” Saint Exupérry

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