terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Luz no painel


“Ele é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

“... Sábio de coração...”
Coração não é o órgão, estritamente. Deus É Espírito; seria impensável que tivesse um coração, como nós. Mesmo se tratando de nós, “coração” é uma figura de linguagem, que abarca o centro de nossa personalidade; mente emoção e vontade, coisas que “patrocinam” nossas atitudes, como disse o sábio Salomão. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Nosso coração, pois, é um manancial de onde jorram as iniciativas do nosso viver.

Quando algo é feito superficialmente, sem compromisso com essas fontes, o que pensamos, sentimos e decidimos, se diz que foi da boca pra fora, sem coração. De muitos dos Seus dias, Cristo falou: “Este povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.”

Se, essas falsificações são possíveis ao pecador, no caso do Eterno, falar algo sem coração, prometer e não fazer, significaria a própria negação. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tm 2:13

Devemos negar a nós mesmos em submissão a Cristo, pelo estrago que a queda fez; “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos; segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Nele, por causa da Sua Integridade e Perfeição, a perenidade se faz necessária; “Toda boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1:17

“... Forte em poder...”
Quando pensamos em poder, presto assoma a ideia da capacidade para fazer grandes coisas, comandar, ordenar. São nuances de poder; entretanto, no mundo como está, sobretudo nos ambientes religiosos que tomam sobre si O Nome do Santo, é mais admirável O Poder Divino de suportar as ofensas sem puni-las imediatamente, que, poder para fazer algo.

A ira humana costuma eclodir num arroubo imediato. Dado o motivo, “chutamos o balde”, damos “nomes aos bois”, “colocamos fogo no circo”, etc. Não significa que estejamos certos. A Palavra ensina: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4:26 e 27 Não é mandamento; é permissão.

A Ira Divina, pelo Poder do Eterno em sofrer afrontas, é como uma “poupança” que os ímpios fazem; cada dia lançam novos depósitos, aumentando a conta, que, será “sacada” de uma vez; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

“... quem se endureceu contra Ele...”
“se endureceu” traz a ideia de que a pessoa precisa agir contra si mesma, antes de o fazer, contra Deus. Há uma centelha Divina até nos ímpios, chamada consciência que, se ouvida faculta quem a ouve, agir segundo Deus; “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2:15

Logo, para alguém endurecer contra Deus, carece antes fazer isso consigo mesmo; resistir aos Divinos apontes que tentam separar a virtude do vício; esses obram valorando anseios inda antes de serem praticados; a resistência reiterada em obedecer, apaga a centelha; então se diz que nos tais, a consciência cauterizou.

Como, na conversão, quem nega a si mesmo pela obediência a Cristo renasce, tem seu espírito e consciência vivificados, quem endurece para com Deus, fecha-se ao dom da vida, encomenda a própria alma, à morte.

“... quem se endureceu para com Ele e teve paz?” A paz não é uma “cor primária;”, deriva de causas alheias a ela, como ensinou Isaías: “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32:17

Quando eu rejeito a ouvir Deus, coloco em lugar Dele a sugestão de autonomia do Capeta; acaso é justo que eu, que nada tive com minha existência, seja o mentor da minha vida, invés do Senhor que a Criou?

E quando tento “funcionar” diverso do propósito original, alguma anomalia surgirá no “sistema.” A falta de paz é a luz no painel, avisando que algo não está operando correto.

A inquietação denuncia a ímpia postura; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo; não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” 57:20 e 21

A vera paz é um patrimônio íntimo, do espírito; calmaria derivada das circunstâncias até o ímpio frui, eventualmente.

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