sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O processo



“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Parece relativamente simples; fazermos a vontade de Deus, um pouco de paciência, e, alcançamos a promessa; vida eterna.

Porém, se a síntese teórica pode ser contida numa sentença, o desenvolvimento prático não é tão mero assim. Fazermos a Vontade de Deus requer de nós o mais difícil de todos os enfrentamentos. Enfrentar a si mesmo; ou “negar a si mesmo”, como desafiou o Salvador.

E, não significa que, por ser a “peleja” contra um adversário apenas, seja mais fácil que outra, hipotética, contra muitos. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 Vemos que a vitória contra um apenas, o ego, é mais onerosa que outra, sobre muitos.

Normalmente, para enfrentarmos a nós mesmos, carecemos descartar um monte de coisas que estiveram atreladas ao nosso modo pretérito de viver; o entendimento vivificado e renovado em Cristo, nos colocará, fatalmente, em rota de colisão com muitas ações antigas, hábitos, pessoas e suas predileções errôneas, das quais, em Cristo devemos nos afastar. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

A conversão é um desafio tão radical, que todos os dias teremos que mortificar anseios da velha natureza, os quais, pelejarão contra as diretrizes do Espírito, agora pulsantes em nossas consciências regeneradas.

Paulo chamou de “sacrifício vivo”, primeiro passo na necessária separação do mundo para, finalmente, conhecermos e experimentarmos à Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

As pessoas com suas lógicas rasas e inclinações carnais, não têm condições de entender as mudanças que ocorrem nos que, tendo outrora vivido como elas, em Cristo, são guindadas a um patamar muito mais alto. “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

Essa ruptura de quando, passamos a “ver” as coisas espiritualmente, é adjetivada de modo oposto ao que acontece. Somos capacitados mediante a fé a ficarmos firmes como vendo o invisível; os que nos observam “leem” do seu jeito: “A fé é cega”; dizem.

Cogitarmos da necessidade de paciência depois de termos feito à Vontade de Deus, parece estranho; como se, O Divino Agricultor tardasse em segar uma messe madura; contudo, não é assim.

Depois de termos feito o querer do Eterno, o mínimo necessário para recebermos a Graça salvadora, ainda há o propósito horizontal, de usar nossas vidas em proveito dos semelhantes; um verdadeiro salvo não deseja morrer, antes, ser instrumento para levar outros à salvação. “Nisto é glorificado Meu Pai, que deis muito fruto; assim sereis Meus discípulos.” Jo 15;8

Sabermos esperar pelo tempo Divino, enquanto isso, laborarmos na Sua Vinha com fito de darmos frutos, é o que Ele requer de nós. O “depois” em apreço, não significa após a conversão, mas, após consumada a obra que devemos fazer com O Senhor.

Costuma-se dizer vulgarmente, quando alguém morre: “Descansou”. Será? Cristo tinha outra ideia sobre descanso. “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

Esse repouso da alma não significa que não haverá mais fadiga; mas, que as agruras derivadas da alienação de Deus e consequente servidão ao inimigo não pesarão mais sobre nós. O fim da vida só significa descanso para quem parte no Senhor; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; as suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Notemos, por fim, que a paciência requerida não tem nada a ver com inércia; ela produz as obras desejadas pelo Eterno. A “Lei do retorno” recorrente nas filosofias de botecos não tem a ver, necessariamente, com as vicissitudes dessa vida; as recompensas devidas teremos na eternidade.

Por aqui, as coisas nem sempre estão no devido lugar “... há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e ímpios, a quem sucede segundo as obras dos justos...” Ecl 8;14 Para lidar com isso, pois, paciência.

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