quarta-feira, 9 de junho de 2021

O Ouro da Espera


“Porém ele (Deus) sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10

Seria Jó presunçoso ao afirmar isso? Estaria confiando em si mesmo como fiador de pretensa santidade? Não.

Praticou investigando suas culpas; “Se no ouro pus minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és minha confiança; se me alegrei por ser muita minha riqueza, que minha mão tinha alcançado muito; se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa, e meu coração se deixou enganar em oculto, e minha boca beijou minha mão” Cap 31;24 a 27

Se mostrava avesso a confiar em riquezas; à idolatria de cultuar sol e lua, como outros povos; bem como, à arrogância de confiar no próprio braço.

Por quê fazia assim? “... isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria Deus que está lá em cima.” V 28

Então, a confiança de que sua alma, se testada, seria aprovada, derivava de outra fonte, que não, mera presunção. “Nas Suas pisadas meus pés se afirmaram; guardei Seu caminho, e não me desviei Dele. Do preceito de Seus Lábios nunca me apartei; as Palavras da Sua Boca guardei mais que minha porção.” Cap 23;11 e 12

Não sabemos quanto da Palavra de Deus escrita, havia; mas, não obstante alguns teólogos defenderem que esse livro, seria o mais antigo da Bíblia, o simples mencionar os preceitos de Deus, até o erro de Adão, (“Se, como Adão, encobri minhas transgressões, ocultando o meu delito no meu seio; Cap 31;33”) dá a entender que o Pentateuco, os cinco livros atribuídos a Moisés eram já escritos e conhecidos.

O que o levaria a temer, praticar a justiça e ainda oferecer sacrifícios e orações por possíveis pecados dos filhos, como fazia, senão, certo conhecimento de Deus e Suas Leis?

Quando O Salvador ensinou sobre os dois fundamentos, um na areia, outro na Rocha, não diferiu entre o que conhece ou ignora à Palavra; ambos conheciam, um praticava, outro não. Vindo a tempestade se vê a diferença.

Quem, exceto O Salvador, pode ter passado por uma “tempestade” mais dura que o infeliz Jó? Sua confiança estava neste mesmo fundamento ensinado ulteriormente pelo Senhor; saber e praticar a Vontade do Senhor.

“... provando-me Ele sairei como ouro ...” não era uma hipótese; estava no auge da prova.

Quando O Senhor falou disse que ele encobria o conselho com palavras sem entendimento. Porém, quem entenderia sina semelhante? Depois das correções necessárias, O Eterno ordenou que seus amigos sacrificassem e ele intercedesse, pois, só a oração dele seria aceita, (Cap 42;8) prova cabal de sua aprovação aos Divinos Olhos.

O fato de sermos fiéis À Palavra não é uma vacina contra o sofrimento. Quanto melhor andarmos, mais dano faremos ao inimigo, sendo mais frequentemente alvos do ódio e inveja dele.

Tampouco, a fidelidade nos dízimos é fonte de lucros; O Senhor que sonda os corações sabe quem cumpre os preceitos pelo motivo certo; “Honra ao Senhor com os teus bens, com a primeira parte de todos teus ganhos;” Prov 3;9 e de longe identifica os que fazem a coisa certa pelo motivo errado, “... homens corruptos de entendimento, privados da verdade, cuidando que piedade seja causa de ganho;” I Tim 6;5

Embora não cheguemos nem perto da grande tormenta que assolou a Jó, somos testados todos os dias. Se triunfarmos nas coisas pequenas estaremos aptos a fazer o mesmo em face às grandes.

Assim como há certo mineral muito parecido com ouro, a pirita, que quase nada vale, o dito ouro de tolo, do mesmo modo a fé que parece porfiar pelo céu, vivendo apegada aos bens da Terra; as provas visam arrancar raízes errôneas, para que as asas do crer ganhem as alturas.

A fé genuína não é figurada como o ouro, mas excede-o; “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;7

Muitos invertem o significado de triunfar na fé como se, isso fosse, “fazer acontecer” o que se crê; a fé verdadeira nos mantém inabaláveis mesmo quando nada acontece.

É mais fácil vencer nas provas que exigem força, coragem, que nas que demandam paciência.

Jó, apesar da incompreensão dos amigos, afoiteza da esposa, confiou sem entender e encontrou seu ouro na espera.

Tiago lembra: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. O lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva... Ouvistes da paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tg 5;7 e 11

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