quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Os ateus


“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” Sal 14;1

O ateísmo, antes de ser uma negação externa, já fez seu estrago dentro de quem o professa; “disse o néscio em seu coração...” Apenas Aquele que “sonda os corações” pode ouvir.

Numa conversação interpessoal, natural que estipulemos regras, ou apreciemos a atuação de cada um. Certa equalização é necessária, dado o comum ponto de partida; a semelhança entre os homens. “O tolo discute pessoas, o sábio discute ideias.” Segundo axiomas assim, identificamos cada um.

Em se tratando do Eterno, Ele não discute; revela. Sua “matéria-prima” não é o produto de uma investigação filosófica; antes, a posse de toda sabedoria. Então, adjetivar à pessoa, “néscio” antes da sua ideia, “não há Deus”, da Divina perspectiva, é colocar o carro e os bois nos devidos lugares. Pois, é esse combate contra o óbvio, que qualifica ao combatente. “Senhor, Tua Mão está exaltada, nem por isso a veem...” Is 26;11

O Santo não tem nenhuma crise de identidade, tampouco, necessidade de aceitação; algo que o fizesse falar de modo mendicante, tipo: “Por favor, creiam que Eu existo!” Apenas revela graciosamente as coisas como são, e identifica pelas qualidades, ao que duvida; uma menção eventual, e segue Seu discurso.

A maioria das objeções dos ateus tem a ver com as limitações da capacidade humana em geral, independente da inclinação para crer ou duvidar, de cada um. Tentar acondicionar ao Senhor do Universo, Seu Ser e Seus Feitos, em nossa caixinha craniana, requer um milagre infinitamente maior que o de crer, o que fazemos, a despeito de muitas coisas escaparem ao entendimento.

Paulo deu pé na bunda da lógica quando desafiou a crer mesmo contra o alcance da compreensão; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21 “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias...” v 27

Claro que isso contém um quê de ironia, pois, fez distinção entre a “sabedoria” do mundo e a celeste; “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 Depois explicou a “loucura”: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens...” v 25

Chesterton diferenciou de modo didático o louco, ele chamou de poeta, dos racionais: “O fato geral é simples: A poesia é sensata porque flutua livremente em um mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim, o faz finito. O resultado é a exaustão mental... aceitar tudo é um exercício, entender tudo é um esforço. O poeta só deseja exaltação e expansão, um mundo no qual se possa estender. O poeta só pede para colocar a cabeça no céu. É o lógico que procura colocar o céu na cabeça. E é a cabeça dele que se espatifa.” G. K. Chesterton “Ortodoxia” pg 19

Ateus, chamam à fé de cega, porque eles não conseguem ver em sua dimensão. Exigem explicações onde a demanda é por confiança, entrega. O entendimento só é dado após a reconciliação; eles exigem entender antes, para pensar se aceitam as Divinas condições.

Aquele que “colocou a cabeça no céu”, não tem necessidade de provar nada, mediante ditames lógicos; pois, foi guindado acima disso; “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I cor 2;12

Pior que o ateu, contudo, é o idólatra que faz deuses de suas conveniências, mesmo que, os de agora sejam a negação dos de ontem. Em seu Olimpo confuso há espaço para tudo; exceto, O Eterno.

O ecumenismo, essa obscenidade é um exemplo assim; “fora da Igreja católica não há salvação” diziam; agora, todos os espantalhos que os homens usaram, ao longo das eras, para proteger as sementes das suas conveniências são igualmente válidos; salvação deixou de ser uma necessidade urgente das almas, para ser uma demanda do planeta. “Crimes ecológicos” são graves; pecar contra O Santo, tudo bem; Deus É Amor!

Pior que a negação de Deus, a loucura de alguns, é a profanação do Santo, a ruptura com Seus ensinos e a usurpação de Seu lugar. “Rompamos as Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;3

O seu medo da luz, a que revelaria suas almas como elas são, tolhe também que vejam em que tempo estão. O “Titanic” está fazendo água, e eles se divertindo. Há botes para todos, mas preferem naufragar a se render.

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