segunda-feira, 7 de agosto de 2023

O último ai


“... O Filho do homem vai... mas ai daquele por quem é traído!” Luc 22;22

Um “ai” predizia consequências dolorosas; “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice...” Is 5;11 “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade...” Is 5;18. Etc. 
Sempre “prefaciando” uma sentença de juízo.

O ai dirigido ao traidor do Senhor era “patrimônio” de Judas. Sabendo O Senhor que ele estava possuído pelo maligno e seu intento, exorto-o a que fizesse de uma vez, aquilo a que se propusera. “... O que fazes, faze-o depressa.” Jo 13;27

Não significa que O Senhor estivesse de acordo; antes, queria revelar coisas aos Seus, e na ausência do traidor seria melhor. Já que parecia mais atento às trinta moedas que ao seu ai, de advertência; que fizesse, então, o que estava decidido.

Coisas efêmeras, mudadas as circunstâncias, costumam mudar também. As entrelinhas daquele incidente fazem pensar que Judas tinha expectativas além das moedas. Talvez, em seus devaneios libertários, pensasse que, uma vez entregue, Jesus usaria Seu Poder, e escaparia dos algozes; quiçá, faria algo extraordinário, quebraria o jugo romano.

No entanto, Ele “como cordeiro mudo foi ao matadouro.” Vendo isso, o remorso castigou-o. “Então Judas, que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.” Mat 27;3 e 4

Duas coisas importantes moveram seu coração e ações; arrependimento e confissão. Porém, como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”. Assim, a confissão devida a Deus, feita aos ouvidos ímpios. Esses, os mesmos que o instigaram a trair e pagaram, descartaram ao infeliz como um objeto sem préstimo algum. “Que nos importa? Isso é contigo.”

Assim agem todos os que nos atraem aos caminhos do pecado. À expectativa dos prazeres, alardeiam, para aliciar ao incauto que lhes der ouvidos; vindo as consequências, presto “lavam as mãos” como se, nada tivessem com aquilo.

Inútil contar com o homem, onde a necessidade é de Deus. Isso foi antevisto e denunciado pelo profeta Jeremias. “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Que poderia o braço de Judas, ante tamanho peso de culpa, presumindo-se, alienado do Senhor para sempre? Se, tivesse apresentado seu arrependimento e confissão, à Pessoa certa... “... torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

Sempre chamara ao Salvador de “Mestre”, não de Senhor, deixando implícita sua aversão à ideia de servi-lo; todos os que se recusam à submissão ao Senhor, só podem contar consigo mesmos, nas suas necessidades mais angustiantes. Então, o infeliz fez o que achou que podia; “Atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” Mat 27;5

Teria se cumprido, assim, o “ai” contra ele? Penso que, apenas parcialmente. A seriedade maior não é a perda da vida terrena; antes, da eterna; o que se verificará apenas no além. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas, Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Resta um “ai” que respeita ao planeta todo; esse, não necessariamente de juízo, mas permissão Divina, para que o inimigo mostre suas últimas jogadas antes do xeque-mate. “... Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, com grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.” Apoc 12;12

Essa sensação aflitiva de que o mundo apodreceu cem anos em dez, pela destruição das artes, valores, governos, da vergonha; que o sentido da vida é ser um leso-influencer, ou, ganhar uma bolada em apostas virtuais; grassa o desprezo ao meio convencional do trabalho e seus honrados frutos; vige o culto à feiura invés da beleza; Na política o lixo é coroado, a honestidade é perseguida; isso tudo são nuances do “ai” final, que está colocando à prova o que cada um tem em si.

“... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

A Salvador disse: “Tomai o Meu jugo...” a presente geração defende: “... sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;3 Ai dela!!

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