sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O pai do pródigo


“O pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; vesti-lhe; ponham um anel na mão, alparcas nos pés; trazei o bezerro cevado, matai-o, comamos e alegremo-nos;” Luc 15;22 e 23

Eloquente demonstração de amor do pai do pródigo. Vestes dignas a quem tomara atitudes indignas; mesa farta e alegria, pela volta do que se perdera buscando anseios fúteis.

O Salvador colocou o pródigo como um tipo de todos nós, os pecadores; que, no anelo por prazeres deixamos a casa do pai, como se ela fosse coisa de pequena monta, parco valor. O pai do aventureiro é um tipo do Eterno, que ama incondicionalmente, e “... É Grandioso em perdoar”, como disse Isaías. Cap 55;7

Decidido a sair de casa, o filho requereu sua herança antecipadamente, com o pai inda vivo, (A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada.) Prov 20;21 não houve uma tentativa de negociar, oferecer alguma vantagem para que o filho voltasse atrás. Mesmo entristecido, contrariado, (coisas que se pode ver pela alegria demonstrada quando do regresso) o pai concedeu o que o filho pedira.

Ao ver seu rebento maltrapilho e humilhado pela ceifa das escolhas que fizera, voltando arrependido, o pai enternecido, restaurou a dignidade do mesmo, com alegria.

Certamente, quando o filho errava entre bêbados e meretrizes, seu amor não deixara de existir, por um momento sequer. O vero amor passa por momentos de correspondência, deleite, bem como, frustração, ausências, sem deixar de ser o que é.

Convive com ele, certo grau de impotência; tanto que, mesmo vendo seu alvo extraviar-se, nada pode opor a isso, exceto, sofrer; “O amor é sofredor, benigno; não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

Entendido isso, podemos pensar nos que vivem suas perversões antinaturais, avessas às Escrituras; os tais, mesmo agindo assim, pretendem associar às suas vidas um verniz religioso, tudo porque “Deus É Amor”.

Não sabem nada sobre isso; ou, pior; sabendo se portam com desonestidade intelectual. O adágio do pior cego se aplica a esses, que, dispondo de luz suficiente para desfazer enganos, posam de toupeiras, acoroçoando o que Deus abomina, ao abraçar eventuais conveniências malsãs. O aplauso humano lhes pesa mais que a Divina aprovação. O juízo será demasiado sério, solene, pra dar espaço a futilidades, como aplausos.

O fato inegável de o pai do pródigo amá-lo, não o levou a compactuar com os desalinhos morais, impuros ambientes sociais, tampouco, o deserto espiritual onde aquele errava. Tem situações e ambientes, dos quais o amor se mantém a distância. Deus sempre amou Seu povo; porém, nem sempre andou junto; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3

Teve momentos que se afastou profundamente contrariado; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15 

Felizes os que, mesmo em face da angústia inda podem buscar a Deus em condições de O Achar! Virá um tempo em que não será mais possível. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;7

Noutra parte Ele diz: “Entretanto, porque clamei e recusastes; estendi a Minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo o Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte eu Me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Ao pródigo, o normal pareceu enfadonho, cansativo, sem atração; assim, convencido por esses amuos de fabricação própria, desejou alegrias que a realidade se ocupou de mostrar que eram falsas e efêmeras. Quando o que temos não recebe nosso apreço e gratidão, possivelmente, seremos induzidos a buscar o que nem precisamos. 

Tivesse ouvido a prudência no momento oportuno, e não teria se matriculado na escola da angústia, para aprender depois, a duras penas. “Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!” v 17

O pão que parecera outrora, ordinário, sem apelo ante os prazeres devaneados, então, se mostrava vital.

Enfim, se alguém despreza a vida sóbria e ousa após suas doentias expectativas “ganhar o mundo” deixando o Pai, tem tudo para, como aquele, acabar entre os porcos.

O amor do Pai permanece no mesmo lugar; cabe a quem o desprezou, repensar e refazer os rumos; pois, o amor do Eterno, mesmo verdadeiro, não é fiador de caminhos de perdição. O amor é sofredor, não assassino.

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