segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Alucinados


“Também vi que todo trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo...” Ecl 4:4

Dizem: Ninguém joga pedras em árvore que não tenha frutos. Ou seja: Ninguém invejaria ao obtuso, bisonho, sem nenhuma habilidade. Todavia, a qualidade, a destreza em determinadas obras, costuma atrair aquela admiração maquiada, a inveja.

Um dos pecados mais antigos, superado talvez, em precocidade, apenas pela mentira e a desobediência.

Quando Abel e Caim decidiram prestar culto ao Senhor, cada um à sua maneira, pelo fato de O Eterno ter aceito a Abel e suas oferendas, e rejeitado a Caim, a inveja desse assomou de tal forma, que lhe desfigurou o rosto.

“Aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; atentou o Senhor para Abel e para sua oferta. Mas, para Caim e sua oferta não atentou. Irou-se Caim fortemente, descaiu-lhe o semblante. O Senhor disse a Caim: Por que te iraste? Por que descaiu teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? Se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4:3 a 7

Alguns teólogos especulam que a aceitação de um e rejeição de outro foi pelo tipo da oferta de cada um; Abel trouxe uma ovelha, e Caim frutos da terra. A necessidade de sangue para a reconciliação do homem com Deus, deveria ser tipificada desde então.

Com devido respeito, me permito discordar. Ofertas de cereais eram aceitas pelo Senhor, basta ler o Levítico. O motivo da distinção entre um e outro, não tem a ver com suas ofertas; antes com suas motivações. Basta observarmos o texto; O Senhor olhou antes para a pessoa, depois, para sua oferta. “Atentou O Senhor para Abel e, sua oferta; mas para Caim e sua oferta, não atentou...”

Que a situação espiritual do ofertante vem antes da oferta, O Salvador ensinou: “Portanto, se trouxeres tua oferta ao altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar tua oferta; vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; depois, vem e apresenta tua oferta.” Mat 5:23 e 24 Não pretendas estar em paz com Deus, estando em guerra com o semelhante.

João acrescentou; “Se alguém diz: Eu amo Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” Jo 4:20

Ao meu ver, pois, Abel manifestara gratidão a Deus, adoração, esse fora seu motivo; ao passo que, Caim, fora a emulação o ciúme do irmão que o levara a cultuar também; seu motivo era mesquinho, rivalidade, competição; Deus não aceitou para Si, aquilo que, a rigor não era para Ele.

“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” Perguntou O Criador ao indignado Caim. Em geral, o invejoso deseja a aprovação que seu invejado recebe, sem fazer as mesmas coisas. Anseia ser igual ou superior nos louvores, sem apresentar dignos motivos para isso.

Mas, se a inveja é tão grave assim, por que não aparece nos Dez Mandamentos? Não temos um que vete: Não invejarás.

Ora, tanto o falso testemunho pode derivar da inveja, quanto, a cobiça; e temos dois mandamentos vetando essas coisas; portanto, a Lei de Deus se encarregava de remover à inveja pelas raízes.

Acaso não foi a inveja pela aceitação popular que Jesus recebia que acendia aos brios dos religiosos de Sua época. Até Pilatos que observava de fora sabia que não era a justiça o motivo do clamor deles, contra O Salvador. “Porque ele bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” Mac 15:10

O que motiva ao traíra, a impor na marra, um império global, uma religião apenas; a suplementação de sua falta de onisciência mediante a tecnologia, senão, sua inveja de Deus?

Isaías retratou os desejos do coração poluído dele; “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono, no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14:12 a 14

A admiração nos convida a nos identificarmos, a sermos parecidos com aquele a quem admiramos; a inveja forja competição, desejo de ter o que não nos pertence. 

Quem se nega a ver as coisas como são, se faz refém de alucinações doentias, num escapismo da realidade, preferindo a futilidade das ilusões.

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