quinta-feira, 21 de julho de 2022

De todo coração



“Ouve tu, filho meu e sê sábio; dirige no caminho o teu coração.” Prov 23;19

A ideia vulgar é nossos corações nos dirigirem; primeiro nos levam a desejar algo; depois, empreender esforços vários em busca de tal desejo.

No entanto, vemos o ensino de que podemos ser “motoristas” dos nossos corações. “... dirige no caminho o teu coração.” Se ele é, como defende a maioria dos pensadores, o centro de nossa personalidade, depósito de conhecimento, experiências, habitat de pensamentos, emoções e vontades, não seria natural que fosse ele o dirigente das nossas ações?

Jeremias o descreve assim: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, não deriva da prudência que entreguemos o leme das nossas vidas a um piloto enganoso e perverso.

Paulo apresentou uma duplicidade em conflito dentro da mesma pessoa: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;14 a 17

Se esse indesejável habitante o força a fazer o que não quer, então, o escraviza.

Adiante ele pede socorro, livramento, por identificar a morte pulsando no próprio corpo: “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” v 24 A resposta que ele mesmo alcançou preceitua a mortificação dessa influência nefasta. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo...” Rom 12;1
A renúncia de si mesmo em obediência, que O Salvador chamou de “jugo”.

O brado de vitória não veio derivado do coração, mas de Deus; “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” v 25

Depois, a conclusão da “inocência” dos seguidores do Bom Pastor: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito. Porque a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Os que foram regenerados Nele, não seguem mais ao próprio coração; antes, são desafiados à novidade de vida; não esqueçamos que a exortação inicial prescrevia dirigirmos “no caminho” nossos corações; Jesus Ensina: “... Eu Sou O Caminho...” Jo 14;6

Nesse caso, “dirigir” é se deixar conduzir, andar após O Caminho; “Quando tira para fora Suas ovelhas, Vai adiante delas; as ovelhas O seguem, porque conhecem Sua Voz.” Jo 10;4

Então, nosso desafio é pautarmos o viver segundo o Coração de Deus; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

O precursor do Salvador, João Batista, deveria “preparar o caminho do Senhor...” Is 40;3 Diferente dos caminhos pedregosos e empoeirados onde andou, referia-se ao coração humano que deveria deixar de confiar em si mesmo, para ser fortalecido no Senhor. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Dizem que as aparências enganam; contudo, é o coração que se engana. As aparências não passam de iscas forjadas em prol do engano. Logo o primeiro passo na vereda do discernimento é reconhecer as próprias inclinações más a pulsar dentro de nós; essas nos apressam em busca do favorável, apetitoso, confortável, prazeroso, lucrativo, antes do justo, do verdadeiro.

Quem aprende andar segundo Deus, não coloca vantagens adiante de valores; antes, suporta reveses firmado no que o espera; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus;” Mat 5;10

Quando ouço certo “missionário” exortando pessoas a fazer apenas o que “sentirem no coração” me pergunto: De onde ele tirou isso? A Palavra até faz uma concessão aos jovens de modo irônico, depois os situa: “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te Trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

A purificação desejável, a santificação, bebe de outra fonte mais profunda que nossos corações superficiais; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Demócrito defendia que “bondade se aprende”; pois, nossos corações maus, acostumados aos próprios descaminhos precisam aprender de Cristo. Um coração regenerado deixará de ser enganoso e perverso; alegrar-se-á na justiça; “A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Sal 97;11
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