domingo, 6 de agosto de 2023

Deuses móveis


“... meus deuses que fiz, me tomastes, juntamente com o sacerdote, e partistes; que mais me resta agora?” Jz 18;24

Mica disputando com a tribo de Dã, sobre a posse de uns “Deuses” que os danitas tomaram-lhe. Na verdade, um reles amontoado de esculturas ordinárias, que ambas as partes desejavam. Os de Dã eram seiscentos homens armados; Mica contava com poucos serviçais; ante esses “argumentos” tanto os ídolos, quanto, o sacerdote que cultuava a eles, foram embora para novo endereço.

O que deveria ser visto apenas como contrassenso, pelo qual a sapiência se envergonharia de pleitear, aos apelos do fanatismo, das paixões, as pessoas põem suas vidas em jogo, demandando por ele.

Ora, um deus que pode ser levado para lá e para cá, por mãos humanas, pode ser tomado à força, que tipo de divindade seria? Não fica óbvio, ante essas nuances, que se trata de um “móvel” manufaturado pelos homens, e nada mais do que isso?

Mesmo Baal, que era um espantalho dessa estirpe, quando Gideão, derrubou seus altares, os defensores do “Deus” se indignaram e pensavam em vingança; então, foi dito: “... contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis? Qualquer que por ele contender ainda esta manhã será morto; se é deus, por si mesmo contenda; pois derrubaram seu altar.” Jz 6;31 Nada mais perigoso que estar sob a ira de um deus. Ou não? Se esse Deus, realmente o for, sim; “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo.” Heb 10;31

Entretanto, um “Deus” que carece da humana proteção, invés de proteger aos que o servem, deixa patente, de onde vem sua “força”. Assim como um espantalho precisa da ignorância das aves para fazer seu “trabalho”, também um “Deus” fabricável e carregável demanda a cegueira de quem o cultua, para ter alguma influência.

O “Jesus” de Encantado RS, o “Cristo Protetor”, já faz seus “milagres”, mercê da “blindagem” dos que se curvam a um arranjo de concreto, mas se recusam a conhecer ao Todo-Poderoso.

Cada homem traz em sua “formatação” original, um espaço especial para O Criador; o natural lapso nesse quesito, desde a queda, deixa uma sensação de vazio, que, deveria nos induzir à busca pelo Eterno; mas, pelas artimanhas do atravessador mor, acaba sendo “preenchida” por esses simulacros, que, como a água do mar, apesar da fartura, não mata a sede.

Toda imagem de humana feitura, não importa quão esmerada a arte, tampouco, qual o nome ou a função atribuída, no fundo, é uma fraude de inspiração maligna; em si mesma é nada; “... sabemos que o ídolo nada é no mundo; que não há outro Deus, senão, um só.” I Cor 8;4

Entretanto, por receberem o culto onde deveria ser espaço exclusivo do Eterno, esses bibelôs acabam prestando serviço à oposição. Assim, quem os cultua adora ao canhoto; “... as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.” I Cor 10;20

Há alguém por detrás da confecção dos espantalhos, que cega aos artífices, e aos seguidores; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Gente que se opõe a nós, os cristãos, os mais incisivos agridem com palavras, profanam O Nome Santo, mijam, queimam, rasgam Bíblias, e nada fazemos contra eles, por quê? Experimentem fazer algo parecido com Alá, ou Maomé. Eles são loucos, mas não tanto. Seu suicídio não é tão imediatista. Preferem morrer lentamente.

Por que não defendemos Deus? Porque Ele, deveras, É O Deus Vivo! Não carece humano socorro; costuma dar tempo aos errados de espírito, pois, prefere salvar a vingar-se. “... não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva...”

O silêncio Dele, ante o erro, não é concordância, mas longanimidade; porém, uma hora coloca as cartas na mesa. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

O furor imediatista, estilo sangue quente, que acossa as humanas paixões não combina com a serenidade solene de um Deus, que, por Ser Eterno, Sábio, não se move nas limitações das criaturas.

Quem precisa defender com unhas e dentes ao seu deus, deixa claro que ele é isso mesmo; “seu” deus. Quanto ao Eterno, nós somos Dele; ovelhas do Seu Pasto. Quando dizemos, “Meu Pastor, Nosso Deus”, não pretendemos com isso patentear uma propriedade; antes, identificar uma devoção, o alvo do nosso servir.

Sentimento de posse deriva do orgulho; o de pertencer, requer humildade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário