segunda-feira, 15 de março de 2021

O poder que não pode


“... De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: Não falas a mim? Não sabes que tenho poder para te crucificar e para te soltar?” Jo 19;9 e 10

Nem sempre devemos responder porque alguém nos perguntou. Às vezes o silêncio é a melhor resposta. Pilatos achara que seu poder como regente o fazia mui digno de atenção; tudo que desejasse se lhe deveria responder. Jesus silenciou.

Quanto ao poder que jactou-se de ter, o qual pensava derivar de César, O Salvador sabia que a origem era mais elevada. “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” V 11

Os postos altos na Terra são ocupados por permissão ou Vontade Divina. “Ele muda tempos e estações; remove reis e estabelece reis; Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

Embora o escopo humano atinasse a quem teria mais poder, o Salvador observava quem tinha maior culpa. “Quem me entregou a ti maior pecado tem.”

Duas nuances da natureza humana caída que sempre assomam nas vicissitudes da vida. Todo homem deseja ter poder, mesmo sendo indigno para o exercício; raramente assume ter culpa, mesmo o discurso dos fatos sendo tonitruante em demonstrar isso. Quem pensou no príncipe dos ladrões evocou um bom exemplo, pois.

O poder em mãos indignas geralmente acaba mal; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O “poder” eventual de Pilatos sobre Cristo não foi exercido para honra ou de alguma forma meritória. Como todo o político carreirista que atua mais para a torcida que, para valores da consciência; ele jactara-se de ter poder tanto para condenar, quanto para absolver; e invés de uma decisão cabal sobre isso se deixou levar “democraticamente” soltando um ladrão e entregando um inocente.

Depois lavou as mãos cinicamente, alegando inocência ante o crime em curso; sujou a alma tendo dito categoricamente que nada pesava contra o réu, permitiu que a vontade do sinédrio nos lábios dos seus fantoches prevalecesse.

Quem é investido de poder no âmbito humano deveria fazer outra leitura; uma vez que esse é delegado, no fundo é um dever de atuar de modo condigno com o anseio de quem delegou.

Por isso no Velho Testamento além dos Sacerdotes os reis deveriam ter um exemplar da Lei, para atuar conforme a Vontade do Reis dos Reis, que delegara o trono. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar teu caminho, e serás bem sucedido.” Js 1;8

Embora o vulgo veja nas Leis Divinas certa castração, restrição de “direitos”, o texto que prescreveu sua observância apontou como consequência, prosperar, ser bem sucedido.

Todavia, essa “Teologia da Prosperidade” que demanda obediência à Palavra, não é ensinada. Antes, outra que requer oferendas, votos, dinheiro; quando um homem fala a outro, pretextando fazê-lo em Nome de Deus, mesmo que o faça divorciado da Palavra Dele, se, lograr ser obedecido, não passa do exercício do poder de um homem sobre outro;

O Nome do Eterno é apenas blasfemado; não participa das coisas espúrias à Sua Vontade. “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram. Mas, se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras...” Jr 23;21 e 22

Ora, o poder que a Sabedoria Eterna nos tenciona dar visa capacitar-nos a um modo de vida que nos assemelhe ao Pai; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Pois, embora vulgarmente qualquer um diga: “Também sou filho de Deus; Deus é Pai e não padrasto.” Na verdade a coisa não é bem assim.

O homem natural não pode obedecer às coisas do Reino; sequer pode vê-las sem o nascimento espiritual; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Afinal, o nascimento carnal nos lança na esfera da desobediência “natural”, fazemos isso sem esforço nenhum; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e, nem pode ser.” Rom 8;7

Enfim, se o “poderoso” Pilatos se achou, tendo autoridade sobre Jesus, aos pequenos que tomam Seu Jugo e O Seguem, Jesus dá poder sobre a própria má inclinação, para invés de lavarem as mãos justificando-se, deixem que O Senhor Justiça Nossa lave às almas, regenerando-as.

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