quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Medo alheio


“No amor não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4;18

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”
, como ensina Salomão; mas, a excelência reside acima disso. Nos domínios do amor. 

Obedecermos a Deus apenas porque as consequências da desobediência assustam, (o temor tem consigo a pena) é melhor que a desobediência, óbvio; mas, ainda é rudimentar.

Quando a motivação da nossa obediência já não forem os sobressaltos do medo, antes, o constrangimento do amor, então, teremos chegado onde O Senhor deseja.

Obediência irrestrita pode bastar para salvação; mas, no prisma desejado pelo Eterno, o do amor correspondido, nossas digitais não aparecerão. Invés de, não farei isso porque é proibido, o que ama pensaria: Não o farei; por que entristeceria ao Espírito Santo? Sua motivação não é egoísta, antes, derivada do amor; o amor, “... não busca seus interesses...”

Obediência requer comandos externos, que outrem nos diga o quê. O amor move-se em nosso íntimo, e nos constrange a expressá-lo com coisas que não nos foram ordenadas. “Assim também vós, quando fizerdes tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

Inúteis no prisma do amor, do que, requisitado a andar uma milha, anda duas.

Esse “somente o que devíamos” subentende que Deus deseja algo mais. Nada de errado com a obediência, entenda-se; porém, a motivação dela deve ser maior que o medo. “Se me amais, guardai os Meus mandamentos.” Jo 14;15 “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;21

O amor e a obediência lado a lado; aquele, como motivo, essa como expressão.

Mateus fez assim, quando da sua chamada. O Senhor passou pela alfândega e o desafiou: “Segue-me”. Tivesse feito isso apenas, e teria obedecido. Todavia, adiante lemos: “Aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores; sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.” Mc 2;15

Ele não apenas seguiu; antes, convidou Jesus à sua mesa, bem como, a muitos colegas de trabalho, outros publicanos para que também esses ouvissem do Mestre. Podemos dizer que Mateus andou a “segunda milha” no início da caminhada, já.

Como ensina A Palavra, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus...” I Cor 2;14 Para os tais, primeiro, a fé é cega; depois, nos “escondemos atrás da Bíblia”, os que cremos.

Na verdade, a fé pode tocar a dimensão onde os olhos naturais sequer sonham chegar; fortalece o andar de quem crê sem necessidade do frágil apoio das vistas; “pela fé, (Moisés) deixou o Egito não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Mas, observaria o mais atento, eu estava falando do amor, e de repente me vejo a versar sobre a fé; são coisas distintas. São, deveras, mas costumam andar juntas. “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” Gál 5;6

Aqueles ritos vindos de ordens, que poderiam ser feitos por medo, apenas, eram inferiores à operação da fé, porque essa deriva do amor. Paulo alistou todos os dons, e os aquilatou como inúteis, se, divorciados do amor, que lhes empresta significado.

Quanto ao esconderijo, sim, nos escondemos. Não num compêndio de textos; numa Bendita Pessoa; “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará...Ele te cobrirá com Suas Penas, e debaixo das Suas Asas estarás seguro...” Sal 91;1 e 4

Só procura um esconderijo quem consegue identificar o perigo que ronda. Esse mundo está em célere rota de colisão com O Juízo Divino, todavia, não sente necessidade de se esconder.

Diante de uma calamidade, como agora, no sul, as pessoas se solidarizam, socorrem, lamentam. Mas, se metade do Estado agoniza ante essas coisas, a outra metade se preocupa em bailar e comemorar a “Semana Farroupilha”; no auge da pandemia também foi assim, invés de contrição, mudança de mente em face da praga, a maioria não via a hora de caírem as restrições para a volta da diversão.

Como o amor a Deus requer, contíguo, o amor ao próximo, o que ignora à sorte alheia e pensa só em seus prazeres, ama a isso apenas. Se não teme, é por loucura, não por amor.

Quem ama deveras, não teme por si, mas sofre medo alheio, vendo tantas pessoas inconsequentes indo ao encontro da morte, como quem vai a uma festa.

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