sexta-feira, 14 de abril de 2023

De salvos e de loucos


“O longânime é grande em entendimento, mas o que é de espírito impaciente mostra sua loucura.” prov 14;29

O que é de ânimo equilibrado e possui a paz de espírito foi apreciado em oposição ao impaciente. Enquanto aquele galga degraus na escada do entendimento, esse perde-se nos descaminhos da insensatez.

A loucura, no sentido vulgar, é vista como um lapso que aliena da realidade, priva do senso, vulnera faculdades intelectivas. Quem “não diz coisa com coisa” é tido por louco.

Entretanto, na Bíblia, a loucura denunciada tem um componente moral, espiritual, onde a ignorância, ou o desprezo acerca da colheita adjetiva como insensatez, ao plantio. As consequências valoram as causas.

“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Sobre certo próspero material, alienado espiritual, foi sentenciado: “... Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20 Mesmo tendo usado esperteza, sabedoria, trabalho, para aquisição de bens, a ignorância acerca do propósito da vida o tornara louco.

Esses que priorizam as coisas efêmeras em detrimento das eternas já tinham sido apreciados: “Este caminho deles é sua loucura; contudo sua posteridade aprova suas palavras.” Sal 49;13

Então, temos duas loucuras possíveis; a vulgar dos lapsos psíquicos, sensoriais e intelectuais, e a espiritual, que se mantém distante de Deus e Seus Ensinos, não obstante, possuindo potencial intelectual. Óbvio que a dos insensatos denunciada é essa última. Falta-lhes o senso do propósito, do objetivo da vida.

Acontece que, a loucura do ponto-de-vista da lógica humana, não basta para tolher a alguém de acertar com a vereda da salvação: “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Paulo enfatizou que as coisas espirituais não podem ser entendidas pelos que se apoiam apenas na inteligência natural. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;23

Pois, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Sem vida espiritual, mesmo os “sábios” tateiam no escuro. “Falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I cor 2;7 Aos que creem Deus revela; aos demais, segue “oculta em mistério.”

Antes, expusera os motivos: “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Abstraída a ironia do texto de Paulo, a loucura é apenas um disfarce da sabedoria Divina. “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;25 Figura eloquente para retratar ao Amor Divino.

A precipitação, a impaciência é uma espécie de “luta contra o tempo”, desnecessária para quem aprendeu e crê, que em Cristo possui vida eterna. A redução das expectativas à vida terrena apenas, patrocina ao “curta a vida porque a vida é curta” e similares.

Essa “curtição" não passa de escravidão, fuga acoroçoada pelo temor da morte; Cristo veio para que, “Livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;15

Longanimidade é um “efeito colateral” da paz de espírito, de uma consciência sem acusações, alinhada com Deus; coisa impensável a quem vive na impiedade; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

A mulher adúltera também foi vista como uma refém da impaciência: “Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa seus pés. Foi para fora, depois pelas ruas, ia espreitando por todos os cantos;” Prov 7;11 e 12

Como vimos no princípio, o impaciente “mostra” sua loucura. A outra, a “loucura” que crê em Deus enseja paz, dá discernimento sem se deixar discernir; “O que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

Assim, na reta final da saga Divino/humana, a loucura que crê será atacada como nunca pela loucura que duvida. A força estará do lado dos ímpios, até certo ponto. Quem não ousou viver além da matéria, também não terá o que fazer no reino que lhe é estranho. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais o que fazer.” Luc 12;4

Nenhum comentário:

Postar um comentário