quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Deus na plateia


“Rejeitamos as coisas que por vergonha se oculta, não andando com astúcia nem falsificando a Palavra de Deus; assim, nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” II Cor 4:2

Pequena receita que deveria ser encontrável na vida de todos os cristãos.

“Rejeitando as coisas que por vergonha se oculta...” O simples precisar ocultar algo, é já um testemunho interior de que isso é mau; que não deve ser feito. Como disse alguém: “Quer saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Zeferino Rossa.

Se, o simples olhar humano, parcial, imperfeito já reprovaria eventuais obras, como eu as praticaria diante de Deus? “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13:12

Alguns dizem: “Nada tenho a esconder; minha vida é um livro aberto.” Na maioria dos casos, “transparências” assim são evocadas, após cobranças interiores, das próprias consciências, dos que, escondendo algo, são incomodados. Quem deveras é transparente não precisa de marketing; apenas, transparece.

“... não andando com astúcia...” um desdobramento daquele que esconde coisas réprobas. Precisa uma imagem idônea para figurar em determinados ambientes, não a tendo, forja mediante astúcia, uma “fachada” aceitável; encena abraçar à virtude diante das luzes, enquanto, por trás, vive de braços e abraços com o vício.

Perante os homens, um teatrinho assim pode ter lá sua eficácia; porém, ante Aquele que sonda os corações, a hipocrisia apenas acrescenta mais um pecado, aos outros que o cioso das aparências, relapso quanto à saúde da alma, visa esconder.

“... nem falsificando à Palavra de Deus...” Quando chega a esse nível, o hipócrita já foi descoberto; “ingressa no Supremo” para defender sua ímpia ação. Forja a “aprovação Divina” para coisas que O Eterno já deixou patente que desaprova; esse traidor de si mesmo, seletivo nas porções bíblicas que esposa, faz vistas grossas ou despreza outras tantas, que a sadia interpretação deveria considerar.

Pouco importa o que as Escrituras digam sobre seus pecados favoritos; esse pecador religioso, convicto, dará um jeito de fazer parecer que Deus está consigo, como se essa demonstração fosse fruto de um “achado” Bíblico, não de uma maneira de se portar: “... àquele que bem ordena seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.” Sal 50:23

A aprovação dos Céus tem a ver com um caminhar bem ordenado, não, com uma hábil manipulação da Palavra.

“... assim, nos recomendamos à consciência de todo homem...” para alguém ser recomendável à consciência, já não há espaço para encenações, aparências; virtudes abraçadas meramente em discursos. Aquele que evoca a própria consciência como tribunal de apelação para suas escolhas e atitudes, verdadeiramente pode, como Adão, “estar nu e não se envergonhar”. Ser visto exatamente como é, sem nenhuma atitude que precise ser oculta por ter ficado aquém do probo, digno, espiritualmente sadio.

Tendo Deus como o primeiro “Expectador” do seu desempenho no teatro da vida, certamente preferirá consertar seus erros mediante arrependimento, que maquiá-los via disfarces. Afinal, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

“... na presença de Deus...”
uma reiteração do já visto nos tópicos anteriores. Quem tem O Criador na “primeira fila” da plateia, se importará mais, com a aprovação Dele, que com a humana. Não obstante, a aversão dos maus, agir segundo Deus, não será uma coisa “fora da casinha” que escandalize aos homens; pois, as transformações que Ele opera em quem O Recebe, se fazem didáticas, visíveis, desejáveis, edificantes; “... muitos o verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40:3

Logo, embora sabedores que “atuamos” perante O Senhor, também o fazemos diante dos homens; “não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5:15 e 16

“... pela manifestação da verdade.”
Mais um reforço do que já foi dito. Só a mentira, a falsidade, precisam de esconderijos, subterfúgios, sofismas; a verdade por ser quem é, não carece se esconder. Certo que, num mundo onde a mentira grassa, como o atual, em geral a verdade se torna uma desmancha-prazeres. Ela não nasceu para dar prazer; antes, para dar nome as coisas e às ações.
Num sistema como o atual, que combate à virtude e acalenta o vício, quem abraça incondicionalmente a verdade, segundo Deus, necessariamente será perseguido. Entretanto, quem preza pelo “aplauso de Deus”, não dá a mínima para as vaias do mundo.

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